If you float you burn escrita por psychoticwitch


Capítulo 3
Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Planejei umas notas iniciais bacanudas para vocês mas esqueci enquanto trocava de música :(
O capítulo ta bem longo hoje sim (até me enche de orgulho), mas provavelmente esse será o capítulo mais longo da fic toda *cries* e ele foi betado pela déco bb ~♡

Boa leitura ~



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Capítulo III

Vermelho

 

Possivelmente isso foi o início dos massacres em Majo ou apenas foi o caso mais sangrento que foi-se relatado naquela época.

Iniciou-se como uma boa história assustadora, daquelas que você não ia saber a veracidade até ver com os próprios olhos, de toda forma você não iria gostar de ver isso com os próprios olhos, afinal não era algo muito agradável. Com o tempo você se habitua, muito rápido e quando notar novamente é comum; chamaram-no de “o assassino de vermelho”, entretanto ele nunca matou uma única pessoa, quiçá fosse só um adolescente pregando peças em uma cidadezinha minúscula e supersticiosa, nunca iríamos saber. Sua marca registada, como o nome já entregou é o vermelho, a cor, você sabe? A cor vermelha era seu esconderijo fiel, por onde ele ia deixava um rastro vermelho, devia ser agradável para ele, estar protegido por uma cor, sua salvação e redenção.

 

— Ei, ei, ei Akaashi! – Bokuto já estava gritando às 8:00hs.

— Não grite… Minha cabeça dói. – Queixou-se, enquanto bocejava. Não havia dormido direito durante a noite, ia ser um dia daqueles.

— Ficou acordado até tarde fazendo o quê? Lendo algum livro estranho? – Perguntou ao moreno, enquanto andavam por uma trilha de terra, levava até o colégio dos dois.

— Eu até preferia, mas eu não consegui dormir… Só – Respondeu. — Tive um sonho estranho, a imagem ficou se repetindo várias vezes depois.

— Um sonho ruim é? – Bokuto fez uma expressão pensativa. Ou algo que devia ser, estava com o indicador no queixo fazendo bico.

— Você está ridículo! – Bateu nos cabelos arrepiados de gel do amigo. — Pare com isso.

— Você é mau, Akaashi! – Choramingou falsamente, massageando o local “ferido”.

Ignorou os resmungos do amigo, e seguiu andando, até se deparar com um rastro vermelho. Deu um pulo para trás, assustando Bokuto que quase caiu no chão.

— O que foi?

— Ali! – Apontou mais a frente. — Tem algo no chão, é vermelho.

Bokuto intrometeu-se mais para frente, avaliando o que era aquilo, eram só respingos escuros na terra, provavelmente já tinha secado, contudo ainda podia-se notar que era algo de cor vermelha. Depois de alguns segundos olhando fixamente para o chão, Bokuto olhou para ele e deu de ombros.

— Eu não sei o que é – Respondeu. — Sangue? Tinta? Alguém se machucou aqui perto?

— Porcaria – Praguejou. — Vamos sair logo daqui, se não sabemos de onde surgiu isso, eu que não vou ficar para descobrir!

— É. – Bokuto o seguiu.

Majo ainda era uma cidade atormentada, depois de uma tempestade e um desaparecimento, que mostrou-se “inofensivo”, e logo depois que o homem fora achado, mesmo morto havia uma explicação plausível para o caso, e logo depois a morte misteriosa daquela mulher, até hoje ninguém solucionou o caso e não tardou para ser abandonado. Bokuto tinha tido problemas em casa e depois seu pai se suicidou… Atualmente Majo era uma cidade cheia de novas lendas derivadas da bruxa, e uma alta taxa de mortalidade, isso se tornou demasiado anormal porém praticamente todos os dias alguém era cremado ou havia um corpo no necrotério da cidade. Tudo ia de mal a pior, já escutaram até que muitas famílias estavam saindo da cidade, ir para um lugar maior e com uma promessa de segurança melhor – sentir-se seguro num momento desses devia ser maravilhoso –, Majo iria perder-se aos poucos, era óbvio, por mortes inexplicáveis ou apenas jovens que não poderiam se manter em um único lugar, explorar o mundo e não ficar presos em uma cidade associada a uma bruxa.

Os que tinham a chance de fugir e usufruiam dela eram os mais sábios, ou que tinham desejo intenso pela vida, outros como Akaashi que mantiveram-se ali até o último instante não iam passar de pesos mortos, provavelmente depois de sua morte estaria preso eternamente em um mártir de “serás” sem respostas.

Sempre sufocou a vontade de fugir, até o último instante. Seu destino provavelmente já estava traçado, ele não se importou no início e nem no final, estava tudo bem, se Bokuto estivesse são.

 

— Cara! Eu não aguento mais as pessoas tagarelando sobre essa tal criatura de preto – Bokuto comentou, com as mãos cruzadas atrás dos ombros. — É tão irritante depois das cinco primeiras vezes.

— O tal espalhador de tinta? – Havia sido o assunto principal na aula de educação física, a esse momento todos já deviam ter ouvido e repetido essa história no mínimo três ou dez vezes, depende do tamanho de sua língua. — Provavelmente vimos uma das obras desse ser mais cedo.

— Você também acredita que ele não é humano? – A pergunta fora repleta de ironia, a descrença de Bokuto e Akaashi eram algo bem compartilhada naquela amizade.

— É claro que não! Mas tenho certeza que amanhã ele será um demônio conjurado pela bruxa.

— Com certeza. – Bokuto riu. — Eles precisavam esquecer aquelas mortes, isso ocupará suas cabeças cheias de bruxas por um tempo, o garoto que aprontou isso foi bastante criativo.

— Tenho pena dele… Imagine quando o pegarem?

— É só procurar um comprador assíduo de tinta vermelha.

— Como se alguém fosse tão esperto. – Retrucou. — Quero ouvir logo o apelido que vão dar para esse menino.

— O carniceiro da bruxa?

— O demônio de Majo!

— Será que ele vai ganhar um gancho ou um machado até amanhã?

— Ele já vai ter matado dez amigos de primos de segundo grau!

E não demorou muito para um apelido pegar, ou o nome deveras criativo se tornar a segunda frase mais dita pela cidade, a primeira sem dúvidas seria: “você já ouviu falar desse tal…” e completado pelo nome mais patético e bem formulado de “o assassino de vermelho” – já que as novidades eram justamente que a tinta vermelha que ele deixava por aí era o sangue de suas vítimas, bastante criativo, mesmo que nenhum corpo ou desaparecimento fora registrado –; e as únicas coisas que esse assassino de meia tigela fazia eram pequenas traquinagens pela cidade tarde da noite, assustava os poucos que ainda estavam nas ruas, vestido de preto da cabeça aos pés, diziam que era bastante alto e andava de uma forma que não parecia humano, então o chamavam bastante de “criatura” e qualquer metidinho dizia “humanóide” para complementar. Sua especialidade era espalhar tinta vermelha por aí, as placas pela cidade acordavam manchadas de vermelho, nem mesmo o chão de terra batida escapava das gotas vermelhas que ficavam ali.

Não era nada sério, contudo algumas pessoas ficam bastante incomodadas com pequenas coisas que com o tempo terminam. E como uma afronta para mais chiados e reclamações – que sem dúvidas era um belo espetáculo para pessoas como o assassino e até mesmo Akaashi, que achou até engraçado a “piada” exagerada com o tabu da cidade –: alguns dias depois da febre que foi, o assassino (ou alguém que levava a crer que era este) deixou um espantalho fantasiado de bruxa, com direito até mesmo a um chapéu pontudo ridículo e jorrando o que poderia ser sangue, mas de tonalidade tão brilhante que certamente era tinta e para completar o “circo dos horrores” estava enforcado em uma das árvores da floresta da bruxa, essa é conhecida por estar ao leste da cidade de Majo, onde diziam as boas (ou más) línguas que vivia a bruxa, por isso o nome bastante criativo. Todos os habitantes dali passaram por aquela trilha, apenas para ver aquilo, e próximo ao meio-dia finalmente retiraram o espantalho-bruxa. E com até mesmo a polícia agora no encalço de quem fez tamanha ofensa, um ultimato para aquela brincadeira maldosa.

Até o fim do dia nenhum culpado foi achado, o assunto aumentou e aumentou, até alguém ter a brilhante ideia de fazer justiça com as próprias mãos. É claro que nada resultaria, e a “caçada” atrás do malfeitor só deu desgraças, essas viriam mais tarde, é claro, por enquanto todos ficariam apreensivos com o que encontrariam assim que acordassem.

 

Dias depois do incidente, Akaashi e Bokuto foram indagados e por fim convidados a participar de um plano secreto – que nem chegava a ser segredo –; alguns estudantes, segundo os próprios: ficaram cansados daquela história sem solução e estavam decididos a buscar respostas. Entretanto, fofocas nunca são confiáveis, então em vez de pensar o óbvio, de ir atrás de um adolescente como eles que estava apenas pregando peças em uma cidade supersticiosa, eles decidiram ir à fonte dos problemas: a bruxa, especificamente adentrar a floresta da bruxa, onde a afronta tinha sido feita. Decerto confrontariam a ira de uma bruxa maligna ou provavelmente voltariam de mãos vazias e sem esperanças em uma lenda tão rasa. Deixaram aquele grupinho revolucionário para trás, respondendo os convites com um não retumbante.

— Você acha que eles irão encontrar alguma coisa? – Akaashi perguntou ao amigo, enquanto voltavam para casa.

— Certamente não. – Respondeu. — É estupidez, não? Sair atrás de uma bruxa, como se fosse uma caça. E se existisse uma mesmo? O que eles fariam? Pegariam cruzes e água benta?

— Ou uma estaca de madeira – Entrou na brincadeira. — Não duvido de confundirem bruxas com vampiros… Tenho um mal pressentimento com isso.

— Como assim?

— Se eu fosse eles não entraria naquela floresta – Disse. — Deve ser coisa da minha cabeça… Afinal ninguém vai lá há muito tempo, as lendas começaram a me afetar, acho.

— De toda forma, amanhã saberemos o resultado dessa empreitada!

O resultado foi como Majo já estava acostumada, ou no momento atual: se acostumando, todos os adolescentes desapareceram! Ninguém tinha voltado para casa na noite anterior, primeiro questionaram se os estudantes não haviam saído um pouco, afinal os últimos dias haviam sido bastante tensos, porém o grupo era parcialmente grande, e com tantas diferenças unidas por que sumirem todos juntos? Buscas pelas redondezas foram feitas, e depois um simples aviso de esperar por notícias por alguns dias, sem resultado algum por fim. A culpa é claro, caiu na bruxa e agora seu recém novo ajudante: o assassino de vermelho! Entretanto, os ataques de tinta do assassino terminaram por aí, nem mesmo sustos ou perseguições pelo mesmo aconteciam mais, o assunto esfriou sem novidades e com uma bomba maior ainda para explodir a qualquer momento. Algo mostrou-se bastante óbvio nisso, mas crendo que tratava-se da bruxa vingando-se de todos, o óbvio foi deixado de lado e todos estavam novamente naquele clima fúnebre e sem respostas.

Em uma única esperança, um grupo de busca foi criado e saíram logo cedo atrás dos estudantes na floresta da bruxa. Todos estavam tensos e esperavam que ao final daquele dia todos estivessem de volta, sãs e a salvo, finalmente. Todavia, Majo nunca foi flores, não era ainda anormal… Até aquele momento, no final da tarde todos do grupo de busca voltaram, aos farrapos, machucados e de aparência estranha, pareciam sem vida alguma. Mas estavam lá, de pé e encarando todos os outros habitantes com assombro, e tudo ficou estranhíssimo ao decorrer do relato que não mudava uma vírgula a cada um que repetia, bem vívido e real.

— Como? Se passaram no mínimo cinco anos… Talvez até dez! Como podem estar aqui, idênticos? – Perguntou um deles.

Era impossível ter-se passado tanto tempo, mas ninguém duvidou vendo o estado daquelas pessoas, os relatos eram tão convincentes. Era inacreditável.

— Em todo esse tempo… – Outro tremia ao saber que mal haviam passado um dia lá dentro. — Não vimos nenhum dos estudantes desaparecidos.

— E se essa tal bruxa existe mesmo não nos quer lá dentro. – Outro completou. — Evitem entrar lá, provavelmente vocês nunca mais sairão caso entrem.

O aviso fora dado, ninguém retrucou ou foi contra aquelas palavras, a história também teve seu momento de glória repassada de boca em boca. As buscas atrás dos desaparecidos aos poucos se tornou um sonho distante… Até serem totalmente canceladas, afinal quem teria coragem suficiente de entrar naquela floresta? Nem mesmo dois céticos como Bokuto e Akaashi tinham interesse em enfiar seus narizes naquilo e acabarem em outra dimensão ou atormentados por uma entidade desconhecida – e claro, essa frase foi totalmente retórica e sarcástica –. E como um bônus a bruxa havia voltado a ter sua grandiosa fama. Dessa vez, ela voltou a ser temida de novo, porventura alguém iria pensar na “melhor ideia de todas”: sacrifício. Eram um bando de seres humanos, eles sabiam reconhecer sua verdadeira essência, não era de se esperar algo como desse patamar em um período de meses ou anos, um futuro obscuro demais para ser dito… Ainda, tudo tinha seu tempo.

Então, para uma recordação constante do fatídico acontecimento um memorial foi feito para as “vítimas”, em tempo recorde e inaugurado há uma distância razoável da floresta da bruxa (e também servindo como um singelo cutucão na memória sobre todos estarem explicitamente proibidos de entrar ali e sobre hipótese alguma isso deveria mudar ou ser contrariado). Akaashi e Bokuto acabaram por estarem ali no dia da inauguração, até mesmo deixaram algumas flores, em uma oferenda silenciosa, era uma ideia errada sentir culpa por em nenhum momento intervir naquela loucura toda – e poderiam ser as fotografias dos dois ali –, mas era impossível não sentir uma pontada que fosse de remorso, então estariam ali para nem que fosse para condolências verdadeiramente arrependidas.

— Vamos? – Akaashi sentiu um arrepio vendo aquelas fotografias que pareciam tão espontâneas, de pessoas que até poucos dias estavam presente naquela cidade e de repente, já não eram nada mais.

— Sim. – Respondeu, seguindo o amigo.

O momento de mágoa, ou uma extensão do próprio, foi encerrado naquele mesmo dia, há noite. Lembrou-se do assassino de vermelho? Ninguém sabia o que havia realmente acontecido, porém uma mãe que tinha ido visitar o memorial saiu correndo logo cedo e gritando para todos aterrorizada, e se por curiosidade você fosse ver o que causou tamanho medo era bem simples: a fotografia de um dos garotos estava marcada de vermelho, era tinta, bem característica com o assassino, estava fresca. E o culpado? Ninguém soube até uma semana depois. Até lá, o mistério entre a conexão da bruxa e o assassino de vermelho recebeu uma nova peça incompatível, seu nome era Tendou Satori, um simples estudante que havia sido convidado para a investigação, o que poderia ligar esse aluno com tudo aquilo? Alguns concluíram que ele era o assassino de vermelho, porém por que ele mesmo estava se entregando? Outros pensaram que ele estava sendo usado como isca pela bruxa e o assassino e os mais “radicais” concluíram que ele era extremamente perigoso, e a bruxa estava os avisando.

A resposta veio como o previsto, uma semana depois: o corpo de um dos adolescentes foi achado, exatamente o de Tendou Satori, que havia sido “marcado” pelo assassino (ou a bruxa), seu corpo estava livre de hematomas ou machucados, no entanto suas roupas estavam aos farrapos e sujas de um líquido vermelho, dessa vez não era tinta e sim sangue, e envolta do corpo estavam órgãos, entranhas de outros corpos.

Supõe-se que pertençam aos outros desaparecidos.


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Notas finais do capítulo

Qro teorias conspiratórias depois dessa >:D provavelmente vou precisar dar muitas explicações depois, eu saber
Bye bye xuxus



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