Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 1
Capítulo 1 prólogo - Penélope, Penny


Notas iniciais do capítulo

O primeiro encontro do quarteto com a garota... espero q gostem.

Assim como na anterior, esta é em primeira pessoa. Haverá narração dos dois. Sei q vcs iam querer a narração do Dean também. Estou errada?



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PENÉLOPE - PENNY

Terceiro semestre do curso de história. Muitos trabalhos para fazer. Muitos livros para ler. Muitas anotações para rever. Essa era a minha vida. Essa sempre foi a minha vida. Estudar e nada mais. Só que eu não reclamo, veja bem, esse comentário não é uma reclamação, é apenas uma constatação. Se estou aqui, numa universidade é para um dia realizar meu sonho de atravessar o oceano como historiadora. Visitar, pesquisar, conhecer e estudar todas aquelas páginas escondidas sob anos de dominação e inversão de verdades. O passado me atrai, me encanta, me conduz para um mundo novo. Um mundo que eu quero desbravar.

Por causa disso...

Naquela manhã fria de domingo pulei cedo da cama e vi minha colega de quarto naquele semestre, jogada sobre o colchão, com um braço estendido para fora do cobertor. Estava babando, com os cabelos desarrumados, com a maquiagem borrada. Ah, se os caras que ficam com ela a vissem assim... puxei um moletom e o enfiei pela cabeça antes de correr para o banheiro para um banho muito quente.

Meia hora depois, metida nas calças quentes de moletom, com botinas a meia canela, cachecol, toca grossa, vestindo a jaqueta mais aconchegante que possuo corri em direção a lanchonete. O único lugar onde eu poderia ler um pouco sem ser perturbada até no máximo dez da manhã, que era a hora em que os primeiros representantes de estudantes de verdade costumavam aparecer.

Só que nesta manhã em especial não foi exatamente assim.

Estava eu lá, no meu canto de sempre, com os óculos metidos no rosto, e o rosto enfiado num livro interessantíssimo sobre as curiosidades dos antigos escritores gregos, quando um trio agitado, falante e baderneiro cruzou pela porta de vidro da lanchonete vazia. Eles foram diretamente para o balcão onde pediram café. Rapidamente os identifiquei, eram jogadores do time de futebol, nós fazíamos uma cadeira juntos, mas com certeza eles não sabiam disso.

Dei uma rápida olhada nos grandalhões, musculosos que viviam de pegar garotas. Como é mesmo que eles as chamam?

Maria chuteiras?

Seria isso?

Sei lá... tem tantas Marias... pensei constatando que aquilo não era da minha conta. Logo voltando a atenção para a argumentação do autor. Foi aí, nesse exato momento que um deles me viu e achou que poderia vir me importunar.

— Ei... - ouvi a voz forte chamar, mas não olhei. Jamais imaginei que poderia ser comigo.

— Ei. - a voz repetiu mais perto, ergui o rosto ajeitando o aro do óculos no rosto antes de perguntar:

— Você está falando comigo?

— É. Você mesma! - o garoto alto, loiro, com grandes olhos azuis se aproximava rapidamente com a mão estendida para mim..

— O que tem eu mesma? - perguntei colocando um marcador entre as páginas do livro, não queria me perder.

— Você...! Foi ela não foi? - ele perguntou se voltando para os amigos e eu me questionei imaginando se não estaria bêbado ainda. Era bem provável que estivessem chegando de uma baderna em alguma fraternidade. Especialmente  se levando em conta o interesse deles por festas e bebedeiras, seria absolutamente normal.

Mesmo assim falei:

— Eu o que? - insisti e vi o garoto que fora interrogado, um pouco mais alto que o primeiro com cabelos ondulados e olhos verdes se aproximar também.

— Não sei Alan... ela é quem?

Pronto, agora éramos dois a querer saber o que o tal Alan estava falando.  

— É ela, não é Gregory...?  - Alan se dirigiu ao outro, ao moreno de cabelos lisos parado perto do balcão - Diga a Brendan que estou certo. - eles continuavam a falar como se eu não estivesse ali.

Gregory, que ainda não saíra do lugar, com o cotovelo apoiado no vidro me olhou, mas pareceu tao perdido quanto o primeiro e eu “mesma”.

— Alan... ninguém está entendendo onde você quer chegar.

Finalmente alguém disse algo que se aproveitasse pensei já abrindo o livro novamente.

— Ela é a garota, aquela que a professora de Relações Humanas 1 tanto elogiou no outro dia... -

então, como que por encanto os dois outros pareceram lembrar. Assim como eu também lembrei da aula em que a Senhora Hoffmann dissecou meu último trabalho em alto e bom som para todos os alunos da nossa sala. Mas, não imaginei que isso tivesse atraído a atenção do trio de jogadores que frequentava aquela matéria.

O tal Gregory saltou da cadeira na beirada do balcão e veio em minha direção como se fosse um homem morrendo de sede diante de um copo de água.

— Cara! Você é a melhor aluna da sala!

Sou. Pensei. E isso me custa muitas horas de estudo e dedicação. Mas não disse. Em vez disso falei:

— Obrigada. - e já me preparava para voltar a leitura quando ouvi a porta da lanchonete se abrir e deixar passar por ela o membro que faltava naquele grupo. Afinal, eles eram um quarteto. Disso eu também sabia.

— Seus idiotas! Vocês poderiam ter me esperado! - ele falou alto olhando em volta, perdido. E quando viu o trio de amigos parados diante de mim tomou nossa direção.

Pronto! Pensei. Agora estava perdida. Ia virar chacota deles. Porque só poderia ser esse o motivo de estarem ali, me olhando daquele jeito como se eu fosse um animal em exposição. Todos a minha volta.

— O que estão fazendo? - ele perguntou colocando o braço sobre o ombro de Alan que estava inclinado na mesa diante de mim. - E aí? - me cumprimentou – Você é garçonete nova? Não deveria estar no balcão?

Idiota! Falei mentalmente.

— Não... Dean!!! - Alan rebateu se erguendo obrigando o amigo a tirar o braço de seus ombros, eles eram quase do mesmo tamanho – É ela! É a garota que a gente queria falar... lembra? Aquela da aula de Relações Humanas.

Então, os olhos escuros de Dean encararam os meus. E ele tinha o mesmo olhar dos outros. Como se tivesse encontrado algo que procurava. E naquele momento eu já estava achando que eles estavam mesmo procurando por mim. Mas por quê? Por que eles procurariam por mim? Não tenho nada do que eles gostam. Não sou gostosa. Não sou alta e esbelta. Não uso roupas decotadas e transparentes. Não vou à festas. Não sou... Dean se inclinou bem sobre a mesa deixando nossos rostos bem próximos, dissipando meus pensamentos.

Puta merda que ele era bem bonito. Rosto oval, cabelos escuros, curtos e levemente bagunçados na frente. Além de um sorriso maroto nos lábios desenhados. Fechei o livro cruzando os braços sobre o peito. Era uma atitude de proteção, eu sei, mas como evitar​? Ele estava tentando me intimidar com o famoso charme.

— Será que vocês podem me dar licença? Preciso terminar de ler esse livro ainda hoje. - falei o mais firme possível.

Dean olhou para o livro, torceu os lábios antes de falar:

— Tudo isso hoje? Está em que página?

— Oitenta... - respondi, automaticamente.

— Então a gente precisa ser rápido para não atrapalhar sua leitura... - ele disse se achegando um pouco mais e eu deslizei no banco tentando me manter longe daquele olhar determinado. Erro colossal. Ele sentou no espaço que deixei vazio, colocou o braço no encosto do estofado acima da minha cabeça e falou:

— Sabe... nós estamos meio que ferrados em Relações Humanas... e se a gente se der mal o técnico vai nos colocar no banco, e você já imaginou como seria se quatro dos principais jogadores do time fossem parar no banco?

— Vocês não jogariam. - respondi vendo o trio se sentar diante de mim como crianças esperando doce.

— Isso mesmo! Estaríamos ferrados. - Dean falou batendo com a ponta do dedo na mesa. - Sem falar que o time com certeza ia se ferrar junto... e só você pode nos ajudar a alterar esse futuro negro.

— Eu? Como? - perguntei e tenho certeza de que meus olhos estavam demonstrando toda a confusão que aquela conversa me causava. Sem falar que: O que eu tinha a ver com o time de futebol? Sequer assistia aos jogos!

— Você pode nos ajudar com a matéria. - Gregory voltou a falar.

— Ajudar com matéria? - repeti como se fosse estúpida. Aquela conversa era totalmente sem sentindo.

— Sim. A gente te paga. - Dean continuou e os outros moveram a cabeça afirmativamente em concordância.

— É! A gente faz o que você quiser. - Gregory reforçou.

— Qualquer coisa. - Alan foi direto e eu tive vontade de rir, eles mal cabiam naquele banco estreito.

Mas, não poderia me distrair. Precisava ser clara com eles. Por isso fui direta:

— Há vários grupos de estudo... vocês podem...

— Não! - Dean negou com veemência me obrigando a olhá-lo novamente, ele estava muito perto, será que imaginava que eu cederia só porque ele estava quase colado em mim? Hahaha estava muito enganado o coitado. - A gente já tentou, mas... ao que parece o pessoal desses grupos não consegue se concentrar com a gente junto.

Ah! Ele estava querendo dizer que as garotas desses grupos se distraiam quando eles estavam presentes? Sem querer soltei uma risada, Dean me olhou desconcertado, como se eu o tivesse surpreendido.

— Então vocês acharam que eu vou formar um grupo de estudos com vocês? - era isso o que eles estavam querendo não era?

— A gente estava pensando em você ser tipo a nossa professora. - Brendan falou tranquilo. Ele parecia o menos metido do quarteto.

— Não sou boa como professora. Eu sei estudar. - expliquei apertando o livro diante de mim.

— Mas você poderia tentar. - Gregory abriu um sorrio iluminado. Ele era tão bonito quanto Dean ou Alan. De uma maneira diferente, mas bonito.

— Precisamos mesmo de ajuda. - Brendan insistiu.

— A gente paga você. - Alan insistiu parecendo mesmo desesperado.

— O que você quer? - Dean perguntou e eu senti o perfume dele bem próximo de mim me obrigando a recostar as costas na parede.

— Não quero nada. - respondi tentando ser firme – Já falei que não sei ensinar... vocês tem que procurar outra pessoa.

— Olhe Penélope. - Dean falou sério, ele sabia o meu nome? Como assim ele sabia o meu nome? Em que ponto da história eu pulei para um universo alternativo onde jogadores de futebol sabiam o meu nome? Sem imaginar o que passava na minha cabeça ele continuou – A gente pode pagar você da forma que quiser.

Os outros disseram em coro:

— Sim!

Como se pagamento fosse o único empecilho para dar aulas.

Dean me olhou detidamente antes de dar uma nova alternativa.

— A gente pode tornar você popular.

Desta vez o oferecimento era estúpido.

— Quem disse que eu quero ser popular? - perguntei empinando o nariz para ele.

Ele deu de ombros e falou:

— A maioria quer.

— Pois não sou a maioria.

— A gente sabe! - ouvi Brendan falar fazendo uma careta para Dean. – Mas a gente pode fazer qualquer coisa para você. Te levar para as festas por exemplo.

— Não vou a festas. - informei.

— Que tal lavar seu carro toda a semana? - Gregory sugeriu.

— Não tenho carro.

Ouvi um resmungo e então Alan deu a nova opção.

— Você gosta de alguém? A gente pode te ajudar a …

— Não estou interessada em ninguém.

Alguns suspiros de desespero correram pelo ar.

— E se a gente pagasse em dinheiro? - era a voz de Dean ao nosso lado. - Tipo você recebe como uma professora particular para nos ajudar, é só dizer o valor...

Dinheiro extra? Pensei. Poderia comprar aqueles livros que minha tia me prometeu para o próximo semestre. Adiantar as leituras. Olhei para eles que pareciam esperançosos. Afinal eu não recusara o último oferecimento de Dean.

— Vou pensar. - falei juntando meu material.

— Você pode nos dar uma resposta amanhã? - Gregory perguntou ansioso enquanto eu ficava em pé esperando que Dean me desse espaço para cruzar.

— Hoje a noite. - falei, não era de demorar muito a tomar decisões.

Brendan sugeriu:

— A gente pode ir na sua república pra saber a resposta?

— Estou em dormitório. - respondi ainda na mesma posição, vendo Dean me olhar de baixo e tamborilar os dedos na mesa de maneira irritante enquanto Alan insistia.

— Então a gente pode...

Não permiti que terminasse a frase, minha colega de quarto ficaria louca, completamente insana se visse aquele quarteto bater na porta do nosso quarto.

— Eu aviso. Me passem o numero de um de vocês.

— Eu passo. - Bredan se prontificou, ditou o numero que eu digitei e logo depois guardei o telefone no bolso da frente da bolsa.

Dean ainda não saíra da frente. Encarei o rosto sério dele e pedi:

— Pode me dar licença?

— Claro! - ele se ergueu. - Pensa com carinho na nossa proposta. - falou sedutor enquanto passava por ele. Com certeza imaginava que esse tipo de coisa funcionava sempre. Se dependesse de me seduzir para conseguir as tais aulas Dean estaria reprovado por antecipação.


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Notas finais do capítulo

Espero por vcs nos reviews.
Estou louca para saber se vcs vão gostar desta tbm.
BJOOOOOOO