“Tens certeza que é o caminho certo”? O toque de Melina em sua cintura tinha o calor da alvorada a iluminá-las timidamente, derretendo a neve que a noite deixara nas montanhas. A resposta foi afirmativa, embora houvesse um ar de preocupação nas entrelinhas.

Abancavam-se nas madeiras do velho píer, com os pés imersos em marolas escuras. O pequeno porto era principal acesso à ilha, porém não havia embarcação ancorada até então. Esperavam pela nau que percorreria o Grande Rio até as terras ermas do noroeste, quando a sereia seguiria para a Floresta de Boarin.

Quando o azul tomou completamente o céu, vislumbraram o transporte despontar no horizonte. Levantaram-se, desejando que os minutos demorassem mais um pouco. Era uma despedida.

“Não posso permanecer enleada a ti para sempre”. Naríia comentou, há poucos centímetros da respiração da outra.

“Nos veremos novamente nesta vida”? Era uma pergunta para a qual nenhuma delas tinha resposta. Porém, o encontro de marejados olhares foi acalmado por um beijo vagaroso.

O barco não era grande como aqueles que desbravavam os mares. Após breves cumprimentos, o capitão ajudou-a no embarque. Todas as despedidas estavam feitas agora. Ao longe, observou a figura acenando no cais até sumir-lhe das vistas.