— As vezes sinto que você sopesa a vida real com uma vida que existe apenas em sua cabeça, então se perde numa utopia, Dara. – O pai dela disse, na manhã em que ela revelou estar apaixonada pelo jovem Saldivar. – Sua fé que as pessoas possam ser iguais, mesmo que não sejam, não posso deixar de sentir respeito, mas sei que é ingenuidade.

— Pai. – Dara suspirou.

— Eu não aprovo. – O homem deixou claro. – Você acha que conhece esse rapaz, que sabe sobre a vida, se ilude pensando que vai ter algum respeito estando junto a esse tipo… Esse rapaz a convenceu, com seus livros e remédios, de que pode ser decente, mas a verdade é que violência está enraizada em seu coração. Você pode fazer o que preferir com sua vida. Mas alguém como ele… Nunca pisará em minha casa.

A moça se manteve quieta por um longo momento. Então, segurando as lágrimas, arrumou o vestido e o penteado, levantou a cabeça e se dirigiu até a porta.

— Se é o que prefere, pai, que seja. – Ela não olhou para ele. – Mas algum dia os meus filhos serão os filhos dele e espero que você repense tudo isso.

O homem não respondeu.