Retornou ao sorriso puxativo que convencia pessoas a fazerem qualquer coisa, até mesmo ir para a praia quando preferia ficar entre quatro paredes assistindo série na Netflix.

À risada dela ao dizer a Felipe que ele não precisava se preocupar porque não havia maneira de a sogra desgostar mais dele.

À promessa que ela fizera ao filho de que no próximo final de semana, fariam um programa de família.

À falsa expressão irritada quando ele pedira para trocar a música que tocava no som do carro.

À diplomacia para lidar com o avô depois que ele bebera além da conta e começara a criticar suas escolhas profissionais e pessoais.

Aos costumeiros exageros quando insistira que Daniel passasse protetor solar.

À voz desafinada quando ela tentara entrar na roda e cantar samba junto com os cunhados.

À doçura quando ela decidira ceder aos caprichos do filho e voltar para casa no fim da tarde, em vez de esperar pelo dia seguinte.

À agonia de ser despertado pelo baque seco da colisão.

À interminável espera pelo socorro.

Ao desespero de vê-la desacordada, de chamá-la e não obter resposta.

Ao som das sirenes e à dura constatação de que já era tarde demais.