Aquela agenda encontrada era ouro nas mãos do jornalista, principalmente quando ele pôde ver do que se tratava. Remus sorriu consigo mesmo ao entrar no jornal, com dois copos de café depositados em um suporte de papelão e observou James a sua espera, que abriu a boca antes que o outro moreno pudesse falar qualquer coisa:

— Jeter acertou para fora do campo no último inning, você conseguiu ver? - perguntou ao pegar um dos cafés para si, e receber uma encarada feia do amigo.

Lupin segurou para não rolar os olhos ao amigo e respondeu:

— Eu trabalho aos sábados a noite, se lembra? Um presente do casal feliz. -  disse antes de enfiar a mão direita, que estava livre, no bolso e pegar um bem casado, jogando-o para o outro homem.

Potter deu uma risada leve.

— É mesmo, você estava comendo bolo de coco e dançando baladas românticas sozinho, como foi?

Eles caminhavam juntos até suas mesas, que eram lado a lado.

— O vestido da noite brilhava como os olhos do noivo quando ele a viu, através de uma chuva de pétalas. - Lupin comentou debochado, abrindo os braços.

O moreno que usava óculos o olhou com as sobrancelhas arqueadas:

— E você realmente quer que eu acredite que não está transando com ninguém, Rem? - perguntou ao se jogar em sua cadeira e ajeitar os pés em cima de sua mesa, deu um gole no café e viu o amigo sentando-se também - Casamentos são a mina de ouro da Coluna Social: as garotas vão direto nela aos domingos pela manhã e as noivas basicamente entram em guerra para aparecerem nela, tem noção do poder que você tem em mãos?

— Você quer dizer... Com mulheres que estão prestes a se casar, Jay? 

— É... Elas não irão te ligar, vão fingir que nunca viram você e não te chatearão. - o moreno disse, dando os ombros.

— Isso não importa. - o castanho disse, tirando de sua mochila a agenda e colocando-a para cima, a fim de mostrá-la para o amigo - Você está olhando para a minha saída dessa mina de ouro, para que eu vá para outro patamar.

— Continue sonhando com sua liberdade, é bonitinho de ver. - Potter debochou e recebeu um gesto obsceno do outro.

— Ligue seu computador e comece a escrever, James.

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Do outro lado da cidade de Los Angeles, Nymphadora Tonks caminhava lentamente até a empresa que dividia com Marlene, a mulher de cabelos castanhos segurou a risada quando avistou a amiga saindo de um táxi, ajeitando a camisa masculina amassada em seu corpo e tentando arrumar seus cabelos louros, sem muito êxito.

— Não me olhe assim, eu não viria trabalhar com o vestido de dama de honra. - McKinnon murmurou.

— Roupa amassada de dois dias realmente não combina com seu rosto angelical, Marls. - Tonks riu baixo, fazendo a amiga revirar os olhos. 

Ambas entraram no prédio que trabalhavam.

— O que aconteceu com você na outra noite? Eu mal te vi. - a loira  perguntou e um sorriso malicioso brotou em seus lábios - Conheceu alguém?

Dora bufou lembrando-se da noite de sábado e de como aquele homem a havia tirado do sério com seus pensamentos céticos em relação ao que ela fazia para viver. 

— Claro que não, Marlene.

— É... Pergunta ridícula. - a outra deu de ombros, recebendo o dedo do meio da morena, em resposta. 

Assim que as donas do estabelecimento chegaram, observaram Amelie e lhe deram um sorriso preocupado. 

— Bom dia, Amelie, você sabe onde eu coloquei minha Filofax no sábado? Eu não a acho. - Nymphadora perguntou a secretaria, que não tinha expressão definida no rosto.

— Não. - Jerkins respondeu, olhando em seguida para suas próprias unhas como se fossem a coisa mais interessante do mundo.

— Não? Tudo bem... Eu procuro. - quando ia saindo do balcão, retornou preocupada - Você pegou as páginas de catálogo para Bill ver as novas referências de móveis? 

— Não.

— Tudo bem, eu mesma pego com Lily, na Produção. 

Marlene e Nymphadora saíram de lá, indo até o escritório da primeira.

— Isso mesmo Dora, mostre a ela quem é a chefe.

— Não sou boa em dar ordens assim, Marls. 

—  Abuse do seu poder de uma vez. - a loira resmungou, jogando o vestido amassado de sábado na poltrona de visitas.

— McKinnon vá a Contabilidade e veja como estamos com nossos fornecedores. - Tonks murmurou antes de ir a sua própria sala.

— Agora você está mandona. - cantarolou a amiga, antes de fazer o que lhe era esperado.

Assim que chegou a sua sala, a morena procurou entre os documentos que havia revisado na semana anterior, que ainda estavam em sua mesa, pela agenda que havia pedido para Amelie.

— Onde eu coloquei aquela coisa? - resmungou consigo mesma. 

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— Essa vai ser a primeira página do século, desde que você a deixe comigo. - Remus disse, com todo o entusiamo que existia dentro de si, olhando para Rita Skeeter. - É genial. 

— Você sempre diz que é genial, Lupin. - a loira afirmou de modo cético - Não consigo me lembrar de quantas vezes já ouvi isso.

— Estou lhe dizendo Rita, é uma ótima ideia.

— Sério? Uma ótima ideia? Como a última? Como era mesmo... Uma revelação sobre o controle de preços das confeitarias? 

—Sim, sim. - o tom de voz do homem mudou, para a defensiva - A farinha custa 85 centavos, eles aumentam em oitocentos por cento. É ultrajante. 

— Sim, é ultrajante. - a diretora do jornal disse, pegando a edição do dia anterior em mãos - E ninguém se importa. 

— E minha matéria sobre a exploração das bordadeiras? É fantástica... 

— Remus Lupin, as pessoas querem ler isso na seção de Estilo. Sua seção basicamente paga por todo nosso jornal, nossos anunciantes querem histórias divertidas e sem conteúdo de falha humana. 

— Então é tudo sobre dinheiro? - o castanho perguntou, levantando as sobrancelhas.

— Saia da minha sala.

— Está bem... Aquelas não eram boas, mas essa é. - disse abrindo a agenda para a mulher em sua frente - Essa mulher foi em sete casamentos.

— E?

— Esse ano. E ela esteve em dois, no sábado. - sorriu quando viu um pequeno interesse da chefe - Não será somente sobre ela, mas sobre o que a industria do casamento transformou algo importante em um rito de passagem, e virou fonte de renda. - observou o olhar duvidoso da loira e suspirou - De um jeito divertido e tudo mais. - Lupin debruçou-se na mesa - Skeeter, eu estou morrendo na seção de Casamentos, se eu escrever mais alguma coisa cobre hálito de bebê eu vou ter que me matar. Está é uma boa história, uma história real. 

— Você é bom escrevendo sobre casamentos, é onde eu preciso de você. 

— Se não me der reportagens eu pedirei demissão.

— Tudo bem, Remus, uma chance. - a diretora disse por definitivo, levantando-se e andou até sua porta com a agenda em mãos, entregando a ele e indicando a porta com a cabeça. - Se eu não gostar, você fará casamentos para sempre.