Titanos escrita por Emily Rhondes


Capítulo 6
Corte-me e eu continuo a sangrar vermelho


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é da Yulen e da Alicechan ♡ Obrigadaa



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Eles me fitam, atônitos. Meu rosto se contorce numa cara triste enquanto me fitavam.
Maven me salva, se aproximando, e eles despertam de transe, vendo-o chegar. O reconhecem imediatamente, e fazem uma continência contra gosto. Maven adora. Legião de ferro, legião alternativa dos ardentes. Mas composta por pobres que vão para a guerra. Talvez eu fizesse parte dela um dia.
— Senhores Barrow. - Ele ergue a mão para cumprimenta-los, um de cada vez. Estão confusos com o que um Calore está fazendo os recebendo. Realmente... Alguém poderia fazer isso. Por que ele está aqui? - Sou Maven Calore.
— Bree Barrow, senhor. - Meu irmão diz, e sinto que ele odiou do fundo do seu enorme coração, chamar um garotinho mais novo que ele de senhor.
— Tramy. - Meu irmão faz menos questão de agrada-lo.
— Estou aqui para explicar o que vai acontecer agora. Temos pouco tempo, vamos andando. - Ele começa a andar, e os dois o acompanham lado a lado. Fico para trás com minhas pernas pequenas, ouvindo tudo.
As mesmas coisas que ouvi antes.
Família Adams. Delfie. Eu. Archeon. Iron Academy.
Tramy olha para trás, preocupado. Abaixo os olhos. Pro bem de vocês. Pro bem de vocês.
Sei que a vontade deles é bater em Maven dizendo aquelas coisas. Dizendo que iriam fingir ser outra pessoa. Dizendo que seriamos separados.
Mas seriam executados por isso. Apenas obedeça. Era o que meu pai dizia.
Seguimos em silêncio pelo corredor, e quando a porta abre, minha mãe congela assim que os vê. E ficam assim, parados, os fitando sem mexer um dedo. Lagrimas já tomavam conta de seu rosto, e todos se abarcam, trocando lágrimas e amor. Os fito de longe.
Os comprimentos duram muito tempo, tanto como as lágrimas de minha mãe, que não pararam com o início da conversa animada entre todos. Gina não largava Bree.
Eu só conseguia pensar em Shade.
— Quem você perdeu? - Maven sussurra, se encostando na parede ao meu lado.
— Meu irmão. - Digo, e uma camada grossa de água impede minha visão. - Estava no Gargalo. Tentou fugir, e o executaram.
— Imprudente. - Ele comenta, e eu assinto.  Shade, seu burro. - Sinto muito.
— Você não tem culpa. - Dou de ombros, afastando esses pensamentos.
— Bem, vamos entrar. Eles precisam mudar vocês. - Minha mãe sorri, limpando as lágrimas.
— Não vão tocar no meu cabelo. - Tramy avisa, em vão, aposto.
— Tenho que te levar até minha mãe. - Maven diz, se distanciando dos Barrow.
— Encontro vocês depois. - Digo, meu pai desmancha o sorriso, e assente.
— Tchau. - Gina diz, abraçando minha mãe. Aceno, e sigo Maven.
— O que sua mãe quer comigo?
— Comer seus órgãos. - Ele brinca, e eu arregalo os olhos, o que o faz rir. - Provavelmente vão te preparar para mentir.
Estremeço, sentindo um arrepio percorrer meu corpo.
O sigo pelo labirinto de corredores, e notei que cada pessoa que passava, fazia uma continência exagerada a ele.
— Onde está Cal? - Pergunto, distraída.
— Por que o interesse?
O encaro, irritada.
— Perguntei primeiro.
— Provavelmente treinando, é só o que ele faz. - Maven dá de ombros, mudando de assunto repentinamente. - Sabe, o colégio é legal. Rígido, mas legal. Você vai ser da minha turma, embora minha mãe tenha insistido para te colocar no fundamental.
— Eu sei ler. - Reviro os olhos. Essa gente é nojenta demais pra mim.
— Mas você tem que entender que aquilo não é só um colégio.
— Sei, é um internato.
— Não, Mare. - Maven para, para me fitar nos olhos, sério. - Sabe quem estuda naquela escola? Os filhos Samos.
Arregalo os olhos, sentindo uma pontada no meu coração. Agora entendo o que ele está falando.
A filha do ditador do país estuda na minha futura escola.
— Merandus. Iral. Heaven. Provos. Rhambos. Welle. Osanos. - ele faz uma pausa a cada menção de cada casa, e meu coração bate mais rápido. - Famílias que comandam esse país. Guerreiros.
E irão me enfiar no meio de tudo isso. Encosto na parede, sem fôlego. O mundo a minha volta rodava e fechava. Maven franze o cenho.
— Mare. Respira. - Ele segura minhas mãos, e tudo que posso ver são estrelas azuis. Não. Não são estrelas. São seus olhos. Me forço a acalmar, e tento controlar minha respiração. A única coisa que cinsigo dizer, digo.
— Não vou sobreviver no meio de tudo isso.
(...)
Todos sabem que tem uma enorme competição entre as casas. Todas querem o poder dos Samos. Dos Calore. As duas casas mais poderosas.
Sinceramente, não conheço nem metade dos nomes que ele falou, mas tenho certeza que aquele colégio é uma zona de guerra. Um inferno.
Merandus, mãe de Maven. Controla todas as minas de ferro do país.
Calore. Todos os exércitos. Ardentes.
Samos. Controlam todo o país, todas as casas. Todo mundo.

É o que sei, e é suficiente para explodir.
— Mare, você está me ouvindo? - Elara reclama. Olho pra ela.
— Sim. - Não vou irrita-la.
— Qual sua história?
— Meu pai, Ethan Titanos. General da Legião de Ferro, morto em combate. Lakeland invadiu minha vila, e matou minha mãe. Um vermelho me acolheu, e vivi todos esses anos na ignorância, sem meus direitos de nascença. Agora, pertenço a casa Titanos. Sou uma prateada.
— Muito bem. - Ela sorri amargamente, quase entediada.
— Ela está pronta. - Maven diz, na cadeira ao meu lado.
Suspiro.
— A família dela?
— Só esperando-a para partir. - Maven diz.
Sua voz tem uma vibração diferente com Elara. Ele morre de medo da mãe. Entendo porque.
— Ótimo. Leve-a para se vestir, e partiremos.
Meu coração gela. Partir. E não voltar tão cedo.
Sigo Maven pelos corredores idênticos. Sem graça.
Minhas pernas doem. Percorremos o que suspeito que seja a base toda, e eu apenas ouvia Maven falar incessantemente sobre sua escola.
— É aqui. - Ele finaliza, apontando pra sala onde minha família se arrumava antes. - Vou estar...
— Okay. - Entro rápido, esperando ver minha família, mas só o que vejo são as cabelereiras que arrumavam eles.
Me sento, desanimada, e elas começam a falar o quanto sou linda, e inventar penteados para mim.
— Vamos mudar o cabelo?
— Não ouse. - Ameaço, mas ela riem. - É sério. Não toquem.
Elas acabam fazendo uma elaborada trança em meus fios longos e marrons, e fazem comentários ofensivos sobre a saúde do meu cabelo. As pontas acinzentadas me lembram de quem eu sou. Surgiram depois de longos anos na imuncide de Palafitas. A maioria das mulheres cortava antes das pontas se desgastarem. Até meu cabelo sabe que a vida não devia ser assim.
Elas me contam sobre o uniforme e o ritmo da Iron Academy. Dizem que não é pra gente fraca, e tenho vontade de faze-las engolir a tesoura a minha frente.
Estou sendo forçada a ir! Acham isso certo? Acham que se eu pudesse, não correria desse monte de gente nojenta a minha volta? - Quase berro. Quase. Me controlo, mas o esforço forma lágrimas que pisco para secarem.
A única regra de vestuário lá, é que tudo deve ser preto. Acabo com uma regata, uma calça de couro colada, e botas passando do joelho, todos pretos. É a roupa mais pomposa que já vesti. A blusa tem o símbolo dos Samos. Espadas de ferro se cortando num elo brilhante.
Mais um lembrete de que posso perder a cabeça perto dessa gente. Literalmente. Execuções eram frequentes, aqui.
Penso em outra coisa.
Maven está de volta, me conduzindo novamente pela enorme base.
— Gostei da roupa.
— Obrigada.
Corto o assunto. Não quero conversar. Quero correr. Engulo em seco assim que saímos da base e o dia cinzento nos envolve. Me arrepio toda. Andamos mais um pouco até um prédio de dois andares ao lado da pista de decolagem, colado da pista de pouso onde estavamos antes.
Assim que entramos no prédio, o ar condicionado gelado me faz arrepiar. Vejo minha família sentada com malas nas cadeiras de plástico azuis enfileiradas em frente televisores indicando vôos. Não só jatos de caça, também grandes aviões que levariam outras famílias que ocupavam os outros bancos.
Gina é a primeira a me ver. Seu rosto me fita com dor. Não me reconhecia. Meu pai segue seu olhar, e me vê também. E na hora, todos se espantam.
Fico desconfortável, e encaro Maven saindo de fininho. Ele pisca pra mim. Respiro fundo.
— Não temos muito tempo. - Digo, engolindo o choro.
— Bem... Espero que você consiga se adaptar, meu amor. - Minha mãe me abraça com força. - Não vai ser por muito tempo, okay? Não se preocupe. Daremos um jeito de te visitar.
— Certo. Tudo bem.
— A gente ama você. - Os braços de Tramy me agarram com força, sendo completados por lagrimas duras que rolavam como as de minha mãe.
— Também amo vocês, babacas. - Sorrio quando Bree me abraça.
Olho pro meu pai.
— Sua mãe já falou tudo. - Ele dá de ombros, com um sorriso triste. - Fique bem, minha filha.
— Vou ficar. - forço um sorriso, mesmo querendo chorar. - Amo vocês.
Olho pros olhos amargos e cheios de lágrimas de Gina.
— Não se esqueça de onde você veio. Você não é como eles.
Sua voz sai amassada e, furiosa, se esforçando para não gritar comigo. Gina, pare. Eu não tenho culpa, sua invejosa. - Quase escapuliu. Quase.
— Não vou esquecer você. Se é o que quer dizer com isso. - Digo, fingindo irritação.
— Mare. - Maven me chama, com os olhos no chão.
— Adeus. - Beijo a mão de meu pai, que tinha os olhos marejados.
— É um até logo. - Meu pai completa. Assinto, virando de costas, e sigo Maven. Eles seguem para o outro lado: o céu. E eu sigo pro inferno. 


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