Between Shadows and Darkness escrita por L3NORYT


Capítulo 2
Primeiros Contatos


Notas iniciais do capítulo

Só passando para deixar um novo capítulo!

Enjoy!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744598/chapter/2

Eren não sabia o que pensar. Honestamente a situação toda parecia surreal de mais para ele. Depois de todos esses anos de tentativas fracassadas ele finalmente tinha formado um elo e não só com alguém compatível com seu poder, mas com o empath para o qual ele aparentemente fora destinado. Tudo considerado era justo dizer que ele estava sentindo-se sobrecarregado. O que era engraçado, porque pela primeira vez desde que ele podia se lembrar, o zumbido que sempre esteve no fundo da sua mente tinha se silenciado, não diminuído, mas ficado em completo silencio. Além disso, o moreno não se sentia mais fora de lugar dentro de sua própria pele. Era uma emoção desconhecida e levaria tempo para se acostumar, mas se essa sensação de liberdade fosse sua recompensa, o jovem estava mais do que disposto a suportar qualquer desconforto temporário que pudesse surgir.

O moreno mal podia acreditar que até pouco mais de uma hora atrás ele estava sentindo-se estúpido por ter aceitado o convite da doutora Hanji para conhecer seu amigo, um detetive nem menos, que trabalhava para a mesma agência que ela, a Survey Corps. Como qualquer outro no país Eren sabia sobre eles, eram um ramo especial das Forças de Defesa de Eldia, embora atuassem de forma semelhante a polícia eles eram independentes. A agência havia surgido quando a polícia normal se mostrou incapaz de lidar adequadamente com situações que envolvessem os paranormais. Embora empaths tendessem a manter-se longe de atividades criminosas devido às intensas emoções negativas que essas atividades poderiam gerar, psíquicos não sofriam de tal restrição, logo o número de crimes cometidos por eles era mais significativo do que sua contraparte. E esse era o maior problema enfrentado pelas autoridades normais, afinal era difícil subjugar alguém capaz de lançar objetos com um simples pensamento ou provocar incêndios mesmo sem a intenção de fazê-lo. E de nada adiantava que houvesse leis específicas para casos envolvendo paranormais se não havia quem poderia aplica-las de forma eficiente.

Crescendo Eren tinha sempre admirado a agência e, consequentemente, veio a almejar ser um de seus agentes, ainda mais quando sua vida virou de cabeça para baixo com a morte de sua mãe e o desaparecimento repentino de seu pai. Infelizmente sua incapacidade de encontrar um empath adequado que o ajudasse a estabilizar suas habilidades o impediu de alcançar tal sonho. Algo que ele tinha aberto mão quando atingiu a maior idade e ainda não tinha um elo que funcionasse. Mas talvez ele pudesse agora, afinal em um segundo todo o seu mundo havia mudado novamente, dessa vez de uma maneira positiva e tudo tinha sido por causa de uma única pessoa.

Mesmo agora o jovem ainda podia sentir o calor da mão de Levi na sua palma. A eletricidade que tinha atravessado seu corpo quando apertaram as mãos tinha sido uma surpresa muito bem-vinda. Em pensar que ele quase tinha desistido de ter esperança, desistido de tentar encontrar alguém que fosse capaz de lhe servir de âncora. Uma pessoa que ele poderia confiar, que sempre estaria lá para ajuda-lo quando seus poderes se tornassem de mais para suportar. O pensamento de que ele tinha finalmente encontrado esse alguém o aquecia por dentro. E como se atraído por um imã, Eren encontrou seu olhar vagando uma vez mais para o homem sentado ao volante dirigindo-os para o Instituto Rose, onde o moreno esteve vivendo durante pouco mais de duas semanas. Ele sabia que estava sendo ridículo observando o homem mais velho de forma quase reverente, como se o mesmo fosse alguma espécie de sonho irreal, como se ele fosse desaparecer a qualquer momento em breve – o que o jovem ardentemente esperava que não acontecesse. Mas era difícil controlar-se, ele esperou muito tempo por isso. E de qualquer maneira Levi ainda não tinha reclamado dos constantes olhares – ele não duvidava que o outro tivesse percebido, Eren sabia que não era muito bom em ser discreto. Além disso, o detetive era um verdadeiro enigma, tudo sobre o homem era diferente de suas expectativas, especialmente para alguém do seu tipo.

Todos os empaths que o jovem já tinha conhecido em sua vida eram pessoas visivelmente sensíveis e abertas, como aquele rapaz Marco que ele conheceu de volta quando tinha quinze anos. O cara era agradável com um sorriso gentil. Infelizmente os dois não eram compatíveis. Tinha ficado dolorosamente óbvio quando o zumbido em sua mente não tinha diminuído como deveria e Marco começou a sentir fortes dores de cabeça. O rapaz sardento ainda tentou empurrar a situação por uma semana, até que Eren não suportou mais vê-lo sofrendo e pediu para desistirem. Quebrar um elo nos estágios iniciais de fixação, assim como o deles estava, era tão fácil como começar um, exigia apenas a vontade de ambos os lados. E em breve o moreno encontrou-se sozinho outra vez.

Ele sabia que tinha feito à escolha correta quando dias mais tarde descobriu-se que Marco e Jean, outro psíquico que sempre tentou comprar confusão com ele, eram compatíveis. Por ser o mais poderoso e quem estava em maior necessidade de um empath, sempre que um deles viesse ao instituto em busca de formar uma ligação, Eren era o primeiro a ser testado. E o tratamento diferenciado inevitavelmente atraiu a irritação de outros do seu tipo, Jean era um que o antagonizava abertamente. O idiota tinha debochado do moreno no dia em que deixou o instituto em definitivo, mesmo hoje suas palavras ainda lhe doíam. Uma aberração como você nunca vai encontrar alguém compatível ele tinha dito. Porém o cara de cavalo estava errado, porque Eren tinha encontrado algo que supostamente era apenas uma teoria sem comprovação - ele tinha um companheiro destinado.

Todas as vezes que ele foi rejeitado, toda a dor e solidão que ele enfrentou tinham sido por uma razão – havia algo melhor esperando por ele. Ao menos era o que a doutora Hanji tinha afirmado, entre gargalhadas e gritinhos que beiravam a histeria, quando ela viu a reação que psíquico e empath tinham exibido ao simples toque um do outro. Afinal, nenhum elo se formava instantaneamente sem que ambos os lados tivessem a intenção de fazê-lo. E Eren jamais tinha visto algo tão belo como quando os olhos de Levi tinham brilhado um prata puro e intenso, completamente engolindo o tom de azul de suas íris. Foi como ver a lua em toda a sua glória nos céus negros a mesma cor que os cabelos de seu empath. O jovem tinha perdido o fôlego com a visão. Foi como se uma peça que estava faltando de repente caísse no lugar, aquecendo seu peito e silenciando sua mente tudo ao mesmo tempo.

A cena que se seguiu após sua ligação espontânea tinha sido divertida. Eren tinha mal conseguido segurar o riso enquanto assistia seu empath exasperado intimidar a mulher insana de volta a alguma aparência de autocontrole. Divertido porque Levi não devia parecer intimidante - o cara mal alcançava a altura de seu nariz pelo amor Sina! No entanto Eren estava certo de que, pequeno ou não, Levi ainda poderia chutar seu traseiro sem suar uma gota - se o pouco que pode perceber do físico do outro era qualquer coisa, o detetive estava em muito boa forma. E era nesse tipo de reação mal humorada e agressiva que residia parte do enigma que era o corvo.

Levi não parecia amigável, inferno, ele não parecia alguém que tentava ser sociável – algo que era praticamente a marca registrada de um empath. Seu belo rosto – por favor, Eren não era cego— parecia ser preso em um olhar perpetuamente aborrecido. Mesmo a aura que emanava dele não era suave, mas sim como uma nuvem de tempestade - muito semelhante a seus olhos prata-azulados. E apesar de toda a aparência pouco emocional externa, Eren tinha sentido o momento em que a sua futura contra parte entrara no prédio. Nunca antes um empath o afetara dessa forma. Tinha sido como ser envolvido por um cobertor, era suave, quente e acolhedor - bem diferente do próprio homem. Eren supôs que muito da falta de interesse em socializar do corvo fosse relacionado com suas capacidades tão extremas, deveria ser difícil estar cercado por pessoas quando se era capaz de sentir suas emoções como se fossem as suas próprias. No entanto, não era apenas o moreno quem tinha ganhado algo nessa parceria, Levi já não teria de lutar sozinho. Uma vez que os dois compartilhavam um elo, Eren seria o escudo protegendo a mente de seu empath contra ataques. Era uma sensação agradável saber que ele tinha um novo propósito em sua vida, algo que ele não teve por um longo tempo.

E agora rumando para o instituto para pegar suas coisas, depois de quase uma hora gasta entre discussões e assinaturas de papelada antes que a doutora Hanji finalmente os libera-se, Eren finalmente começou a sentir-se inseguro. Levi deixara claro seu desagrado sobre o moreno continuar vivendo no instituto e ofereceu-lhe um lugar para ficar em sua própria casa, e o jovem era profundamente agradecido por isso. Ele tinha passado a maior parte de sua vida nesses lugares e não sabia quanto mais poderia suportar. A perspectiva de uma vida fora daquelas paredes era refrescante para dizer o mínimo. Por outro lado, aquele tinha sido o único tipo de ambiente que ele conheceu por onze longos anos. Além disso, exceto que o homem mais velho era seu empath destinado e trabalhava para a Survey Corps, Eren não sabia verdadeiramente nada sobre ele e os dois estariam vivendo sobre o mesmo teto por uma quantidade de tempo indeterminada. Então ele tinha motivos reais para se sentir inseguro e curioso também. Foi por isso que o moreno decidiu quebrar o estranho silêncio que pairava dentro do carro nos últimos minutos.

“Então, como você começou a trabalhar na Survey Corps?” – Eren esperava que fosse uma pergunta segura para começar uma conversa onde com sorte os dois poderiam conhecer melhor uns aos outros.

—-----------------------------------------//------------------------------------------

Tinha demorado algumas ameaças da parte de Levi para que a óculos de merda finalmente parasse de vomitar besteiras e começasse a trabalhar. Havia muitas coisas que eles precisavam discutir e a primeira delas era o que fazer com seu psíquico. Céus, ele tinha um maldito companheiro psíquico, algo que ele nunca imaginou ter, nem realmente queria. Ele honestamente ainda não conseguira envolver sua mente em torno desse fato mesmo agora, e sem dúvidas levaria ainda algum tempo antes de se adaptar a essa situação. Mas ele faria a sua parte como um empath adequado e um adulto sensato. Eren viveu desde os dez anos em um instituto para psíquicos e pela vida dele, Levi não poderia imaginar-se prezo em um lugar daqueles. Conhecendo-se ele era mais provável ter perdido sua mente. Por isso seu primeiro curso de ação era tirar o pirralho de lá, mesmo que isso significasse que ele teria outra adição a sua casa além de seu gato de gênio ruim. O segundo passo seria descobrir o que Eren queria fazer, uma vez que tendo um elo ele poderia levar uma vida tão normal quanto um psíquico de seu nível poderia ter. Isso não considerando qualquer coisa que Erwin sobrancelhas Smith pudesse ter em mente para os dois – pois Levi sabia que o loiro estava tramando algo. Porém, antes de se preocupar com seu chefe de merda, ele se concentraria em obter o pirralho instalado em sua casa e descobrir como eles iriam trabalhar com seu novo status como companheiros.

Enquanto reorganizava suas prioridades para as próximas semanas – Levi esperava que não levasse mais do que isso para criarem um sistema que funcionasse para ambos -, ele começou a sentir a mudança nas emoções fluindo do pirralho sentado ao seu lado. Era desconcertante ter que admitir que o sobrancelhas estava certo em afirmar que um psíquico iria aliviar o peso que ele carregava, não que o corvo fosse algum dia vocalizar tal admissão. Erwin já tinha um ego do tamanho de toda Rose, não havia necessidade de aumentá-lo ainda mais.

Tinha sido um choque como sua percepção mudara de forma tão extrema de um instante para outro. Até o momento antes de o elo formar-se, Levi precisava fazer um esforço consciente para barrar a quantidade de informação que o agredia a partir das emoções alheias. Não importava quanto autocontrole ele tinha nem quanta experiência ele carregava, no final do dia quando chegava em casa ele sempre estava mentalmente desgastado. Mas depois daquele aperto de mão, depois daqueles olhos brilharem ouro, foi como se o mundo de repente ficasse mais sereno. O corvo ainda poderia perceber o toque das ondas de emoção – Hanji tinha sido vibrante ao redor deles de volta no prédio de pesquisa, o que era normal para a mulher louca. No entanto Levi precisava concentrar-se para realmente ser capaz de definir o que significavam tais sentimentos. Era exatamente o oposto do que ele enfrentara a vida toda. A única exceção tornara-se o pirralho.

As emoções vindas de Eren tinham se tornado ainda mais nítidas para ele, ofuscando todas as outras, porém já não eram um incômodo nem faziam sua cabeça doer como antes. A mente do garoto tornara-se uma presença que ele sabia não iria desaparecer enquanto ambos estivessem vivos – era a função de um elo afinal, ligar duas mentes, algo que só se intensificaria com a convivência. E isso era outra coisa que levaria tempo para se acostumar. Embora o corvo supusesse que trabalharia em seu favor, já que esse link que agora os unia lhe permitiria lidar com mais facilidade com seu psíquico. Como neste momento essa mudança lhe permitia sentir a ansiedade muito sutil começando a emanar do garoto, junto com um toque crescente de curiosidade. Ainda a voz indagando-o veio como leve uma surpresa.

“Então, como você começou a trabalhar na Survey Corps?” – ele deveria saber que curiosidade prevaleceria, o garoto parecia ser do tipo que não se segurava quando curioso sobre algo. De qualquer forma Levi poderia muito bem humorá-lo jogando vinte perguntas, afinal não era como se os dois se conhecessem automaticamente só porque formaram um elo.

“Eu era um pirralho que vivia fazendo merda e acabei sendo pego por um dos agentes da Survey Corps, Erwin é o nome dele. Ele é o Comandante agora, mas ainda estava subindo as fileiras quando nos conhecemos. Ele viu meu arquivo com meu registro como um empath, ficou surpreso com meu nível de poder e meu autocontrole e me fez uma proposta: a Survey Corps ou a prisão. Acho que é meio óbvio qual foi minha escolha.”

Ele fez uma pausa lançando um olhar de esgueira para o garoto encarando-o com olhos arregalados, sua atenção total sobre Levi. Era um pouco desconcertante se ele fosse ser sincero, ele não estava acostumado a receber esse tipo de tratamento de alguém fora de seu departamento de volta no trabalho. E aqui estava esse pirralho que viveu a maior parte de sua vida preso em uma espécie de asilo para jovens psíquicos. Alguém cercado por outros de seu tipo vendo-os saírem enquanto ele ia ficando. Tendo de passar por centenas de ligações sem nunca encontrar uma que funcionasse. E ainda o garoto estava ouvindo sua versão censurada de como ele conheceu o sobrancelhas de merda como se isso fosse a coisa mais fascinante que já tinha escutado. Definitivamente desconcertante. Mas não ruim.

“Depois disso eu passei por uma versão intensiva do curso na Academia, fui aprovado nos testes malditos e logo estava trabalhando no departamento onde Erwin era o chefe. Seis anos depois ainda estou aqui.” – finalizou seu conto decidido a ignorar o olhar encantado do outro.

“Quando você diz versão intensiva do curso, o que exatamente isso implica?” – ah, sim porque de tudo o que ele disse o pirralho iria se apegar apenas a isso e não ao motivo pelo qual o sobrancelhas queria coloca-lo na cadeia. Era no mínimo divertida a forma como a mente do garoto trabalhava.

“Significa que ao invés de sentir o calor do inferno por dois anos, eu enfrentei as chamas por um ano. Eu já tinha conhecimento do uso de armas de fogo, além de não precisar da parte de defesa pessoal, então era basicamente só a parte teórica.”

“Por que-”

“Acredito que seja minha vez de perguntar.” – interrompeu antes que o garoto pudesse continuar, sentindo-se levemente divertido ao vê-lo corar um pouco. Definitivamente um pirralho.

“Ahn, ok. É justo.”

“É claro que é. O que exatamente são suas habilidades. Preciso saber o que esperar já que vamos morar juntos.” – isso era algo que estava coçando sua mente. Hanji havia dito que Eren era poderoso acima de qualquer outro psíquico que já fora registrado, mas não especificou o que o pirralho poderia fazer.

Levi era sério quando questionou se o garoto não era algum tipo ferrado de Poltergeist. Ele precisava saber se deveria esconder os objetos cortantes toda vez que o garoto perdesse sua merda, ou se ele precisaria de um extintor de incêndio e coisas do tipo. Quando se lidava com psíquicos quase todo tipo de absurdos era possível. Ele tinha quebrado um par de costelas uma vez durante um caso de assassinato, porque o psíquico culpado tinha lançado uma maldita estátua de bronze nele usando psicocinese - não que o bastardo conseguiu realmente escapar. E se o criminoso em questão perdeu alguns dentes e teve algumas fraturas, bem quem lidava com essa merda jurídica era Erwin então o corvo não poderia se importar menos. Mas depois daquilo toda vez que havia algum psíquico envolvido em seus casos ele fez questão de descobrir quais habilidades o mesmo tinha antes de agir. Era da pura experiência que vinha sua necessidade de conhecimento. E, aparentemente, o pirralho não era tão ignorante a natureza de sua questão, pois ele prontamente respondeu.

“Levitação de objetos, percepção extra-sensorial se eu me concentrar, tipo auras e espectros, posso ver coisas quando toco objetos, às vezes funciona com pessoas também, novamente apenas se eu me concentrar muito. Eu posso fazer de tudo um pouco eu acho, só não sei se algo vai mudar agora com o elo. A minha única exceção é pirocinese e francamente estou aliviado.” – ao olhar indagador de Levi ele elabora sua resposta – “Eu conheci uma garota, cerca de três anos depois de estar no instituto, que poderia colocar fogo em qualquer coisa. Era assustador, especialmente porque ela não conseguia se controlar. Muitas foram as noites que acordamos para o alarme de incêndio. O irônico é que ela acabou com um bombeiro como empath.”

“Hoh. Então eu não preciso acrescentar um extintor de incêndio à lista de compras do supermercado. É bom saber.” – o comentário lhe valeu uma risada que soou bastante agradável, uma que ele percebeu que não se importaria de ouvir com mais frequência. Era, afinal, muito melhor do que os uivos loucos da óculos de merda.

“Minha vez. A doutora Hanji disse que era um detetive, mas não especificou seu departamento.”

“Lidamos com tudo um pouco na Agência, mas você poderia dizer que trabalho na divisão de homicídios. E você não precisa chama-la de doutora, isso implicaria que ela fosse uma pessoa sã, o que eu suponho você percebeu que ela não é.”

“Bem, ela pareceu bastante agradável se um pouco intensa.” – Levi teve que zombar nesse comentário.

“Isso é porque você só a conheceu recentemente, com o convívio você vai perceber que a loucura tem uma boca que nunca se cala e usa óculos.” – isso lhe valeu outra risada, essa mais vibrante que a anterior. E Erwin insistia que ele não tinha senso de humor.

“Não é um pouco... Complicado? Eu quero dizer, por que escolheu esse departamento, mesmo sendo um empath?” – e eis a questão que ele imaginou que viria mais cedo ou mais tarde. Seu trabalho não era um passeio no parque. Era sangrento, violento e envolvia pessoas de luto e outros sentimentos negativos. Resumindo era algo que alguém com sua habilidade iria evitar a todo custo, mas Levi nunca fugiu de um desafio, além disso...

“Gosto da ideia de trazer justiça àqueles que não podem fazê-lo com suas próprias forças.” – e isso era a mais pura verdade, o real motivo de porque ele ainda trabalhava sob o comando de Erwin, e era grato ao loiro por dar-lhe a chance de fazer algo de sua vida que valesse a pena.

“Eu posso entender esse sentimento. Minha mãe morreu quando eu era criança. Eles nunca realmente descobriram o que aconteceu com ela, e nunca se sentiu verdadeiramente fechado para mim. Acho que é por isso que eu queria tanto fazer parte da Survey Corps.” – tendo ouvido sobre a situação do garoto de Hanji, o corvo sabia que Eren podia compreender bem a dor daqueles que eram incapazes de sentirem-se justificados. Ainda essa era uma resposta que ele não esperava, não eram muitos os que aspiravam uma profissão dessas. Talvez houvesse de fato mais para os dois serem destinados do que apenas a força de suas habilidades.

“Não há nada que lhe impeça de se juntar a agência agora que compartilhamos um elo. Isso se você tem a determinação necessária. Além disso, com um psíquico tão poderoso interessado na Agência, não há como Erwin vai deixar essa oportunidade passar. Ele provavelmente vai tentar fazer você um membro honorário ou alguma merda assim.” – Levi sabia que o loiro já tinha começado a mover-se, força-lo a encontrar um parceiro psíquico sem dúvidas tinha sido o primeiro de muitos passos que o sobrancelhas planejou.

“Definitivamente eu estou me alistando.” – se o olhar inabalável na face do pirralho significava qualquer coisa era que determinação não faltaria.

“Não é mal.” – talvez essa parceria não fosse tão ruim afinal.

Depois disso o tom das próximas perguntas se tornou mais leve, fixando-se em informações mais superficiais como coisas que gostavam ou não, nada muito sério. E antes que Levi percebesse, eles já tinham chegado ao instituto. Na recepção havia mais papéis para ele assinar enquanto o pirralho ia reunir seus pertences, que Eren assegurou-o eram relativamente poucos, só coisas básicas como roupas, artigos de higiene e algumas fotos que ele mantinha em um álbum. E uma vez mais o corvo encontrou-se lembrando de seu próprio passado, de quando Erwin o encontrou e o desafiou a fazer mais com sua vida do que ser um criminoso. De volta naquele tempo tudo que ele tinha se resumia a um punhado de roupas em um apartamento minúsculo, mas muito limpo, em um bairro de merda. Ver mais alguém resumir uma vida inteira em poucas caixas de papelão e uma mochila era deprimente. O único forro de prata era saber que essa parte da vida do garoto estaria encerrada, como a dele fez seis anos antes, e uma nova iria começar para os dois. Um novo começo que nenhum estava muito certo sobre o que traria ou o que esperar, apenas que nenhum deles estaria enfrentando isso sozinho.

Era um começo tão bom como qualquer outro, Levi supôs.

—-----------------------------------------------//------------------------------------------------


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu espero que a trama esteja agradando! Comentários e críticas construtivas são sempre bem vindos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Between Shadows and Darkness" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.