Uma Nova Chance escrita por Arikt


Capítulo 5
Espionagem


Notas iniciais do capítulo

Não sei o que dizer sobre esse capítulo. Só... Boa leitura. XD



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Lucy chegou na biblioteca e foi direto para a seção de livros de biologia. Precisava reforçar seus conhecimentos em genética, que ainda não tinham ficado claros. Às vezes, a internet não era o bastante para se pesquisar. Abria os livros e procurava pelo assunto passando os olhos pelas palavras complicadas, dando graças aos céus por não ter escolhido a profissão de medicina.

Enquanto andava pela seção, sua mente vagou para um assunto que havia virado sua obsessão por esses dias: a figura desconhecida de L. Como sempre estava muito ocupada pensando em quem seria a próxima vítima de Raito, não sobrava tempo para lembrar do arqui-inimigo de Kira. Bem, até aquele momento.

Ninguém sabia dizer nada sobre L. Lembrava-se que, um dia, havia perguntado ao chefe Yagami quem era esse detetive, mas o homem simplesmente respondeu que não sabia. Ele nunca mostrou o rosto e só pegava casos que o interessavam. Isso fascinava a garota. Às vezes, tinha vontade de também nunca mostrar o rosto. Talvez as pessoas a julgassem menos...

Pesquisou pelo nome dele em páginas de notícias, mas não apareceu nada relevante. Apenas casos antigos que ele resolvera e seu ingresso no caso Kira. Mas ela tinha certeza de uma coisa: ele era tão inteligente quanto Raito. Até mais. Poderia comparar essa investigação com um jogo de xadrez, onde os dois competiam sem nenhuma certeza de que dariam o xeque-mate.

Finalmente, carregando seis pesados livros nos braços, dirigiu-se às mesas de estudo. Coincidentemente, Raito estava sentado em uma delas, debruçado sobre um grosso periódico. Foi até ele, colocando seus livros em cima da mesa que o garoto ocupava.

— O que está fazendo aqui?

Ele levantou os olhos e sorriu.

— Olá para você também. Vim fazer o que as pessoas geralmente fazem em bibliotecas.

— Posso jurar que você está me seguindo. — arrastou uma cadeira e sentou-se, suspirando.

— E para que eu faria isso? — Raito deu uma risada curta. — Só estou aqui para estudar, assim como você. Não fazia ideia de que estaria aqui também.

A garota observou o Shinigami por um momento. Embora ele fosse gentil com ela, sua presença a fazia ter calafrios. Desviou o olhar e abriu um dos livros, pronta para se concentrar nos estudos, sem dizer mais nada. Raito ficou fitando-a, mas logo voltou a ler. Passaram a maior parte da tarde estudando, sem tocar no assunto do Death Note. Lucy quase se esqueceu de Ryuuku.

Por volta das cinco horas, levantaram-se e foram para casa. Como seu pai monopolizava o motorista quase o tempo todo, a menina era obrigada a andar de metrô. Ainda bem que Raito tivera a paciência de ensinar-lhe os caminhos, pois, senão, estaria perdida.

Caminharam ao longo da rua da biblioteca juntos, discutindo algumas questões de simulados que haviam feito, até chegarem à esquina em que tinham que se separar.

— Vou tentar descansar um pouco. Me liga assim que chegar em casa. — despediu-se Raito, passando a mão nos cabelos.

Lucy assentiu com a cabeça, pensando na torta de morango que a cozinheira havia feito mais cedo.

— Até depois. — virou-se para a esquerda, atravessando a rua, rumando para a estação de metrô.

Raito virou à direita e seguiu calmamente para a casa no fim do quarteirão, com Ryuuku voando atrás de si, perdido em pensamentos. Queria chegar logo para ver os noticiários e continuar seu trabalho. Estava satisfeito por enquanto. Tinha eliminado aqueles que poderiam, de alguma forma, incriminar-lhe, já havia agendado mortes para as próximas três semanas e Lucy não tocou mais no assunto dos agentes do FBI .

Mas não deixava de se preocupar. Sabia bem que os remédios que ela tomava não estavam sendo suficientes, mas ela estava se controlando bem, desde o último ataque que teve. Sabia, também, que ela deveria ir em um médico, mas a garota era quase tão teimosa quanto uma mula. Tentou tocar no assunto, mas ela se recusou ferreamente a falar sobre.

Subiu os degraus da varanda e puxou a maçaneta para abrir a porta, mas ela estava trancada.

— O quê... não tem ninguém? — murmurou, pegando sua chave e destrancando a fechadura.

Entrou no vestíbulo e tirou os sapatos, chamando por sua mãe. A casa estava realmente deserta. Subiu as escadas, dando de ombros. “Deve ter ido fazer compras...” pensou, entediado. Mas, quando foi abrir a porta de seu quarto, percebeu que havia algo errado. “Alguém entrou aqui...”.

Entrou no quarto e fechou a porta, logo deitando-se na cama, aparentando calma, mas extremamente zangado por dentro.

— Ei, Raito... já que não tem ninguém em casa, que tal jogarmos um jogo? — perguntou Ryuuku. Como Raito não respondeu, este o olhou com o cenho franzido. — Raito, está me ouvindo?

Mais uma vez o garoto não respondeu. Levantou-se e foi até o armário, trocando de blusa. Não podia falar com Ryuuku dentro de casa.

— Raito! — chamou o Shinigami mais uma vez, alarmado com o silêncio do humano.

Ele saiu do quarto e fechou a porta, recolocando o papelzinho que ficava no vão em seu devido lugar. Foi para a rua novamente, andando depressa.

— Raito, se você continuar a me ignorar, vou começar a ficar irritado! — advertiu Ryuuku, tentando de toda forma chamar a atenção dele.

O menino verificou todas as dobras do casaco, depois suspirou e apertou o passo.

— Estou desconfiado de que tenham instalado câmeras e escutas em meu quarto, Ryuuku. — explicou em voz baixa.

— Hã? Mas por quê? — O Shinigami estava confuso.

Então, Raito contou todo seu mecanismo de segurança, que consistia em um grafite de lapiseira colocado na borboleta da porta. Ele retirava toda vez que chegava ao quarto, e sabia quando alguém entrava ali, porque a borboleta esmagava o grafite e ele ficava quebrado no chão. Era precário, ele sabia, mas era exatamente por isso que era confiável.

— L já sabe que Kira tem ligação com a polícia japonesa. Não temos muitos agentes no caso, então não restam muitas pessoas a se investigar. Se é assim, Lucy está intimamente ligada a mim e a minha família, então, na casa dela, também deve haver câmeras. Não posso arriscar usar meios de comunicação eletrônicos. Acho que ainda não deu tempo de o trem dela chegar...

Ele começou a correr, e cinco minutos depois estava na estação. Seu coração deu um pulo ao ver que a amiga estava prestes a embarcar. Foi até ela e a segurou no braço, puxando-a para trás. Antes que ela gritasse tapou sua boca com uma mão, segurando fortemente em sua cintura com a outra.

— Sou eu — sussurrou em seu ouvido. — Não dá para você voltar para casa agora, estamos sendo vigiados. Vem comigo.

***

— Câmeras? Como assim câmeras?! — exclamou Lucy em voz baixa, indignada. — Como L pode saber de mim?!

Estavam os dois sentados em um compartimento reservado de um restaurante. Pediram algo para beber, apenas para conseguirem ficar ali sem serem expulsos. Raito havia acabado de lhe contar o que percebera.

— Não sei se ele sabe de você, mas L não é burro, provavelmente investigou cada membro das famílias da polícia. Com certeza ele achou algo sobre você e eu. — ponderou ele.

Lucy escondeu o rosto entre as mãos, sentindo-se esgotada.

— Eu sabia que, uma hora ou outra, eu seria envolvida na investigação. — murmurou. — Só não esperava ser tão cedo.

O garoto tomou seu suco calmamente. Lucy continuou com o rosto entre as mãos, sem nem tocar em seu copo. Ficaram ali em silêncio por uns dez minutos. Então, Raito se levantou, deixando o pagamento pelas bebidas em cima da mesa. Caminharam lentamente. Os pensamentos de Lucy eram embaralhados.

Agora não tinha mais como fugir. Nunca poderia imaginar que sua vida viraria de cabeça para baixo ao mudar para o Japão com o pai. Ela só queria sossego e o apoio do amigo, mas começava a achar que não era má ideia continuar mais um tempo na clínica. Tudo mudou demais. Pelo menos lá as coisas continuariam as mesmas.

— Você vai dizer para mim, em frente às câmeras, que sabe quem é Kira. — falou Raito de repente, externando seus próprios pensamentos.

Lucy olhou-o surpresa.

— E por que eu diria isso?

O amigo demorou alguns segundos para responder.

— É uma estratégia para me garantir oportunidades. Digamos que estão suspeitando de mim ou de você. L já deve saber que nós temos uma relação muito íntima, que contaríamos tudo um para o outro. O que é totalmente verdade. Então, você chega e fala para mim que sabe quem é Kira. Isso vai fazer L perder um pouco de tempo investigando suas relações, tirando um pouco o foco de cima de mim. Provavelmente ele vai dar um jeito de contata-la, o que me fará chegar mais rápido a ele, através de você.

— E aí eu sou presa por esconder a identidade de Kira! Genial! — retrucou ela sarcasticamente. — É isso que você quer? Ver-se livre de mim?

— Lucy, pensa. Você vai ser a primeira pessoa que pode levar L até Kira. Não acho que ele vá usar a força bruta, se for realmente inteligente. A manipulação, nesses casos, gera mais resultados. Confie em mim, vai ver que tenho razão.

A garota raciocinou por um momento. As palavras dele faziam sentido, embora ainda não se sentisse apta a concordar com aquele plano. Mas se resignou. Já estava envolvida, de qualquer forma. Ia ter que entrar no jogo, querendo ou não.

— Estou vendo que a noite será longa... — suspirou, passando a mão nos cabelos.

— E você Ryuuku? Como fica o caso das maçãs? — perguntou Raito ao Shinigami.

— Ah, bem... Elas ficarão invisíveis no momento em que eu as puser na boca, mas, enquanto estiverem em minhas mãos, parecerá que estão flutuando. — explicou calmamente.

— Como eu pensava... — sussurrou o garoto. — Então, se quiser comer maçãs ainda, Ryuuku, terá de encontrar todas as câmeras para ver se há algum ponto cego entre elas. Faça isso enquanto Lucy e eu despistamos L.

Quando chegaram à casa de Raito, as luzes já estavam acesas. A senhora Yagami e a irmã do amigo receberam Lucy muito bem, como sempre. Depois de jogarem um pouco de conversa fora, os dois se retiraram para o quarto com o pretexto de estudar.

Lucy esperou meia hora para executar o plano. Estava se sentindo péssima ao fazer aquilo. Tinha certeza que as coisas só iam complicar mais para seu próprio lado. Olhava, um tanto assombrada e fascinada, o jeito natural com que Raito mentia. Tinha a leve impressão de que ele esteve mentindo durante toda a sua vida.

— É claro que você não pode me contar quem ele é... — dizia ele. — É só que... não acha melhor entrega-lo para a polícia? Eu tenho tanto medo de que ele...

Fez uma pausa dramática, deixando implícito seu final. Ela balançou a cabeça negativamente.

— Não posso... Ele me prometeu que nada faria comigo. E... eu não quero que outras pessoas passem pelo inferno que passei. Ele... é o único que pode evitar isso. — respondeu, lembrando-se das palavras do amigo no dia em que descobriu o que ele era.

Raito suspirou, abraçando-a.

— Só não se envolva demais nisso. Por favor, tente ficar longe de problemas. Eu não sei o que faria se te perdesse.

Lucy forçou-se a retribuir o abraço, sentindo nojo de si mesma.

— É... é claro... — foi o que conseguiu dizer.

— Bom trabalho... — sussurrou ele no ouvido dela, de um jeito que só ela pudesse ouvir.

Depois disso, Raito encostou seus lábios aos de Lucy, pegando-a totalmente de surpresa. Ele forçou os dentes dela a se abrirem com a língua, e ela obedeceu ao comando sem razão aparente. O amigo a apertou mais contra o corpo, causando-lhe arrepios. A respiração da garota ficou acelerada e sua razão a abandonou por completo, deixando apenas que seus braços enrodilhassem o pescoço dele e suas mãos agarrassem a camisa do amigo e a puxasse para cima de uma forma nada gentil.

Ficaram colados um ao outro por pelo menos cinco minutos, em que Raito a encostou na parede e levou suas mãos para debaixo da blusa dela, gesto que a fez estremecer. Os lábios sedentos dele desceram para o pescoço de Lucy e ela suspirou pesadamente. A garota se esqueceu das câmeras e de tudo o mais. Suas unhas rasparam de leve a nuca do amigo, enquanto as mãos experientes do garoto desciam para seu quadril.

Mas, de repente, puderam ouvir a voz da pequena Sayu gritando para descerem para jantar. Raito parou de mordiscar a pele macia da garota, mas não a soltou tão rápido. Lucy sentia a respiração descompassada dele entrando por seus poros, suas mãos ainda a apertando, fazendo-a sentir coisas demais do corpo dele. Por mais que odiasse admitir, queria que aquilo durasse para sempre.

Mas logo o amigo se afastou, colocando as mãos nos bolsos, olhando para o chão. Lucy observou-o por um momento, depois percebeu que Ryuuku havia visto tudo aquilo, e ficou da cor de um tomate. O Shinigami percebeu que ela o olhava e coçou a cabeça.

— Ah é, tenho que procurar as câmeras... — disse efusivamente, voltando a vasculhar o quarto.

— Vamos descer... — Raito virou-se e abriu a porta do quarto.

Desceram as escadas em silêncio e sentaram-se igualmente calados na mesa. Lucy ainda estava totalmente vermelha, coisa que não passou despercebida à mãe de Raito.

— Você está bem, querida? — perguntou ela com expressão preocupada.

— Ah... é... est-estou, quero dizer... — a garota se embaralhou toda para explicar e por fim se calou, ainda mais envergonhada.

Passou a mão pelo rosto e afundou na cadeira. Queria entender por que estava tão encabulada. Não era exatamente a primeira vez que fazia isso. Bem, era a primeira vez em frente às câmeras, e poderia dizer que a experiência foi péssima.

A senhora Yagami botou a comida na mesa e chamou Sayu, que estava grudada na TV assistindo a uma novela. De repente, ela soltou uma exclamação de alegria.

— Você é demais, Hideki Ryuuga! Nenhum menino da minha sala se compara a você!

Lucy, que já havia começado a comer, engasgou com o caldo da sopa, tossindo feito louca. Raito deu palmadinhas em suas costas, a expressão assustada.

— O que foi? Está tudo bem? — perguntou de um modo preocupado.

A garota olhou para a TV rapidamente, quase acreditando que veria aquele homem estranho na novela que a outra assistia. Mas enganou-se. Alguém aleatório estava interpretando uma cena de romance, e das bem malfeitas. Era por isso que achara o nome familiar, quando o homem se apresentou. Com certeza já deveria ter lido sobre o ator em algum lugar.

Acalmou-se e limpou a boca com o guardanapo, sentindo a garganta raspar.

— Não é nada, já passou... — respondeu com voz rouca. — Sayu apenas me assustou.

O jantar foi calmo e quase silencioso. Lucy gostava daquela família por causa disso, não se precisava falar muito.

Foi divulgada uma notícia de que 1.500 agentes do FBI estavam trabalhando no caso Kira, no Japão. Os dois jovens perceberam na hora que era falsa. L estava testando a reação dos investigados. Provavelmente havia câmeras pela casa toda.

Depois que acabaram, Lucy voltou ao quarto do amigo para pegar suas coisas. Despediu-se de Sayu e da senhora Yagami, sendo acompanhada até a calçada por Raito. Os dois se encararam por alguns segundos, e ele deu um sorriso petulante.

— Não quer dormir aqui? Poderíamos continuar o que fazíamos antes do jantar.

— Até parece. Aquilo só vai continuar na sua mente. — retrucou ela, carrancuda.

Raito deu risada.

— Ah, com certeza vai... Até amanhã. E vê se não engasga no caminho. — voltou-se para a entrada, ainda sorrindo.

Lucy bufou e seguiu para a estação de metrô, com raiva da atitude do amigo. É claro que aquele beijo fazia parte do teatrinho, não poderia esperar que fosse real. ‘Espero que tenha gostado, L. Demos um show e tanto.’ pensou com amargura, apertando o passo para não perder o trem.


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