Lavínia não conseguiu dormir.

É como se ela fosse uma candeia e alguém ateasse óleo em suas veias, obrigando-a se manter ativa. A se mover de um lado para o outro, a lembrar e relembrar cada momento com a irmã no dia anterior.

Tudo continua lhe soando um tanto improvável. Não é algo que ela estivesse esperando, que a irmã fosse, bem, pedir desculpas. Sequer imaginou isso. Mas isso não é bom?

Uma parte sua ainda se sente esquisita com a presença dela, mas se esforça para dizer que sim, que esse é um risco que precisa assumir. Kelly estava falando disso no outro dia, não é?

Não apenas sobre Rael, mas sobre sua irmã também.

“Não deixe que exista uma barreira entre você e os outros”, foi a mensagem, no fim. Lavínia não acha que esteja totalmente preparada para isso, ao menos não como Kelly, mas, ainda assim... Ela não está certa?

Lavínia precisa repetir para si mesma que sim. Se não fizer isso, pode ser que dê meia volta e volte correndo para casa, amedrontada. Pode deixar que Rael atenda a porta e não encontre ninguém ali. Certamente seria mais fácil.

Exceto que não é o que ela quer.