Histórias Cruzadas escrita por calivillas


Capítulo 16
Um convidado inesperado




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Já estava claro quando acordei no dia seguinte e abri os olhos, alarmada, olhei para relógio e respirei aliviada, ao perceber que teria tempo suficiente para me aprontar para o casamento de minha amiga. A noite passada estava na minha memória como um sonho, algo irreal, mas não conseguia parar de pensar sobre o que aconteceu, ainda sentia minha pele formigar ao lembrar-me do toque e sabor da boca de Olivier. Então, sacudi a cabeça, na vã tentativa de afastar aquelas ideias, levantei e tomei um banho, para me encontrar com Luana e as outras damas de honras, em um salão de beleza.

Dessa vez, eu resolvi me aventurar no metrô, tal qual um imenso formigueiro subterrâneo, que poderia levar você para qualquer lugar da cidade, bastava só estudar o mapa e saber para onde queria ir, essa proeza ajudou a distrair minha cabeça.

Ao chegar no pretensioso salão de beleza, já havia um grupo de mulheres animadas e barulhentas, cercadas por profissionais atarefados e com as cabeças adornadas por bobes e grampos, alguns sob imensos secadores e todas com uma taça de champanhe na mão, cortesia da casa.

— Gisele! Você está atrasada – Luana gritou da cadeira, onde um cabeleireiro e sua assistente tentavam domar seus cachos.

— Desculpe! – disse, sem jeito.

— Rute! Cuide dela – uma mulher loira de meia idade, com jeito de proprietária do lugar, ordenou e outra mulher mais jovem, pequena e ruiva surgiu ao meu lado, puxando-me pelo braço para um lavatório, envolvendo-me com um imenso avental branco, depois que meus cabelos foram lavados, fui puxada para ocupar uma das cadeiras de frente a um espelho. Daí em diante, meus cabelos foram enrolados, secos, penteados e, por fim, adornados com pequenas pedrinhas verdes brilhantes para combinar com o meu vestido. Devo dizer, que demorei um pouco para me acostumar, mas, no fim, acabei gostando, principalmente, depois da maquiagem e de colocar o vestido em um tom verde claro, que era bem bonito e leve.

Nunca imaginaria que logo Luana teria um casamento tão tradicional, mas ela havia me dito que era para agradar a família de William e seus próprios pais, então, ela cedeu por amor.

Já no comecinho da tarde, estávamos em frente a uma igreja de pedra bem antiga, esperando o momento da nossa entrada triunfal, pois iriamos em cortejo antes da noiva. Os últimos convidados entravam apressados para tomarem seus lugares, os homens elegantes de terno e gravata e as mulheres de chapéu adornados com plumas e flores. Então, vi de relance algo que não quis acreditar, era Olivier entrando na igreja. Não, eu devia estar enganada, talvez, obcecada, por ver aquele homem em todo lugar. Naquele momento, fomos convocadas a tomar nossos lugares. O grupo de quatro casais iriam na frente da noiva, as mulheres carregam um buquê de rosas brancas. Meu par era um jovem louro bonito, primo do noivo, eu o conheci na noite anterior durante o jantar em família, aquele que logo após fui para o apartamento de Olivier e nos beijamos intensamente.

— Pare com isso! - disse para mim mesma, em voz alta, o rapaz ao meu lado me olha, sem entender aquela língua estranha, sorrio, sem graça, sinto meu rosto queimar.

Durante a lenta caminhada através da nave da igreja até o altar, procurei, sutilmente, pelo homem que confundir com Olivier, mas não o encontrei, relaxei e prossegui.

Luana estava linda e seu vestido branco resplandecia. Ela tinha o brilho dos apaixonados, vi isso quando ela olhou para o William e um luminoso sorriso surgiu no seu rosto. Os olhos dele a fitaram com intensidade e admiração, segurando o ar no peito. Imaginei se será assim no dia do meu casamento, se eu olharei para Samuel desse modo e se ele me verá assim, desconfiei que não, em nossa relação não há esse tipo de energia. Senti um pouquinho de inveja.

A tradicional cerimônia começou e chegou ao fim, fiquei agradecida pois meus pés estavam me matando por ficar de pé por tanto tempo, segurando aquele buquê de flores.

 Na saída da igreja, fui colocada dentro de um carro de totais desconhecidos para seguir ao local da festa. Sentia-me meio sem jeito com o estranho casal mais velho, tios de William, que me encheram de pergunta sobre o meu país e minha vida, durante todo o trajeto até o hotel, onde ficava o salão no qual aconteceria a festa. As mesas tinham lugares marcados, fui guiada até a minha, destinadas as pessoas desacompanhadas, agradecida por não ficar junto com o casal de tios. Estava um pouco descolocada, tamborilando, ao ritmo da música, a toalha perfeitamente branca com minhas unhas recém-feitas, desejando que Samuel estivesse ali comigo, enquanto os lugares da minha mesa foram ocupados por uma prima e um primo de William mais jovens, um amigo de infância dele divorciado, uma tia-avó. Fiquei na expectativa de quem sentaria ao meu lado, quando...

— Acho que esse lugar é o meu? – Reconheci a voz, no entanto, não podia acreditar, ergui meus olhos, bem devagar na direção do seu rosto e para os olhos azuis me observando com um sorriso torto.

— O que você está fazendo aqui? – quase gritei, com minha voz fina e estridente, ficando de pé em um pulo.

— Ora! Eu fui convidado – ele explicou com um sorriso cínico.

— Quando?

— Ontem, no jantar. Ed, o pai de William, me convidou torcemos pelo time de futebol, o Chelsea – respondeu de maneira natural, não podia acreditar que aquilo esteja acontecendo, contudo, estávamos chamando muita atenção dos demais comensais, então nos sentamos.

— Você não deveria ter aceito! – murmurei, entredentes, só para ele ouvir.

— Seria uma grosseria da minha parte. Além disso, não tinha nada melhor para fazer hoje.

Os noivos são anunciados e entram no recinto sobre uma chuva de aplausos, o conjunto toca uma música romântica e eles dançam sua primeira música como casados. Fiquei me imaginando na mesma situação, qual seria a música que Samuel escolheria para nossa primeira dança? Teria que ser perfeita, tudo teria que ser perfeito no nosso casamento, isso me dá calafrios só em pensar.

— Eles formam um bonito casal – ouvi a voz de Olivier sussurrando no meu ouvido, sinto um arrepio subir pela minha espinha. Respirei fundo para me acalmar. Enquanto, os recém-casados tomam o seu lugar no centro da mesa principal, para começar o serviço do jantar, que era bastante eficiente, minha taça de vinho nunca ficava vazia.

Durante todo o tradicional jantar, Olivier manteve uma conversa educada com todos à mesa. Tenho que reconhecer que ele tem um tom e é extremamente charmoso. Percebi que a prima de William estava bastante interessada nele, jogando os cabelos loiros e lisos de um lado para o outro, aquilo me aborreceu bastante, mas não era ciúmes, era ...

— Quer dançar, Gisele? – Olivier me perguntou.

 A garota ao seu lado decepcionada me lançou um olhar que poderia me transformar em um monte de cinzas. Eu aceitei, retribuindo-lhe um olhar desafiador.

No meio da pista de dança, a música é lenta, ele envolveu minha cintura com um dos braços, sinto sua mão quente espalmada nas minhas costas, através do tecido fino do vestido e com a outra mão segura a minha. Eu havia me esquecido de como se tem que ficar perto um do outro, quando se dança esse tipo de música, sentia-me cada vez mais tonta, a medida que rodopiávamos pelo salão.


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Notas finais do capítulo

Oi,
Está percebendo uma mudança nos capítulos?
É porque o capítulo 10 não havia sido publicado, eu percebi agora e corrigir. Se quiser, dê uma olhadinha nele.
Desculpe. Beijos.



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