—Que horas deve ser agora hein? - Rony me perguntou enquanto comíamos as últimas frutas.

—Não tenho a menor ideia - Respondi

—Agente pode seguir por ali que a mata está um pouco mais aberta. - Ele apontou para o caminho.

—Ok. Rony… com você me achou?

—Segui suas pegadas, olha lá.

Me senti a pessoa mais burra nesse mundo, se eu não tivesse me desesperado eu poderia ter feito o mesmo e encontrado o caminho de volta para o acampamento. Bati em minha própria testa e ele riu.

Pegamos o restante das nossas coisas e seguimos pelo caminho que Rony disse, realmente a mata estava mais aberta e o solo mais firme. A esta altura, as pernas não obedeciam mais o comando da mente, era frequente as quedas e tropeços durante a caminhada. Andamos por mais por um bom tempo antes de parar para descansar, a impressão que dava é que não saímos do lugar ou que estávamos andando em círculo, nossa sorte é que ainda tínhamos água para nos manter hidratados, já comida… não tínhamos mais nada.

—Se você pudesse comer alguma coisa agora Hermione, o que seria? - Rony perguntou quebrando o silêncio.

—Na fome que eu to, comeria na boa uns dois pratos de arroz, feijão e ovo e você?

—Tem um prato… uma comida que minha mãe fazia pra mim, era frango com batata, mas não era qualquer frango com batata… era O frango com batata. Eu daria minha mão direita por esse prato aqui agora.

—Quem dera fosse fácil assim Rony. - Sorri cinicamente.

—Sabe do que eu tenho mais medo Hermione?

—Não do que?

—Morrer sem ao menos me redimir com a minha família. - Ele parou por um momento e de cabeça baixa continuou. Preciso pedir perdão para os meus pais.

Fui em sua direção, fiquei em sua frente, peguei minhas mãos e levantei seu rosto. Olhei dentro de seus olhos, e vi que lágrimas escorriam de sua face… precisava dar-lhe esperança.

—E você vai Rony, eu tenho fé que vamos sair daqui.

Ele continuou olhando fixamente para mim e em uma fração de segundo senti seus lábios junto aos meus. Me entreguei aquele beijo, retribui da forma mais doce que pude. Paramos por um momento, nos olhamos e voltamos a nos beijar. Teria sido mágico se não fossem as circunstâncias.

—Hermione, fica quieta, tem uma aranha na sua cabeça. -Rony olhava pra mim com os olhos arregalados.

—Tira… tira. -Nunca fui medrosa mas aranha é um bicho que nunca tive simpatia.

Rony, embora em panico, pegou um graveto do chão e encostou na minha testa próximo da aranha, ela foi descendo até que subiu no graveto, lentamente ele afastou de mim e colocou-a no chão. A aranha era enorme, talvez não fosse venenosa mas com certeza sua picada doeria muito.

Voltamos a andar, agora mais do que nunca queria sair dali.

—Rony escuta. - Parei de andar e me concentrei no barulho

—Parece água.  - Disse Rony

—Água Rony, está vindo dali. -Apontei

Rony correu igual a uma criança atrás do papai Noel no final do ano, eu tentei seguir seus passos mas estava fraca demais para correr tanto.

—Achou a água? - Perguntei quando o alcancei.

—Nao mas acho que estamos proxi… ahhhhhhhh

—Rony nãooooooooooo…