(Im) Perfeita escrita por lizzy earnshaw


Capítulo 1
... como a flor.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Perfeita.

Narcissa nasceu em uma família tradicional, que prezava os mais antigos costumes e jamais permitia uma sequer falha. Os Black, em sua maioria, eram considerados a aristocracia bruxa, sempre lutando para manter todos os ramos de seus parentes limpos.

Ela, contudo, foi o brilho de uma faísca ardente em meio a escuridão das trevas que cercavam a todos. Havia nascido em uma noite calma de primavera, que antecedia a pureza de suas aparências. Sua mãe, Druella, havia sofrido menos do que com as outras para colocá-la no mundo. E quando lhe puseram o pequeno bebê em seu colo, ela sabia que sua garota seria diferente de todos eles.

Por isso, quando Cygnus, mais tarde da noite, se reuniu a elas, carregando sua mais jovem garotinha nos braços, a mulher soube que seus olhos azuis e a calmaria eram uma predestinação, de que ela jamais poderia se igualar a suas irmãs. E isso, de forma alguma, era ruim.

— Como iremos nomeá-la? — Seu marido havia perguntando, embalando a criança com cuidado. Nunca havia, sequer por um segundo, se ressentindo com a esposa por lhe dar, diretamente, três jovens, no lugar de um esperado herdeiro.

Druella soube naquele momento, e talvez soubesse desde que sua caçula havia sido colocada em seus braços, de que a tradição deveria ser quebrada. Ela não era uma estrela ardente, muito menos uma constelação expansiva.

— Narcissa. — Respondeu, simplesmente. — Como a flor.

Como Narciso, completou em pensamento.

[...]

Exemplar.

Narcissa cresceu como uma criança calma, dócil, que jamais falava muito alto como Bellatrix ou corria demasiadamente da forma que Andrômeda costumava fazer.

Ela se criou enfurnada na biblioteca, rodeada por livros e, quando não estava lá, costumava seguir a mãe pela mansão da família, sempre imitando seus gestos, desejando imensamente poder, um dia, ser como ela.

Costumava passar as tardes tomando chá com Druella, caminhando pelo jardim ou, com o passar dos anos, até mesmo fazendo desenhos que ia, toda feliz, entregar ao pai após um longo dia de trabalho dele.

Ela era a luz da casa, a joia mais preciosa que os Black guardavam.

Nunca irritada demais, nunca geniosa. Foi de forma quase que sublime que com o tempo Narcissa aprendeu a conquistar de cada um deles, tornando-os seus mais devotos fiéis, embora jamais tivessem consciência disso.

[...]

Rosier.

E foi dessa forma, que os sussurros começaram. Primeiro que a garota não tinha nenhuma aparência da família paterna, era muito Rosier. Como a mãe, não possuía os olhares escuros e selvagens, nem o cabelo indomável e negro. Tudo nela era claro demais, desde os olhos até os fios loiros. Nenhum um pouco Black, era o que diziam.

Em um natal, quando tinha cinco anos, Narcissa havia se escondido atrás das escadas da mansão, procurando por seu presente, que Cygnus havia escondido muito bem até a meia-noite. Foi quando ela ouviu Walburga, já alta pela bebida, dizer claramente ao marido, Órion:

— A caçula, Cissa, não é filha de Cygnus. — A mulher não imaginava que a criança havia lhe escutado, muito pouco se importaria se soubesse. Mas aquelas palavras jamais deixaram a mente da jovem.

Naquela noite, ela subiu mais cedo para seu quarto, para o estranhamento de suas irmãs, que a encontraram chorando sobre a cama. Andrômeda lhe embalou delicadamente, secando suas lágrimas, enquanto Bellatrix extraía cada palavra que Walburga havia dito.

Mais tarde, enquanto todos se preparavam para ir embora, a tia delas foi, misteriosamente, acometida por uma terrível alergia após mexer em um arranjo de flores de Druella. A vermelhidão subiu por todo seu corpo e a deixou de cama por dias.

Enquanto isso, Bellatrix estava muito bem escondida na sala ao lado, com um sorriso tremendamente irritadiço. Aquela não havia sido a sua primeira demonstração de magia, mas a única intencional até o momento.

Ninguém magoava sua irmã.

[...]

Bela.

Narcissa cresceu. Aos 9 anos parecia uma criatura angelical, com os longos cabelos descendo em ondas até sua cintura, sempre muito bem penteados e arrumados, com vestidos de diversas cores lhe enfeitando a aparência e lhe trazendo mais luz.

Ela havia sido uma criança adorável de ser ver.

Aos 11, já podia notar que se tornaria ainda mais bela. Os fios loiros agora um pouco mais curtos e os olhos mais brilhantes. Seu rosto começava a assumir as expressões aristocratas de sua família e ela já era especialista em disfarçar suas emoções em um olhar gélido.

 Com o tempo e os anos que passaram, seu corpo começou a ganhar curvas e se assemelhar mais a uma mulher adulta. Contudo, a expressão angelical jamais havia lhe abandonado.

Era seu perfeito disfarce.

Ninguém jamais desconfiaria de uma jovem tão doce, certo?

[...]

Sonhadora.

Ela pensou que jamais se sentiria tão feliz quanto o momento em que recebeu sua carta de Hogwarts. Ouvia atentamente as histórias das irmãs cada vez que elas vinham de férias, buscando absorver tudo que aquele local mágico poderia lhe oferecer.

Lhe soava como liberdade.

Havia passado longos 11 anos dentro de casa, sendo a garotinha perfeita que os pais esperavam que fosse, seguindo cada mínima regra. Nunca fora da linha, nunca além dos limites.

Na escola, ela poderia ser quem quisesse ser, aquele seria seu lar pelos próximos anos.

A questão era, quem gostaria de ser?

[...]

Inteligente.

Ela era considerada a aluna favorita de diversos professores. Uma jovem única, sempre muito atenta, com notas ótimas e um comportamento exemplar. Narcissa, ainda aos 12 anos, era considerada um prodígio para eles.

Dessa forma, não demorou até que, com poucas palavras, ela conseguisse entrar nos grupos mais seletos, principalmente o clube de favoritos de Slughorn, e se tornasse o brilho de sua casa, quando, anos depois, tornou-se monitora e posteriormente, monitora-chefe.

Ela tinha todos presos em uma rede muito bem planejada e orquestrada de manipulação e doçura. Cissa era inteligente demais para alguém tão jovem. Mas, no final, todos estavam inebriados demasiadamente por suas palavras calmas, para verem o que lhes cercava.

[...]

Boa.

Aos treze anos, Narcissa já era a jovem mais bonita de sua casa e, sem dúvidas, uma das mais belas de toda Hogwarts. Não eram poucos os olhares que atraia, mas nenhum, jamais, conseguia sequer um breve lampejo de seus olhos azuis em suas direções.

Não demorou muito até os garotos começarem a lhe convidar para ir em Hogsmead ou querer acompanha-la nas trocas entre as aulas. Bellatrix, é claro, ficava frequentemente irritada e não havia sido poucos os que ela azarou, enquanto Andrômeda ria pacificamente da fúria da irmã.

Narcissa, entretanto, não se incomodava muito. Pelo menos, não até o dia em que tudo saiu de seu controle.

Era já tarde e o céu havia escurecido quando ela decidiu subir até a torre do corujal, para responder uma correspondência de sua mãe. Estava descendo as escadas, após prender a carta na perna de Salazar, quando um garoto da Corvinal achou que seria divertido agarrar sua cintura e lhe empurrar contra a parede.

No começo, ela estava assustada demais para reagir, enquanto ele pressionava seus lábios nos dela, machucando-a com a selvageria.

— Vamos, Cissa, eu sei que você quer, seja boa. — Ele havia sussurrado em seu ouvido, enquanto ela resistia, sua mão subia sua saia com a ponta dos dedos, tentando lhe tocar onde ninguém jamais havia tido a permissão para fazê-lo.

Demorou um pouco, mas finalmente ela conseguiu agarrar fortemente sua varinha e estupora-lo para longe dela. Pela primeira vez, Narcissa perdeu o controle e saiu correndo escadas a baixo e não parou até estar segura, dentro do salão da Sonserina.

Quando subiu para seus dormitórios, ignorando os amigos na sala, ela procurou controlar a respiração que estava audível. Com o passar dos minutos, seu coração voltou a bater no ritmo normal.

Dias depois, Augustus Lobotov, um quintanista corvino, deu entrada na ala hospitalar, após ter ingerido uma tortinha que recebeu por coruja. Infelizmente, ela estava envenenada. Foi com pesar que Madame Pomfrey informou aos pais dele que, por mais que fosse sobreviver, ele jamais recuperaria a totalidade dos movimentos de seu corpo.

Bem, pensou Narcissa enquanto ouvia a trágica noticia, ele nunca mais poderá tentar atacar outra garota.

[...]

Narcisista.

Narcissa sempre pensou estar acima de muitas pessoas. Não somente por seu nome, beleza ou inteligência. Não, isso era muito mundano, o primeiro era sua herança, o segundo era uma benção dos deuses e o último, ela conquistou.

Não, aos 14 anos Narcissa tinha plena consciência que estava acima de todo mundo apenas porque ninguém jamais entenderia como sua mente funcionava. Todos eles eram rasos demais, enquanto ela era o mais profundo oceano. Ninguém jamais poderia se igualar.

Era isso que ela acreditava, até um dia seus olhos pousarem com maior atenção em Lucius Malfoy. Já conhecia o garoto, costumavam frequentar os mesmos locais desde crianças, as famílias eram próximas e tinham vários amigos em comum. Contudo, ele sempre havia sido uma sombra, nunca chamando muita a atenção dela.

Até que ela o viu azarando um lufano, com Bellatrix. Seus olhos cinzas pareciam brilhantes e tempestuosos, enquanto que os cabelos loiros desciam pelas suas costas livremente, ele possuía um sorriso arrogante em seus lábios e a camisa levemente apertada ao seu corpo revelava um belo silhueta. Ele tinha apenas 15 anos, mas parecia diferente de todos os garotos que seu olhar havia pousado.

Ele era incomum, como ela.

Não demorou até sua atenção ser percebida por ele e, dias depois, Lucius foi em seu encontro na biblioteca. Os olhos, agora, transmitiam um leve nervosismo, mas nada em sua expressão trazia algo além de uma confiança tranquila.

Ele lhe chamou para sair, ela prontamente aceitou.

Eles foram a Hogsmead no final de semana, e foi então que Lucius segurou sua mão pela primeira vez, após um ótimo dia permeado por conversas e pensamentos trocados, cujos quais ela achou que jamais compartilharia com alguém além de suas irmãs.

O garoto parecia orgulhoso de tê-la ao seu lado, olhando com superioridade para todos aqueles que os observavam juntos.

Narcissa Black notou, naquela noite, que estava apaixonada. Não por todas suas qualidades indescritíveis, mas sim porque Lucius era tão único quanto ela.

[...]

Orgulhosa.

Bellatrix era, sem dúvidas, sua irmã favorita. Sempre indomável, ninguém ousava desafia-la ou duvidar de sua capacidade para algo. Ela teria um futuro incerto, mas grandioso, de qualquer maneira.

Além de tudo, Bella lhe protegia. Quando criança, dos trovões que assolavam a mansão Black e dos primos idiotas que costumavam implicar consigo por ser a menor da família. Anos depois, em Hogwarts, foram raras as vezes que Narcissa precisou se defender, porque a irmã estava sempre ao seu lado, como uma guarda silenciosa. Quando começou a namorar Lucius, no auge de seus 15 anos, ela havia sido a primeira a ameaça-lo, caso fizesse qualquer coisa que pudesse magoar a jovem (e ele jamais ousou fazer).

Anos depois, Cissa notou que a mulher poderia lhe defender do mundo inteiro, se necessário. Mas ninguém, nem a própria, poderia se defender de sua própria mente.

Ela sempre soube que havia algo que perturbava Bellatrix. Desde a mais terna infância, haviam as vozes que somente ela conseguia ouvir, depois as sombras que ninguém mais via e, com o tempo, as paranoias.

Narcissa observou lentamente sua irmã arruinar-se e entregar o controle de suas próprias ações a uma causa e um senhor ainda mais volátil, sem nada poder fazer para impedir essa descida descontrolada.

Ela lhe perdeu lentamente, mesmo que sempre estivesse seu lado, e sentia cada dia mais a dor de ver uma das pessoas que mais amou no mundo, sumir diante de seus olhos, restando somente uma sombra da mulher que havia sido.

Bellatrix e Narcissa. Irmãs eternamente entrelaçadas em seu profundo amor. Ambas semelhantemente orgulhosas, mas uma era o mais profundo caos.

Infelizmente, nem toda sua devoção pode impedir sua insanidade.

[...]

Dócil.

Andrômeda era a irmã do meio e, como tal, parecia a perfeita mistura de Bellatrix e Narcissa e, por isso, a última lhe amava. Conseguia ver a calma que irradiava de sua irmã, sempre disposta a lhe acalentar a cada queda.

Andie era, sem sombra de dúvidas, seu porto seguro.

A irmã havia sido a primeira a saber que Lucius havia lhe segredado que queria pedir-lhe em casamento a Cygnus no ano seguinte e, também, a única que via suas mais profundas lágrimas quando algo saia de seu controle.

Mas, contraditoriamente, Andrômeda havia sido, também, a primeira a lhe decepcionar, quando revelou estar apaixonada por um sangue-ruim.

E nem toda a sabedoria de Narcissa pode faze-la mudar de ideia, quando, aos 16 anos, ela viu seu pai dar-lhe o primeiro e único tapa em sua irmã, após descobrir que a mesma estava grávida do garoto Tonks. Em seguida, ela foi expulsa de casa e foi então que a jovem soube como era ver o mundo ruir em suas mãos.

Ela se foi, enquanto a garota ficou e, pacientemente, aceitou o pedido de casamento de Lucius. E nunca mais, nem quando esbarrou com a irmã por engano no Beco Diagonal, anos e anos depois, lhe dirigiu um olhar amoroso.

Narcissa e Andrômeda eram dóceis, mas a primeira possuía um espírito de quietude, enquanto a segunda era a mais vibrante rebeldia.

[...]

Submissa.

Narcissa era tudo, menos submissa, embora muitas pessoas fossem discordar disso.

A verdade era que a garota possuía uma paciência extrema e uma ambição maior ainda. Por isso aceitou, calada e de bom grado, toda a mudança em sua vida.

Não seguiria uma carreira no Ministério, como planejado, porque o pai achava que isso era devido somente a homens.

Aguardaria aquele ano solitário em Hogwarts, sem as irmãs (irmã, Narcissa, é apenas uma que você possuí agora, ela repetia diariamente, até aprender), sem o namorado e com poucos amigos. Porque, quando concluísse a escola, finalmente seguiria os passos já definidos de sua vida.

Casaria cedo, como a mãe esperava que fizesse, porque amava Lucius e isso era o correto. Teria um ótimo sobrenome e o honraria.

E jamais levantaria a voz, embora isso não fosse necessário para fazer todos eles se curvarem a ela.

O que ninguém via era que, com maestria, ela conseguiu exatamente o que queria.

[...]

Devota.

Narcissa pensou que aquele era o momento mais especial de sua vida, enquanto, de braços dados com o pai, atravessou o belíssimo jardim de sua mansão, para se deparar com Lucius lhe esperando em um ornamentado altar.

Com delicadeza, ela se posicionou ao seu lado, repetindo com eficiência cada palavra que havia ensaiado durante semanas com Druella.

E então deixou que Lucius segurasse suas mãos, colocando a brilhante e nada discreta, aliança de casamento. Havia duas cobras entrelaçadas nela, que abocanhavam uma enorme esmeralda. Linda e marcante, como Narcissa.

Ele beijou seus lábios delicadamente, após o sacerdote os declarar marido e mulher.

A festa ocorreu em sua casa, muito bem preparada pela sua família e ela sabia, aquele era o evento do século, o casamento de ouro.

Foi com extrema alegria que ela deixou que, no findar da noite, Lucius aparatasse consigo até a mansão Malfoy, lhe encaminhando para o quarto principal e tomando-a nos braços, como havia desejado fazer durante todo aquele longo namoro.

Ela estava casada, com o homem que amava.

“Sempre puro” era o lema de seus ancestrais, referindo-se ao sangue e ao matrimonio tradicional. Narcissa honrou com eficiência, fazendo tudo que esperavam dela, porque sempre seria devota a sua família.

Mas não mais os Black, pensou, enquanto Lucius beijava seu corpo, agora eu sou uma Malfoy.

[...]

Filha.

Ela vestiu negro na manhã fria de novembro quando, ao lado de Bellatrix, ela observou os corpos de seus pais serem sepultados.

Cygnus havia sido acometido por uma doença grave, que consumiu os últimos anos de sua vida. Druella, sempre preocupada com o marido, cuidou dele em cada segundo que lhe restava. Quando, por fim, ele pereceu, numa noite chuvosa, todos que estavam na casa diziam que a mulher havia perdido parte de si, sua parte mais imprescritível.

O amor de ambos era extremamente forte e suas almas interligadas. Por tanto, quando partiu para seu quarto, tomada pela tristeza, seu coração não aguentou, parando de bater durante a madrugada e a morte lhe levou silenciosamente.

Ambos partiram com poucas horas de diferença, deixando duas filhas devastadas para trás. A terceira, embora ninguém soubesse, chorava em sua casa, sem poder se despedir.

Narcissa aguentou fortemente durante toda a manhã, quando inúmeras pessoas vieram prestar condolências. Ela respirou fundo, segurou as lágrimas e manteve a compostura, porque é isso que eles teriam desejado.

Quando a noite veio, contudo, e ela se deitou ao lado de Lucius, seu choro era tanto, que fazia seu pequeno corpo tremer na cama. O marido lhe tomou nos braços, tentando lhe acalmar, mas nada era capaz de livra-la daquela dor horrível. Então ela chorou, chorou e chorou durante horas, deixando, por fim, o sono lhe consumir.

Na manhã seguinte, porém, nenhuma lágrima foi derrubada. O luto não combinava com Narcissa Malfoy.

[...]

Mãe.

Colocar seu filho no mundo havia sido uma verdadeira batalha. Uma que homem nenhum, nem mesmo seu marido que se mostrou paciente a todos os desejos da esposa nos últimos meses, poderia entender.

E ela lutou, fortemente, durante horas. Aquele era seu pequeno milagre, após tantos abortos espontâneos e filhos natimortos, seu bebê viria ao mundo com saúde, não importava os esforços que tivesse que fazer.

Seus gritos poderiam ser ouvidos por toda mansão, o sangue manchava o lençol branco e seu corpo inteiro parecia consumido. Mas ela jamais desistiria.

Foi apenas no fim da noite, quase ao amanhecer, que seu garoto berrou ao mundo inteiro sua chegada, lhe trazendo lágrimas de alegria que a muito não surgiam.

Lucius entrou no quarto assim que ouviu, tomado pela emoção. A curandeira colocou o pequeno bebê em seu colo e ela prontamente o segurou firme contra seu peito. Junto ao marido, observou a mais preciosa pessoa que já havia tido a honra de abraçar.

— Se chamará Draco. — Disse, ainda o observando.

Narcissa era agora mãe. E nada nem ninguém no mundo inteiro machucaria seu filho.

[...]

(Im) Perfeita.

A guerra veio. Duas vezes. E em ambas ela nada pode fazer além de observar tudo que amava ser levado de maneiras diferentes. Na primeira, sua irmã, presa em Azkaban; na segunda, seu marido também preso e filho com o peso do mundo para carregar.

Posteriormente, havia perdido Bellatrix para sempre na batalha, embora a muito a mulher que conheceu e amou já tivesse partido. Mas lutou, não com varinha e feitiços, mas com igual coragem, para manter seu filho vivo.

No final, todas as escolhas que tomou junto de Lucius os levaram a uma situação quase irreversível onde, por pouco, não perderam tudo.

E justo ela, a quem sempre deram inúmeras qualidades e defeitos, pela primeira vez, não se importou com o que pensariam sobre si, quando correu desesperada até Draco, o abraçando e protegendo em seus braços.

No fim, os três Malfoy se encontravam reunidos. Destituídos de seu orgulho e arrogância, mas juntos. E ela aceitava de bom grado essa vida imperfeita, desde que tivesse ambos ao seu lado. Porque, no fim, embora jamais tivesse sido uma estrela, ninguém poderia apagar o brilho que Narcissa emanava.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?