Os dias se passavam como se fossem o mesmo.

Sons iguais.

Cheiros iguais.

Tudo igual.

Em vários momentos me pegava tentando me apegar a coisas irrelevantes, tal como um sucateiro se esforça para dar utilidade ao inútil.

Eram dias inúteis.

Eram, mas deixaram de ser quando minha mãe trouxe boas novas.

“Convidei os novos vizinhos para almoçarem aqui hoje.”

Eu sempre amei minha mãe, mas naquele momento senti vontade de dizer incansavelmente.

Ariel viria para minha casa. Poderia ser como no sonho.

Sentaríamos e sua voz cantaria pra mim. Dessa vez eu não acordaria.

Com todo gás, arrumei o quarto.