Rebotalhos de comida e papel preenchiam a mesa principal da casa e a própria Jéssica parecia se sentir um deles atirada sobre o sofá em posição fetal. Tinha os cabelos longos caídos de lado e os olhos vítreos pregados na parede a sua frente. Uma das mãos descansava, caída para fora do assento, parecendo exigir mais força para ser levantada do que a jovem tinha.

Melissa não ficara surpresa, já havia a visto em situações muito piores quando ela voltava para casa. Os olhos cheios de lágrimas não derramadas mostravam que o dia havia sido difícil e mesmo que seu próprio dia tivesse sido o pior de todos, ela se aproximou.

Não disse uma palavra, mas aninhou a cabeça da mais jovem em suas coxas e acariciou os cabelos lisos. Não soltou uma ironia ácida sobre como a garota parecia devastada, apenas ficou ali enroscando os fios negros nos dedos finos até começar a cantarolar, não era uma cantiga propriamente, mas também não podia ser considerado como outro coisa.

Ela não sabia dizer se foram os ruídos desconexos que saiam de sua garganta ou os dedos no couro cabeludo, mas logo Jéssica balançava os ombros em um choro não contido.