Efeito Borboleta escrita por deboradb


Capítulo 1
Sonho ou Realidade?


Notas iniciais do capítulo

Sempre gostei bastante de histórias que abordassem o tema viagem no tempo e, principalmente, o tema efeito borboleta, que é comprovado cientificamente. Para explicar melhor, imagine que, no passado, você tenha perdido o vestibular na faculdade de seus sonhos porque um prego furou o pneu do ônibus. Você então acaba entrando para outra universidade. Consequentemente, as pessoas com quem você vai conviver serão outras, seus amigos vão mudar, os amores serão diferentes, assim como filhos e netos, e tudo isso por culpa de um prego. Que louco, não?
Pode parecer loucura, mas é algo que acontece constantemente na vida de diversas pessoas...

Essa é uma fanfic inspirada nos filmes: Efeito Borboleta, Antes que Eu Vá, Te Amarei para Sempre, Time Lapse. E é baseada em um jogo espetacular chamado: Life is Strange...
Bom, espero que gostem, tenham uma boa leitura =D



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"Na teoria do caos, um simples sorriso pode mudar seu destino."

 

Minha consciência fora despertada quando algo pequeno tocou a superfície da minha face, seguido por vários outros. Pareciam ser gotículas suaves de água que iam ganhando força e intensidade, fazendo minhas pálpebras serem abertas de modo lento e preguiçoso. Vibrações de energia percorreram cada centímetro de meus músculos – até então rígidos devido à tensão –, enquanto minha respiração encontrava-se ofegante e os meus batimentos cardíacos acelerados. O som de trovoadas se propagou pelos ares, atingindo em cheio os meus ouvidos, e, juntamente com a brisa gélida soprada contra meu corpo, senti-me estremecer. Com certa dificuldade ergui-me do chão, olhando a minha volta na tentativa de reconhecer o lugar onde estava, e acabei deparando-me com diversas árvores. No entanto, a escuridão e a forte ventania me impossibilitaram de enxergar mais adiante.

— Droga! Como foi que eu cheguei aqui? E onde exatamente é “aqui”? — pergunto a mim mesmo, minha voz não passando de um sussurro encobrido pelas trovoadas, que se tornavam mais intensas conforme os raios iam cortando o céu de uma ponta a outra. E fora graças a essas descargas elétricas excessivas que, ao olhar um pouco acima do topo das árvores, consegui vislumbrar o farol de Arcadia Bay a apenas alguns quilômetros de distância.

“Talvez eu fique seguro se conseguir chegar até ele.”

E foi com esse pensamento que obriguei meus pés a seguirem pela trilha de pedras, colocando um de meus braços a frente do rosto para conseguir permanecer de olhos abertos, já que o vento aumentava consideravelmente a casa segundo.

— Puta merda! — as palavras escaparam de minha boca quando cheguei ao farol, deparando-me com um enorme tornado. E este, por sua vez, seguia desenfreado em direção à cidade.

Minhas pernas fraquejaram em consequência ao frio e pavor, porém o medo era tanto que petrifiquei no lugar. Meus olhos permaneceram fixos naquela monstruosidade quilômetros à frente. Meu coração batia com tanta ferocidade contra minha caixa torácica que, tinha a leve impressão de que o mesmo poderia ser visto facilmente através de minha camisa. Foi então que, em questão de segundos, avistei um barco praticamente voar do meio do tornado em direção ao farol, fazendo com que a superfície do mesmo se rompesse e os estilhaços serem lançados em minha direção. Em um ato de completo desespero, ergui os braços com a finalidade de proteger-me, mesmo sabendo que era inútil, e então tudo escureceu.

Minhas pálpebras foram abertas de modo quase veloz tamanho era o meu espanto, porém fui obrigado a fechá-las novamente quando a claridade machucou minhas retinas. No entanto, quando esta não mais incomodou, pude suspirar aliviado ao dar-me conta de que estava na aula de fotografia.

— Alfred Hitchcock uma vez disse que os filmes eram “pequenas partes do tempo”. Mas ele poderia estar falando de fotografia, e provavelmente foi o que aconteceu. — comenta Seneca Crane, meu renomado e famoso professor de fotografia.

Ainda assustado com o que acabara de acontecer, vasculhei a sala com meus olhos, encontrando todos os alunos concentrados no que o professor dizia, não notando assim meu pequeno sobressalto ao despertar de um possível pesadelo.

Certo, eu estou na aula. Está tudo bem. E o mais importante: eu estou seguro.

E foi com esse pensamento que me ajeitei sobre a cadeira e respirei fundo, tentando acalmar meu coração que ainda bate consideravelmente rápido em meu peito. Mas a questão era que, eu não me recordava de ter dormindo, e aquilo definitivamente não pareceu ser um sonho, era real demais. Então o que foi aquilo?

— Essas “partes do tempo” podem nos mostrar a nossa glória e a nossa tristeza; desde cores até o “chiaroescuro”. — explica, e quando ele dá as costas, Clove atira uma bolinha de papel em Madge — Agora, vocês podem me dar um exemplo de um fotógrafo que capturou a condição humana nesse contexto do claro-escuro?

— Diane Arbus. — Glimmer se apressa em responder.

— Isso aí, Glimmer! Mas por que Arbus?

— Por causa das imagens de rostos sem esperança que ela costumava fotografar. Você se sente completamente aterrorizado com as mães tristes e seus filhos. — responde com um sorrisinho de superioridade.

— Vejo que andou estudando, muito bem, Glimmer. — elogia, fazendo o sorriso irritante da loira aumentar — Arbus via a humanidade como torturada...

— Isso é besteira. — intervém Cato.

— Shhh, guarde esses comentários irrelevantes para você. — aponta o indicador na direção de Cato, que revira os olhos — Sério, eu poderia enquadrar qualquer pessoa em um canto escuro e capturar nela um momento de desespero, assim como a Arbus, contudo, ela tinha medo de que fosse conhecida simplesmente como “a fotógrafa de aberrações”. Mas e se ela tivesse escolhido capturar pessoas no auge da beleza ou inocência? Ela tinha um ótimo olho, então poderia ter escolhido outra abordagem. — ele continua com sua explicação, mas minha mente desconecta-se e começa a vagar pelo sonho estranho que tive.

Centenas de pontos de interrogações começavam a surgir em minha mente e aquilo estava deixando-me levemente emburrado. Eu não era muito adepto a perguntas sem respostas. Soltando um suspiro frustrado, peguei minha câmera – já bem desgastada devido aos vários anos de uso – e apontei a lente para minha face. Sempre gostei de fotografar os diversos momentos da vida humana, as diversas emoções, e isso incluía a mim mesmo. Um clique. Um flash. E a foto havia sido tirada.

— Acho que o Sr. Mellark acabou de tirar o que vocês crianças chamam de selfie. Uma palavra idiota para uma tradição fotográfica incrível. E o Peeta... Bom, ele tem um dom. — seus olhos me analisam através das lentes dos óculos — É claro, como todos devem saber, o retrato de fotografia é popular desde o inicio de 1800. A geração de vocês não foi a primeira a usar imagens para se expressar com selfies. — ele ri ao pronunciar a última palavra — Foi mal. Não consegui resistir... Enfim, o retrato sempre foi um aspecto essencial da arte e da fotografia, desde o seu surgimento. Agora, Peeta, já que você capturou nosso interesse e claramente quer participar da conversa, pode nos dizer o nome do processo que deu origem aos primeiros autorretratos?

Droga! E agora? O que eu respondo?

— Eu... Ahn... Deixe-me pensar... Hmm...

— Ou você sabe, ou não, Peeta. — ele espalma uma das mãos sobre a mesa, levemente irritado. Parece que o Sr. Crane não está em seus melhores dias — Alguém por aqui sabe a resposta correta?

— Louis Daguerre. — Glimmer responde, mais uma vez — Foi um pintor francês que criou o Daguerreótipos, um processo que deu um estilo reflexivo aos autorretratos, como um espelho.

— Muito bem, Glimmer. O processo daguerreótipo definiu os detalhes do resto das pessoas, tornando-o extremamente popular a partir de 1800. O primeiro autorretrato daguerreótipo americano foi feito pelo Robert Cornelius. Vocês podem encontrar tudo sobre ele no livro escolar, ou até mesmo na internet. — o sinal toca, indicando o fim da aula — Pessoal, não se esqueçam de mandar uma fotografia para a competição de Heróis do Cotidiano. Eu viajarei com o vencedor para São Francisco, onde ele será contemplado pelo mundo da arte. É uma ótima exposição e isso pode iniciar uma grande carreira na fotografia. — avisa, enquanto o pessoal começa a se levantar — Annie, não se esconda, ainda estou esperando a sua participação. E sim, Peeta, estou vendo você fingir que não está me vendo. — aponta para mim entes de ir em direção a sua mesa.

Suspiro pesadamente e guardo meu material dentro da mochila. Os demais alunos se retiram, porém Glimmer permanece para puxar o saco do professor. Fico observando-os por alguns segundos, na duvida se saio da sala ou se vou falar com o Sr. Crane. A verdade era que eu não havia conseguido tirar nenhuma foto boa o bastante para poder entrar na competição, e por mais que eu não quisesse, eu tinha que me explicar. Então pós uma longa e profunda tomada de ar, criei coragem e segui em direção ao professor. Ele e Glimmer pareciam discutir sobre algum assunto da qual não dei a menor importância.

— Com licença, Sr. Crane... Posso falar com você por um segundo? — interrompo a conversa dos dois.

— Estamos ocupados, não está vendo, Mellark? Então dá licença.

— Não, Glimmer, dá licença você. — a cara de indignação da loira é impagável diante o fora dado por Seneca, que após repreendê-la com o olhar, volta-se para mim — Eu jamais deixaria uma das futuras estrelas da fotografia não enviar uma foto.

— Tenho mesmo que fazer isso? Acho que isso não é nada demais. — tento convencê-lo.

— Peeta, você é melhor fotógrafo do que mentiroso. — sorri enquanto ajeita os óculos — Eu sei que é difícil prestar atenção em um velho dando aula, mas a vida não espera você tomar alguma atitude. Você é jovem, o mundo é seu, bla, bla, bla, entende? Você tem um dom. Tem a capacidade de fotografar e enquadrar o mundo de uma maneira que só você enxerga. Agora, tudo que você precisa é de coragem para compartilhar esse dom com os outros. É isso que separa os artistas dos amadores. — ele poderia ser bastante chato às vezes, mas eu tinha que admitir, ele era um excelente professor.

— Eu... Eu vou pensar, está bem?

— Só não demore muito.

— Pode deixar. — aceno levemente com a cabeça antes de sair da sala. Talvez ele tivesse razão, eu tinha que deixar meus medos de lado para poder seguir meus sonhos.

Enquanto seguia em direção ao meu armário, coloquei meus fones de ouvido, contudo, no meio do caminho avistei uma foto do farol de Arcadia Bay estampada em um dos murais principais. E bastou aquela simples fotografia para que as imagens do meu sonho estranho viessem à tona em minha mente. Eu precisava de um tempo no banheiro. Jogar água no rosto e garantir que eu não estava com uma aparência ruim.

Quando cheguei ao mesmo, suspirei aliviado ao notar que estava vazio. Direcionei meus paços até uma das pias e comecei a lavar o meu rosto. Aproveitei o momento para analisar o meu reflexo no espelho por alguns segundos antes de retirar da mochila uma fotografia minha. Fotografia essa que eu havia tirado em meu quarto no início daquela manhã. Nela eu estava de costas para a câmera enquanto analisava o meu mural de fotos.

Relaxe, Peeta. Pare de se torturar. Você tem “um dom”.

Desvio minha atenção da fotografia e volto a encarar meu reflexo no espelho. Meus cabelos estavam bagunçados e minha expressão demonstrava cansaço.

— Foda-se. — murmuro ao rasgar a foto ao meio e jogar seus pedaços no chão. Se eu quisesse participar da competição, precisaria de uma fotografia muito melhor que aquela.

Foi então que, através do reflexo no espelho, pude vislumbrar uma borboleta azul adentrar o banheiro pela fresta da janela. Ótimo! Como dizia o ditado, quando uma porta se fecha, uma janela se abre... Ou algo do tipo. Avistei-a repousar na borda de um balde que havia sido esquecido em um canto atrás das cabines. Então, com cuidado, aproximei-me dela. Ela era linda, suas azas refletiam a luz tornando o azul forte e ainda mais intenso.

Ok, Peeta, você não tem uma oportunidade de fotografia como essa todos os dias.

Retiro minha câmera Polaroid da mochila, foco na bela borboleta azul e pronto, a foto havia sido tirada. Devido ao flash, ela se espantou e saiu voando. Sem dar muita importância para onde ela havia ido, peguei a fotografia e juntamente com a câmera, guardei-as em minha mochila, no mesmo instante a porta do banheiro era aberta. De modo quase veloz, acomodei-me atrás da cabine e cuidadosamente, para não ser pego, analisei quem havia entrado. Gale Hawthorne.

— Relaxa Gale... Não se estresse... Você está bem, cara. Conte até três. — murmura para si mesmo enquanto leva às mãos a cabeça — Não tenha medo. Você é o dono dessa escola. Se você quisesse, poderia explodi-la. Você é quem manda. — ele não parecia nada bem.

De repente, a porta fora aberta novamente e outra pessoa passara por ela. Katniss. Mas o que diabos ela estava fazendo no banheiro masculino?

— O que você quer? — Gale de modo ríspido.

— Espero que tenha verificado o perímetro, como o idiota do meu padrasto faria. — comenta Katniss, abrindo as portas das cabines para verificar se havia mais alguém — Agora, vamos falar de negócios.

— Não tenho nada para você. — rebate secamente enquanto aperta a bancada da pia.

— Errado. Você tem muita grana.

— Minha família tem. Não eu.

— Ah, coitado do riquinho. — diz com sarcasmo ao se aproximar dele — Eu sei que você passa drogas e outras merdas para os garotos daqui. Aposto que sua família respeitável me ajudaria se eu falasse com eles. Cara, já posso ver as manchetes.

— Deixe-os fora disso, vadia! — expressa entre dentes.

— Posso dizer a todo mundo que Gale Hawthorne não passa de um retardado que implora como uma garotinha e fala sozinho. — Katniss o empurra com deboche.

— Você não faz ideia de quem eu sou, ou onde está se metendo! — rosna ao retirar uma arma do casaco e apontar para Katniss.

Merda! Eu preciso fazer alguma coisa!

— De onde você tirou isso? — pergunta assustada — O que está fazendo? Qual é? Abaixa essa coisa!

Nunca me diga o que fazer. Estou muito cansado de pessoas tentando me controlar! — ele se aproxima de Katniss enquanto aponta a arma para sua barriga. Posso ver claramente o desespero nos olhos cinzentos da morena.

— Você terá muito mais problemas por isso do que por causa das drogas... — ela tenta afastá-lo, em vão.

Viro-me apressadamente a procura de algo que possa ajudar, vasculho o carrinho de limpeza, mas infelizmente não encontro nada. O desespero e a impotência começam a tomar conta do meu corpo.

— Ninguém sentiria falta de uma retardada, sentiria?

Pensa Peeta, pensa!

— Tira essa arma de perto de mim, seu psicopata! — pede com a voz embargada e o empurra. E aquele foi o seu erro.

O som do tiro ecoou por todo o ambiente no exato instante em que saí de traz da cabine. As cenas seguintes ocorreram em câmera lenta diante os meus olhos. Katniss, com as mãos sobre o abdômen, lentamente fora caindo até se chocar contra o chão, imóvel, sem vida.

— NÃO! — grito com todas as minhas forças, erguendo minha mão em sua direção, sentindo o coração afundar em meu peito tamanha dor.

Foi então que, de repente, tudo ao meu redor começou a ficar distorcido. As luzes tornaram-se mais fortes e as cenas de segundos atrás começaram a retroceder rapidamente, e então, eu não estava mais no banheiro, e sim na aula de fotografia.

Mas que porra é essa?!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro capítulo, não tenho uma data certa para postar, mas prometo que não demoro. Beijão e até a próxima. ; )
Ah, e antes que eu me esqueça, esse aqui é o link com o trailer da fic:
https://www.youtube.com/watch?v=CyQi_NoPv6w&feature=youtu.be