O Preço da Verdade escrita por George L L Gomes


Capítulo 3
Capítulo 03




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Os lobos, logo que receberam o sinal da bruxa, correram em direção ao grupo. Enfrentando o medo que lhe corroía os ossos, Marcos apertou nas mãos o pedaço de madeira que a pouco havia recolhido do chão. Aquela era a única coisa que ele havia achado para usar como arma, mas ainda que nada tivesse, lutaria com as próprias mãos se fosse necessário. Aquele sentimento de pavor que ele estava sentindo não era natural para o rapaz, uma vez que poucas coisas lhe assustavam. Por isso ele já tinha se convencido que a bruxa havia feito algo com ele, quem sabe até mexido com a sua cabeça.

O ferimento na perna ainda sangrava e causava-lhe dor e ao contrário do que seria para a maioria das pessoas, o machucado servia de combustível para o rapaz, inflando cada vez mais a sua raiva. Ele não mais fugiria! Tinha o feito até aquele momento porque não queria colocar a vida da sua namorada e dos amigos em risco, mas eles estavam em um beco sem saída. Não havia mais escolhas...

O primeiro animal que se aproximou exibia todos os dentes sedentos por um pouco mais da carne daqueles jovens. Pulou de forma ágil na direção do rapaz, que o recebeu com um golpe certeiro atingindo as patas dianteiras e parte do pescoço do animal, jogando-o para longe. Logo em seguida, os outros dois animais que se tornavam ainda mais medonhos pelo tamanho anormal, atacaram, surgindo um de cada lado. O da esquerda foi de encontro ao objeto de madeira mordendo e segurando com força, forçando Marcos a travar uma disputa pelo bastão. Graças a essa distração, o lobo que se aproximou pela direita conseguiu cravar suas presas na lateral da barriga do rapaz, pegando-o de surpresas. O grito, involuntário, surgiu ao mesmo tempo em que o riso da bruxa.

Às costas de tudo isso os outros dois rapazes ainda lutavam com as mãos que surgiram das rochas, tentando fazer com que elas soltassem as duas meninas. Enquanto Sérgio tentava soltar Joyce, George tentava soltar Josi. E apesar de até ali os quatro já terem visto acontecer diante dos seus olhos muitas das coisas que durante suas vidas acreditaram ser impossível, ainda estavam em choque diante daquela magia. As mãos eram claramente cópias idênticas dos membros da bruxa, como uma extensão do seu próprio corpo. Muitos daquele grupo lembrariam daqueles dedos esqueléticos de garras afiadas por muito tempo.

Sérgio era quem mais estava tendo sucesso em sua tentativa de soltar à amiga. Já havia conseguido livrar os ombros da menina e agora ela só continuava presa pelos cabelos. Esses, no entanto estavam seguros por uma grande porção de fios. −Joyce, foi mal! – ele disse, desculpando-se antes mesmo de realizar o ato que libertou a garota. Com alguns movimentos repetitivos, Sérgio usou o pedado de vidro que estava em sua mão cortando os fios de cabelo negro da menina, soltando-a por fim.                                                                                                                                                                                                                                                   ♦ 9 horas e meia Antes ♦

Ao contrário do que o grupo estava acostumado a ver nos filmes que volta e meia eles se juntavam para assistir, as coisas sempre podiam ficar pior. E estavam...

Joyce não esperou muito tempo depois de ver a velha bruxa levar o corpo das amigas para longe e logo começou a procurar qualquer coisa naquele pequeno espaço de cela que pudesse ajudá-la a sair dali, mas nada encontrou. A garota ainda escutou alguns sons que não conseguiu identificar exatamente o que eram, mas que a ajudou a saber o local para onde a mulher havia levado os demais. Se estivesse certa, não era muito longe de onde ela estava presa agora. E a ela estava certa!

Depois que a bruxa largou o corpo de Letícia, que ainda continuava fingindo estar inconsciente e o de Josi, que havia realmente desmaiado por causa da dor, voltou para buscar a única do grupo que faltava. Joyce escutou os passos e tratou de colocar em prática a única ideia que lhe ocorreu.

Quando era criança costumava brincar de escalar as paredes do corredor da casa onde morou por quase toda a sua infância. Por ter somente uma pequena distância entre uma parede e outra a menina conseguia usar as mãos e os pés para subir até o teto, às vezes na vertical, outras na horizontal. Agora, presa ali naquele pequeno espaço, repetiu a brincadeira da infância, beneficiando-se dos centímetros a mais que crescera para escalar a cela até o seu teto, sumindo da visão imediata de qualquer pessoa que chegasse à porta, o que foi o caso da bruxa que estranhou ao não ver mais sua prisioneira.

A velha abriu a cela e entrou, girando sem sair do lugar, procurando por onde a menina poderia ter escapado. Quando Joyce deixou o corpo cair sobre a mulher, facilmente a levou até o chão. Talvez por conta da surpresa, a velha bruxa não conseguiu reagir de imediato, o que deu tempo para a menina recuperar-se primeiro. Com toda a força que possuía Joyce segurou a cabeça da mulher e a puxou para trás o máximo que conseguiu para depois empurrar contra o chão, repetindo a ação até não notar mais nenhum movimento abaixo de si. Levantou-se sentindo o corpo doer e fraca por causa do esforço, mas confiante de que havia conseguido matar a raptora. Saiu da cela ainda cambaleando, seguindo na direção que havia escutado anteriormente os sons que não identificou. Seu erro foi não olhar para trás.

♦-♦-♦

Letícia esperou alguns segundos depois que ouviu os passos da velha se distanciando para enfim poder abrir os olhos e ver onde havia sido deixada. Sentia mais dor do que poderia descrever, mas ainda assim tentou sentar-se. Não conseguiu. Deitada, olhou de um lado para o outro e viu, apesar de haver um grande caldeirão na sua frente impedindo uma visão completa do lugar, que Sérgio e George estavam acorrentados pelos pulsos na parede ao seu lado esquerdo. À sua direita, bem próxima e também deitada no chão estava Josi desacordada.

Pensou que talvez conseguisse rolar para o lado até encostar-se na amiga e juntas poderiam se soltar das cordas que prendiam seus pulsos. Respirou fundo antes de executar o primeiro movimento, mas ouviu passos rápidos se aproximando antes mesmo de tentar. Fechou os olhos, voltando a fingir. Todavia ficou atenta aos sons! Sabia que tinha que respirar mais devagar, mas o nervosismo lhe tirava o controle cada vez mais...

—Joyce! Aqui. Me solta! – escutou o grito de Sérgio, o que a fez abrir os olhos e avistar a prima inclinada sobre o seu corpo, o cabelo longo caído sobre o rosto, tentando solta-la das amarras. Sentiu-se aliviada por alguns segundos até ver a figura que surgiu às costas da garota. Letícia viu a bruxa cravar as unhas em ambos os ombros de Joyce e jogá-la na direção em que Sérgio estava. O barulho dos corpos se chocando contra a parede de pedra foi assustador e ela pôde jurar ter escutado junto dos gritos de Joyce e Sérgio o som de ossos se quebrando.

Viu que a velha tinha o nariz agora torcido em um ângulo estranho e dele escorria um líquido negro que exalava odor característico de sangue, muito embora parecesse mais viscoso. O rosto era uma máscara de fúria e não havia mais o sorriso debochado de antes e ela até arfava, deixando escorrer pelos cantos da boca o mesmo fluído escuro, dando aos dentes de piranha um aspecto ainda mais assustador e inumano.

−Eu tinha que esperar um pouco mais antes de matar cada um de vocês, mas acho que posso pelo menos estripar um ou dois. – a voz estava carregada de ódio e vibrava, dando a impressão de que mais de uma pessoa estava falando ao mesmo tempo. Letícia sabia que não tinha como continuar fingindo-se de morta e começou a forçar as cordas, girando os pulsos em todas as direções possíveis, tentando de alguma forma se livrar das amarras.

Viu a bruxa se afastar um pouco e não chegou a ter qualquer esperança de que ela os deixaria vivos por mais algum tempo. Temeu que a velha começasse o massacre pela prima que havia tentando soltá-la, ou pelo seu irmão que estava preso e inconsciente, ou mesmo por ela que estava ali no chão, incapaz de qualquer coisa. Usou mais força na tentativa de se soltar, sentiu as cordas cortarem sua pele, sentiu o sangue fluir e escorrer pelos braços, mas não parou.

Seu segundo espanto veio quando a velha voltou ao seu campo de visão. A bruxa trajava agora uma roupa que parecia coberta de escamas em um tom de verde opaco. Sorria novamente e vendo a tentativa de Leticia se soltar, escolheu-a como sua primeira vítima.

Letícia viu, embora que com a vista embaçada pela miopia e pelas lágrimas que começavam a surgir novamente, que a mulher parecia crescer a cada passo que dava e quando estava a poucos centímetros de distância, emitiu um som que parecia vir de um animal.

♦-♦-♦

Josi acordou por causa das dores e o som de gritos que escutou fez com que sua mente sempre ágil começasse a trabalhar de imediato. Sentou-se rapidamente, sentindo o mundo girar. Olhou para tudo ao redor, captando várias imagens ao mesmo tempo, inclusive por sua visão periférica! Viu o namorado inconsciente preso pelos pulsos em um canto a sua direita, notou que ele parecia não respirar. Na sua frente viu uma espécie de estante com várias coisas que pareciam frascos e livros. No centro da sala um caldeirão sobre uma espécie de fogueira. E a sua esquerda estava à bruxa, aproximando-se lentamente de Letícia.

Com espanto Josi percebeu que a mulher agora estava vestida com uma espécie de casaco. Já havia visto em algum filme homens vestidos com cascos de pele de urso, os quais ainda preservavam a cabeça do animal. A bruxa, no entanto, não vestia o que fora em vida um urso, mas sim um crocodilo. A garota conseguiu ver até mesmo os olhos do animal reptiliano, com uma fenda negra no centro, que com o movimento da mulher parecia ainda estar vivo, como se os dois, bicho e bruxa, tivessem se fundido em um só.

Todavia, isso ainda não era o mais assustador! A mente, geralmente muito lógica da garota, teve um pouco de dificuldade de aceitar a imagem que via. A mulher, outrora curva devido à idade avançada, erguia a postura a cada passo. E também a cada passo parecia ficar mais jovem! Os cabelos soltos mudavam a cor, tingindo-se de um loiro profundo, abandonando a falta de cor. Ao fim, quando um rugido gutural fez o corpo de Josi tremer, ela viu não mais uma bruxa velha, mas uma jovem mulher crocodilo pular sobre sua amiga.

Josi inclinou o corpo para frente e mesmo com as mãos amarradas conseguiu alcançar os pés presos. Com uma habilidade que surgiu no momento do desespero, conseguiu soltar os membros inferiores, permitindo que ela ficasse de pé. Tão logo conseguiu se erguer, correu em auxilio da amiga. Ao se aproximar viu que Letícia segurava o rosto da bruxa, evitando que os dentes, agora do tamanho de dentes de um jacaré, alcançassem seu rosto. As unhas da garota estavam enterradas no rosto da outra, extraindo mais líquido negro.

Como não havia conseguido soltar as mãos, Josi usou as pernas, aplicando um chute na lateral do corpo da bruxa na tentativa de fazê-la sair de cima da amiga. Embora não tenha tido o efeito que esperava, conseguiu a atenção da mulher que deixou Letícia de lado e saltou em na direção de Josi. Se antes, quando ainda era uma velha, a bruxa era rápida, agora parecia duas vezes mais!

Josi usou novamente a perna para tentar atacar, tentando chutá-la para longe. Contudo, teve seu pé preso por ambas as mãos da sua oponente que apertou e girou o membro da garota, que se não tivesse sido igualmente rápida em girar o restante do corpo no mesmo movimento, teria tido os ossos daquela região quebrados facilmente. Caiu no chão e mal viu o que atingiu a bruxa que deu outro rugido, caindo ao seu lado.

Rapidamente a garota se virou e viu que Joyce e Leticia haviam sido as responsáveis pelo ataque. Antes que a mulher pudesse se levantar, as duas partiram para novas investidas. Josi viu que Joyce tinha uma barra de ferro nas mãos, que foi usada várias vezes seguidas para bater nas costas da bruxa. Letícia usou as cordas que a prendiam antes para enforcar a mulher. Josi ficou de pé e correu na direção do namorado. Tinha que acordá-lo!

♦-♦-♦

Sérgio viu tudo que aconteceu desde a chegada de Joyce naquela sala, porém por ainda estar preso não teve como desviar do corpo da garota que foi arremessado na sua direção quando a bruxa voltou. Sentiu a dor do impacto, sua cabeça chocou-se contra a parede atrás de si e ele teve certeza de que havia quebrado algum osso, não sabia se dele ou de Joyce. Sentiu algo quente escorrer pelo seu pescoço e não teve tempo de perceber que era sangue. Ficou zonzo e por um tempo só conseguia escutar os barulhos ao seu redor...

−Sérgio, acorda! – escutou alguém falar, mexendo no seu rosto. Tentou abrir os olhos, mas as pálpebras pareciam pesadas demais. Sentiu que mexiam nas correntes que prendiam seus pulsos e quando enfim conseguiu voltar a abrir os olhos já estava no chão.

Joyce havia lhe soltado e agora corria na direção da bruxa, com uma barra de ferro estendida acima da cabeça. Ele ainda viu, de boca aberta, Letícia se juntar a ela, ambas golpeando a mulher crocodilo diversas vezes. Rapidamente tratou de soltar George que começava a acordar, sentindo a dificuldade de respirar. As correntes estavam presas em um gancho que vinha do teto e sozinha a pessoa que estava presa não conseguia se libertar, mas com a ajuda de outra pessoa era fácil desprender as argolas apenas suspendendo o corpo para cima.

Logo que conseguiu soltar o garoto, começou a procurar a saída do local. –Gê, temos que achar um jeito de sair daqui. – falou, aflito. Não chegou a escutar uma resposta já que o outro segurou em seu braço e o puxou de uma vez para o lado. Sérgio sentiu algo passar de raspão nas suas costas e quando se virou viu a barra de ferro que antes estava nas mãos de Joyce cravada na parede. Por pouco o objeto não o atingiu como uma flecha!

A bruxa havia conseguido subjugar as duas meninas que sangrando jaziam no chão, em lados opostos, Joyce estando mais próximo da estante onde vários frascos ainda caiam sobre o seu corpo. George correu na direção da garota. Sérgio viu Josi e Marcos assumirem a função de atacarem a bruxa com as próprias mãos.

−Sérgio, me ajuda! – o grito de Leticia atraiu a atenção do rapaz, que viu a menina indo em direção ao caldeirão. Logo entendeu o que ela pretendia e também correu em direção ao objeto. Antes mesmo de chegar perto o suficiente para tocar, o rapaz sentiu o calor que emanava da fogueira.

−Isso tá quente demais, Letícia. – falou, quando se colocou do lado da garota.

−Temos que virar. Ela falou que essa merda ai dentro é importante para o que ela quer fazer. – a menina respondeu, já colocando as mãos no objeto, sentindo as palmas serem queimadas. –Me ajuda caralho! – gritou.

Mesmo sabendo que ia se queimar, Sérgio levou as mãos ao caldeirão que era ainda mais pesado do que aparentava e junto com Letícia começou a tentar virá-lo. Foram apenas segundos até eles terem sucesso, mas para os dois pareceu muito mais tempo. Quando enfim conseguiram virar o objeto, o líquido avermelhado que preenchia metade do caldeirão derramou-se pelo chão, espalhando-se com facilidade por todo o local, queimando os pés descalços de todos que estavam ali. A dor, no entanto já fazia parte deles. O estranho, porém, foi que mesmo com o líquido vermelho, a fogueira que aquecia o caldeirão não apagou.

Sergio viu que Josi e Marcos agarravam a bruxa, cada um de por um lado. A mulher exibia ainda mais ferimentos que antes e o líquido negro que escorria do ferimentos também cobria o corpo de Marcos. Letícia se juntou logo a eles, gritando de fúria e dor. A garota segurou os cabelos da bruxa, puxando-a na direção que os outros dois a estavam levando... Na direção da fogueira.

O rapaz procurou por George e Joyce e viu que o menino tentava empurrar a estante e demorou algum tempo para entender o motivo, até ver aos poucos uma luz surgir pelo outro lado. A saída estava atrás daquela estante! Sua atenção, no entanto foi atraída por Joyce que começou a vomitar o mesmo liquido negro que ele havia visto escorrer do rosto da bruxa e de todas as partes do corpo nas quais a velha havia sido ferida. Lembrar disso o fez olhar novamente na direção da bruxa e ver que os outros estavam cada vez mais perto do fogo, mas pareciam perder força sobre a mulher, muito embora Marcos a acertasse repetidas vezes com socos e chutes.

Ele sabia que tinha que fazer alguma coisa, mas em momentos como aquele, em que ele via-se diante do medo, seu cérebro parecia paralisar e ele não conseguia agir. Demorou ainda alguns segundos antes de conseguir dar o primeiro passo em direção a estante, mas parou no meio do caminho, quando viu George conseguir afastar o móvel o suficiente para eles fugirem.

Mas o outro não saiu, em vez disso, correu ao seu encontro. –Temos que ajudar eles. – Sérgio o ouviu falar, indo na direção dos outros. No chão ele encontrou um grande pedaço de vidro, provavelmente de um dos frascos que haviam sido quebrados no meio da confusão. Pegou o objeto com cuidado para não se cortar e voltou-se na direção da mulher crocodilo que gritava e tentava soltar. Faltava pouco! Eles a queimariam.

−Leticia, levanta a cabeça dela! – ele deu a ordem, vendo a garota fazer o que ele pediu, tendo a ajuda de Marcos. Estranhamente era como se naquele momento os cinco conseguissem entender as ações dos outros antes mesmo delas serem realizadas e sem precisar falar muito.

−Quem vocês pensam que são?! – a mulher crocodilo gritava enquanto tentava se soltar. –Eu sou a maior... –antes que ela pudesse terminar, Sérgio usou o vidro para abrir um grande corte na garganta da bruxa. Fluído negro brotou do ferimento, o rugido proferido por ela não durou muito tempo e logo o corpo desfaleceu.

—Cala a boca, demônio. – Sérgio disse, afastando-se de lado para que os outros quatro jogassem o corpo da bruxa no fogo que aumentou de tamanho quando começou a queimar a carne da mulher.

Os cinco ficaram apenas encarando o corpo queimar por algum tempo, dividindo olhares de compreensão e alívio. Sabiam que o que tinham acabado de fazer, ou melhor, tudo que tinham acabado de passar, mudaria a vida deles para sempre! Voltaram à realidade quando ouviram o gemido de Joyce que novamente colocava uma quantidade enorme de líquido negro pela boca. Correram então todos na direção da garota.

—O que aconteceu com ela? –Sérgio perguntou, espantado quando viu de perto que a situação parecia ainda pior.

—Ela mordeu aquela coisa. Depois disso começou a vomitar. –Josi respondeu.

—Foi ai que aquela vagabunda jogou ela na estante. –Marcos completou.

—E vários frascos caíram por cima dela. – a observação veio de George dessa vez,

—Vamos sair daqui. Temos que levar ela pra algum hospital! – Sergio voltou a falar alarmado e claro, todos concordaram com o que ele tinha dito.

Não demoraram para passar pela brecha aberta entre a estante e uma das paredes. Por alguns minutos seguram por um corredor estreito, precisando ficar cada vez mais abaixados, até surgirem na sala onde tudo havia começado.

−Aquela desgraçada morava em uma caverna! –Sérgio declarou, assim que conseguiu se erguer novamente. Foi ele quem achou as roupas do grupo, amontoada em um canto, mas mesmo depois de procurarem por algum tempo, não encontraram os outros pertences.

—Pra que tu quer esse livro? –Sérgio agora estava ao lado de George, que enquanto procurava pelos pertences do grupo, segurava com força o objeto debaixo do braço.

—Esse era o único que não estava na estante. E estava aberto numa determinada página! Seja lá o que aquela mulher queria fazer com a gente, está aqui nesse livro. E eu quero saber o que foi.

—Acho melhor... – Sérgio não pôde terminar de falar. Ele, assim como os demais sentiram um calafrio percorrer a coluna. –Vamos sair daqui, agora! – falou, segurando a mão de George, já puxando-o na direção da porta.

O grupo tinha dado somente alguns passos quando ouviram a risada repleta de sibilos. Junto a ela ouviram os uivos e depois os rosnados. Eles começaram a correr, alcançando o lado de fora da casa. Não estavam de volta à trilha, saíram em meio de uma mata e ainda assim continuaram correndo.

—Atrás da gente! – Sérgio gritou, pois foi o único que olhou para trás. –É ela!

Na porta da casa, a bruxa vestia novamente a sua pele de crocodilo. Ladeando-a, quatro lobos esperavam o seu comando. –Não achavam que conseguiriam matar uma Cuca, acharam? – embora o grupo já estivesse longe, todos escutaram a voz da bruxa, pois esta parecia vir de todas as árvores, de todos os lados!


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