Extra - Ojos Así escrita por Pan Alban


Capítulo 2
O para sempre nas ruínas


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!!
Eu demorei para trazer o segundo e último capítulo e peço desculpas TT Mas vamos finalizar esse extra presentão da Hell?
Queria agradecer demais e dedicar o capítulo a duas pessoinhas que recomendaram Ojos Así *-* Cleia e voaadora! Muito obrigada mesmo pelo carinho de vocês!!! Pensem numa pessoa feliz? hahahahhahaha

No mais, boa leitura, meus amores!



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O sol da manhã era o interlúdio daquele dia. Forte, incandescente, poderoso. Nem mesmo a brisa amena que soprava no rosto da pequena comitiva que cavalgava pelas areias sem fim conseguiam amenizar o calor.

Sasuke ignorava a incômoda faixa azul suada em sua testa e as gotas que desciam pela têmpora e no pescoço. À frente do grupo ele seguia uma direção certa, os olhos sérios focando um ponto ainda invisível no horizonte, mas que ele sabia onde daria.

A comitiva ia silenciosa, o luto ainda apertando suas gargantas e as forças para levantar a cabeça e seguir ainda escassas. Sasuke sentia a responsabilidade em seus ombros, mesmo que não o tivessem propriamente nomeado líder, era esse o lugar que ele deveria assumir logo após a morte de seu irmão, só ele poderia fazer aquilo.

O braço direito estava dentro da túnica, imóvel e latejando de tanta dor, nem mesmo as ervas anestésicas haviam feito efeito necessário para que esquecesse aquele obstáculo e pudesse apenas focar no seu objetivo.

As mãos que seguravam sua cintura apertaram levemente e ele mexeu a cabeça para olhar para trás por cima de seu ombro.

Os olhos verdes de Sakura perscrutaram o rosto cansado antes de parar nos negros que pareciam vazios. Chegou mais perto do corpo dele e arrastou a pequena mão pelo peito num conforto que sabia que não iria chegar perto do que ele realmente precisava, mas era tudo o que ela conseguia fazer naquele momento.

Sasuke fechou os olhos por um segundo ao toque de carinho, virou-se para frente atento a onde estavam e teve vontade de segurar a mão dela contra a sua, mas somente uma mão estava capacitada e era usada para segurar as rédeas.

— Acho melhor pararmos um pouco — a voz dela era baixa e cuidadosa. Sasuke não queria parar, mas haviam coisas mais importantes a se pensar do que a cabeça da Serpente naquele momento.

Com um assovio ele avisou os outros que parariam, nenhum deles levantou objeção, todos estavam esgotados, alguns física e outros mentalmente.

Naruto correu ajudar Sakura a descer do cavalo assim que pararam, e Shikamaru e Sai começaram a levantar a tenda fina para ficarem sob a sombra enquanto se abasteciam.

Sakura se juntou à Temari tirando os cestos dos cavalos que levavam os mantimentos e foram para baixo do cobertor repartir as primeiras alimentações. Enquanto dividia o pão branco e seco, ela não conseguia tirar os olhos de Sasuke. Era preocupante o quão silencioso ele estava e as palavras que ele havia sibilado enquanto dormia aquela noite atestavam o sentimento negro de vingança que o motivava por aquele deserto.

— Posso falar com você?

Sakura piscou desviando os olhos de Sasuke alimentando os cavalos com Naruto e olhou para Shikamaru que se agachava na frente das duas mulheres.

— Fale. — ela sussurrou no mesmo tom que ele, ainda atenta a movimentação de Sasuke tendo um sentimento que ele seria o alvo da conversa.

— Precisamos entender o que Sasuke está querendo realmente fazer — Shikamaru foi direto ao ponto e Temari assentiu brevemente entregando umas frutas para ele ajudá-las enquanto os olhos esverdeados permaneciam em Sasuke. — Eu confio cegamente nele e em qualquer um dos meus irmãos — Shikamaru suspirou se justificando — mas temo que a morte de Itachi esteja corrompendo a razão de Sasuke.

— Eu compreendo — Sakura respondeu sentida. — Você deveria conversar com ele.

— Ele não me ouviria. Mas você... — ele apontou para Sakura e desceu o dedo até a barriga dela — Pode parecer chantagem, mas pode ser a forma de salvar a vida dele, e a nossa. Nós não o deixaremos sozinho.

Sakura desceu a mão inconscientemente por seu abdômen ainda liso. O coração apertava-se de dor e ela, intimamente, sentia medo de errar com Sasuke, ele que sabia muito mais sobre a perda e renascimento.

Mas ela entendia sobre o medo e a falta de esperança no futuro.

Temari fez um som com a garganta e todos voltaram a olhar para as pequenas porções que dividiam, Sasuke se aproximava com os olhos pouco atentos ao que acontecia de fato, sua mente, Sakura percebeu, parecia estar bem longe dali.

— Eu não estou muito bem — ela mentiu se levantando e Sasuke se apressou apreensivo segurando o braço dela com o único bom. — Não se preocupe, acho que era o balanço do cavalo, preciso andar um pouco, me acompanha?

— Claro. Se alimentem e descansem. — Sasuke disse para os homens levando Sakura ainda a apoiando em seu braço.

— Como está seu ferimento? — ela perguntou olhando para o braço imóvel sob a capa preta.

— Melhorará.

— Se a noite ele não estiver bom, talvez tenhamos que ir até Igawa falar com Tsunade.

Sasuke deixou um riso anasalado escapar e parou quando ela o fez. Olharam para trás e se viram longe o suficiente para poderem conversar com privacidade.

— Vamos até Igawa, é uma boa ideia. Deixarei você e Temari lá enquanto avançamos. Lá é um lugar seguro. — Sasuke disse naturalmente, olhando para as ondulações das dunas bem mais a frente, Sakura o olhou de cenho franzido.

— Eu não vou te deixar, e você não pode me abandonar.

Sasuke suspirou e olhou para ela, mais baixo que ele, mais branca, mais delicada e mais feroz. Ela não desviava os olhos, intimando-o a contestar.

— Eu não abandonarei, você sabe. Eu estarei protegendo-a.

— Você irá atrás de sua morte por causa da morte de Itachi — Sakura prendeu a própria língua entre os dentes, mas o arrependimento passou quando ele a fitou sério e não disse nada imediatamente — E que proteção isso será? Você morrerá para matar um, mas e os outros?

— Só há uma cabeça para ser cortada. — ele fugiu da questão do suicídio e desviou os olhos para as mãos unidas. — A Serpente morrerá por essas mãos — soltou a dela e apertou a sua em punho. — E vocês — levantou o rosto com sofrido pedido para que ela compreendesse — viverão finalmente em paz.

Sakura segurou o punho fechado com as duas mãos e suspirou baixo puxando a mão até seu ventre, o único movimento ali era o de sua respiração, o único som era da respiração errática dele.

— Lembra-se quando me explicou sobre o que era ser um Anbu? Sobre o que movia vocês a serem o que são? — ela perguntou retoricamente, mas a resposta brilhava na cabeça de Sasuke junto das emoções profundas e confusas que conflitavam dentro dele naquele momento — Você me contou sua história, sobre seus pais, sobre Minato… Você me disse que matando o responsável, outro pegaria o lugar dele, jamais encontraria a paz se vingasse a morte de sua mãe. Por que isso é diferente agora?

Sasuke ficou em silêncio, a mão abriu-se e alisou a barriga dela com lentidão. Sakura sentia vontade de chorar, era muito difícil vê-lo daquela forma, o seu príncipe forte e protetor sendo ludibriado pelo sentimento da vingança.

— Nunca haverá paz. — ele sussurrou cansado, os olhos não saiam da barriga dela.

— E seu filho jamais terá um pai para ensinar a ele como ser um homem? — Sakura perguntou no mesmo tom erguendo o queixo dele até que os olhos chegassem aos seus. Tão negros e tão penetrantes que ela se apaixonava cada vez mais quando se permitia afundar-se naquelas profundezas.

— Eu não vou morrer.

— Não vai. E não vai matar os seus irmãos. O que Minato dizia sobre a vingança?

Sasuke olhou para o pequeno acampamento onde seus poucos amigos descansavam e olhavam para os dois de longe. Ali entre eles estava Naruto, sempre fiel e corajoso ao seu lado, os cabelos loiros e os olhos tão azuis que provavam ser filho de quem era.

— Quando suas próprias ambições forem mais fortes que o desejo de salvar, então nos tornaremos como aqueles que chamamos de inimigo. — foi Sakura quem recitou as palavras guardadas em sua mente desde o dia em que se dera conta do quão bons eles eram, quando ela se convenceu de que poderia confiar em Sasuke e nos homens que as salvaram. — Eu confio em você, assim como confiei no dia que me salvou…

— Você não confiava em mim.

— … do escorpião — ela emendou sorrindo. — Eles confiam em você. Você deveria confiar em nós.

Sasuke abraçou a cintura fina e pousou a cabeça no ombro dela. Sakura ergueu a mão até os cabelos negros e fez carinho esperando que ele chorasse como na noite anterior, seu peito já se apertava só em imaginá-lo daquele jeito mais uma vez, mas Sasuke separou-se e esfregou o rosto sem derramar nenhuma lágrima, sem mostrar qualquer emoção. Tomou-a pela mão e fê-la voltar com ele para junto dos companheiros.

Sakura não compreendia o que acontecia, já elaborava mais argumentos para tirar aquela ideia sem planejamento da cabeça de seu marido e tentava não pensar nas sérias consequências que as ações dele poderiam ter. Então, Sasuke parou abaixo do cobertor e olhou para seus amigos com demorada atenção em cada rosto que o olhava aguardando.

O último rosto foi o de sua esposa, pequena e forte, e depois para o ventre que abrigava o seu fruto.

— Shikamaru — chamou o Sombra que moveu a cabeça lentamente. Sasuke puxou um sorriso triste para Sakura e desviou os olhos para o homem que o aguardava — Vamos precisar de um plano.

Todos trocaram sorrisos aliviados e Naruto até mesmo riu esfregando a cabeça com gratidão.

— Tenho algumas coisas na cabeça — Shikamaru disse limpando o chão a frente dele para começar a ilustrar.

— Ouviremos todos. — sentou-se acomodando Sakura logo ao seu lado. Ela conseguiu respirar aliviada, até que a última sentença dele a fizesse sentir fraca — Mas a cabeça da Serpente é minha.




1º dia da lua cheia - 15 dias depois

Sakura alisou a saia verde somente para sentir a textura do tecido, em sua cintura vibrava as medalhas que se moviam com o menor dos movimentos. Fechou os olhos sentindo tilintar delas entrar por seus ouvidos e o som ser um calmante para os nervos.

— Hey, você está bem?

Abriu os olhos vendo um Naruto preocupado a olhando em roupas estranhas para ele e com o tambor em seus pés.

— Estou me inspirando, somente. — respondeu movendo seu corpo para conseguir relaxar os músculos tensos.

Olhou ao redor e aquilo lhe lembrava o lugar onde ela dançava quando vivia sob a força de Deidara, só que era maior e mais fedido. Naruto encarava preocupado o redor, batucando espontaneamente e sem ritmo o tambor de forma nervosa.

Aquele era o plano de Shikamaru que Sasuke se recusara a aceitar e foi derrotado pelo voto unânime de todos. Ela sabia que ele não a queria metida com aquilo, ainda mais quando o plano era tão parecido com o anterior, mas isso, disse Shikamaru, é que tiraria as suspeitas sobre eles. Tão pouco tempo e com tantas baixas, não era algo que a Serpente esperaria.

Naruto havia se disfarçado de bardo e Sakura era sua muda dançarina. Ele havia pago caro para tocar naquela noite, caro o bastante para acabar com todas as moedas que eles tinham guardado.

Nas ruínas de Mashivan erguia o império da Serpente, ou o ninho como os Anbus chamavam. Haviam tendas ricas de seda pura e construções de madeira recém montadas, não parecia algo provisório, Naruto e Sakura comentaram quando chegaram lá.

Haviam pessoas por todos os lados, mercadores gordos e com grossos bigodes cobrando preços absurdos por mercadorias vindas do além mar. Mulheres de corpos expostos, tatuagens de rena no pescoço e seios e sorrisos lascivos andavam com leveza pelos homens sujos de areia e morenos do sol esperando um agrado em forma de moedas.

Haviam também os mercadores de escravos, subalternos e homens de confiança da Serpente. Sakura enrugou o nariz para eles enquanto Naruto pagava o direito de tocar três músicas naquela noite.

— Dia da Lua. — Naruto sussurrou baixinho olhando para a luz do luar que atravessava a janela alta.

Sakura assentiu levemente sentindo suas entranhas se contorcerem.

Era dia da Lua, o dia em que alguns povos celebravam por três dias inteiros a chegada da lua cheia e sacrificavam um animal para oferecer ao deus deles pedindo prosperidade. A tradição havia mudado muito com o tempo, não havia sacrifício e poucos ali se preocupavam com a prosperidade realmente ou com um deus, mas os três dias de festa permaneciam, e a Serpente se orgulhava de ser o dono daquele lugar e poder mostrar seu poder através do dinheiro que possuía.

Sakura esfregou as mãos e se encolheu quando um bando de homens gargalhando roucos com bebidas fortes nas mãos passaram por eles, sem nem dar atenção aos dois.

— Temari e Shikamaru já estão posicionados — Naruto chamou a atenção de Sakura olhando pela fenda do pano que cobria o palco que iriam se apresentar.

Haviam mais alguns músicos ali, todos alheios entretidos em seus instrumentos, nenhum deles percebia o nervosismo dos dois.

Sakura se adiantou e olhou pela fenda vendo tanto Sombra quanto Doninha vestidos como o povo do norte em roupas alaranjadas e cabelos soltos com tranças finas aleatórias entre os fios. Era uma hora inapropriada, mas Sakura achou-os muito bonitos. Eles estariam ali para salvá-la se tudo desse errado.

Sakura respirou fundo e passou a mão pela barriga que começava a se arredondar, era coberta pelas medalhas estrategicamente colocadas na altura que não transparecesse seu estado. Estava com medo e sabia que Sasuke, do lado de fora, estava do mesmo jeito.

— Não sei se poderemos ouvir o sinal — ela expressou seu medo num sussurro, as medalhas balançando livres com o mínimo movimento.

Naruto ergueu os olhos azuis para ela mostrando a mesma preocupação ao ouvir a gritaria que começou a se suceder do lado de fora. Não precisavam falar, não precisavam ouvir, pela ovação exagerada sabiam que a Serpente havia chegado.

Todos atrás do palco silenciaram, todos sentindo o mesmo sentimento antes do espetáculo, todos sabendo que o dono de tudo e de todos estava ali.

Naruto engoliu em seco e olhou preocupado para Sakura, ela mantinha os olhos pregados no tecido que balançava suave a frente deles. Fechou os olhos verdes e as imagens de Izumi junto a ela da última vez bombardearam sua mente, uma lágrima escorreu e ela fez uma promessa de que naquela noite tudo aquilo acabaria. Por Itachi, por Izumi, por seu filho.



Sasuke olhava atento a movimentação dentro das ruínas. Estava longe o bastante para não ser visto pelos guardas, mas perto para ouvir os sons das vozes e música.

O rosto estava coberto com seu lenço azul e uma medalha já antiga e enferrujada balançava solitária presa ao lenço. Sua respiração era forçadamente dentro de um ritmo calmo para que ele não corresse a qualquer sinal que achasse estranho, tinha que manter o foco.

Atrás de si o deserto crescia imperioso, ocultando os mistérios escondidos nas areias também com a escuridão da noite. No peito batia um coração forte e cansado.

O movimento atrás dele não o fez olhar para trás, logo uma sombra negra se colocava ao lado dele.

— Estou pronto, Falcão. O veneno já vai começar a fazer efeito nos de fora.

Sasuke respirou fundo pela primeira vez e segurou o cabo de sua cimitarra com a mão esquerda, a direita coberta pelo manto escuro e os olhos negros pareciam transmutar para o vermelho com a luz da tocha que Sai apagava na frente deles.

O primeiro passo silencioso foi dado, e todas as suas orações guiadas às estrelas imploravam para que chegasse vivo até o fim daquela noite.



Com os olhos fechados, era a forma que ela conseguia dançar ao som do ritmo quebrado de Naruto ao tambor. Nunca mais havia dançado de olhos fechados, não desde que encontrara o paraíso nos olhos de Sasuke. Mas, também não dançara para outros que não fossem seu marido, e essa percepção a deixava nervosa. Sua dança não era para aqueles homens nojentos que gritavam por cima dos batuques de Naruto.

Ela balançava os quadris de forma nervosa, mas ainda sentia a música deslizar por seu corpo como ondas refrescantes, mandando um pouco para longe a perspectiva do que aconteceria logo. Ela virou de costas e tremeu o quadril com os braços elevados, aquela era a deixa para Naruto começar uma nova batida. Virou-se de olhos abertos e ensaiou uma reverência olhando para as pessoas amontoadas ali. Passou os olhos até ver somente Temari sentada a um canto sozinha, e na mesma reta, ao fundo, encontrava-se um trono mal feito de metal e madeira e a Serpente sentava-se majestoso sobre ele.

Ela não havia visto ele na última investida, mas sabia quem era. Aquela pele branca demais, os cabelos longos e a língua bifurcada que dançava para fora da boca. Um arrepio subiu por sua espinha, e a sensação ruim só se intensificou mais quando viu os olhos dele em sua direção. Diretamente em sua direção.

O batuque da segunda música de Naruto começou e ela voltou a fechar os olhos, fingindo que aquele homem asqueroso não a olhava, fingindo estar em sua tenda somente com seu marido.

A respiração foi solta aos poucos, assim como os leves movimentos que fazia com seu quadril. Os braços se elevaram e chacoalharam no ar para extravasar o nervosismo, então ela girou ao som amador de Naruto, e os homens gritaram.

Naruto começou a batucar mais rápido e os quadris dela seguiram o ritmo imposto com naturalidade, como se o seu corpo movesse sozinho ao som da música. De olhos fechados e idealizando aquele sorriso tímido e charmoso de canto, os olhos negros de puro mistério, ela podia sentir-se um pouco mais calma, um pouco mais feliz. Então as batidas do tambor pararam, os olhos verdes se abriram e os braços abaixaram-se lentos ao olhar confuso da Serpente que inclinava-se em seu trono feio.

Naruto então bateu uma, duas, três vezes no tambor e Sakura deu um passo para trás.

— Sakura, atrás de mim. — Raposa grunhiu se levantando e colocando o braço que não segurava a adaga em frente a ela.

A confusão começou a se formar aos olhos de Sakura. Ela então foi percebendo os gritos e os corpos desfalecidos encostados nas paredes. Muitos já haviam sido abatidos e somente agora os outros haviam percebido.

Naruto foi atacado por dois homens de uma vez, mas a segunda adaga foi desembanhada com a rapidez que ele teve para cortar as duas gargantas. Ela deu um passo para trás, preocupada procurando os outros com os olhos no meio da confusão de pessoas tentando fugir.

— Sakura, por aqui.

Sakura gritou assustada quando a mão segurou seu braço, mas era somente Temari fazendo sinal para que ficasse quieta.  

Abaixou a cabeça seguindo a loira para trás do palco, atrás delas gritos e barulhos de cadeiras e mesas se quebrando era ouvido.

Sakura precisou abafar um grito com a mão quando pisou em algo molhado e viu o sangue em seus pés. Dezenas de corpos com gargantas cortadas estavam pilhados ali.

— Esses são do Shika. Foi degolando um por um nas sombras.  — Temari franziu o nariz e agachou-se no chão perto da parede chamando Sakura para junto dela. — Suas adagas, pegue-as. Quando escutar o assovio do Sai você corre para trás, ok?

— Eu vou lutar — Sakura disse agachada ao lado de Temari.

— Só por cima do meu cadáver. — Temari nem olhou nos olhos dela quando respondeu rápida, estava atenta à pequena brecha que tinha no pano entre o palco e os bastidores onde estavam.  — Sua teimosia não funciona comigo, menina — Temari ergueu um dedo com a expressão ríspida na direção de Sakura — Não estamos falando só de você aqui.

Sakura passou a mão pela barriga assentindo e ficando calada enquanto Temari deixava um sorriso mais calmo escapar de sua boca. Ela queria estar lá lutando, pelo menos sabendo onde Sasuke estava e se estava bem. O braço direito dele ainda estava machucado e não lutava tão bem com o esquerdo mesmo tendo treinado tanto.

Os gritos começaram a ficar menos intensos e o silêncio vinha aos poucos. Temari levantou-se lentamente para ver o que estava acontecendo pela brecha, mas um corpo caiu por cima dela com o rosto manchado de sangue.

Temari gritou tirando o homem de cima dela e Sakura não segurou o vômito que subiu por sua garganta.

— Vocês duas estão bem? — Um Naruto manchado de sangue com um corte profundo na bochecha apareceu preocupado rasgando o resto do tecido com sua adaga.

— Seu idiota! — Temari tentava ajudar Sakura a se levantar enquanto Naruto se desculpava com urgência — Onde estão os outros? Por que não ouvi o assovio do Sai? E as explo…

Antes que Temari terminasse de perguntar, um estrondo alto de explosão muito próximo a eles fez o chão vibrar forte e as orelhas zumbiram por longos minutos antes de vir o silêncio total.

— Sa-suke.

— Naruto… — Temari apoiava Sakura em seu ombro quando voltou a olhar séria para Naruto.

— Shikamaru está bem, ele foi até o Sasuke quando não ouvimos o sinal de Sai. Não sei de mais nada.

— Santo deus… — Temari sussurrou olhando para o chão, Naruto apertou os lábios não sabendo o que falar, e Sakura engoliu a bile que insistia em subir e correu deixando tanto Temari quanto Naruto para trás.

Os olhos estavam cheios de lágrimas enquanto corria entre os corpos que foram silenciosamente atacados pelas sombras ou pelas zarabatanas venenosas de Sai, saia do espaço fechado e era assaltada pelo forte calor das cabanas em chamas.

Sakura girou no mesmo lugar, a saia rodando junto do movimento de seu corpo, o coração acelerado e a garganta apertada procurando por ele. O som de lâminas a chamou para um lado onde estava Shikamaru lutando contra dois homens feridos, do outro estava Sai de joelhos derrubando o seu oponente no chão.

— Sakura!

O grito de Temari, entretanto, ficou num lugar distante, bem distante, quando ela mirou os olhos na direção da Serpente armada com uma espada longa levantada na direção da cabeça de um Sasuke ensanguentado.

Não!

O grito dela ecoou pelas areias que moviam-se plácidas na leve brisa daquela noite de lua cheia. Um grito que fez Sasuke virar a cabeça na direção dela, um olho quase fechado e o outro mirando brilhante como se ela fosse seu oasis.

Ela chorou, correndo e tropeçando sobre os próprios pés e caindo na areia quando as forças já não sustentavam suas pernas. Ele sorriu, com os braços atirados para os lados e a expressão serena em sua direção.

A Serpente também sorriu, colocando para fora sua língua bifurcada enquanto pausava a execução com uma sádica apreciação do sofrimento dela.

Ela balançava a cabeça, implorando para todos os santos para que aquela lâmina não descesse. Mas os olhos amarelados da Serpente desviaram dela para seu alvo, e o sorriso sádico só aumentou ao ver o desespero da mulher.

Sasuke respirou fundo, seu braço direito pendurado sem forças, suas pernas fracas não o salvariam naquele momento, mas seu coração estava em paz.

— Aquela é a sua esposa, Uchiha? — Serpente sibilou erguendo a espada mais uma vez — Tenho planos para ela depois que…

Sasuke fechou os olhos, a satisfação gritando em seu peito por não ouvir o que aquele homem iria falar, o mesmo homem que caia ao seu lado com uma adaga lançada de longe e que perfurava sua garganta.

Sasuke ouviu o ofego afogado em sangue da Serpente e isso o fez abrir os olhos e forçar suas pernas a aguentar seu peso. Olhando de cima aquele homem que se contorcia como uma cobra, ele não teve misericórdia ao descer a lâmina afiada de sua cimitarra no pescoço separando a cabeça repugnante do corpo que parava de agonizar.

— Sasuke! Você está bem? Meu Deus! — Sakura o virou com brusquidão para olhar os ferimentos dele, os olhos verdes estavam vermelhos de tanto chorar e os soluços começavam a escapar da boca semi aberta.

Sasuke olhou ao redor vendo Shikamaru sendo abraçado por Temari com um cansado sorriso, Naruto levantando Sai pelos ombros e então a barriga saliente de Sakura por trás das medalhas.

— Você foi incrível com a adaga — ele sussurrou passando a mão boa pelos fios rosados e o dedão sujo secando as lágrimas que desciam do lado direito do rosto dela.

— Eu achei que não ia dar tempo, Sasuke. Aquilo foi inconsequente.

— Eu sabia que você viria. — ele murmurou olhando firme nos olhos verdes que começaram a se encher de lágrimas mais uma vez. E ele teve que rir com dor quando ela o abraçou forte escondendo o rosto em seu peito.

Aos poucos, cada membro restante da Anbu ia se aproximando do casal, olhando juntos para as construções que pegavam fogo e para a grande construção de madeira o meio das ruínas.

O silêncio da noite do deserto era a música de vitória daqueles homens e no céu as estrelas brilhavam mais que nunca em celebração, na terra, no meio do deserto e das ruínas de uma antiga civilização amontoada de corpos. Um falcão e uma odalisca viam o futuro, tanto o deles quanto o de centenas de pessoas que ele decidiram abrigar ali até formar uma cidade como Igawa, pacífica, e colocar a marca eterna de seu amor nas pedras para as outras gerações.



Fim

 

betado por Mirys e Milla


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Notas finais do capítulo

E foi assim que eles fundaram a cidade do final de Ojos! Espero que tenham gostado! Foi uma delícia ter voltado com Ojos e me diverti (apesar das maldades TT)

Muito obrigada a todos que vieram aqui!!! ♥ Um grande beijo e até uma próxima!



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