— É meu bebê, acho que não teremos Natal com neve esse ano.

Lily suspirou, sua respiração embaçou o vidro da sua janela. Os grandes olhos verdes de Harry imitou o bico triste da mãe, mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo.

James observava de uma certa distância a esposa se lamentar com o filho sobre o tal Natal sem neve. Eles havia sobrevivido a uma guerra, conseguido fugir sem nenhum arranhão para o outro lado do mundo, com o mínimo de perdas possíveis. Tudo deveria estar bem para Lily, ela deveria estar feliz.

Mas então James percebeu que era exatamente esse o problema. Eles escaparam. Precisaram se mudar para longe, se separaram da família e melhores amigos, além de por enquanto precisarem se identificar como Sarah, Robert e pequeno Josh Stevens, uma vez que usarem os nomes reais ainda era perigoso. Fora Remus quem conseguiu a casa, as passagens de avião e as identidades falsas para ele, o problema é que ele só esqueceu de um detalhe quando os mandou para Palm Spings, California: Lá não nevava no inverno.

E um Natal sem neve para Lily era como não tomar água quando se está com sede. Não fazia sentido algum.

— Talvez neve! - Disse James animado em uma manhã um pouco mais fria que o normal.

Lily soltou um muxoxo, pegando Harry do trocador e o levando para a cozinha. Eles estavam acostumados a um frio de menos três graus centígrados e o termômetro da cozinha mostrava vinte e um. Lily sentia que não precisava nem usar moletom para aquela temperatura.

Mesmo chateada por não ter neve, Lily montou a arvore da forma que queria. Vermelha e verde, com muitas luzinhas para Harry ficar encantado quando elas começassem a piscar. Ela aproveitou inclusive que o bebê estava comendo (se sujando) a sua papinha para montar o objeto em paz.

Foi nesse momento, em que Harry passava purê de batatas com cenoura ralada no rosto, que James teve uma ideia. Teria sim um jeito de Lily e Harry terem neve no Natal. Merlin, ele era tão esperto!

— James! Eu estou falando com você!

James apagou o sorriso bobo do rosto, voltando a realidade.

— Desculpe, o que foi? - Lily suspirou alto.

— A estrela, eu não alcanço até o topo e não sei onde está minha varinha.

O rapaz se levantou de onde estava e tomou nas mãos a estrela prateada das mãos de Liy, se esticando apenas um pouco para encaixar a mesmo no topo. Ambos olharam pára a árvore satisfeitos, mas logo um suspiro longo saiu dos lábios de Lily, afinal, faltava o essencial. A garota, voltou para cozinha onde Harry estava no cadeirão mais sujo que antes.

A véspera de Natal chegou mais rápido que o esperado, mas nada de neve, nem um floquinho se quer. Lily estava deitada com Harry na cama de casal, o bebê estava particularmente agitado em seu macacão vermelho de renas, tentando pegar as faíscas coloridas que a mãe jogava para o alto.

— Lily! Harry! Desçam aqui!

Não é preciso dizer que isso assustou Lily, ela segurou Harry nos braços, o coração batendo forte até chegar no final da escada e se deparar com a coisa mais bizarra e fofa que James já havia feito para ela.

Tinha algodão, isopor e purpurina prata grudados no chão. Inclusive na árvore que eles haviam montado. O pisca-pisca ligado imediatamente deixou Harry distraído e paralisado, apaga e acende, apaga e acende, a criança estava hipnotizada.

— James... Isso é...

— Incrível né? Eu trouxe a neve até você! - Exclamou animado, com os braços abertos!

Os olhos de Lily se encheram d'agua, assim como seus lábios tremiam levemente. Ela se aproximou do marido, ignorando o algodão grudando em suas botas e o beijou levemente. Era a coisa mais linda que ela poderia ganhar de natal.

— Vou encarar com um "Sim, você é um marido maravilhoso e eu amei o presente". - Harry soltou um som feliz, mas claramente era por causa das luzes que mudaram de cor.

— Eu amei. Tudo. Até mesmo o cheiro de... Isso é queijo? - Seus olhos se arregalaram.

— O algodão acabou. Eu entrei em pânico.

Por um segundo James achou que Lily gritaria e o chamaria de idiota por ter ralado queijo pela casa, mas ao invés disso ela riu, riu e chorou ao mesmo tempo porque tinha o melhor marido do mundo que ralava queijo para substituir a neve da sua Terra Natal. Lily o beijou mais uma vez.

— Feliz Natal, Potter.