— Ele os levou não foi? – A sopa estava fria quando perguntou. Sabia que o velho buscava coragem para contar-lhe do paradeiro dos irmãos.

— Sim – o padre respondeu. – Não pude fazer nada para impedi-lo – Teve certeza. Não conseguiria mais evitar o confronto entre pai e filho.

— Quero que guarde em segurança os registros deles...– Enzo começou, porém foi interrompido.

— O que pretende fazer?  

—Também, que se responsabilize pelos bens que deixarei para Zaki. Ele vai precisar, por causa das crianças – continuou o médico.

— Não posso fazer isso. – Sentiu um aperto do peito, ao notar a determinação na face do rapaz. – Além disto, Zaki jamais aceitaria.

— Ele não precisa saber a origem do dinheiro.

— Você não disse a ele, não foi? – Incrédulo, padre Damião o analisou. Enzo tratava aquela discussão como se fossem rebotalhos. – Não contou que partiu para livra-lo da prisão e da morte?

Enzo fechou os olhos. Lembrou-se de quando o pai os flagrou no casebre.  De  Zaki sendo  chicoteado, até quase a morte, e de sua ida para a prisão. Recordou do estratagema armado pelo pai, e da proposta:

“Darei a liberdade aos dois. Irei trata-los com dignidade, serão meus criados, desde que vá embora amanhã.”