Sem pretensões escrita por Sôfrega


Capítulo 1
O que quero dizer




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Afundando em desespero. Sentimentos confusos e tantos problemas o perturbavam. A cabeça zonza pela bebida o permitia fugir nem que fosse por algumas horas de todo inferno interno que passava. Acabou de lidar com o sumiço de Cas, que tirou boa parte da paz que lhe restava. Parecia idiota estar tão preocupado com o anjo.  Lá no fundo sábia que esse sentimento de preocupação significava algo muito maior, fazendo com que se culpasse mais ainda por ser pecado. Que se foda todos os pecados, Dean tinha inúmeros deles, não seria agora que ia se culpar por tê-los cometido. Ele é humano antes de ser um caçador. Ninguém o faria confessar o que estava sentindo, pensava assim para ficar mais calmo, e menos preocupado com suas condenações divinas. Deus foi injusto consigo durante boa parte de sua vida, por isso pouco se importava em cometer tantos erros, somente dava importancia caso magoasse o irmão ou à Cas.

Bêbado novamente. Em mais um bar de esquina, provavelmente tentando afogar as mágoas acumuladas durante anos, quem sabe se culpando por tantas percas. O peito que sentia um imenso vazio não conseguia sequer deixar algo bom invadi-lo.  Dean já havia se acostumado a esse sentimento de perca, de parecer que foi criado apenas para errar.

Se afogou na bebida no último copo até que o dono do bar irritado o enxotava do lugar querendo fechar. Dean nem ao menos conseguia se manter de pé, a sorte fora que o motel era próximo e pôde ir andando ao local. Não demorou ao pegar a chave na recepção, já que Sam havia saído para resolver pendências sobrenaturais. Pensou que finalmente poderia ter um pouco de privacidade e solidão, por mais que amasse o irmão, precisava pensar um pouco na vida. Cambaleando abriu a porta do quarto e observou de longe uma figura de sobretudo sentada na beirada da cama. Castiel. O tão ingênuo anjo estava mais uma vez enfiado em seu quarto esperando por seja lá o que for. Exausto o loiro ignorou totalmente a presença de Cas e foi apenas tirando os sapatos e jogando de lado. Estava cansado demais para falar com ele ou tentar responder alguma dúvida.

— Olá, Dean. Bêbado novamente?

— Não estou… Tenho plena consciência da realidade, estou apenas relaxado Cas. — Disse Balbuciando algumas palavras.

— Parece que andou brigando consigo mesmo novamente. — Alguém ali enxergava a grande catástrofe do Winchester derrotado. — Isso não é novidade. Sam sempre diz que você esta carregando um fardo grande, só não consegue expor.

Dean riu e sentou na cama recosto a parede olhando para o teto. Sentiu que logo iria dormir, mas como Castiel resolveu bancar o psicólogo, manteve-se acordado a fim contestar tudo que dizia.

— Todos nós carregamos grandes fardos. Você como anjo deveria saber disso, afinal cuida das pessoas.

— Algumas pessoas não são sinceras quanto ao que estão sentindo, Dean. — Indagou sorrindo inocentemente. Dean desviou o olhar ao perceber que sempre achou tais expressões no anjo adorável.

Com o tempo, Castiel havia aprendido a realidade sobre a natureza humana, e o quão complexa é, isso surpreendia o Winchester de uma forma tão grande que o fazia ter certa admiração.

— Sei que oculta boa parte do que sente. Só que lhe digo: minha sensibilidade de anjo sabe que passa por um turbilhão de coisas.

— Sinto. — Abonou, engolindo em seco. — Sinto coisas que jamais tive pretensão de sentir. — Involuntariamente disse.

Dean sabia que o álcool o deixou meio longe, no entanto, tinha deixado escapar sem querer, e sabia também que isso iria lhe causar enxaqueca… Digamos que não pudesse mais fugir do que carregava há uns tempos.

— Posso saber o que?

— Não...

— De novo omitindo. — Vociferou Cas.

— Se sabe que nunca me abro, não seria conveniente lhe contar.

— Preciso saber. Me sinto responsável, Dean. Sabe o quanto me sinto um intruso por viver aqui junto com vocês? — Suplicou, porém, tinha certeza que nada sairia daquela maldita boca de Hunter.

— Sabe que é parte da família, você é importante, Cas.

Então pela primeira vez queria socar aquela cara que insistia em se manter neutra carregando tanta tristeza e culpa. Castiel se via na necessidade de curar os ferimentos do amigo, por mais internos que fossem. Tinha noção de que para isso pouco conserto existia. Feridas da alma nunca se curam. Insistiu novamente, mas nada disse o Winchester. Aproveitou a fragilidade do homem, e se aproximou, ficando a poucos centímetros do rosto.

— O que nunca teve pretensão de sentir? Diga-me de uma vez, seja honesto.

O loiro respirou fundo e se perdeu no azul dos olhos de Castiel, fincando as mãos no colarinho de seu sobretudo. Travou a mandíbula e encarou os lábios alheios que estavam tão próximos. Resistir era seu principalmente objetivo naquele momento, mesmo quando os olhos piedosos de Cas o fazia querer o contrário. Nem que suplicasse admitiria o tanto que gostava daquele ser angelical. Talvez no amanhecer do outro dia, Dean colocaria a culpa na bebida de novo.


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Notas finais do capítulo

Perdão houver erros ou qualquer outra falha, vou consertando aos poucos aqui.



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