Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 16
Capítulo 16 - Penélope


Notas iniciais do capítulo

Não teve beijo. Ninguém ficou com ninguém. Mas acho que todas nós concordamos que o Dean está praticamente redimido das burradas que comentou no início da fic. Só que... acho que ele aguenta ainda uma dose pequena de sofrimento para se redimir totalmente e finalmente conseguir o q está querendo... o q acham?

BJOOOOOOOOOOOO meninas, amando ter vcs aqui. Obg Carina, Miss, Gabi, Louis, Anna, rosas e Sra.



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PENÉLOPE

 

Acordei razoavelmente cedo apesar de tudo. Sempre acabo acordando cedo. Só que naquele dia me sentia perdida. Não sabia onde estava, nem como chegara até ali. Esfreguei os olhos com calma. Reconhecendo a prateleira em frente. A cortina logo acima indicava que estava no dormitório. O aroma era da minha cama, mas havia outro. Um cheiro que eu conhecia e que estava grudado no meu nariz, no meu rosto, na minha pele. Era cheiro de Dean. As boas e costumeiras reações me invadiram quase de imediato. Como se ele estivesse ali comigo.

Sentei na cama e imediatamente o quarto todo rodou. A cabeça estalou. Fechei os olhos novamente.

Droga!

O que foi que eu fiz ontem? Me perguntei jogando o corpo para trás, caindo sobre o travesseiro. Movi a cabeça calmamente e com o canto do olho vi Josy dormindo na cama ao lado. De costas para mim. Com certeza ela não voltara bêbada para casa.

Suspirei passando as mãos pelo rosto e finalmente percebendo que estava usando o mesmo suéter da noite. Me mexi, nas pernas não era a calça do pijama e sim as jeans. Fechei os olhos, tentando coordenar as lembranças da noite.

A chegada na fraternidade. Dean encostado ao meu lado na cozinha. Alan jogando. Muita bagunça e zoeira no quarto dele. Música alta. Lembrei de que estava conversando com a amiga de Lissa. Uma garota simpática e inteligente. Gostei dela também. Dean chegou, falou sobre o que eu estava bebendo. O que eu estava bebendo? Ponche? Acho que era isso... lentamente as lembranças surgiram. O rosto dele perto do meu enquanto me ajudava a colocar o casaco ou o cinto de segurança. Sua voz irritada pedindo pela chave do prédio.

Foi ele quem me trouxe para casa?

Claro que sim! Era a função dele naquela noite.

Outro suspiro.

Que merda! Que porra! Que bosta bem grande!

Ele me ajudou. E a certeza da ajuda me fazia bem e mal ao mesmo tempo. Essa história praticamente me confirmava que estava enganada a respeito de Dean e ele poderia ser alguém capaz de agir como um cavalheiro. Já sabia que era capaz de manter a palavra. De ser organizado. E agora, de ser realmente um cavalheiro.

Mudei de posição na cama abraçando o travesseiro. Suspirando. Desejando estar errada. Ficava difícil manter meu coração em um ponto seguro quando tudo parecia me levar em direção ao abismo. Um abismo sem fundo e conhecido de dor e sofrimento. Meu telefone tocou, peguei antes que Josy acordasse, não queria atrapalhar o sono dela. Com os olhos ainda embaçados vi que era Róger. Nós tínhamos marcado de nos encontrar no mesmo lugar do domingo anterior. Só que desta vez eu não estava com a mínima vontade de ir.

Acabei atendendo a ligação. Era o mínimo que poderia fazer.

— Alô... - falei baixo e sem entusiasmo.

— Bom dia Penélope! Estou atrapalhando? - ele perguntou rapidamente.

— Não... minha colega de quarto ainda está dormindo, por isso estou falando baixo. - justifiquei o tom de voz desestimulado com uma verdade.

— Certo... - a voz encabulou do outro lado - sim, é cedo... só agora percebi isso...

— Ok. Não é tão cedo.– constatei finalmente.

— Como foi a festa surpresa pra sua amiga?

— Foi boa... - respondi vendo a imagem de Dean se materializar diante de mim.

— Essas festas vão até bem tarde, o pessoal costuma beber demais.

Ele comentou.

— A garota pra quem a festa foi preparada não gosta muito desse tipo de coisa. - expliquei e nesse momento me senti mal por ter comentado com ele que o grupo de estudos do qual eu participava era formado por jogadores de futebol que só pensavam em festas, mulheres e bebida... eles, todos eles, eram bem mais do que isso.

— Certo. - ele disse de repente como se estivesse cansado daquele assunto. - Então, vamos nos ver hoje?

Imediatamente tive a certeza de que não queria vê-lo. Na verdade precisava era falar com outra pessoa.

— Estou cansada. - comecei baixo.

— Você fugiu da rotina é isso. - ele parecia ter explicação para tudo.

— Sim. E vou aproveitar para descansar. Nos vemos na aula terça-feira.

Será que ele entenderia o que eu queria dizer com aquilo?

— Está certo. - sem qualquer sinal de que levar um bolo o incomodava ele aceitou minha sugestão. - nos vemos na terça-feira. Descansa...

— Vou descansar. - falei ouvindo o telefone ficar mudo do outro lado.

Ele sequer esperou pela minha despedida!

Suspirei. Estava precisando de um banho, aliviar a cabeça, a preguiça, tirar aquele bendito cheiro de Dean do meu nariz. E depois, bem depois precisava ligar pra ele. Agradecer por ter me trazido para casa e provavelmente me colocado na cama. A última parte não tinha lembrança. Entregar as chaves nas mãos dele era a imagem final das recordações da madrugada.

 

******************

 

Quando retornei para o quarto, alguns minutos depois, Josy ainda dormia a sono solto. Eu queria falar com Dean, mas não queria que ela ouvisse. Provavelmente minha colega já sabia o que acontecera. Todos deveriam ter conhecimento que eu bebi demais. Mas como ia saber que aquele negócio produziria esse tipo de reação em mim? Todos estavam bebendo e ninguém me parecia bêbado ou perto de ficar bêbado.

Droga!

Olhei o celular sobre a cômoda enquanto terminava de escovar os cabelos molhados. Precisava ligar para o Dean... ou melhor. Devia ligar para Dean e agradecer. Mesmo que fosse a incumbência dele, ele agiu com muita gentileza.

— Oi Penny... - ele disse assim que atendeu. A voz parecia preocupada.

— Oi Dean... - respondi me acomodando ao lado da porta do quarto verificando se havia alguém por perto.

— Tudo bem? - ele perguntou ainda com a voz ansiosa.

— Tudo bem... - respondi constrangida.

— Que bom!

— Dean... - chamei e imediatamente ouvi:

— Fala

— Nós poderíamos nos ver? Não queria conversar com você por telefone.

Ele silenciou do outro lado.

— É sobre o que aconteceu ontem?– perguntou afinal.

— É. - falei sincera.

— Mas não aconteceu nada demais!

A voz era tranquila, como se ele pensasse mesmo desse jeito.

— Como não? Você teve que me trazer para o dormitório!

— Só que isso não é nada Penny! Essa era minha função ontem.

— Sim, o problema é que eu estava bêbada! - falei irritada comigo mesma.

— Você não tem culpa.– ele emendou quase imediatamente, parecendo sincero.

Suspirei quase chorando. Falar com ele, e ouvir aquela voz compassiva, reforçava o sentimento de culpa pela estupidez. Se Victória descobrisse o que andei fazendo ficaria louca.

— Vou aí agora. - ele falou baixo fazendo meu coração bater descompassado.

— Não precisa... - retruquei sem ânimo.

— Desiste. Já estou saindo.

Ouvi o som da porta se fechando. Ele estava mesmo vindo. E não demoraria a chegar.

— Sério Dean... não precisa vir agora... podemos nos ver depois. É cedo!

— Estou acordado há horas. Pra mim não é cedo.

Ele informou e desligou.

Fiquei parada ao lado da porta do quarto. Olhando para o corredor vazio. Depois me decidi a descer mesmo vestindo a calça do pijama e uma jaqueta apenas. Nos pés as velhas botinas. Quando atingi a rua senti o ar frio bater direto no meu rosto. Encolhi os braços em volta do corpo. Será que deveria me sentir mal por Dean me ver assim? Encabulada? Constrangida? Por quê? Ele já vira mais do que isso. Ele vira mais do que qualquer outro.

Ele me vira só de camiseta quando bateu no meu quarto naquela noite.

Ele me viu bêbada.

Ele me viu dormindo e me colocou na cama.

E agora me veria de pijama.

O Troller dele parou bem na minha frente. Percebi que pretendia descer e caminhei até o estacionamento evitando que saísse do carro. A porta se abriu, eu entrei. Sentei no banco, no mesmo banco da madrugada. Fiquei calada, de lado, sentindo os olhos dele sobre o meu rosto.

Suspirei baixinho e finalmente o encarei. Ele me olhava com serenidade no olhar. Com o braço esquerdo apoiado na direção.

— O que eu fiz ontem? - perguntei.

— Você não lembra de nada?

Ele perguntou se ajeitando quase de frente para mim.

— Pouco. - falei sentindo meu rosto arder.

— Como falei, não foi nada demais. Você estava apenas sonolenta e...

— E? - insisti olhando para o rosto dele, percebendo que Dean fizera suspense por gosto.

— E risonha.

Como é?

— Isso! Você estava mais engraçadinha...

E riu levemente.

— O que isso quer dizer Dean?

— Absolutamente nada. Algumas pessoas choram, outras riem, outras brigam... você fica risonha quando bebe um pouco a mais.

Suspirei.

— Nunca bebo.

— Suspeitei...

Nos encaramos sérios.

— O que Brendan falou?

Ele ladeou o rosto como se não tivesse entendido o que eu falei.

— O que Brendan falou sobre o meu comportamento?

— Nada.

— Como assim nada?

— Ele não sabe... na verdade ninguém além de mim sabe do que aconteceu.

Não era verdade! Ele estava mentindo! A garota com quem eu conversava sabia...

— Ela achou que você estava apenas alegrinha. Você não parecia bêbada Penélope. - moveu o rosto para a frente antes de perguntar: - Por acaso já viu alguém bêbado?

— Josy. - falei apertando ainda mais a roupa contra o meu corpo.

Dean voltou a balançar a cabeça em concordância.

— Então sabe como é. Mas você apenas ficou risonha e depois sonolenta. Fica tranquila. Ninguém viu ou sabe de nada.

Tenho certeza de que meu olhar para ele mostrava descredito.

Ele ergueu a mão.

— E por mim ninguém vai saber. Promessa... e promessa é...

— Dívida. - completei lembrando do que ele me dissera há algumas semanas.

Dean se inclinou, ficando levemente mais próximo. Meu estômago engasgou.

— Obrigada! - falei finalmente. - Desculpe...

Uma ruga leve se desenhou entre os olhos escuros.

— Qual o motivo do pedido de desculpas?

— Tenho sido muito grosseira com você ultimamente. - falei sincera. Ele no fim das contas parecia um cara legal apesar de ter agido como um idiota no episódio do beijo. Depois da promessa tudo estava realmente diferente.

E o que isso queria dizer? Queria dizer que o risco de meu interesse se transformar em uma maluca paixonite, dobrava, triplicava, quadruplicava. Oh! Já estava arrependida de ter evitado encontrar Róger. Ele era o único capaz de me fazer escapar dessa loucura sem sentido.

— Esquece. - ele falou se acomodando no banco – Eu dei motivos. Fui um ogro com você... andava mal acostumado. Achando que tinha direito de agir como um idiota sempre que me desse vontade.

Encarei a lateral da face bronzeada sendo preenchida por uma porção alucinante de agulhas a pinicar pelo meu corpo.

—Na verdade... tenho que agradecer por ter conhecido você.

Ele me olhou ainda sério.

— Ou acabaria me transformando em um canalha com extrema rapidez...

— Por causa do beijo? - perguntei baixinho.

— É... por causa do beijo.

Senti meu rosto corar, o peito aquecer, a voz sumir na garganta. Havia algo no modo como ele falava aquela palavra, beijo... beijo... que me soava quase como um beijo real.

Dean continuou:

— Tenho o péssimo habito de ganhar todas. E uma garota que não está louca para me beijar... desculpe a presunção, é bem raro...

Eu ri.

— Cara você é mesmo um idiota metido.

Ele riu também. Um riso gostoso. O ar preencheu meus pulmões se escapou pelos meus lábios num longo suspiro

— Eu sei. E essa é a pior parte de todas.

Me ajeitei no banco ficando quase de frente para ele.

— Não acho. Ao menos você tem consciência de seus defeitos. Pior eu que fico me comportando como uma estúpida arrogante, sou capaz de passar sermão nos outros. E depois meto os pés pelas mãos fazendo exatamente o que critico, ficando bêbada.

Revirei os olhos.

— Sabe quantas vezes recriminei Josy por chegar carregada e bêbada em casa?

Carregada!

Não lembrava como chegara ao quarto. Minha última lembrança era ser retirada do carro e da voz firme dele pedindo as chaves. Mas, provavelmente Dean tive de me carregar. Observei o rosto dele. Seus olhos estavam fixos no meu.

— Quantas? - ele perguntou de repente, num sussurro.

— Várias. Várias vezes. - respondi sem desviar o olhar. - E agora isso aconteceu comigo provavelmente. - segurei o ar no peito, tomei coragem e perguntei: - Você, por acaso, me carregou até o dormitório?

— Sim...

— E me colocou na cama?

Ele moveu a cabeça afirmativamente.

— Obrigada. - falei de imediato tentando evitar que mais constrangimento me atingisse.

Ele deu de ombros.

— Pare de me agradecer ou vou ficar mal acostumado.

Sorri.

— Pode ficar... apesar de tudo o que tenho dito a seu respeito, ontem você foi um cavalheiro.

Um sorriso bobo se desenhou nos lábios desenhados.

— Fui mesmo não é?

Aquele olhar maroto me atingiu em cheio.

— Ih! Acho que exagerei. - tentei brincar.

— Por quê?

— Com tantos elogios você vai mesmo acabar mal acostumado.

— Vindos de você eles serão sempre raros... então, acho que vou mudar de ideia, pode elogiar a vontade.

Suspirei me sentindo levemente melhor. Levemente. Porque perceber que o cara de quem você tem se protegido por considerar um idiota mulherengo não é exatamente tudo de ruim que pensa que é. Não é algo bom. Pois te coloca num beco sem saída.

Não... eu não quero nem posso cair nesse buraco sem fundo.

— Farei elogios sempre que você merecer, o que acha?

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Não é o ideal, mas aceito...

Me remexi no banco do carro levando a mão a maçaneta.

— Desculpe ter perturbado sua manhã... e obrigada por tudo.

Ele encarou minha mão, ficou em silêncio por alguns segundos e finalmente falou:

— Quer dar uma volta?

Me olhei.

— Estou de pijama.

Ele também me olhou.

— É verdade... - encarou meus pés apoiados sobre o tapete do carro. - e voltou paras as botinas velhas.

Nossos olhos se encontraram novamente.

— Elas estavam a mão... - expliquei.

O som do riso dele soou perto do meu rosto, quase como uma carícia.

— E aí? Quer dar uma volta comigo? - insistiu.

Quase parei de respirar. Apertei os lábios segurando dentro deles a aceitação e falei:

— Obrigada pelo convite, mas eu...

— Vai encontrar seu colega? - perguntou, praticamente confirmando, enquanto chegava para trás colando as costas no encosto do banco. A mão apoiada sobre a direção balançou de leve.

— É.– menti, ou meio que menti. Naquele momento estava mesmo precisando ver Róger.

— Ok, - ele falou baixo com um meio sorriso se formando nos lábios.

Abri a porta, coloquei uma perna para o lado de fora. Encarei o rosto dele. Dean ainda me olhava. Tentei sorrir e parecer natural.

— Tchau...

— Tchau Penny.

— A gente se vê.

— É, a gente se vê...

Saí. Fechei a porta e não esperei que ele fosse embora. Precisava me afastar ou acabaria me entregando como fiz com Taylor. E acabaria levando outro fora descomunal. Caras como Taylor ou Dean não são para mim. Definitivamente eles significam sofrimento. E é sempre melhor escapar antes que não exista mais como escapar.


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Notas finais do capítulo

E então... será q ela tem como escapar depois de tudo isso? Acho que ela já caiu no buraco sem fundo e está apenas se enganando. E o Dean? será q gosta mesmo dela ou apenas está incomodado por ser preterido?
Espero por vcs, vou terminar d responder aos reviews já já, estou escrevendo mais um capítulo. Minha vida anda corrida. BJOOOOOOOOOOO amo ter vcs comigo aqui. OBG