A confusão começou com a flecha que veio da torre do sino. Por sorte, os guardas posicionados cumpriram suas funções, percebendo o perigo, e o tiraram do caminho a tempo, fazendo com que o projétil apenas rasgasse suas roupas e se prendesse inutilmente ao chão. Eles foram mais ousados do que imaginava – o que acontece quando seu desejo ou irracionalidade sopesa com seu medo ou bom senso.

A população ao redor estava frenética e, depois do breve instante para que entendessem o que ocorria passou, o caos se alastrou rapidamente. Não demorou para que a violência se generalizadas. E então novas flechas, cravando-se em tudo ao alcance, da mesma forma que a chuva, e desmanchando-se ao atingir um alvo. Como era possível? A menos... Não, não podia ser. O livro era uma história disparatada, deveria ser apenas um gatilho pra insurreição, baseado em mitos bobos, mas perigosos para inflamar as mentes mais fracas.

Instintivamente esquadrinhava a área, tentando achar a origem de tudo. Fosse por instinto ou mero acaso, localizou a silhueta, ironicamente empoleirada sobre a igreja. Ela deu um passo a frente, a postura incólume, as sombras agitando-se a sua volta. A herege! Como ela conseguiu atravessar sua segurança?