Shard escrita por Tris Ripe


Capítulo 3
Silence


Notas iniciais do capítulo

capítulo originalmente postado em 31/05/2017, porém em outro site.



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Justin dirigia numa velocidade que eu diria ser bem alta, mas eu gosto de velocidade.

— Gosta de velocidade? — perguntei, quebrando o silêncio.

— É, acho que deu para perceber, não? Quer que eu reduza?

— Não, não precisa. Eu gosto — disse e abri a janela, colocando metade do meu corpo para fora e sentindo o vento bagunçar meus cabelos. As ruas estavam desertas, já passava da meia-noite.

— Tome cuidado — Justin disse e percebi que ele reduziu um pouco a velocidade.

— Mais rápido, senhor — disse e pude escutar ele bufar.

— Ok — poderia apostar naquele momento que ele estava revirando os olhos. Senti a velocidade aumentar e decidi voltar para o banco, mas deixando ainda a janela totalmente aberta.

— O que acha de uma música?

— Seria perfeito — respirei fundo. — Pode colocar qualquer coisa.

— Tudo bem — ele disse e ligou o rádio, colocando numa música que eu simplesmente amo. End of the road.

— Oh. Meu. Deus. Não acredito, você tem bom gosto — disse e aumentei o volume.

— É, eu sei — disse sorrindo convencido, mas sem tirar os olhos da estrada. — Boyz II Men, End Of the road.

— Although we’ve come to the end of the road, still can’t let you go — comecei a cantar a música, ou gritar a música, já que eu canto muito mal.

— It’s unnatural, you belong to me, i belong to you — Justin começou a cantar e eu parei, e, oh meu Deus, como ele canta bem.

Tudo nele parece ser perfeito.

— Não sabia que você cantava bem — disse sorrindo e ele desviou seu olhar para mim, também sorrindo.

— Chegamos — ele disse estacionando o carro e, eu pude perceber que estávamos numa praça bem deserta. Parecia um matagal, mas bem bonito.

Era como se tudo naquele lugar fosse surreal, tão surreal, que eu não saberia o descrever.

— Poxa — disse assim que saí do carro, Justin já havia saído —, você poderia ter me avisado para trazer um dicionário para ver se tem algum adjetivo para caracterizar este lugar. É lindo.

— É, acho que poucas pessoas conhecem este lugar — deu de ombros e colocou suas mãos em seu bolso.

— Percebi — disse quando me aproximei dele. — E então, o que vamos fazer?

— Eu trouxe isso — ele disse tirando seu celular de seu bolso — e isso — disse tirando seu fone de ouvido do outro.

— Para o que? — eu disse cruzando meus braços e enquanto isso ele conectava seu fone em seu celular.

— Vamos conversar e andar por aí escutando música. É algo simples e divertido, isso eu prometo.

— É, parece legal — dei de ombros.

— E vai ser legal — revirou os olhos como se aquilo fosse algo óbvio. Ri.

Ele me ofereceu um dos fones e eu o peguei e coloquei em meu ouvido.

— Preparei uma Playlist para isso — ele disse dando o play.

É, pelo o visto nosso gosto musical é parecidíssimo.

[...]

Já estávamos há cerca de meia hora escutando músicas e andando pelas ruas de Los Angeles, apenas conversando e escutando as músicas e conversando, eu disse que estava com fome pois não havia comido nada há tempos e Justin se ofereceu para voltar e pegar o carro e irmos num restaurante a alguns quarteirões, mas eu preferi ir andando mesmo. Estava ótimo aquele momento.

Perfeito, eu diria, assim como ele.

— Chegamos — Justin disse assim que paramos em frente a uma pizzaria.

— Não me diga que você também ama pizza?

— Sim, eu amo, mas também deduzi que você amasse. Você tem cara de quem gosta desse tipo de coisas — deu de ombros.

Assim que entramos pude sentir um maravilhoso cheiro, a pizza dali deveria ser divina.

Aposto que Justin tem um ótimo gosto para comida, até agora não vi nada de errado naquele homem.

— Então qual seria a sua comida favorita? — disse assim que sentamos numa mesa.

— Macarrão à bolonhesa, sem dúvidas.

— É, até que eu gosto. Meu tipo favorito de comida é a comida chinesa.

— Também gosto muito. Qualquer dia desses te levo num restaurante chinês que eu sempre vou.

— Aceito.

Fizemos nossos pedidos, comemos, e, assim que saímos de lá perguntei quantas horas eram para Justin.

Três da manhã.

Puta merda.

Eu com certeza estou fodida.

— Preciso ir, agora, meu pai vai me matar, principalmente se souber que eu estava com você.

— Eu tenho um plano, eu te levo agora, te deixo lá e você vai ao seu quarto sem deixar ninguém te ver, entra no seu quarto, troca de roupa e deita na sua cama. Simples.

— É, talvez — dei de ombros. — Mas vamos logo.

Depois de uma hora mais ou menos já estávamos em casa, fiz exatamente o que Justin mandou, a festa ainda estava a todo vapor em minha casa. As pessoas pareciam nem notar minha falta.

Assim que fui abrir a porta do meu quarto, senti uma mão em meu ombro e me virei para ver quem era. Minha mãe.

— Querubim, onde você se meteu? Seu pai está igual um louco a sua procura — ela disse cochichando.

— Saí com Justin, desculpe, não pensei que demoraríamos tanto — disse no mesmo tom que ela.

— Querubim, seu pai sabe que você saiu e estava com Justin — ela disse com um olhar preocupado.

— Como assim?

— Eu não sei — ela disse nervosa. — E ele quer falar com você, está te esperando no escritório e pediu para que eu pedisse para você ir até lá assim que voltasse.

— Está bem, vou lá.

Assim que cheguei na porta do escritório, que estava fechada, nem bati nela, apenas entrei.

— Querubim, por que você saiu com Justin Bieber?

— Eu...eu...

— Não precisa mentir, eu vi tudo — ele disse me interrompendo. — Você acha mesmo que eu sou um tolo para não perceber isso? E eu sei que sua mãe é sua cúmplice. Ele chegou, você desceu as escadas, e de repente, ambos sumiram. Coincidência ou não?

— Pai, eu posso explicar.

— Não, você não tem que me explicar nada. Você vai me fazer um favor — ele disse abrindo sua gaveta e tirando de lá um papel. — Faça Justin assinar isso, ele não precisa saber o que é, mas dê um jeito. Se ele assinar isso eu terei a empresa dele em minhas mãos — ele disse se levantando e estendendo o papel em minha direção.

— Eu não posso e nem vou assinar isso — disse afastando o papel. — Eu não sou esse tipo de pessoa.

— Leia — ele disse novamente estendendo a pasta e eu peguei, queria ver o que tinha naquela pasta.

O contrato apenas falava o mesmo que meu pai me disse. Empurrei-o novamente para o meu pai.

— E então? — ele disse abrindo um sorriso cínico.

— Nunca.

— Então eu serei obrigado a fazer algo que eu não queria — ele disse e pude perceber que ele usava uma luva, pegou a pasta que eu havia pego e passou um pó onde minha digital se encontrava, abriu uma outra gaveta e tirou de lá uma arma, tirou uns plásticos da mesma gaveta e colou na pasta, pegando minha digital e colando na arma.

— O que você vai fazer? — disse com medo de sua resposta.

— Se você não fizer o que eu estou mandando, serei obrigado a te acusar de homicídio, por matar sua mãe, minha querida esposa.

Isso não podia estar acontecendo comigo, esperava tudo do me pai, mas, isso?

Nunca em toda minha vida pensei que meu pai iria fazer algo tão estúpido por dinheiro. Minha mãe é a única pessoa que eu tenho neste mundo, e Justin está sendo algo novo e eu tenho apenas uma amiga.

E eu não quero ser obrigada a acabar de alguma maneira com alguma relação que eu tenho com alguma dessas pessoas.

Minha mãe sempre foi a pessoa que me apoiou e me consolou durante toda minha vida, tudo o que meu pai faz é pensar e falar sobre trabalho.

Justin entrou na minha vida ontem, mas já posso o considerar bastante. Ele me deu o melhor aniversário de toda a minha vida.

É difícil agir quando a decisão certa é o contrário daquilo que desejamos.

— Como você pode fazer uma coisa dessas? Pensei que você tivesse alguma consideração por mim e por minha mãe! — eu disse o encarando perplexa, com lágrimas em meus olhos.

— Entre vocês duas e míseros dois milhões de dólares, eu preferiria  o dinheiro. Você ainda acha que eu me importo com você e com a sua mãe? — deu uma risada que ecoou por todo o escritório. — Pois bem — me olhou bem sério, bem no fundo dos meus olhos —, saiba que eu não dou a mínima para vocês duas.

— Tudo bem — disse soluçando de tanto chorar — eu faço isso — dito isso peguei a pasta da mesa de meu pai e saí do escritório, batendo a porta com bastante força.

Meu pai é esperto, disso eu sei. E eu aposto que ele tem câmeras e microfones por toda a casa, na verdade, eu tenho certeza. Ele não poderia arriscar de não escutar uma conversa — ou um plano — entre eu e minha mãe.

— Filha, o que houve? — minha mãe disse assim que eu saí do escritório, ela estava parada no corredor.

— Precisamos conversar, mas não aqui em casa, o local não me parece ser seguro.

— O que? — minha mãe disse me seguindo enquanto eu descia as escadas.

— Vem comigo, eu vou pegar um carro e no caminho até o carro eu te conto parte do que houve — meu pai pode também ter instalado microfones e um rastreador nos carros. E eu o conhecia muito bem para saber que a probabilidade disso é de 99,99%.

— Papai descobriu que eu estava com Justin e quer que eu o faça assinar um contrato que lhe passe a posse de todas as suas empresas e ações, e, se eu não fizer direito algo que ele mandar, ele vai te matar e me incriminar.

— Eu sabia que meu marido não é uma flor que se cheire, mas isso? Não acredito — ela disse perplexa assim que chegamos em frente a um carro. Meu carro, para ser mais exata.

Destravei as portas do carro e minha mãe entrou. Eu já tinha uma idéia do caminho até a casa de Justin, era razoavelmente perto e eu pararia algumas ruas a distância da casa dele.

Não falamos nada durante todo o trajeto, minha mãe estava quieta no banco do passageiro, apenas olhando a janela e parecendo pensativa, enquanto deixava algumas lágrimas correrem pelo seu rosto.

Parei a três quadras de distância da casa dele, em frente a um restaurante chinês.

Se meu pai me conhecesse um pouco ele pensaria que eu estava indo comer comida chinesa.

Se ele me conhecesse bem mesmo, saberia que algo está errado.

Não sei qual opção é a certa, o pai que eu conheci toda a minha vida era na verdade um monstro.

Um monstro que eu chamava de pai.

— Onde estamos? — minha mãe disse assim que saiu do carro. Acho que ela também suspeitava das escutas igual a mim.

— Vamos para casa de Justin, eu acho que se eu contar tudo para ele, ele pode até ajudar.

— É, acho que isso pode até dar certo — deu de ombros, parecendo cansada.

— E vai.

[...]

Assim como no trajeto de carro, andamos até a mansão de Bieber em silêncio. Conversa naquele momento não seria algo muito agradável.

O porteiro nos deixou entrar, depois da autorização de Justin.

— Olá, a que se deve a visita das senhoritas em minha casa às cinco da manhã? — Justin disse assim que abriu a porta, e eu fui correndo o abraçar. Não sei o que deu em mim, apenas fiz isso por impulso, e ele retribuiu.

— Precisamos conversar.

Nos sentamos no sofá e eu sozinha contei tudo para Justin, que no fim apenas me encarou chocado.

— E então, o que pretende fazer? — eu o perguntei arqueando uma sobrancelha.

— Eu tenho um plano, mas é arriscado — assenti e ele prosseguiu. — A sua mãe fica aqui em casa e eu vou até a sua casa com você, eu tenho uma arma aqui, qualquer coisa eu atiro.

— Tenho medo — eu disse.

— Eu também, e, para a segurança de sua mãe nós a deixamos antes num hotel e eu chamo um segurança daqui da mansão para ficar com ela — assenti.

E foi isso o que fizemos. Finalmente estávamos na porta da minha casa, a casa já estava vazia e silenciosa, provavelmente deveria ter pessoas a limpando. Entramos e demos de casa com meu pai, sentado numa poltrona da sala, apenas lendo um jornal, como se tudo estivesse perfeitamente bem.

— Ora, ora, se não é minha filinha querida e meu sócio favorito — sorriu cínico e acendeu a luz do abajur, foi então que eu notei que o corpo de Chelsea, minha melhor amiga, estava amarrado no chão. — Querubim, eu não sou tolo e também sei que você não é — pegou uma arma que estava no sofá e apontou para o corpo dela —, e você acaba de estragar tudo — dito isso, ele pressionou acionou a arma, apontou e atirou, na cabeça dela.

— Não, não, não — eu disse passando as mãos pelo os meus cabelos e vi que Justin pegou a arma que havia trago consigo e já estava apontando para o meu pai, que o encarava sorrindo.

— Se você quer destruir a sua vida assim como a de Querubim vai ser destruída na prisão, não faça isso. Eu já chamei a polícia — ele disse e ao fundo pude escutar as sirenes —, é melhor correr.

— Vamos embora! — Justin disse puxando minha mão e eu continuei parada.

— Não — disse limpando as lágrimas de meu rosto — eu vou ficar e lutar para que meu pai se ferre totalmente, eu tentarei. Vá, a polícia não pode te ver aqui com essa arma.

— Mas, Querubim...

— Vá — disse o interrompendo.

— Eu irei, mas farei de tudo para que nada de ruim aconteça com você — ele disse e deu um beijo na minha bochecha, saindo correndo dali e ligando seu carro.

Enquanto isso meu pai observava tudo com um sorriso em sua boca. A polícia estava já dentro de casa, meu pai empurrou a arma em minha direção e eu a deixei ela lá mesmo.

— Querubim Thompsom, está sendo presa por homicídio — alguém atrás de mim disse e pude sentir algemas colocadas em meu pulso.

JUSTIN

Saí em disparada pelas ruas de Los Angeles, indo logo em direção ao hotel que Carol, a mãe de Querubim estava.

Passei direto pela a recepção e fui ao quarto dela, assim que bati na porta ela abriu, me dando uma visão de uma Carol abatida e cansada em minha frente.

— Onde está Querubim? Onde está minha filha? — ela disse enquanto eu entrava no quarto e me sentava na cama. Era eu quem estava a pagar pelo o quarto, de qualquer maneira.

— Ela foi levada pela polícia. O pai dela matou a amiga dela e a culpada foi ela.

— DESGRAÇADO! — ela gritou indo em minha direção tentando me bater, mas eu segurei seus pulsos. Ela estava muito nervosa. — NÃO ERA PRA VOCÊ DEIXAR ISSO ACONTECER COM ELA, MAS VOCÊ NÃO SERVE DE NADA MESMO!

— Eu vou conseguir a tirar de lá, eu prom...

— NÃO, VOCÊ NÃO VAI! Querubim não se importa com você, para ela tudo não passa de um joguinho — ela disse apontando o dedo em minha direção.

— Como assim? — eu disse confuso. Aquela mulher que estava em minha frente apenas podia estar louca.

— Ela só queria transar com você. Eu sou a mãe dela, ela me conta tudo. Ontem a noite estávamos até rindo comentando de sua tolice trocando mensagens com ela. Você cedeu fácil fácil. E eu sei o motivo pelo o qual isso está acontecendo. Ela te lembra Daniele em tudo, não? Ela é apenas uma maneira de você sentir que ela ainda está por perto, você está usando ela, e ela também estava te usando — sorriu como uma louca —, e agora, ela está sendo presa, por culpa sua.

— A culpa não é minha — me levantei, tentando controlar minha raiva. Ela estava me usando? O tempo todo foi isso? Ela não se importava comigo realmente? —, a culpa é do desgraçado do seu marido. Poder, tudo o que ele quer é poder, será que você não percebe?

— Para mim o grande culpado disso tudo é você, apenas você. Você poderia ter se matado, por que não fez isso?

— Porque eu ainda tenho uma vida para viver, e não vou perder mais nenhum segundo da minha vida conversando com você. Eu vou tirar tudo a limpo com Querubim, e depois... e depois eu vou viajar por aí, deixar alguém de confiança cuidando de tudo, sem previsão para voltar. Isso eu já deveria ter feito há anos — disse e saí do hotel, batendo a porta com força.

Fui em direção a delegacia, provavelmente lá Querubim estaria sendo interrogada.

— Com licença — disse para um policial —, sabe onde Querubim Thompson se encontra?

— Está sendo interrogada — disse após olhar algo no monitor do computador.

— Sabe quanto tempo ainda falta? Preciso falar com ela urgentemente.

— Ela já está sendo interrogada há cerca de uma hora, já deve estar acabando, vou ver depois se tem permissão para falar com ela. Pode passar algumas informações para fazer a sua ficha?

— Ah, sim.

[...]

Depois de ter dado todas as informações que o policial precisava, estava sentado há cerca de uma hora numa cadeira dura da delegacia.

— Senhor Bieber? — o mesmo policial que eu havia dado as informações anteriormente estava me chamando, o encarei e ele prosseguiu. — O senhor está autorizado a falar com a senhorita Thompson assim que o pai dela sair, no momento ele está falando com ela e quando acabar o tempo eu te chamarei — assenti.

Peguei meu celular que estava em meu bolso, já eram oito da manhã e eu não tinha sono.

Depois de dez minutos o mesmo policial me chamou de novo e disse que eu tinha apenas dez minutos para falar com Querubim.

Aquela era a hora de tirar tudo a limpo. Isso se o pai dela já não tivesse feito a cabeça dela antes, eu sei que ele sabia que eu ia falar com ela.

Entrei na sala que me fora indicada, e querubim estava sentada cabisbaixa numa cadeira, as mãos algemadas.

— Oi — ela não me respondeu. — Eu queria acreditar que o que sua mãe me disse não é verdade — sentei na cadeira e já comecei a falar, já que não tinha muito tempo —, mas eu acho que seja, talvez.

— E você estava me usando para substituir o sentimento de saudades de Daniele. Como eu fui tola, minha mãe e meu pai vieram aqui, e eles me contaram tudo.

— Espera aí, sua mãe?

— É — deu de ombros, finalmente levantando a sua cabeça e me encarando. — E eu não quero mais sua ajuda, nem a de ninguém. Eu vou ser julgada e ficarei presa o tempo que for, não me importa mais. Minha mãe que me disse as coisas, e nela eu acredito. No meu pai não, mas eu sei que minha mãe me diz a verdade, o ódio que eu sinto pelo o meu pai é gigante, mas minha mãe insiste em o amar — respirou fundo —, e eu vou ter que aceitar isso.

— Todas as pessoas que eu amo morrem, isso é incrível. Eu odeio isso.

— Eu não morri — deu um sorriso vitorioso.

— Sim, morreu. Para mim você morreu, e eu não espero te ver nunca mais.

[...]

Depois que saí da delegacia naquele dia, após falar com Querubim, nunca mais ouvi falar dela. Resolvi viajar pelo o mundo durante cinco anos. Pouco tempo, mas foi de grande ajuda. Deixei a empresa nas mãos de Ryan, um grande amigo, e estava voltando para Los Angeles depois de cinco anos.

Não sei se Querubim ainda está presa, ou algo do tipo, mas eu sou grato a ela e ao que aconteceu conosco. Me fez relembrar de como é a vida, que eu tenho que aproveitar cada instante.

Todos os dias eu me lembrava dela. De Querubim. Acho que eram raras as vezes que eu me lembrava de Daniele, não sei o motivo, mas eu sempre me lembrava mais de Querubim.

Cheguei em Los Angeles, meu último destino de viagem, antes de voltar, havia sido o Brasil. Um país lindo, praias lindas e ótimas pessoas.

Lá estava eu, nada parecia ter mudado depois de cinco anos, mas muitas coisas mudaram, disso eu tenho certeza.

Fui para a minha casa direto, após chamar um taxi, eu deixei empregados cuidando dela, por mais que eu não estivesse lá.

Eu ia procurar saber de Querubim, se ela havia sido solta ou algo do tipo.

Fui para a delegacia. Desta vez uma policial que me atendeu.

—  Olá — ela disse sorrindo simpática.

— Olá. Eu gostaria de saber informações sobre Querubim Thompsom, se tiver qualquer coisa seria ótimo.

— Você não sabe? — a encarei confuso. — Querubim Thompsom está morta, assassinada por uma gangue da prisão. Ela se recusou a cumprir o que mandaram ela fazer e foi morta — a encarei chocado. Aquilo não podia ser verdade.

— Você tem certeza disso? Quando foi?

— Cinco anos atrás, depois de uma semana de sua prisão. Foi um assunto muito comentado aqui em Los Angeles, me impressiona que não saiba. Por acaso você é de outro lugar?

— Eu estive viajando durante esses cinco anos, nada de TV ou Internet durante esse tempo.

— Compreendo.

— Ah, obrigado — disse e saí dali, me sentindo quebrado.

Eu comecei a amar Querubim, por incrível que pareça, e eu fiz tudo precipitadamente, eu poderia ter a ajudado e ela não seria morta, eu poderia a dizer que tudo o que diziam para ela era mentira, que provavelmente sua mãe havia sido ameaçada pelo o seu pai, não apenas ter dito que ela havia morrido para mim. Todos os dias que eu estive longe, eu me lembrava dos dois dias que eu passei com ela, e o quanto eles foram incríveis apesar de tudo. Apesar do final que eu evito lembrar, mas que sempre vem a tona.

Talvez seja verdade, que, todas as pessoas que eu amo morrem.

Mas eu ainda quero achar o amor em alguém, pelo o menos pela a última vez.

Querubim é e vai ser o motivo pelo o qual eu não quero desistir.

Pelo o que eu percebi, ela foi morta por não cumprir o que a gangue da penitenciária havia pedido, isso mostra mais ainda uma coisa que eu notei nela: ela não desiste de sua opinião, e isso a matou, mas ela fez isso provavelmente para não fazer algo ruim.

Ela não desistiu.

E eu não vou desistir de ainda, um dia, encontrar o amor.

Mesmo que demore muito.


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Notas finais do capítulo

OPA, OPA.
Alguns devem estar chocados com esse final, e eu também estou bem chorosa com ele. Muitos devem estar com raiva, se perguntando o porque de eu ter matado Querubim.
Em primeiro lugar: Querubim está morta SIM, ELA NÃO VAI RESSURGIR, ELA MORREU, MORTA, ENTERRADA. Pode ser difícil aceitar isso, mas não me abandonem.
O motivo pelo o qual a história se chama shard, foi explicado. Ela era o fragmento de bondade que restava dele. A morte dela – tomara que tenham notado – foi o motivo pelo o qual Justin explicou no final que NÃO VAI DESISTIR DE ENCONTRAR O AMOR, ELE NOTOU QUE ELA NÃO DESISTIU. Shard significa fragmento, e ela era o fragmento de bondade que restava dele, ou pelo o menos a luz que faltava para a bondade dele voltar. E ele percebeu isso.
Todos temos um propósito, e o triste propósito de Querubim foi mostrar a Justin que ele não tinha que desistir do amor. E ela morreu.
Mas essa história é do Justin, estou mostrando a história de Justin, não a de Querubim.
E espero que entendam isso e não deixem de ler Shard.
O destino de Querubim, a princípio, não era morrer. Mas nesses dias eu venho pensado muito no que escrever em Shard, e enquanto escrevia eu pensei: não existe um porque melhor de explicar o motivo pelo o qual a estória se chama Shard. E foi decidido: Querubim Thompson morreu, mas estará para sempre em nossos corações ( no coração do Jus, principalmente).



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