Titanos escrita por Emily Rhondes


Capítulo 2
Vermelhas são as folhas no outono


Notas iniciais do capítulo

Heyyy
Coloquei uma imagem de capa da história, deem uma olhada!



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Meus olhos param em sua arma no coldre. Ele é daqui.
Me livro se suas mãos num tapa, só para cair contra a parede de novo. Ele faz menção de me ajudar, mas Kilorn impede, vindo até mim.
— Acho que deu, cara. - Ele debocha, me ajudando a levantar. Me agarro a ele com vontade.
— Mare... Estamos tentando te ajudar e entender quem matou aquele garoto. - Ele diz. Seguro o impulso de perguntar como ele sabe meu nome, mas era óbvio. Eu era o ratinho de laboratório aqui.
— Tinham que me trazer para Sede?
— Sim. Sua vida e a da sua família correm risco. - Cal dá de ombros, e eu me calo.
— Você é ótimo em dar noticias, Calore. - Kilorn debocha, e meus olhos se estreitam.
— Calore? - Ergo as sobrancelhas. O pai dele é líder dos Ardentes. A agência do governo que cuidava da segurança de tudo aqui. Uau. Tiberias mandou seu filho para me proteger. Devo me sentir honrada, ou cuspir em seu cabelo? Acho que eu estava anestesiada. Minha reação seria milhões de vezes maior se não tivesse levado uma pedrada.
— Cal. - Ele dá de ombros.
— Meu Deus. Eu preciso sair daqui. - Resmungo, andando com todo meu peso apoiado em seu braço de volta para a cama.
— Receio que você não possa sair tão cedo.. Por questões de segurança. - Cal lamenta. Ou finge lamentar.
— Eu não te conheço. Pode sair, para mim terminar minha consulta?
— Claro. Se você não der chilique. - Ele sorri. Um sorriso elegante que iluminouo quarto. Contenho a vontade momentânea de sorrir também. - Se precisarem, estarei aqui.
Ele sai, e fecha a porta.
— Certo. - A mulher pega uma lanterna azul, e joga a luz em meu olho, me fazendo recuar. - A pedra era enorme. Se a pessoa quisesse te matar, teria matado.
— Reconfortante.
— Só estou dizendo que você não precisa se preocupar aqui. Está segura. - Apenas assinto.
— Cadê minha família? - Pergunto a Kilorn, que senta ao meu lado. A doutora se senta, e começa a escrever.
— Estão lá fora.
— Posso vê-los? - Pergunto mais alto a mulher. Nem me interessei em saber seu nome. Mas tudo bem. Não vou ficar aqui muito tempo.
Ela hesita.
— Certo... Chame-os. Mas não gritem, temos outros pacientes aqui.
Kilorn sorri, mas eu não. Não queria ficar sozinha com ela.
— Ah. Eles podem esperar. - Sussurro para Kilorn o que pensei, e ele sorri, beijando minha bochecha.
— Tem razão. Você sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Não precisa de outro no histórico. - Sorrio, concordando.
— Mare? - A voz sussurrando de Gina faz meus ouvidos relaxarem. Meus olhos já enchem de lágrimas instantâneamente.
— Gina. - Abraço minha irmã que voa até mim, me deixando tonta.
Minha mãe entra, empurrando a cadeira de rodas do meu pai. Os dois tinham semblantes sérios, e pelo visto levaram o negócio do silêncio a sério.
— Você está bem, minha querida? - Meu pai pergunta. Ele estava se esforçando para não chorar. Então faço o mesmo.
— Estou, pai.
— Nunca mais te deixo sair de noite. - Minha mãe nega, já chorando em meus ombros. Não fazia alarde. Derrubava lágrimas em silêncio.
— Nem brinca, mãe. Eu sobrevivi. - Rio, e ela revira os olhos. Não precisa dizer que eu poderia estar morta. Eu sei. Aliás, nenhum deles parece ter coragem de cogitar essa possibilidade.
— Mare. Você viu o que eles dizem que você viu? - Gina diz, e sua voz e no final da frase. O menino ser morto.
— Vi. - Engulo em seco. Era culpa minha. Eles não precisavam saber. Ninguém precisava saber.
— Certo. Então, eles vão te fazer perguntas. - Minha mãe se recompõe, adotando o papel de mãe-mandona. - Responda-as direito. Temos que dar justiça a família desse garoto. E deixe eles te protegerem. Você viu demais. Podem querer nos fazer mal.
— Mãe. Não podemos confiar neles. São Ardentes.
— São do governo.
— Vivemos numa ditadura. - Murmuro. - Governo não é elogio.
— Mare. Pare. Coopere com elas nem que seja por um segundo. Pelo garoto.
Fecho os olhos.
— Pelo garoto. - Concordo.
(...)
Acordo com as batidas na porta. Respondo "entra" antes de associar onde estava ao fato de que não podia confiar neles.
— Mare? - A voz de Cal me faz revirar os olhos.
— Sim?
— Como se sente?
— Bem. - Seguro a língua.
— Bom. Bem... Está na hora. Vão interrogar você. - Suspiro. Pelo garoto. - Não é nada fora do normal.
— Ser interrogada por militares na agência de segurança da capital. Tudo bem. Rotina.
Ele sorri sem mostrar os dentes, negando.
— Troque suas roupas. Vou estar esperando do lado de fora. - Ele coloca roupas todas pretas em cima da cama. Seguro a blusa em minhas mãos. Tinham o brasão de fogo dos Ardentes.
— Não vou vestir isso. Onde estão minhas roupas?
— Tivemos que ficar com elas.
— O que?
— Eles te viram com ela. Não podemos arriscar.
— O casaco que minha irmã fez pra mim. - Digo, me aproximando dele, o que o surpreende. - Por favor. Me deixe ficar com ele.
Cal suspira, abaixando os olhos.
— Não depende de mim.
— Depende sim. Você vai ser o chefe de todo mundo aqui.
— Se isso fizer você confiar em mim... Posso pensar direito.
Reviro os olhos, incapaz de conter um sorrisinho.
— Okay. Vamos começar de novo. Sou Mare.
— Tiberias Calore. Me chame de Cal. - Ele sorri, dá meia volta, e sai.
Troco de roupa rapidamente, contragosto. O mesmo brasão estava na farda preta de Cal e no jaleco da doutora. Todos em prata brilhante. O meu estava em vermelho sangue. Devia significar que não sou daqui.
Saio pela porta, encontrando Cal apoiado na parede. Assim vejo seus músculos direito. Ele era enorme, e não devia ter mais que 18.
— Pronta?
— Mais que isso não tem como. - Pressiono os lábios.
— Não se preocupe. Meu pai não é tão bravo quanto aparenta.
— Seu pai? O chefe de tudo vai me interrogar? - Perco o ar. - O quão sério esse assassinato foi?
Ele suspira.
— O garoto era da Guarda Escarlate.
Arregalo os olhos. Onde fui me meter?
— A garota também? - ele para, me encarando atônito.
— Que garota? Espere. Deixe isso para o relatório.
— Okay... Como... Como isso vai funcionar?
— Eu, você, meu pai fazendo as perguntas, e um assistente anotando e gravando tudo. Do outro lado do vidro espelhado, vão ter outros oficiais. Todos te analisando. E depois conversarão sobre você.
Minhas mãos começam a tremer e suar, e minha respiração se descompassa.
— Estou sendo honesto com você. Já vi várias pessoas entrarem naquela sala, mentirem, e depois se darem mal. Não faça isso. Isso aqui não é brincadeira.
Concordo, respirando fundo. Agora estamos fitando a porta branca. Cal me encarava, sem pressionar. Estava esperando eu ficar pronta.
— Estou com medo. - Adimito, sem olha-lo.
— Vou estar lá. - O encaro, soltando uma gargalhada.
— Ajuda muito, obrigada, Alteza.
— Alteza?
— Vou te chamar assim. E, bem. Você me conhece a algumas horinhas a mais que eles, e vou conquistar sua confiança.
Sorrio. Nunca confiaria num Calore.
— Cal? - Um garoto para a seu lado.
Os mesmos cabelos escuros como a noite. A mesma pele pálida. Mas, ao contrário dos olhos bronze de Cal, suas orbes azuis como o oceano eram frias. - Você é a Nare Barrow.
— Maven, essa é Mare. Mare, esse é meu irmão, Maven.
Ótimo. Outro Calore.
— Prazer. - Ele estende a mão a mim. Me analisava descaradamente.
— O prazer é meu. - Cuspo a frass, desviando o olhar.
— Você vai também? - Cal estranha.
— Ficarei do outro lado do vidro. Boa sorte, Mare. Você vai precisar. - Ele pisca, entrando na outra porta.
— Não liga. Ele é um idiota.
— Você também.
— Sou um idiota carismático, pelo menos. - Rio, o encarando.
— Pelo menos.
Dou um passo a frente, e ele abre a porta para mim.
A primeira coisa que vejo é os olhos dourados e quentes. A pele calara e o cabelo escuro dos filhos, mas milhares de fios brancos davam uma boa diferenciada. Ele usava a mesma farda preta, mas várias medalhas enfeitavam seu peito esquerdo.
Entro, e me arrependo. A sala estava fria. O garoto que anotava era miudo, escondido atrás de seus óculos. Ele operava um tipo de computador com varios fios saindo dele. Cal contrai o maxilar quando o vê.
— Senhorita Barrow. - Ele se levanta. Não digo nada. - Filho. Espero que esteja bem.
— O machucado não foi grave, mas ela levou cinco pontos.
— Hum, bom. - Ele se senta, e Cal faz sinal para ela fazer o mesmo. - Mare. Você sabe o que vai acontecer aqui?
— Vão me interrogar sobre a última noite. Um garoto foi assassinado. Vocês me encontraram na cena do crime.
— Exatamente. Mas, há coisas que precisamos ter certeza absoluta. Então, não podemos correr o risco de uma mentira se passar por informação real.
— Dedector de mentiras. - Digo, suavemente, como se ele já pudesse detectar meu nervosismo mesmo desligado.
Isso Cal não me contou. Seguro o impulso de olhar pra ele, mas podia sentir seu nervosismo e calor daqui.
— Sim, senhorita Barrow. Algum problema?
— Nenhum. - Franzo as sobrancelhas pra tentar desarregalar meus olhos.
— Okay. Me dê sua mão. - Faço o que o garoto pede. Ele devia ter minha idade.
Ele coloca fios nos meus três dedos do meio, bem apertados, e um daqueles aparelhos de medir pressão manual que vi no posto médico uma vez. Não iriam medir minha pressão.
Ele aperta alguns botões, e no mesmo instante, linhas enormes e nervosas aparecem na tela do computador.
— Am... Senhorita Barrow, você pode se acalmar.
— Estou calma.
— Calma igual a um chihuahua. - Cal diz, me fazendo olhar pra ele. - Tudo bem. Isso não machuca.
Como se essa fosse minha maior preocupação.
Respiro fundo, repetindo na minha mente que estava tudo bem. Cal estava comigo. - Grande apoio. Ou não.
Ouço minha frequência cardiaca diminuir, e meu cérebro acalmar um pouco.
— Vou fazer perguntas de padronização simples. - Agora enxergo o nome em sua blusa branca de gola alta. Talbot. - Você está vestindo preto?
— Sim. - Respondo, sem olha-los.
— O nome de um dos seus irmãos é Adam? - Então, eles tinham a ficha da minha família.
— Não.
— Você se chama Mare Barrow?
— Sim.
— Você está ferida? - Hesito.
— Sim.
— Seu braço está machucado?
— Não.
— Okay. - Talbot concluí, olhando para o pai de Cal.
— Ótimo. Conte-nos apartir do momento em que você saiu do bar. Seu coração pode acelerar, e sabemos disso. Então o polígrafo será útil depois. - Ele explica, e Tabot liga o gravator.
— Certo. Fui com meu melhor amigo Kilorn pro Bar Pub. Brigamos, e eu sai mais cedo. Andei algumas quadras, e resolvi cortar caminho pelo parque Huvsman. Eram uma da manhã, eu acho. Estava frio. Quando estava perto do lago, vi dois homens altos e fortes. - Meu coração começa a bater mais rápido. Eu fitava a mão parada de Cal em cima da mesa.
" Eles andavam rápido. Eu estava apavorada. Então corri e me escondi no tobogã amarelo do parquinho. Os dois homens encontraram um garoto que devia ser pouco mais velho que eu. Não lembro muito dele. Mas a garota loira era do meu tamanho e estava de preto. Eles começaram a discutir. Quando outros dois homens apareceram, e seguraram a menina, enquanto ameaçavam o garoto com uma arma. Eles atiraram, e eu gritei. Soltaram a menina, que saiu correndo, e eu não conseguia mexer um músculo. É a última coisa que lembro. Não sei quem me apagou, nem como.
Agora eu tremia descontroladamente. Rezava para não me perguntarem o que estava pensando.
— Por que não chamou a polícia? - Tiberias pergunta.
Fico em silêncio, e uma lágrima cai.
— Eu não conseguia nem respirar. - Solto, e mais outras rolam. - Eu queria ter feito algo. Mas não consegui.
Ergo os olhos. O garoto tinha os olhos colados na tela, e Tiberias me encarava, me analisava. Apenas Cal demonstrava alguma emoção. Ele parecia com pena.
Não precisa ter pena de mim.
Limpo as lágrimas rapidamente, respirando fundo.
— Coloque sua mão na mesa. - Tiberias ordena, e eu obedeço. Estava mais calma do que nunca. Um peso a menos nas costas. - Mare Barrow, você reconhece alguma das passoas naquele parque, naquela noite?
Controlo minha respiração.
— Não.
— Sabe algo sobre a morte de Nicholas Shappard?
— Esse é o nome dele?
— Responda. - Tiberias pede.
— Não sei nada.
— Você tem algum envolvimento com eles?
— Não. - Nem sei quem são.
— Você sabe se a Guarda Escarlate está envolvida?
Meu coração acelera tanto que chega a doer. Não por mim. Por Cal. Cal contou a mim que tinham a suspeita deles estarem envolvidos.
— Barrow. Responda. - Tiberias pressiona.
— Sim. - Solto, e os dedos de Cal pressionam a mesa com mais força.
— Como sabe? - Tiberias se inclina na minha direção.
— Eu contei a ela que o garoto era da Guarda Escarlate. - Cal ajeita a coluna, assumindo uma posição autoritária. Não era maior que a do pai, mas o garoto do polígrafo se encolheu um pouco.
— Tenho que ouvir dela. - Ele diz.
— Cal me contou sobre a lealdade do garoto. - Lanço um olhar a ele que dizia: "Desculpa". Ele não parecia muito preocupado.
— Você mentiu alguma vez nesse interrogatório?
— Não. - Respondo, relaxando. Acabou.
— Obrigado, Senhorita Barrow. Cal. Leve-a de volta para o quarto. Depois volte aqui. Quero falar com você.
Sobre ele estar me dando informações confidenciais. Claro.
— Sim, senhor. - Ele levanta, e o garoto tira de mim todos os fios. Me sinto mais leve.
Assim que saio da sala, lembro das pessoas que me assistiam na outra sala. Maven. Mas que droga. Todos sabem que Cal me contou.
— Desculpe, Cal. - Pressiono os lábios.
— Tudo bem. Me resolvo com ele depois. - Ele pisca pra mim, tocando meu ombro para irmos pro meu quarto.
— Aquilo é horrível. Acha que eles acreditam que disse a verdade?
— Provavelmente. Só queriam ter certeza de que você não é da guarda também, eu acho.
— E quando vou poder ir embora? - Cal pressiona os lábios, e uma veia de seu pescoço se contrai. Ele engole em seco e posso ouvir seus batimentos daqui.
— Não sei. - Ele hesita, engolindo de novo.
— Você não sabe mentir.
— Não posso contar. - Eu sei. Ele me contou algo, e agora estava encrencado.
— Eu não vou voltar tão cedo, não é?
— Não sei, Mare. - Ele me encara, e eu encolho os ombros. É, eu não sairia daqui tão cedo.
— Pode trazer meus dois irmãos aqui para me despedir quando for, pra sei lá onde?
— Vou tentar. Prometo.
— Como sei que vai cumprir? - Ele para de frente ao meu quarto, e eu quase passo direto.
Cal ergue o mindinho em mimha direção.
— Sério?
— Tenho palavra. - Ele sorri, e eu reviro os olhos. Seu sorriso só aumenta. - Vou ver se é possível você ir pra casa, também.
Aperto seu mindinho com o meu, e ele me impede de abrir a porta. Gira a maçaneta, e abre pra mim.
— Obrigada. - Sorrio sem mostrar os dentes, e entro no quarto branco.
Cal foi tão legal comigo, mesmo eu tendo sido uma idiota com ele. Me apoiou, mesmo tendo acabado de me conhecer. Prometeu me ajudar duas vezes.
Eu podia confiar nele? Talvez ele não fosse uma má pessoa. Mas não confiaria nele nunca.


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Notas finais do capítulo

Imagino o Maven como o Logan Lerman, ator que faz o percy em Percy Jackson
O Cal como Alex Lettyfer, o principal no filme Eu Sou o Número Quatro e A Fera
A Mare como a Lindsey Morga, Raven em The 100 ♡

Elenco dos sonhos, obg dnd



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