Ruined Dreams escrita por WeekendWarrior


Capítulo 17
Heavy Hitter


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Jake

Dava passos largos em direção a minha caminhonete, Mary logo atrás de mim. Minha mente parecia um ciclo de pensamentos infindáveis. Elizabeth com um foragido? Seu marido era um foragido? Esteve fugindo dele todo esse tempo? Algumas coisas agora pareciam fazer sentido. Nunca falava de seu passado, não gostava de tocar no assunto, não tinha celular e tremia toda vez ao ouvir ou ver algo suspeito.

Minha garota vivia amedrontada, sozinha, presa em si mesma. Chorava e gritava internamente, e eu cego, simplesmente não pude enxergar o que seus olhos transbordavam; desespero.

Mary explicou-me uma história que fez-me sentido, na verdade, tudo soava-me mais como um mirabolante roteiro de cinema, mas as provas de Mary foram o suficiente para me convencer e agora vejo que preciso salvar minha garota, minha Elizabeth, não posso perdê-la, não duas vezes. Não agora! Deus, eu amo essa mulher.

— Jake, calma! – virou-me uma afobada Mary – Aja com calma, vamos pensar.

— Pensar o quê? Com todas as coisas que você me disse lá dentro, não temos tempo para pensar.

Abri a porta do automóvel.

— Espera! Aonde você vai?

— Vou contatar um amigo policial.

A ruiva meneou a cabeça.

— A busca teria de ser intensiva.

— E vai ser, em todo o país se depender de mim.

Ela pensou por alguns segundos.

— Tudo bem, vamos. Vou com você, ok? Tenho alguns contatos a quem ligar também.

Eu dirigia mais que rápido pela estrada, estávamos perto da delegacia, onde Tarik estaria, chefe de polícia e futuro marido de Wendy.

— Mary, por que não a protegeu? – indaguei com tom acusador.

A ruiva pensou por alguns segundos, meneou a cabeça pesarosa.

— Lizzy não é fácil, nunca foi. Quis protegê-la sim, tentei colocá-la num programa de proteção à vítima, mas a mesma insistiu-me para não fazê-lo – deu uma pausa drástica, deu de ombros – Teimou comigo, mas nesse ponto já não nos falávamos direito, James a rondava, mesmo estando na cadeia. Ela morria de medo dele… Não sei como conseguiu arquitetar tudo e fugir dele. Na verdade, acho que perdemos contato por causa deleele me afastou dela.

— Por que não o denunciou? O entregou pra polícia?

Ela deu um riso amargurado, encarou-me, devolvi seu olhar e voltei a fitar a estrada.

— Quem você acha que o fez ir pra cadeia? Eu o denunciei, entreguei o local onde se localizava sua empresa fachada. Lizzy não faz ideia disso – a ruiva suspirou – Achei que com ele preso, Lizzy estaria livre, porém enganei-me. Jake, você não entende, ele é muito poderoso. Conseguiu fugir da cadeia.

Soltei o ar de meus pulmões e fitei a ruiva que tinha lágrimas escorrendo a face pálida.

— Nós vamos encontrá-la e salvá-la, entendeu? Nem que eu morra pra isso acontecer.

— Ele é muito perigoso, Jake. Não sei como ainda você não morreu, como ele não te matou. Ele tem um amor doentio por Elizabeth.

Meneei a cabeça negativamente, sorri de canto debochando.

— Duvido que o amor dele seja maior que o meu.

As palavras pulavam sem sentido da minha boca enquanto Tarik encarava embasbacado, estático, quase não acreditando no que eu proferia. Mary ao meu lado ajudava-me no testemunho, contou ao Delegado desde o começo até agora, esclareceu a mente de todos ali, até mesmo a minha.

— Há quanto tempo ela está desaparecida? – indagou o policial.

— Quase três dias – respondi rápido.

O homem pensou por alguns segundos, logo outro oficial adentra a sala.

— Aqui, chefe. A ficha de James Edward Franco.

Um papel foi passado para a mão de Tarik, qual leu o papel intrigado, queria arrancar-lhe o papel e ler, minha apreensão era do tamanho do mundo. Elizabeth estava em perigo e era tudo que eu pensava. Eu a deixei partir. Preciso vê-la e tê-la em meus braços para ter a certeza de que tudo está realmente bem.

Numa hora dessas eles devem estar longe, James pode ter a levado para qualquer lugar do país, até mesmo do mundo. Sinto um aperto em meu peito em pensar em tal hipótese.

— James está sendo procurado em todo o país desde sua fuga – falou Tarik – Vamos começar a buscar por Elizabeth imediatamente.

— Se foram mais de 48 horas, Delegado, eles devem estar muito longe. Com certeza ele deve estar de carro, pois seu rosto está estampado em todos aeroportos e rodoviárias – disse uma afobada Mary.

Tarik assentiu de leve.

— Sim, deduzi isso. Vou colocar todos os Estados em alerta, logo teremos a notícia na televisão. Porém, seja mais provável que ainda estejam aqui, no Nebraska.

— Quanto tempo, Tarik? – indaguei a meu amigo.

O homem encarou-me.

— Sinto muito, Jake. Estamos a mercê do tempo, da sorte, de Deus, do que quer que seja. Farei o possível, a corporação fará o máximo – uma pausa fez-se – Vamos encontrá-la, disso dou-lhe certeza.

Saímos da delegacia, Tarik partiu em sua viatura, iria entrar em contato com outros departamentos policiais, nada mais eu poderia fazer, a nãos ser esperar e rezar para Deus.

Escutei soluços e virei-me para ver Mary tentando conter o choro, porém a mesma desistiu, chorou copiosamente, abracei-a.

— Eu devia tê-la cuidado, é minha culpa, Jake. Ela só tinha a mim e…

— Não diga isso, pois a culpa foi minha, praticamente entreguei-a para aquele homem dias atrás, devia ter lutado por ela, mas eu estava com tanto ódio por ela ter mentido.

A ruiva afastou-se, enxugou o rosto.

— Não se culpe, por favor. Vamos pensar positivo, vão achá-la e pegarão James… Ele vai pagar por isso!

Sim, ele pagaria e se possível eu o faria pagar.

— Sim, ele vai pagar.

 

Elizabeth

Deitada encolhida na cama que cheira a mofo penso em quão desgraçada minha vida está sendo. Penso em Jake, em Mary, em meus pais, na morte de minha mãe, qual não penso muito, pois a odiei por anos a fio, nunca a entendi por ter deixado meu pai, porém agora a entendo, a mesma apenas queria ser livre. Recordo-me de meu pai, qual casou-se de novo, teve filhos, dois talvez, não lembro-me ao certo, nunca dei-me o trabalho de visitá-lo, vejo que abri mão de muitas coisas por James, ele afastou-me dos meus.

Dediquei anos significantes de minha vida a esse homem, dei-me ao máximo, para no fim não receber nada em troca e o pior de tudo é que o amei, eu o amei. Mas agora acabou, as feridas não podem ser fechadas, não por ele, apenas por Jake.

Oh, Jake. Como queria estar ao seu lado agora. Como deve estar? O que está pensando? No que todos estão pensando? Pois perceberam que não fui trabalhar. Será que Jake os inventou uma desculpa qualquer ou fez questão de dizer quão vadia fui? E Mary? Deus, ela deve estar surtando.

Uma mínima esperança entra em meu peito e penso que alguém possa estar preocupado comigo, vindo socorrer-me, vindo salvar-me, o queria seria praticamente impossível.

Fungo e ajeito-me melhor na cama de casal. Esse quarto de hotel é a minha mais nova prisão, onde passei acho que mais de 24 horas pela minha dedução. Estou há um dia e meio aqui, presa, perambulando de um lado para o outro, vivendo com medo.

Pude ouvir James falar com alguns de seus capangas, as coisas estão difíceis para o bronzeado, seu belo rosto está em todo lugar, pois o mesmo é um fugitivo. Está querendo contornar o Estado do Nebraska, e seguir pelo Colorado, logo após Novo México e assim alcançando seu ponto final, México, na América Latina, a terra livre, como ele mesmo diz.

Se seu plano funcionar e eu sei que vai, minha sentença está feita, no momento que cruzarmos a fronteira, estarei perdida pra sempre nos braços de James.

Ainda estamos no Nebraska, mais ou menos 5 horas longe de Linlcon, aqui nesse quarto, escuro, sozinha, rodeada por homens maus e o próprio demônio; James.

Ouço a porta ser destrancada e não movo-me para encarar a silhueta que no recinto entra.

— Ainda está viva? – indaga o homem em tom sarcástico.

Ouço-o trancar a porta, acende a luz comprimo meus olhos.

— Infelizmente sim.

Ele ri sádico e sem aguentar o fito.

— Fazendo isso, você apenas me instiga Elizabeth. Me instiga a te querer.

Ele retirou a jaqueta e a jogou num sofá próximo, ele havia se desfeito das roupas caras para não chamar atenção.

— Não se atreva a me tocar.

Sentei-me na cama receosa.

— Pelo amor de Deus, você é minha esposa!

Ele sentou-se ao meu lado, lentamente, sua mão chegou em minha coxa, o repeli.

— Não me toque.

— Estou cansando desse seu joguinho.

— Não é jogo, James!

Sua mão tocou-me novamente, agora de maneira firme. Tentei afastá-lo, mas não consegui, James segurou-me pela nuca, beijou-me o pescoço, pois virei o rosto.

— Eu te amo tanto, Lizzy. Eu apenas te quero, te quero que nem antes.

O empurrei com força.

— Não!

O homem puxou-me novamente, tentei repeli-lo, o empurrei, ele puxava.

— Você é minha.

Arranhei sua garganta e braços com toda força que tinha, deixando-o rastros extremamente vermelhos, fazendo-o se afastar e praguejar. Cambaleei pro outro lado da cama, pus-me de pé. Suas narinas dilataram, parecia um felino prestes a atacar, encarava-me com ódio. Pulou a cama na tentativa de me pegar, corri para o outro lado do cômodo.

— James, não, por favor!

— É melhor você não gritar.

Veio em minha direção. Eu implorava com os olhos, ele viria e me pegaria e faria comigo o que quisesse. Num ato rápido corri até o banheiro e lá tranquei-me.

Sua mão deu um soco na porta, fazendo-a tremer, pensei que a mesma viria ao chão.

— Abra já essa maldita porta, se não eu a derrubarei!

Afastei-me da porta em passos lentos, encostei-me na parede fria, meu peito subia e descia, lágrimas desciam livremente.

— Abra já, Elizabeth! Não me faça perder a cabeça!

— Me deixa, James, por favor… – supliquei.

Outro baque na porta, o que deduzi ser um chute. Escorei na parede até o chão, sentei inerte ali, apenas chorando. James nada mais fez, não bateu, não gritou, mas ouvia seus passos inquietos que num momento pararam.

— Amor… por favor… – escutei-o falar calmo rente a porta – Abra a porta, por favor. Me perdoe, eu perdi a cabeça, não vai acontecer de novo, eu juro.

Não disse nada, apenas encarava a sombra de seus pés através da fresta no chão.

— Lizzy, meu anjo, abra pra mim a porta. Vamos, abra. Não vou machucá-la, eu juro.

Fechei os olhos e suspirei antes de falar.

— Promete mesmo, James?

— Sim, prometo. Agora abra.

De pernas trêmulas levantei e fui em direção a porta. Tomei ar e força, preparei-me para qualquer coisa antes de destrancá-la. Rodei lentamente a fechadura e a abri devagar. Ali avistei um suado James, assim revelando seu transtorno, a regata branca não escondendo as marcas que o deixei.

Então ele sorriu, sorriu lindamente como se nada tivesse acontecido minutos atrás. Era como se eu voltasse no tempo, anos atrás. Nossas discussões sem fim e no final tudo se refazia, nos amávamos arduamente e nos desculpávamos.

— Você não sabe como senti falta disso – falou sorrindo e me abraçou.

Por um segundo senti-me bem, senti-me estranhamente bem e quase imperceptivelmente retribuí àquele abraço maníaco.

— Por favor, não me machuque, Jim – pedi calma.

Ele se afastou e pegou meu rosto entre suas mãos.

— Com o tempo você virá, Elizabeth, você virá pra mim.

E abraçou-me de novo, porém não retribuí. Minha vontade era de matá-lo, mas não tinha coragem para tal. Queria fugir, mas não tinha meios para tal, a única escolha era esperar minha morte e ceder a James quando não mais conseguisse fugir.

Ao menos havia um lado bom nisso, Jake estava bem, estava a salvo e isso fazia-me seguir em frente, mesmo sabendo do ódio que o homem deveria sentir por mim numa hora dessas.

— Você é minha pra sempre, ouviu? Pra sempre.


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Notas finais do capítulo

Beijão.



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