Seamus abriu os olhos mas não tinha a menor vontade de se levantar. Ele sabia que era natal, e dai? Era natal e seu marido não estava em casa, não atendia o telefone desde ontem e com certeza não voltaria a tempo. Ele passaria no natal sentado em um sofá de couro, rodeado de casais felizes e crianças felizes dos casais felizes enquanto ele vai estar solteiro e sozinho. Completamente deprimido. 

Algumas horas depois, ele decidiu que já havia comido o suficiente de pizza gelada e que mais um episódio de Kourtney&Kim Take Miami era o suficiente de futilidade para aquele dia. Passou um tempo olhando desolado para a janela. Suspirou profundamente, não estava nevando, uma caminhada faria bem. 

Desbloqueou o celular no elevador, mas nada de Dean. Nenhum e-mail ou mensagem, tão pouco uma ligação perdida. Seria um ótimo feriado. 

As ruas estavam cheias. Pessoas arrastando enormes pinheiros ou carregando menores nos braços, haviam crianças com bengalas de açúcar e jogando bolas de neve umas nas outras. As lojas estavam apinhadas de gente. Seamus deu com a mão na testa, não havia comprado nada para as crianças que estariam com ele naquela noite. Havia uma multidão na loja de brinquedos, mas ele decidiu que seria uma boa distração. 

Uma mulher roubou três vezes o dinossauro de pelúcia que ele havia escolhido, além de gritar que o rapaz estava tentando levar todos os brinquedos do lugar. O que ele poderia fazer? Seus amigos não sabiam muito bem como métodos contraceptivos funcionavam. 

No final das contas, ele saiu da loja com o número considerável de sacolas e um unicórnio que brilhava na ponta. Ele já conseguia enxergar Lily gritando de felicidade com o brinquedo fofo. 

Na saída da loja ele foi parado por um grupo de adolescente que arrecadavam dinheiro para uma instituição infantil, eles estavam vendendo biscoitos e além deles você poderia escrever um pedido que, segundo eles, seria entregue diretamente para o Papai Noel. Ele riu, mas aceitou a caneta e o pedaço de papel, se sentindo meio bobo escreveu com sua letra desleixada que ele havia sido um bom garoto o ano todo e que no mínimo o bom velhinho poderia trazer seu marido essa noite. Pôs o seu pedido dentro do saco de veludo da garota sorridente, e voltou para rua, seguindo seu caminho. 

O céu estava ficando mais escuro, o que significava duas coisas: Neve e que logo anoiteceria. Seu estômago resmungou, lembrando que ele não havia comido nada o dia inteiro. Talvez ele pudesse passar na sua padaria favorita e comer algo. 

Seamus se sentou em uma mesa para quatro, colocando o unicórnio de chifre luminoso a sua direita, as sacolas a sua esquerda. Pediu um café grande e um pedaço generoso de bolo, Red Velvet, ele precisava de todo açúcar possível. Comia vagarosamente pensando no dia que teve, apesar da saudade, ele até que conseguiu se distrair fácil. 

— Eu não esperaria ser trocado por um unicórnio rosa com chifre de glitter. – Disse uma voz atrás dele. Seu sorriso se alargou por todo rosto, ele reconheceria aquele som mesmo se estivesse em coma por duzentos anos. 

Nem precisava virar o o rosto para ter certeza, mas o fez porque tudo o que havia pedido o dia todo era estar naqueles braços e beijar demoradamente aqueles lábios. 

— Na verdade, o chifre dele acende além do glitter. – Disse, antes de voltar a beijar seu marido. – Como me encontrou? 

— Te segui pela suas postagens no Instagram. – Respondeu sorrindo abertamente. Seamus ficou algum tempo anestesiado algum tempo até se lembrar de que ele estava aproximadamente 24 horas sem notícia alguma do rapaz a sua frente. 

— Onde você estava, homem?! – Disse, o afastando um pouco bruscamente. – Eu fiquei todo o dia me lamentando porque iria passar o feriado sozinho! 

— Me desculpe! Eu tentei de todas as formas falar com você, mas meu celular resolveu me abandonar. – Respondeu, pegando o celular do bolso e entregando a Seamus. O aparelho não parecia querer ligar de forma alguma. O rapaz devolveu para a mão do outro, uma sobrancelha levantada. – Viu só? Eu peguei três trens e um ônibus para chegar aqui. Nunca passaria um natal sem você. 

O rosto bravo de Seamus se iluminou com um sorriso. Como ele conseguiria ficar irritado tempo suficiente com aquelas covinhas? Ele o abraçou novamente. Mais forte dessa vez, quem disse que pedidos para o papai Noel não se realizavam? 

— Estou feliz que esteja em casa, eu te amo. – Disse, sentindo o cheiro de perfume da gola de sua camisa.

— Também estou. Eu te amo, Feliz Natal. 

— Feliz Natal, Seamus.