Conluio escrita por Lina Limao


Capítulo 11
Capítulo 11




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Irremediável.

Era o que Gina pensava a respeito do Malfoy enquanto terminava um curativo no braço esquerdo de Luna. A loira tinha os cabelos tão desgrenhados quanto os da Weasley, o rosto igualmente sujo de fuligem e resmungava ao sentir o efeito do feitiço em seu machucado.

Havia sido um baita milagre conseguir encontrar a corvinal com vida em meio a alguns escombros e Gina não sabia se ajudava ou chorava. Luna tinha cortes nos braços, na bochecha e uma trilha de sangue seco que ia do lábio rosado até o queixo. O uniforme todo sujo de poeira, pedrinhas e rasgado nas pontas fazia com que a loira parecesse ainda mais arrasada.

Porém, ao contrário do que se imagina, Luna estava tranquila. Não se queixava e também não chorava, e Gina assumiu que devia ter doído para caramba levar aquele monte de escombro na cabeça. Nem se atreveu a perguntar quem havia feito ou o que havia acontecido, pois sabia que a resposta que viria não seria nada normal.

Ainda estava tão atordoada com a discussão que tivera com Malfoy que mal conseguia conversar com Luna ou comemorar a notícia de que o castelo fora limpo de comensais, que aguardavam pela chegada do ministro da magia, acorrentados nas masmorras. Estava realmente chateada com as comparações e o olhar frio que Draco houvera lhe lançado, mas preferia pensar que tinha razão. Se ele se enganou a respeito de suas intenções, não era problema dela. Até por que sempre deixou claro que sua relação de união era única e exclusivamente para proteger Hogwarts.

Tudo bem que ele não precisava ter ficado sabendo daquele jeito, ainda mais por Rony, mas também não era para tanto, vai. Gina esperava que ele estivesse apenas sendo dramático. No dia seguinte se encontrariam novamente na torre de astronomia e tudo ficaria certo, não é?

— Você está tão calada. Se meus óculos estivessem aqui poderia ver se não há nada zanzando em sua cabeça.

Gina riu de nervoso diante do comentário de Luna. Sabia que devia tê-la levado diretamente para a enfermaria e não resolvido bancar a madame Pomfrey, mas como ia apenas deixar a loira lá, sangrando, em uma fila imensa de feridos? Não, jamais! Não dava para simplesmente abandoná-la sangrando ali, e era justamente esse contratempo que resolvia. Assim que acabasse o curativo do braço, levaria a amiga para um local seguro e procuraria por mais alunos para auxiliar.  

— Fico feliz que não possa ver. Fico muito paranoica quando você fala que viu algo que eu não vi.

Luna deu um sorriso simpático e coçou a cabeça enquanto Gina murmurava o feitiço e o corte de seu braço ia diminuindo aos pouquinhos. Não estava com muita cabeça para ficar ouvindo sobre criaturas que não conseguia ver, ao menos não naquele momento. Precisava ter notícias de Harry, de seu irmão e pensar em uma tática de guerra para voltar a se dar bem com Malfoy.

Era inegável que se não fosse pela grande informação que ele lhe dera, o castelo teria ruído com aquele monte de comensais e sem a ajuda de Harry ou Dumbledore. Precisava dele, que continuasse fazendo esse papel e lhe ajudando a combater Você-sabe-quem até o fim! Ficava frustrada só de pensar como tudo estava tão bem na noite anterior, na torre de astronomia, e agora parecia que tudo havia voltado a ser como antes, onde ele era só um Malfoy entojado e ela só uma Weasley pobretona. Se ao menos houvesse uma forma de fazê-lo lhe escutar e entender...

Foi então que o rosto de Gina se iluminou e ela sorriu, olhando para Luna como quem está prestes a aprontar alguma coisa. Assim que o ferimento do braço da loira se fechou, a ruiva se colocou de pé e começou a limpar as roupas, animada até demais. A corvinal percebeu a súbita mudança de humor da Weasley e não pode deixar de perguntar.

— O que foi?

Gina começou a desembaraçar os cabelos de Luna, deixando-a com uma aparência um pouco melhor que a sua própria.

— Preciso fazer uma maluquice. Veja se vai até a enfermaria, ouvi dizer que tem pudim lá!

Gina correu enquanto a ideia estava quente. Resolveu que não ia colocar empecilhos, ia apenas chegar a Malfoy e dizer o que queria, como estavam fazendo nos últimos dias. Era bem simples, não? Draco não era exatamente burro, com certeza ia compreender o que ela pretendia e voltariam a se unir em prol de uma causa maior.

Tão simples!

Gina disse a senha tão conhecida para a estátua e a passagem se abriu. Lá estava ela, novamente, no quarto do Malfoy. Quando o viu sentado na cama, com o rosto enterrado nas mãos, quase achou graça. Percebeu que ele estava tão atordoado quanto ela e talvez isso colaborasse para que aceitasse sua proposta mais facilmente.

— Malfoy, eu vim em paz.

Disse em tom divertido, aproximando-se do garoto e colocando-se à sua frente. Talvez fosse por que o primeiro plano funcionara, talvez por que os comensais estavam contidos, mas Gina estava realmente otimista quanto ao desempenho de outros possíveis esquemas que armassem juntos e não deixaria uma briga besta interferir no quase pacífico relacionamento que estavam criando.

— Acho que não devíamos ficar tão apegados a essa briga. Sabe, foi uma coisa besta e eu sinto muito que tenha descoberto dessa forma o motivo de estar na Sala Precisa aquele dia, mas convenhamos, as coisas até que foram...

Quando baixou os olhos para ver o rosto de Draco, Gina automaticamente parou de falar. Ele mantinha os olhos cinzentos estáticos em um único ponto do guarda-roupa, mas parecia tão alheio ao que estava acontecendo à sua volta que a ruiva temeu que estivesse em estado de choque. Parecia catatônico, fechado em seus próprios pensamentos e sem ouvir direito ao que ela dizia.

Gina sacudiu suavemente sua mão na frente do rosto dele, mas ao não obter qualquer reação, apoiou os dedos em seu ombro, sujando um pouco a camisa branca com a fuligem de seus dedos.

— Malfoy? Ei? Malfoy, o que foi?

Sua voz soou um pouco mais alta do que pretendia, mas pareceu funcionar. O loiro lhe ergueu os olhos cinzentos desconexos e parecia ainda em transe, um pouco apreensivo e em um ritmo mais lento que a realidade. Entreabriu os lábios várias vezes antes de reunir a coragem necessária para dizer coisas que ele sabia que Gina não queria ouvir.  

— Weasley... Dumbledore morreu.

A mão de Gina escorregou pelo ombro de Draco, passando por seu antebraço até se deixar cair ao lado do corpo da ruiva, que olhava para ele com o mesmo olhar perplexo que o loiro mantinha até segundos atrás. Sentiu as pernas falharem e não conseguiu se impedir se cair sentada no chão, encarando o Malfoy como se ele houvesse lhe dado um soco no estômago. Por fim, arfou e juntou forçar para questionar.

— O que?

Draco não conseguiu mais aguentar o peso daqueles olhos castanhos e se levantou, passando nervosamente a mão pelos cabelos loiros bagunçados e começando a caminhar pelo quarto de um lado para o outro enquanto desatava o nó da gravata do uniforme e jogava o acessório sobre a cama, como se aquilo fosse lhe ajudar a respirar melhor de alguma forma.

— Sim, eu... Eu estava irritado e decidi que ia matá-lo por ter sido usado por você e pelo Potter...

As palavras começaram a se embananar na boca do loiro, que ficava vermelho e suava enquanto circulava pelo quarto com passos apressados. Em outra ocasião, Gina teria achado extremamente engraçado, mas daquela forma não tinha assim tanta graça. Ela continuava sentada no chão, como se tentando se recuperar de um golpe que lhe pegara desprevenida. Especialmente por que pensava que, como os comensais haviam sido capturados, não tinha um maldito motivo para Dumbledore ter mesmo morrido!

— Decidi que não queria mais confabular com você e ia fazer o que eu devia ter feito desde o começo.

Então a expressão de Gina, que passeava entre o susto e a incompreensão agora rumava para a raiva. Seus olhos castanhos se apertaram e ela ficou de pé em um movimento rápido e preciso, digno de uma raposa. Segurou Draco pelo colarinho da camisa e o sacudiu, num movimento desajeitado que fez com que o loiro caísse sentado na cama. Ela respirou ofegante e apontou acusadoramente o dedo indicador para o Malfoy.

— Você matou Dumbledore?!

Não foi exatamente uma pergunta, mas Draco sacudiu a cabeça negativamente como resposta, o que fez com que a Weasley desse um passo para trás, atordoada com todas as informações que estava recebendo. Seu coração pulava no peito em uma velocidade alucinante, como se quisesse pular para fora do peito e cair diretamente em sua mão.

— Não. Como eu previa, não consegui fazer isso.

Ela sacudiu a cabeça em forma de negativa, sentando-se na cama ao lado do Malfoy, que estava tão perplexo com as coisas que iam saindo de sua boca que mal conseguia ficar com o olhar parado em um único foco. Seus olhos dançavam pelo quarto enquanto relatava os últimos acontecimentos e Gina sentia um aperto no coração a cada novidade. Porém, uma pergunta precisava ser feita e a Weasley reuniu toda sua coragem para fazê-la.

— Então como ele pode estar morto?

Draco voltou sua atenção para ela e engoliu seco antes de falar. Parecia doer nele também falar e pensar sobre o assunto, mas Gina precisava das respostas. Não havia maneira humana possível de suportar aquela situação sem questionar, e Malfoy sabia que precisava ser complacente com a ruiva se quisesse ter novamente uma chance de sair de todo aquele mal que o cercava desde menino.

— Snape matou. Se lembra do voto perpétuo?

Gina arfou e se levantou como se impulsionada por uma mola. Começou a caminhar pelo quarto da mesma forma impaciente e nervosa que Draco fizera há poucos minutos. E, como sempre, quando ficava nervosa não conseguia parar de raciocinar em uma frequência incrível, e, ocasionalmente, dizer em voz alta o que passava por sua cabeça.

— Não pode ser, alguém teria visto, todos seriam avisados, e...

Ela dera a volta na cama e fora para a outra lateral, rodando de um lado para o outro de forma rápida e descompassada. Draco ficou olhando-a em silêncio, a princípio, mas quando a viu quase tropeçar no tapete, decidiu que talvez fosse melhor tentar fazer com que Gina visse a realidade e aceitasse, assim como ele estava tentando fazer. Não valia de nada todo aquele nervosismo por uma situação irremediável.

Ao menos, foi disso que ele tentou se convencer enquanto suspirava e se levantava devagar, parando à frente dela.

— Weasley.

Disse tentando suar suave, segurando-a levemente pelos ombros, o que fez com que Gina parasse de ficar rodopiando pelo quarto, mas não foi o suficiente para desligar sua cabeça e sua boca, que ainda continuavam trabalhando de uma maneira alucinante em busca de um argumento ou possibilidade que comprovasse que ele tinha sérios problemas de visão ou entendimento.

— O Harry estava lá, como ele permitiria isso? Não pode ser, você deve estar enganado...

As mãos trêmulas da ruiva balançaram no ar e Draco foi apertando devagar os dedos em seus ombros, a fim de que ela lhe notasse e parasse com aquele falatório. Estava tendo paciência para que Gina não começasse a gritar ou saísse de lá toda vermelha e nervosa, como costumava acontecer. Precisava que ela se acalmasse a raciocinasse, precisava que ela se lembrasse que o plano tinha que seguir e precisava que essa consciência chegasse logo, pois não tinha muito tempo.

— Weasley.

Tentou criar algum contato visual com ela, mas era quase impossível. Seus olhos castanhos sacudiam de um lado para o outro enquanto ela falava, ficando levemente desesperada. Pôde sentir que ela queria chorar, mas estava lutando para que a cena de dias atrás não se repetisse. E, por Merlin, como Draco desejava que ela obtivesse sucesso em conter as lágrimas e os malditos soluços pesados que lhe davam arrepios só de lembrar.

— Afinal de contas nem aqui nem na China professor Snape teria poder para matar Dumbledore, né? Não tem nem comparação.

Gina continuava falando sem parar, então Draco lhe sacudiu suavemente, tirando-a do transe maluco em que se deixara entrar. Mesmo assim, ainda parecia tão compenetrada em erguer questões que poderiam gerar qualquer dúvida a respeito do estado de vida de Dumbledore que mal percebera o toque e a balançada que o Malfoy lhe dera. Então o loiro se irritou e aproximou o rosto do dela, quase colando seu nariz ao dela.

— Weasley!

Falou em voz alta, afim de chamar a atenção de Gina, o que pareceu funcionar. Ela o encarou assustada, com os olhos arregalados e finalmente fechou a boca, apertando bem os lábios enquanto Draco lhe olhava, ainda um pouco ranzinza por todo o falatório, mas um pouco mais ameno, compadecido pela dor e incompreensão que habitavam o coração da Weasley aquele momento. Era exatamente como ele se sentia quando ela invadiu seu quarto e o tirou dos próprios pensamentos de maneira invasiva, como sempre.

— Tenho certeza. Não sei onde diabos Potter estava e a questão do poder de Snape pouco me importa. Dumbledore está morto.

Foi como se ele houvesse enfiado uma faca no estômago de Gina.

Ela se curvou e arfou, apoiando as mãos na barriga e deixando-se sentar na cama novamente, com os olhos arregalados, sem parar de encarar Draco por um só segundo. O loiro desviou o olhar e preferiu ficar vendo a cortina sacudir suavemente, para frente e para trás com o vento da noite que entrava pela janela. Pôde ouvir a Weasley tossir, como se estivesse tentando se desintoxicar de algum veneno.

— Não pode ser!

Gina finalmente disse, ficando de pé novamente e colocando-se à frente de Draco, impossibilitando-o de desviar o olhar. Queria que ele visse, queria que ele soubesse o mal que havia causado e como estava desapontada em receber aquela notícia. Afinal de contas, se não fosse por seu ataque de raiva idiota, Dumbledore ainda estaria vivo e ela sabia que jamais poderia perdoá-lo por isso.

— Weasley...

Draco não pôde falar, pois ouviu um estalo alto e sentiu o impacto da mão de Gina em sua bochecha, num tapa seco e ardido que logo esquentou todo seu rosto. Mal deu tempo de se zangar pela bofetada, pois a ruiva começara a lhe dar vários socos no peito, como se realmente quisesse machucá-lo. Não doía, nenhum deles teve o menor impacto, mas irritava.

— Por que você não fez nada?! Por que?!

Os gritos da voz embargada pelo choro prendido incomodavam mais que os socos, tinha que admitir. Não por que a voz de Gina fosse chata ou por que se incomodasse com o barulho, mas pelo mesmo motivo que hesitara em dar a notícia a ela. Não queria vê-la daquela forma, machucada, irritada e desapontada. Era um peso incomodo e chato o de se sentir culpado por alguma coisa, e Draco não estava nem um pouco acostumado com isso.

O sentimento de não corresponder às expectativas de sua família era um velho conhecido de Draco. Quase sempre surgia, nas horas mais inadequadas, fazendo-o sentir como a escória da humanidade. Porém, sentir que não correspondera às expectativas da única pessoa em Hogwarts que havia lhe estendido a mão no momento em que mais precisara era totalmente diferente e infinitamente mais arrebatador. Entretanto, jamais deixaria que Gina percebesse isso.

— O que eu podia fazer?

Perguntou ainda sem transparecer a paciência que estava perdendo. Gina continuava naquela tentativa inútil de lhe machucar com os socos, e ele não queria tirá-la dali para não dar o braço a torcer. Era como dizer que estava incomodado e não queria que ela soubesse. Afinal de contas, por que iria ficar incomodado com a raiva e a angústia de uma Weasley?

— Qualquer coisa! Mas não, você escolheu que ia ficar quieto e sem agir, como sempre faz! Seu covarde!

A voz de Gina começava a falhar e ele sabia que a qualquer momento a ruiva ia começar a chorar como uma maluca pela perda não aceita do diretor da escola. Podia compreender a raiva, a frustração e o desapontamento, mas não aguentava mais o maldito ímpeto que ela tinha de ficar lhe socando. Engoliu seco e continuou com o olhar baixo, fitando-a seriamente como um pai que olha para uma criança birrenta.

— Pare com isso.

Disse com a voz baixa, enquanto Gina se remexia e continuava a lhe socar, aparentemente com ainda mais força agora, sacudindo os cabelos vermelhos violentamente a cada golpe que lhe direcionava. Draco torceu o nariz e respirou fundo. Aquela situação estava saindo do controle e ele não tinha muito tempo para convencê-la a seguir em frente e elaborar um plano, mesmo que raso, para que continuassem armando contra Voldemort.

— Odeio você, Malfoy! Odeio, odeio, odeio tanto...

Então bufou e segurou-a pelos pulsos, andando com ela rapidamente até a parede e prendendo-a com seu corpo, deixando-a imóvel. Gina se debateu e torceu os braços, tentando escapar, mas logo percebeu que era praticamente impossível, devido a diferença de força que havia entre os dois. Ela virou o rosto na direção da janela e ficou respirando ofegante, parecendo completamente enojada da proximidade que mantinha com Draco não por ele ser um Malfoy, mas por sua covardia.

— Olha para mim. Olha para mim.

Draco segurou os dois pulsos de Gina com uma mão e agarrou as bochechas rosadas e sardentas com a outra, virando o rosto vermelho dela em sua direção, forçando-a a lhe encarar. A Weasley estava tão ocupada em tentar se desvencilhar dele que mal ouviu seu pedido. Malfoy, por outro lado, queria que ela parasse logo de teimosia e lhe escutasse, como qualquer pessoa normal faria.

— Não quero mais, Malfoy! Você me provou que acabou. Nossa parceria ou seja lá o que fosse, acabou.

Gina disse com a voz esganiçada, engolindo a seco o choro que subia por sua garganta. Não podia negar que a Weasley era forte, à sua maneira, contendo suas emoções por orgulho e mantendo-se fiel aos princípios que tanto valorizava. Porém, divergiam seriamente neste ponto, uma vez que Draco preferia mil vezes ser um bandido vivo do que um herói morto.

Lhe encarou seriamente com os olhos cinzentos tempestuosos, fazendo com que ela se calasse por mais alguns segundos enquanto tentava decifrar o que Draco estava tentando lhe dizer. Por fim, ele reuniu ar nos pulmões e disse a ela algo que também só descobrira aquela tarde.

— Weasley, eu não vou ficar no castelo.

Deixou as mãos afrouxarem em volta dos pulsos da Weasley e soltou seu rosto enquanto recuava um passo e sentava-se no baú da cama, olhando para o tapete de Salazar Slytherin que Gina tanto gostava de pisotear. Ela baixou os braços para o lado do corpo enquanto o encarava, meio sem reação, chocada com a notícia. Draco não deu tempo a ela para fazer perguntas e emendou em seguida:

— Snape vai embora hoje, e eu preciso sair daqui com ele. Preciso ir para a sede ver minha mãe e provar minha lealdade a Voldemort, que está bem desconfiado, diga-se de passagem.

Gina quase deixou-se levar pelo sentimento de compaixão. Era maldade fazer com que Draco acabasse longe da escola, faltando tão pouco para se formar e levando em conta que o desempenho dele era de dar inveja. Porém, ela pensava que Você-sabe-quem não devia se importar muito com esse tipo de coisas, já que não aceitava currículos para selecionar seu time de amiguinhos.

Encolheu-se junto a parede e franziu o cenho, como se encarasse como insulto a frase de Draco. Ele ergueu os olhos para ela, esperando alguma reação, mas não foi bem como queria que fosse. Gina fez um gesto de descaso e virou o rosto, desdenhando não só dele, mas do acordo que ficava subliminar naquela informação.

— Que se dane você! Por mim podia ter morrido hoje. Não faria a menor diferença.

Draco arqueou as sobrancelhas ao ouvir as palavras da Weasley e suspirou, mordendo o lábio inferior enquanto sua resposta saía de sua boca meio sem querer, como se fosse um pensamento avulso que tomara forma sem sua permissão.

— Sempre bom ver seu lado verdadeiro, Weasley.

Logo em seguida sacudiu a cabeça e se levantou, caminhando até Gina novamente, enquanto ela trazia as mãos para junto do corpo e torcia os dedos. Ele lhe segurou levemente pelos ombros e olhou nos olhos, como se aquela fosse sua última cartada, a última tentativa de fazê-la entender que, por mais insuportável que fosse, precisavam um do outro para vencer a guerra.

— Ouça, eu podia te passar informações de lá da sede do Voldemort. Isso podia ser útil para você, pense!

A ruiva pareceu analisar a proposta de Draco por um momento, e teve de admitir que era tentadora. Porém estava ferida demais, magoada demais, e sua cabeça começou a sacudir negativamente quase que como num movimento involuntário. Logo em seguida ergueu os olhos para o Malfoy e os apertou, querendo demonstrar que não esperava ou queria mais nada que visse dele.

— Não. Não vale a pena.

Ao ouvir as palavras de Gina, Draco arfou e ficou encarando-a em silêncio, com uma expressão que claramente pedia por uma resposta. A ruiva continuava sacudindo a cabeça negativamente e as esperanças do Malfoy de poder se ver livre de toda aquela pressão, se salvar e salvar sua família foi esvaindo pouco a pouco conforme o silêncio se tornava mais e mais denso, quase palpável. Porém, coube à ruiva quebra-lo e dizer sua sentença.

— Você. Não vale a pena o esforço para acabar ajudando você. No fim das contas, até Você-sabe-quem merece mais respeito que você. Por ser fiel ao que acredita.

Assim que terminou de falar, Gina bateu nas mãos dele, que quebrou o contato com os ombros dela. Assim que se viu livre, a ruiva caminhou pelo quarto na direção da saída, como se houvesse dado o assunto por encerrado. Draco pensou em petrifica-la, como fizera uma vez na torre de astronomia, mas achou que, nem mesmo daquela forma conseguiria fazê-la ficar e repensar.

— Sabe que é a última vez que nos vemos, não sabe? Tem certeza do que está fazendo?

Disse sem olhar para Gina, ainda estático no mesmo lugar. Ela apoiou uma das mãos na parede e voltou sua atenção para ele, sem transparecer qualquer sinal de piedade ou compaixão. Por fim, reuniu coragem e disse a última frase que trocou com Draco em um bom tempo.

— Adeus, Malfoy.


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