Operação Cinderela escrita por Lily


Capítulo 17
16. Caitlin




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C A I T L I N

—Então, como foi? Já posso comprar meu vestido de madrinha ou eles vão me dar também? - Amaya indagou fechando a porta da sala.

—Eu não vou ganhar isso. - Caitlin disse fechando a aba aberta em um site de compras e desligando a tela do computador. - Vai ser impossível eu ganhar.

—Não seja pessimista, Cait. - Amy falou. - Pensamentos positivos.

—Não dá pra ter pensamentos positivos quando o concurso já está comprado. - resmungou cruzando os braços sobre os seios e se encostando na cadeira. Amaya abriu a boca surpresa e então a olhou perplexa.

—Como assim? Que história é essa?

—Felicity e eu descobrimos que o concurso já está comprado para uma das noivas ganhar. Sabe, eu até que estava irritada no início, mas depois acabei me convencendo que será melhor assim. Tudo já está uma confusão só. Eu acabei me envolvendo com pessoas que não deveria me envolver, Felicity disse que seria melhor me afastar e acho que desistir será melhor.

—Opa. Opa. Opa. Dá um tempo aí. - Amaya pediu erguendo as mãos e pedindo calma. - Como assim desistir? Com quem você se envolveu? O que diabos está acontecendo?

—Aí Amy. Eu não sei mais o que fazer. - se lamentou escondido o rosto entre as mãos. - Sinto como se estivesse a beira de um penhasco, sabe? E toda vez que olhou para trás vejo tudo me empurrando cada vez mais para frente. E me empurra e parece mais tão tentador lá embaixo, tão calmo. Sinto que seria mais fácil simplesmente desistir. Não remar contra a maré e deixar tudo isso para trás.

Amaya bateu as duas mãos sobre a mesa de repente.

—Caitlin Snow. Qual o seu maldito problema? Você nunca desistiu na primeira adversidade, por que fazer isso justo agora?

—Porque eu estou cansada. Eu não sei mais o que fazer. - revelou, suspirando frustrada.

—Ligue para Felicity. - Amy disse. - Não estou dando conta de suas crises existenciais, talvez ela possa ajudar. Me dá o celular.

—Ela deve estar ocupada. - falou. Felicity tinha um a trabalho exaustivo na revista e agora com o bebê e a revelação, estava mais sobrecarregada do que nunca. - Não quero incomodá-la.

Amaya deu de ombros, Caitlin sabia que ela por vezes não conseguia suportar sua personalidade dramática e que estava fazendo o maior esforço possível para não lhe dar uns tapas na cara. Para Amaya, Caitlin vivia em um eterno drama.

—Felicity não é apenas a mulher responsável por te treinar para um concurso. Ela é sua amiga e tenho certeza que terá pelo menos dois minutos para te acalmar. - Amaya disse já pegando o celular dela e ligando, então ela colocou o aparelho no viva-voz e esperou, dois toques depois a voz de Felicity soou. - Felicity, aqui é Amaya.

—Oi querida, a que devo a honra desta ligação?

—Caitlin está em uma puta depressao, mas acho que você tirar ela dessa fossa dizendo a ela que existe sim um enorme chance dela vencer a droga deste concurso.

Felicity riu e Caitlin já podia imaginar o revirar de olhos. Ela tinha essa péssima mania.

—Cait, você tem sim chance de ganhar. Todas têm.

—Mas tudo já está comprado. - Caitlin resmungou apoiando a lateral da cabeça no punho fechado. - Não tem como.

—Nada na vida é certo. - Felicity disse. - Laurel teria sim a chance de ganhar isso se a gente não estivesse sabendo, mas eles não sabem que a gente sabe, então a gente sabendo já abre uma oportunidade de conseguirmos já que a gente sabe de coisas que eles não sabem que a gente sabe.

Amaya olhou para Caitlin o testa franzida e olhar confusa, ela apenas riu da cara da amiga.

—Felicity na nossa língua por favor. - pediu.

—Simplesmente vamos virar o jogo. Reverter a situação ao nosso favor, se eles querem uma competição, é isso que terão.  

—E como planeja fazer isso? - Amaya indagou curiosa.

—Eu tenho um plano. Mas antes tenho apenas que confirmar alguns fatos com algumas pessoas.

Caitlin e Amaya se entreolharam intrigadas com aquela frase misteriosa de Felicity.

—Veja bem o que você está tramando, Smoak. Não quero ir para a prisão. Eu assisti Orange is the new black e sei que não sirvo para isso. - advertiu fazendo Felicity e Amaya rirem.

×××

Caitlin respirou fundo e ergueu a mão batendo contra a madeira. Deu um passo para trás e esperou, a porta foi aberta por Rafael que lhe sorriu e se encostou no batente. Ela sentiu o corpo se arrepiar quando os olhos dele seguiram de cima para baixo a analisando.

—Onde está Lily? - indagou apertando a alça da bolsa com força.

—Bom dia para você também, Cait. Ela já está vindo. Tivemos uma noite bastante produtiva, sabia?

Caitlin respirou fundo tentando controlar seus nervos.

—Ela é bem mais sociável que você. - ele completou e sorriu ainda mais. Lily passou por ele empurrando a mochila contra as costas, ela tinha uma cara péssima e parecia irritada.

—Te espero no carro. - Lily murmurou saindo apressada pelo corredor em direção a escada.

Caitlin se voltou para Rafael e deu um sobressalto quando viu que ele estava perto demais.

—Você está tão linda hoje, querida. - ele sussurrou se aproximando ainda mais, e então subitamente ele avançou em direção a sua boca, Caitlin instintivamente ergueu o joelho, acertando Rafael em suas partes íntimas, então correu o mais rápido que conseguia sem olhar para trás, mas mesmo assim ainda pode ouvir os grunhidos de dor misturados com a risada psicótica dele.

—Entra no carro. - ordenou assim que avistou Lily, pegou rapidamente a chave na bolsa e apontou para o carro desligando o alarme, as portas se destacaram e Lily entrou. Caitlin deu a partida e saiu do estacionamento o mais rápido que conseguia, então somente quando estava a cinco quadras do prédio de Rafael, ela se deixou respirar.

Lily a olhava compreensiva, não iria fazer nenhuma pergunta naquele momento ou falaria qualquer coisa. Ambas sabiam que aquilo já havia chegado ao limite.

—Vou contratar um advogado. - disse.

—Será melhor a fazer. - Lily afirmou. - Para nós duas.

×××

Felicity já a esperava em frente ao consultório assim que ela chegou. Ela vestia um casaco preto e usava óculos escuros embora o dia estivesse nublado. Caitlin se segurou para não rir daquela situação, Felicity seria uma péssima agente secreta.

—007, não esperava te ver por aqui. - brincou e Felicity lhe fez uma careta.

—Não quero que ninguém me reconheça, não posso revelar minha gravidez ainda. - ela disse. - Agora vamos, quero acabar logo com isso.

Caitlin seguiu Felicity para dentro do prédio, ela tinha marcado uma consulta ginecológica para saber sobre a saúde do bebê. Caitlin sabia que Felicity estava um papo de surtar completamente, podia ver suas mãos tensas e a respiração irregular.

—Você precisa se acalmar. Isso não é o fim do mundo. - assegurou enquanto esperavam o médico terminar a última consulta antes de Felicity.

—Eu sei. Apenas não consigo entender como isso foi acontecer. Eu tinha tudo planejado e esse bebê não estava nos planos.

—Mas isso não quer dizer que ele seja uma coisa ruim, não é?

Felicity suspirou passando a mão pelo rosto. Ela estava visivelmente cansada e perturbada. Não era uma situação fácil de se lidar, havia uma vida não programada a caminho e mesmo que ela tivesse nove meses para se adaptar, não seria fácil lidar com os olhares e os sussurros que a cercariam. Mas Caitlin sabia que Felicity era a melhor pessoa para lidar com aquilo, porque embora fosse um pouco surtada, era uma mulher incrível e admirável.

—Você entra comigo, por favor? - Felicity pediu assim que a enfermeira chamou seu nome. Caitlin assentiu e ambas seguiram a enfermeira até a sala do médico.

O ginecologista parecia ter a idade delas, Caitlin sorriu para ele, não podia negar o quanto ele era bonito, cabelo preto perfeitamente arrumado e olhos azuis vivos, os músculos dos braços pareciam evidentes por baixo do jaleco branco. Ele fez as perguntas básicas para Felicity que respondeu tudo sem hesitar, por fim ele disse faria um novo teste, desta vez de sangue, e que dentro de meia hora teriam o resultado.

—Você pode enviar para o meu email? - Felicity indagou. - Tenho uma reunião muito importante e não posso faltar.

—Claro. Minha secretária tem seu email e ela enviará.

—Obrigada.

—Tenham um bom dia. - ele desejou.

—Você também. - Caitlin disse sorrindo e saindo da sala. - Pensei que tivesse o resto do dia livre?

—E tenho, mas se ficasse mais um minuto lá acabaria explodindo de tanto tesão. Você viu aquele sorriso? - Felicity revelou arrancando uma gargalhada dela.

—Você realmente não bate muito bem da cabeça.

—E você só percebeu isso agora? Vamos para o meu apartamento, pedimos o chinês e esperamos o resultado.

Caitlin assentiu sorrindo. Felicity era realmente a amiga que todos queriam ter.

×××

—Você consegue imaginar? Uma garotinha com a minha cara?

—Eu consigo imaginar o quanto ela será encrenqueira. Se tiver sua personalidade ela será incrivelmente propensa a se meter em encrenca. - disse tomando um longo gole de seu suco.

—Ela vai ser maravilhosa. - Felicity falou com a voz sonhadora.

—É. Com certeza vai. - afirmou. Os trinta minutos ainda não haviam acabado, mas Felicity já fazia milhares de planos em sua cabeça, Caitlin não queria soar como uma pessoa pessimista, mas sentia que algo estava errado, não sabia dizer o que, porém seu coração apertava toda vez que Felicity lhe dizia qual nome colocaria em seu futuro filho.

Então, o bendito email chegou. Felicity soltou o garfo e olhou para a tela do celular.

—Apenas respire. - Caitlin pediu vendo as mãos da amiga tremerem. Felicity inspirou profundamente e clicou no email.

Caitlin observou os olhos dela se moverem de um lado para outro da pequena tela e então Felicity fechou as pálpebras e pareceu tremer ainda mais.

—E aí, o que deu? - indagou, mas subitamente Felicity desabou a chorar. - Ah não, querida.

Caitlin correu até ela a tomando em seus braços em um abraço apertado. Olhou para o celular sobre a mesa e viu a palavra “negativo” em negrito. Apertou Felicity ainda mais contra seu corpo e beijou sua testa.

—Não se preocupe. Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. - a consolou, mesmo sabendo que as promessas eram vazias. - Eu estou aqui. Sempre vou estar.

Felicity continuou a chorar e Caitlin a acalentá-la. E ficaram assim por horas, pois nenhuma abandonaria a outra tão cedo.

 


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Notas finais do capítulo

Desculpa se esse não é exatamente um dos meus melhores capítulos, mas apenas não podia deixar de postar hoje.
Espero que gostem.



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