ERA INTERESSANTE PENSAR NA minha morte. Sabe, como uma curiosidade. 

— Quando que será? O dia exato... - perguntei para o medico que assinava dezenas de papeis. 

— Não tem uma data prevista, na verdade só teria se aplicássemos a eutanásia. MAS isso é proibido por aqui. - respirou profundamente. - Olha Ana, não quero por data, mas você pode considerar meses antes que o câncer degenere todo ou parcialmente o seu cérebro. 

— Então eu já posso escolher onde vai ser meu enterro e qual tipo de mortalha eu irei usar? - indaguei irônica. 

E realmente eu faria isso. E fiz. 

Primeiro de tudo eu comprei a roupa. Um vestido preto básico, mas que combinasse comigo - notei também que tinha emagrecido -, escolhi as minhas flores favoritas e mandei fazer um caixão bem no estilo americano, todo fofo por dentro. 

Não é só porque eu iria morrer que eu precisava partir feia ou desarrumada. Queria que as pessoa se lembrassem de mim assim, como eu estou agora. A garota sorridente de cabelos curtos que vive sempre estudando. 

Eu nunca quis piedade, nunca quis ser vista com olhares de pena por ter câncer. 

Quero que saibam que estou feliz em partir.