Uma Nova Chance escrita por Arikt


Capítulo 4
Suspeita


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei. Eu demorei. Mas eu estava sem internet porque me mudei para uma nova casa, então acho que é compreensível (e é provável que eu demore ainda mais em outros capítulos pelo bloqueio criativo, então já peço desculpas antecipadamente). Espero que gostem, boa leitura!



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“(...) Lucy Chinatsu. Atualmente com 17 anos. Filha de Catherine Hudson (famosa artista plástica britânica) e Kaito Chinatsu (empresário japonês). Nasceu na Inglaterra, Londres, no dia 03 de Julho, na cidade de Carlisle...”

“Lucy Chinatsu ganha medalha de ouro pela terceira vez consecutiva no concurso anual de artes plásticas da cidade de Carlisle.”

“Filha de Kaito Chinatsu participa de um concurso de música em Londres, ficando em terceiro lugar.”

“‘Ela é extremamente reclusa.’ diz Kaito Chinatsu, em explicação ao silêncio da filha após a morte de sua esposa. (...)”

E havia muito mais. Figuras e vídeos da menina recebendo prêmios ou cantando, saindo de pubs ingleses com um pequeno grupo de amigos, ou simplesmente curtindo sozinha os parques de Londres ou Carlisle.

Não era isso que o astuto detetive L esperava daquela garota tímida e pequena que salvara há quase um mês. Ela fazia tanta coisa, era tanta coisa! Todas as reportagens enfatizavam seu alto QI, seu talento musical e seu jeito despojado de se vestir. Em poucas fotos se aparece uma Lucy arrumada e maquiada. Particularmente, L a preferia com as roupas normais.

Watari entrou no quarto do hotel em que estavam hospedados, trazendo sacolas cheias de tortas de morango e mais coisas doces. L virou-se para olhá-lo, e logo pulou da poltrona em que estava empoleirado para servir-se da comida.

— Ainda procurando coisas sobre aquela menina, Ryuuzaki? — indagou o velho, observando o laptop que estava ligado em frente à poltrona.

— Toda informação que eu conseguir será bem-vinda. — respondeu simplesmente, abrindo um pacote de marshmallows e colocando um na boca.

— Mas isso não está virando obsessão? Já faz dias que está fuçando a vida dela!

O detetive parou por um segundo, fitando Watari e ponderando sobre aquilo. Talvez estivesse mesmo, mas quem liga? Deu de ombros e foi sentar-se novamente. Watari suspirou; não adiantava discutir. Serviu-se de uma taça de vinho e sentou-se na poltrona em frente a L, que continuava fuçando as páginas da internet, procurando mais coisas sobre Lucy.

Todos os sites falavam mais ou menos sobre os mesmos assuntos. O que destoava de tudo eram as notícias depois do assassinato de Catherine. Ao invés de mostrarem os sucessos da menina, falavam sobre escândalos aprontados por ela.

Havia fotos da garota saindo de casas de show bêbada e agredindo alguns repórteres, fumando tanto cigarro quanto maconha enquanto caminhava sozinha pelas ruas, acusações de porte de LSD e outras drogas mais pesadas... era realmente uma mudança drástica.

As notícias mais recentes, de um ano atrás, relatavam sua internação em uma clínica psiquiátrica e sua saída seis meses depois. Pelo que parecia, ela nunca mais foi a mesma depois da morte da mãe.

Querendo saber ainda mais do que o site de buscas poderia lhe dar, reuniu dados sobre os colégios em que ela estudou e hackeou os arquivos das instituições, conseguindo os históricos escolares e boletins, tudo confirmando a capacidade intelectual da garota. Conseguiu até os diagnósticos na clínica em que foi internada e informações pessoais sobre seu pai. Também invadiu as redes sociais que ela usava, embora não tenha conseguido muita coisa. Lucy não parecia gostar muito da internet.

 Mas uma foto em particular chamou a atenção de L. Clicou para aumentar, e colocou o dedão entre os lábios, interessado. Lá se encontrava a garota de cabelos negros e cacheados mais uma vez, olhando para algum ponto atrás de si, como sempre com uma expressão séria. Estava de mãos dadas com um garoto alto, de aparência imponente e descontraída, vestido em um terno preto impecável. Raito Yagami, filho de Soichiro Yagami.

Aquilo era realmente impressionante. Pelo que parecia na foto, os dois tinham uma ligação forte, talvez fossem namorados.

A breve conversa que teve com Lucy passou de novo pela sua cabeça, fazendo-o ficar ainda mais intrigado com aquela descoberta. Será que a morte de Malcom Krishner foi apenas uma coincidência?

— Watari, ligue para o Chefe Yagami, por favor. Peça para que ele venha para cá imediatamente.

***

Soichiro Yagami chegou ao hotel que estava servindo de QG, afobado. Ao receber a ligação de Watari informando que L queria uma reunião particular com ele, começou a ficar impaciente. O que poderia ser tão urgente para se precisar de uma reunião às nove horas da noite?

Pegou o elevador e, ao bater na porta, o já conhecido Watari a abriu. Cumprimentou-o, logo depois entrando no quarto e olhando em volta. Havia livros espalhados pelo chão, e L estava sentado em sua costumeira poltrona em frente a um laptop.

— Boa noite, Yagami-san. Fico feliz que tenha vindo tão rápido. — cumprimentou ele, sem tirar os olhos da tela do computador.

— O que você tem de tão importante para conversar comigo, Ryuuzaki? — perguntou Soichiro, muito sério, sentando-se no sofá ao lado da poltrona do detetive.

— Eu preciso saber... qual a relação de seu filho com Lucy Chinatsu. — disse baixo, dessa vez olhando para ele.

O chefe de polícia foi pego de surpresa.

— O que tem a Lucy? — indagou alarmado. — Você... não está achando que ela...

— Fique tranquilo, chefe Yagami, ela não tem nenhuma chance de ser Kira. Disso eu tenho 100% de certeza. Mas eu achei isso aqui. — virou o computador para o lado do homem, mostrando a foto de Raito e ela juntos. — Eu salvei essa garota de um molestador um tempo atrás, e mostrei-lhe meu rosto. É claro que não lhe revelei minha verdadeira identidade, mas, mesmo assim, não deixo de me preocupar. Qual a ligação dela com a sua família?

Yagami ficou quieto por alguns minutos, olhando para a tela do laptop. Então, L estava investigando a vida de Lucy também. Se ela soubesse, ficaria extremamente zangada.

— O pai de Lucy é um velho colega meu. Raito e Lucy cresceram juntos praticamente, como irmãos. É engraçado que Raito a protegia mais que a própria irmã. — sorriu minimamente ao se lembrar da infância do filho.

— Então eles... não são namorados?

— Os dois nunca deram sinais de que estavam tendo algo. Lucy é muito tímida e reservada, já Raito se preocupa com outras coisas.

L ficou pensativo por alguns segundos.

— Ela ficou muito abalada depois da morte da mãe?

— Muito. Lembro que ela havia se trancado no quarto por uma semana, e a única pessoa que conseguiu tirá-la de lá havia sido Raito. Ela presenciou o assassinato de Catherine. Foi um choque muito grande.

“Nada do que eu já não saiba, mas reforça a justificativa de sua gratidão para com Kira”, pensou L. Levantou-se e foi até a janela, sua cabeça funcionando em uma velocidade inacreditável.

— Yagami-san, você sabe que, quando a senhorita Chinatsu chegou a esse país, o assassino da mãe dela foi morto, não é?

O homem ficou surpreso.

— Não, isso me passou despercebido.

— E você sabe que esse assassino foi um dos únicos ocidentais a ser morto?

— Onde está querendo chegar, Ryuuzaki? — Soichiro franziu o cenho, desconfiado com o rumo da conversa.

— Estou querendo dizer que é um fato muito estranho Lucy Chinatsu ter-se mudado para cá, e logo depois a causa de seus pesadelos ter sido erradicada. É uma coincidência realmente... peculiar.

Yagami inchou de raiva.

— Está querendo supor que meu filho seja Kira? — perguntou, a voz alterada.

— Na verdade, estou supondo que, talvez, apenas talvez, Kira conheça Lucy. Pode ser que ele seja alguém que a observe de longe... ou alguém muito próximo. No segundo caso, a única pessoa próxima a ela aqui no Japão é seu filho, que estava entre os investigados pelos agentes do FBI.

— Não, impossível! — recusou a hipótese categoricamente. — Raito jamais faria algo assim! Ele é um menino exemplar, não tem motivos para matar pessoas, por nada!

— Mas sabemos que Kira não mata por nada... — sussurrou L, sem ligar para o aborrecimento do outro. — Lucy contou a mim sobre a opinião que tinha de Kira. Disse que antes era contra, que achava errado, mas que agora lhe era eternamente grata. Ela com certeza é um ser humano muito transparente quando se trata de seus fantasmas internos, e sua atitude me mostrou que ela não sabia a identidade de Kira. Mas, se por algum acaso, ela viesse a descobrir... tenho quase certeza de que ela jamais contaria.

— E por que acha isso? Lucy é uma menina de total confiança! Não esconderia algo tão hediondo!

— Ela me parece ser uma pessoa protetora. Se Kira for alguém que ela goste, ou que ganhe sua afeição... E se ele fosse Raito? Ainda assim acha que ela contaria? — O detetive virou-se para ele, olhando-o astutamente.

— Meu filho não é Kira, Ryuuzaki! — rebateu o homem ameaçadoramente.

— Sendo ou não sendo, Lucy parece uma carta importante no baralho. Não vou perdê-la de vista... Posso te pedir um favor, Yagami-san?

Soichiro prendeu a mandíbula, a raiva lhe dizendo para se levantar e deixar L falando sozinho. Mas, ao invés disso, curvou a cabeça em gesto de assentimento.

— É claro, Ryuuzaki. — concordou com mau gosto.

— Você poderia me contar tudo o que sabe sobre ela? Eu preciso do maior número de informações possíveis, preciso ter certeza de que ela possa ter alguma relação com Kira... mesmo que este não seja o seu filho, e mesmo que ela não o conheça. Ainda existem nesse mundo casos de admiradores secretos.

Parecia que L havia perdido totalmente a sanidade. O chefe de polícia queria entender o que era aquela obsessão repentina pela garota. Mas não ia adiantar discutir. Se poderia ajudar no caso, seria melhor acatar àquele pedido.

— Como quiser.


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