Twist of fate escrita por Littlefox


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, desculpe o atraso ♥
Espero que gostem!! Beijinhos :*



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— Mas que merda você fez? – disse tentando recuperar o fôlego

— Ah, qual é? Aquilo não foi nem metade do que ele merece! – disse se jogando no chão a meu lado

— Nós podemos ser presos!

— Só vamos ser presos se nos pegarem! E duvido que ele tenha chamado a polícia, ele sabe que mereceu aquilo

— Isso é loucura!

— O que está feito, está feito! Agora vai me dizer que não gostou nem um pouco? – perguntou virando para mim

— Bom.... A cara que ele fez foi impagável! – eu não pude segurar uma risada – Como estão seus pais? Não os vejo a tanto tempo

— Estão bem, ficaram em Chicago! Tentaram manter contato mas o emprego de meu pai ocupava todo o tempo deles, ficarão felizes em saber que esbarrei com você! – disse dando uma leve cotovelada em meu braço

— Qualquer dia eu faço uma visita, se estiver tudo bem – disse um pouco apreensiva, não queria que soasse como se estivesse me convidando

— Eles ficarão muito felizes! Minha mãe ainda fala muito sobre  você.– a conversa morrera por alguns minutos, só aproveitavamos os pingos de chuva contra nossas peles. Até que, por fim, eles cessaram.

— Venha – disse levantando

— Oi? – perguntei

— Ande logo, você vai gostar!

Levantei e comecei a segui-lo em direção a estrada, onde paramos no meio fio, esperamos alguns minutos até que o táxi parou a nossa frente. Ele abriu a porta para eu pudesse entrar, fazendo o mesmo logo em seguida. Ele explicara o endereço que nunca ouvira falar para o taxista e logo seguimos viagem. Pude ver os grandes prédios se afastando e as luzes da cidade passando como como raios coloridos pela janela do carro, deixando que minha mente vagasse pelos breves minutos que demoraram até que chegássemos ao nosso destino. Paramos em frente a um prédio afastado da cidade.

Estava tudo apagado, dando um aspecto  abandonado ao local, as grandes cercas de metal circulavam todo o perímetro, deixando-me ainda mais curiosa sobre o que estávamos fazendo ali.

— Você vai ficar aí com essa cara ou vai vir? – perguntou com um sorriso estampado no rosto

— Pedindo desse jeito, quem sou eu para negar? – soltei mais um sorriso cínico indo atras dele

Ele foi foi circulando o prédio até que estivéssemos na parte de trás, onde ele se aproximou de uma brecha na cerca puxando-a fazendo com que a abertura ficasse maior, a ponto de conseguirmos passar.

— Está esperando um convite formal? – disse arqueando a sobrancelha quando hesitei em passar

— Voce está tão engraçadinho de umas horas pra cá, estou  pensando seriamente em te vender pro circo! – murmurei com um sorriso forçado enquanto entrava no estacionamento do prédio. Tenho certeza que estavamos quebrando, no mínimo, umas cinco leis ao fazer aquilo e o pensamento de acabar a noite dentro de uma viatura me fizera estremecer – Qual o seu problema com a lei? Parece que vocês não se dão muito bem.

— Oi? – ele me olhou confuso

— Primeiro a janela de Corin, agora estamos invadindo propriedade privada. – continuei enquanto ele passava pela cerca – O que vem depois? Vamos roubar um banco? – brinquei conseguindo arrancar uma gargalhada dele

— E quem disse que estamos invadindo? – arqueou uma sobrancelha

— Esse lugar é seu?

— Não, mas poderia ser. – ele começou a caminhar em direção ao prédio – Anda logo!

Por mais que eu não quisesse, entrei. Era ainda mais escuro do lado de dentro, como se a energia tivesse sido cortada ou algo do tipo. Nossos passos ecoavam a medida que andávamos, percebendo assim, que não haviam muitos móveis. 

Conseguia ver a sombra de uma grande bancada quando passamos pelo meio do cômodo. Entramos por uma pequena porta que dava em um lance de escadas. Subimos, no mínimo, uns dois lances de escada e paramos na frente de uma pequena porta de metal que estava um pouco emperrada , mas cedeu depois que Caspian empurrou com um pouco mais de força.

Todo o cômodo, que era duas vezes maior que minha casa, estava iluminado por uma fraca luz azul que emanava do centro do quarto. Ao chegar mais perto pude ver que se tratava de uma enorme piscina. A água cristalina iluminada pelas lâmpadas que emanavam luz azul o fundo dava a impressão que estavamos olhando o oceano em toda sua calmaria.

— Como você a..... Por que você está ficando pelado? – ia perguntar como ele achara aquele lugar mas não cheguei a terminar a frase. Ele tinha acabado de tirar a blusa e desabotoava o cinto

— Por que você não está?

— O quê?!

— Acha que eu te trouxe aqui só para ficar olhando a água? Nós nos entrar. Minha roupa está quase seca, não quero encharca-la de novo. – disse fazendo com que eu desviasse o olhar, corando violentamente – Não trouxe uma mala cheia de roupas, igual a certas pessoas.

— Não, obrigada! Estou muito bem aqui fora. – disse dando um passo para trás voltando a encarar a piscina

— Bom, você pediu por isso – não tive tempo de perguntar pelo o que exatamente eu havia pedido, quando me dei conta ele já me segurava em seus braços, pulando comigo dentro da água.

— Puta que pariu! Tá muito gelada! – disse tentando me desvencilhar de seus braços e sair dali o mais rápido possível mas ele continuava me segurando.

— Shh, vai passar. – disse me abraçando enquanto eu o xingava de todos os nomes possíveis mentalmente – Nem está tão fria!

— Eu vou te matar! – disse tomando impulso e jogando meu peso para trás, derrubando-nos na água. A água fria fazia com que eu tivesse a sensação que meu corpo estivesse dormente, mas ignorei esse fato, me desvencilhando de seus braços nadando até a superfície. Ele não fora tão rápido, dando me vantagem para que pudesse ter minha vingança. Segurei sua cabeça dentro da água, forçando-a para baixo e impedindo-o de voltar a superfície. Subi em seus ombros para que minha força se concentrasse ali, mas isso foi uma brecha que ele aproveitou jogando-me para trás.

— Você podia ter me matado me jogando daquela forma! E se eu não soubesse nadar?

— Como não saberia se fui eu que te ensinei? – disse gargalhando, eu havia me esquecido desse fato mas a memória me voltou rapidamente.

Eu devia ter uns sete anos e fora em uma de suas visitas. Eu estava com medo de entrar na água mas o mesmo me convencera que não tinha nenhum tipo de perigo. Entrei cautelosamente na piscina pública, onde mesmo no raso meu pé quase não tocava o chão mas ele continuara a meu lado, pacientemente me ensinou a nadar. Aquela era uma das melhores memórias que compartilhávamos.

Fiquei sem resposta depois daquilo, jogando água no seu rosto logo em seguida. Ele virou o rosto por um momento, voltando lentamente  com um sorriso travesso em seu rosto. Ele arqueou uma sobrancelha, perguntando silenciosamente se eu realmente havia declarado guerra. E então, joguei outro jato de água em seu rosto, dando a resposta que ele esperava. E assim começara a pequena guerra de água. 

Era engraçado como depois de todo esse tempo ainda conseguíamos nos comportar como as crianças que costumavamos ser. Distraída por esse pensamento, ele conseguiu acertar um jato em meu  rosto,  fazendo com que um pouco de água entrasse em meus olhos. Virei o corpo para o lado oposto, escondendo o rosto em minhas mãos.

— Ouch! Esta ardendo – menti soltando um pequeno gemido de dor. Ele logo se aproximou, preocupado

— Su, está tudo bem? Olhe para mim, deixe me ver! – virei rapidamente tacando água em seu rosto e caindo na gargalhada em seguida. Ele ficou sério por alguns instantes, até que me abraçou jogando-nos na água.

Quando voltei a superfície,  ele estava parado em minha frente com seu peitoral bem perto de minha face. Observava as gostas escorrendo por sua pele oliva, indo em direção ao seu abdômen definido e voltando para sua fonte cristalina, corei levantando o rosto a fim de desviar o olhar e acabei deixando-o a milímetros do rosto dele. Nossas respirações estavam descompassadas enquanto nós nos encaravamos. Eu não ousara desviar meus olhos dos dele e pude ver que os mesmos intercalavam entre meus olhos e meus lábios. Não sei dizer qual de nós estava diminuindo a distância entre nossos lábios, só sei dizer que ela estava quase nula. Meus olhos pesavam, forçando me a fecha-los e me preparar para o beijo. Mas ele nunca aconteceu. Estavamos prestes a acabar com a distância entre nossos lábios quando um barulho fez com que nos  afastassemos bruscamente e encarassemos a porta. O barulho vinha do andar debaixo e estava ficando cada vez mais próximo quando ele me puxou para fora da piscina.

— Hora de ir! – disse puxando a mala e indo em direção a uma porta que ficava do outro lado da sala

— O vigia? – perguntei sobre o barulho que estava se aproximando

— O vigia – ele confirmou correndo mais rápido.

Não sei como conseguimos sair do prédio tão rápido e sem sermos notados mas já estávamos do lado de fora, correndo em direção oposta ao local gargalhando. A roupa molhada em contato com o vento frio fazia com que eu estremecesse cada vez mais. Conseguia ouvir a  voz de minha mãe em minha cabeça dizendo-me que ficaria resfriada se continuasse com aquelas roupas.

Em poucos minutos chegamos em um pequeno parquinho que estava deserto, onde paramos para descansar. Eu abri a mala procurando por uma por uma blusa de frio, ou até mesmo uma blusa normal em que eu pudesse trocar. E assim que abri a mala me deparei com um pacote transparente cheio dos cookies que minha mãe fizera. Escondi-os dentro da blusa de frio que iria vestir e fui em direção ao banheiro que ficava ali perto. Voltei após mudar de roupa escondendo-os atrás de minhas costas.

— Você não vai acreditar no que eu tenho aqui – cantarolei chegando caminhando para perto dos balanços.

— O que? – perguntou desconfiado e seu rosto se iluminara quando puxei a embalagem de trás de minhas costas – Isso é o que eu penso que é? – disse abrindo um sorriso radiante

— É exatamente o que você pensa que é! – sorri de volta sacudindo o pacote de um lado para o outro

— Não acredito! – agarrou o pacote de minhas mãos e o abriu pegando um dos biscoitos– Hmmm, há quanto tempo não como um desses? – perguntou saboreando o biscoito

— Não sei, mas eram nossos favoritos! – disse roubando um e sentando-me 

— Ainda são meus favoritos! – ele me acompanhou e sentou ao meu lado

— Acredita que passou tanto tempo desde que éramos crianças? – perguntei enquanto tomava impulso para começar a me balançar – Parece que foi ontem que estávamos sentados na varanda olhando seus pais carregarem as caixas para dentro do caminhão de mudanças.– disse e senti uma pontada em meu peito ao recordar aquele dia.

— Eu sei, por falar naquele dia, você ainda tem o anel? – perguntou me encarando com um olhar curioso.  Puxei a corrente de meu colar para fora da blusa, onde no fim eu carregava o anel, a pintura estava um pouco apagada e a água de dentro do pequenino globo de neve estava um pouco turva, culpa dos anos que passaram. Ele sorriu ao ver que eu guardara meu anel sempre comigo, remexeu em seu bolso e logo encontrou o seu.

— Não consigo acreditar que guardou por tanto tempo! – ele disse em descrença

— Era a única forma de eu lembrar de você quando estava longe. E não é nada demais, você também guardou o seu! – exclamei apontando para o anel em sua mão

— É diferente – ele disse apoiando os cotovelos em seus joelhos voltando a atenção para o anel

— Diferente como? – perguntei intrigada

— Eu estava apaixonado por você. – disse sorrindo com o olhar perdido nostalgicamente no anel, parecia lembrar de nossa infância – É bobo, mas você foi minha primeira paixonite, e bem, foi a pior coisa do mundo ter que mudar e ficar longe de você. Era a maneira que eu tinha de te ter sempre por perto. – disse desviando o olhar em minha direção e dando um meio sorriso

— Não era tão diferente assim.– disse corando – Talvez fosse melhor com que não ficassemos juntos dessa forma, a separação ia ser muito mais dolorosa para nós e... – eu tentava me convencer daquilo desde que ele partira. Ele me encarava esperando que eu terminasse a frase mas eu nunca consegui.

Ele não estava mais apoiado em seus joelhos e sua face estava, novamente, próxima a minha. Engoli seco ao ver o quão perto ele estava.

— Talvez não fosse para ser – sussurrou olhando para meus lábios

— Talvez não fosse para ser – senti meus olhos pesarem novamente soltando um leve suspiro, nossos lábios estavam quase se tocando quando o celular dele começara a apitar.

Nos separamos rapidamente enquanto ele buscava o celular em seus bolsos. Espírito por cima de seus ombros e pude ver que se tratava de uma garota ligando. Seu nome era Lilliandill, além de seu nome exótico, sua foto me chamara a atenção, nela estavam uma menina loira e Caspian se beijando. Foi aí que liguei os fatos. A garota na foto era a namorada dele. Ele desligou o celular voltando para mim, mas levantei-me o mais rápido que consegui, alcançando minha mala.

— Foi uma noite maravilhosa! – disse com a voz embargada – Não tenho como te agradecer por ela, juro! Mas está tarde e eu tenho que ir. Preciso ver se Lúcia está em casa e se posso ficar lá até amanhã. – algumas lágrimas teimavam em cair de meus olhos, tentei disfarçar virando-me para ajeitar a mala que teimava em pender para o lado defeituoso

— Susana, espera, eu...– ele começou mas eu o cortei.

— Foi bom te ver de novo! – disse indo até ele e lhe dando um curto abraço – Mande um beijo para seus pais por mim e diga à eles que estou com saudades! – tentei ao máximo dar um sorriso convincente mas o máximo que consegui foi um meio sorriso regado de lágrimas.

— Por favor, não vá! – ele implorou encarando-me  no fundo de meus olhos meus olhos – Eu posso explicar!

— Não há o que explicar! – dei um sorriso triste – Até mais, Caspian! – dito isso lhe dei as costas começando a caminhar na direção contrária a ele, olhando para trás apenas uma vez e constatando que ele continuava parado no mesmo lugar que eu o havia deixado.

Me apressei conseguindo pegar um táxi. Dei o endereço da casa de Lúcia e o mesmo seguiu viagem. Eu estava desamparada naquele momento, era como se a única coisa boa do meu destino naquele dia tivesse se tornado a pior.

Não demorara muito e eu estava na frente do jardim de Lúcia, atravessando a grama recém cortada e arrastando a mala atrás de mim tentando não fazer muito estrago. Pude notar as flores que a mesma cultivava em pequenas jardineiras apoiadas na janela. Ela sempre gostara muito de margaridas e pude ver que seu amor por elas não mudara com o passar do tempo. A campainha ressoou enquanto ouvia a ruiva soltar um “já vai”.

— Acho que é a pi... – começou abrindo a porta sem olhar para mim – Susana!! – disse espantada mas logo deu um sorriso

— Oi Lú! – consegui dar um meio sorriso antes que as lágrimas começassem a descer por meu rosto e ela me abraçou

— Aí meu Deus! – disse me puxando para dentro – O que aconteceu? – me olhou preocupada – Senta ali no sofá e me conta, ok? Aravis também está aqui, estamos esperando a pizza chegar. – assenti puxando a mala para dentro. Depois de tentar cumprimentar Aravis e falhar, porque começara a chorar incessantemente, me sentei e contei tudo que acontecera naquele dia fatídico arrancando alguns olhares de pena das duas.

— Oh, Su! Esqueça disso, Agora você está com a gente. – Aravis tentou me animar – Você quer que a gente bata nele?

— Em qual dos dois? – perguntei fungando

— Nos dois – disse rindo e não pude deixar de rir junto e logo a campainha tocou

— A pizza chegou! – Lúcia disse pulando do sofá e indo em direção à porta.

— Agora sim nós podemos lidar com esse coração partido da maneira certa! – Aravis exclamou indo em direção a geladeira trazendo um pote de sorvete e uma garrafa grande de refrigerante – Colando esses pedacinhos com gordura e uma comedia romântica água com açúcar!– disse piscando para mim

— Mal posso esperar! – disse virando para prestar atenção no filme que passava na televisão, logo Lúcia estava de volta com a caixa de pizza em mãos colocando-a sobre a mesa de centro e sentando a meu lado.

Confesso que nunca pensara que aquela noite terminaria daquela forma, mas não imagino outra forma de terminar melhor. Enquanto estava ali com elas eu não pensava em mais nada, simplesmente tudo que acontecera de ruim naquela noite desaparecera por aqueles breves momentos. Passamos a noite nos empanturrando de porcarias e vendo os filmes mais aleatórios que passavam na tv, sem contar as inúmeras conversas que muitas pessoas achariam sem sentido algum mas que nos arrancaram diversas risadas durante a madrugada.


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