Gritos escrita por Cherry Pitch


Capítulo 1
Capítulo Único




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GRITOS

por Cherry Pitch

 

Rose Weasley era intensa. Algo gritava dentro dela, e tudo que a ruiva fazia era demais. Havia um fogo dentro da garota que seria demais para qualquer um aguentar. As tristezas sempre eram tragédias, e as alegrias, eram sempre felicidade extrema. Uma metamorfose ambulante, mudava de humor a cada cinco minutos, como um belo camaleão. Às vezes se achava a garota mais especial que na Terra já havia pisado, e outras, sentia como se a vida de todos fosse melhor se ela não estivesse ali.

 

Rose Weasley gritava. Gritava até o seu peito doer, gritava até as pessoas reclamarem. As pessoas reclamavam, diziam que estava sendo rude, e lhe respondiam com calma. Eles não podiam estar calmos, Rose tinha vontade de voltar a gritar. Ela estava explodindo, e todos perguntando se ela estava nervosa! Sim! Ela estava! Nervosa com tudo, nervosa com si mesma, tudo o que Rose estava era nervosa.

 

Rose Weasley explodia. A cada dia, a cada passo, havia chamas em volta da garota, e ninguém percebia. Apenas ela. Apenas ela mesma conseguia ver as chamas da sua última explosão flutuarem ao seu redor, como uma fênix que tinha renascido recentemente.

 

Intensidade. A barriga de Rose doía, de tanto chorar, ou rir. Ou ambos. Apenas doía, de tanto esforço, apenas doía por tantas razões. Apenas doía pelo peso das palavras engolidas de volta. Apenas doía pelos sentimentos engolidos de volta. Apenas doía pelas coisas que Rose guardava para si mesma, apenas doía pela dor que engolia a cada segundo do dia.

 

Apenas doía pela ansiedade. Ansiedade pela mensagem cuja resposta ela aguardava. Ansiedade para que a próxima música da lista de reprodução tocasse. Ansiedade para que pudesse fugir, para que ficasse sozinha, porém não solitária. Ansiedade pela complexidade, porque ninguém a entendia minimamente. Lhe diziam que essa última era boa, mas não era. Não era bom quando a garota explodia e todos apenas reclamavam das fagulhas sujando o chão de casa. Não era bom quando Rose gritava, sem aguentar mais, por ajuda, e todos respondiam que esta não se importava.

 

Ela se importava. Céus, como ela se importava. Toda a sua dor era por se importar. Rose se importava demais, mas não conseguia demonstrar. Não colocava para fora, e quando colocava, era da maneira errada. Gritos ecoavam pelo ouvido da garota. Gritos desesperados, gritos pedindo por paz. Finalmente, a tão almejada paz. Gritos dos seus irmãos e primos pela casa, gritos desesperados. Gritos dos adultos chamando ou brigando com seus respectivos filhos. Gritos cheios de fúria, cheios de dor, cheios de mágoa. Gritos que todos ouviam, mas ninguém escutava de fato, ninguém entendia.

 

Rose Weasley gritava. Gritava de todas as formas que conseguia. Gritava poesia, gritava desespero, gritava angústia. Mas ninguém atendia aos seus gritos da forma que ela precisava. Ninguém a ajudava, ninguém conseguia, ninguém era capaz. E tudo só ia aumentando a fúria dentro dela.

 

A fúria que sentia pelas pessoas que, ao invés de ajudar, atrapalhavam, e a fúria que sentia pelo sentimento em si. Fúria por ela se sentir enfurecida com alguém que apenas queria ajudá-la, fúria consigo mesma. Tristeza, a vontade de chorar a qualquer momento, a dor. Rose Weasley explodia a cada hora. Gritos. Gritos que desejava e almejava, gritos que diziam que ela era a melhor, e que a diziam o que fazia bem. Gritos que temia, os gritos que sempre apareciam em seus pesadelos, esses eram os gritos reais. Os gritos guardados, a vontade de mostrar a todos o que estava se passando e não conseguir, os gritos dos outros, que lhe mostravam suas falhas, seus defeitos, quando ela conseguia colocar para fora. E isso apenas a impulsionava a guardar mais.

 

Gritos, gritos presos em sua garganta, gritos baixos guardados em cada um de seus poros, os gritos dos outros, que nunca saíam dos seus ouvidos. A risada alta que se transformava num grito desesperado em sua mente. Será que não percebiam? Como algo tão forte em Rose poderia passar despercebido por aqueles que a acompanhavam sempre, com aqueles que a conheciam de verdade? Será que alguém realmente a conhecia de verdade? Será que era por isso que não percebiam?

 

Gritos presos, gritos liberados, gritos receosos, gritos temidos e gritos medrosos. A vida de Rose Weasley era gritada, e os gritos imploravam por uma vida falada calma e cautelosamente.


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Notas finais do capítulo

Deixem um review com o que acharam, por favor. Dessa vez talvez seja ainda mais importante.



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