A Vingança de Arthur escrita por Izaias Maia


Capítulo 7
Capítulo: Sete




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742622/chapter/7

Arthur estava saindo da Clínica Psiquiátrica André Massoto. Em mãos um bilhete dizendo: "A consulta com o Dr. André, seu psiquiatra, foi cancelada. Volte para casa."

 

Entrou no carro e pôs o bilhete no pára-brisa. Estava animado com a idéia de voltar mais cedo para casa. Apesar de ter visto sua mulher antes de sair de casa, já estava com saudades dela, uma conseqüência indireta de sua doença.

Dirigiu animado, ao som do rádio, naquela manhã fresca de sábado. Talvez comprasse um suco no caminho. Mas acabou se esquecendo disso.

Pôs o carro na garagem e desceu, guardando o bilhete do pára-brisa. Entrou na casa. Na sala de estar se deteve. Ouvia vozes vindo do quarto do casal, o que era de se estranhar, pois Ana Paula ficara sozinha em casa. A empregada não vinha aos sábados.

Subiu cautelosamente as escadas com os punhos em riste. Pressentia algo ruim. A porta do quarto estava entreaberta. Sem que ela rangesse Arthur a abriu. E ao lado do batente permaneceu, atônito.

Sua mulher estava de lingerie, deitada na cama, rindo enquanto um homem nu a beijava. Bastou um segundo de observação fixa. Uma reação caótica de sentimentos explosivos se processou em sua mente deficiente. Quando o sangue corava sua face e seus músculos se enrijeciam em pura ira, sua presença foi notada.

— Ah não! Arthur? O que ta fazendo aqui? – perguntou ela apavorada, cobrindo-se imediatamente.

— Ah cacete! É seu marido? – perguntou o homem saltando da cama e vestindo sua calça e camiseta às pressas.

— Por que Ana? Deixei alguma coisa faltar? – indagava Arthur enquanto avançava com passos pesados em direção à ela.

— Porra, você disse que ele tinha problemas! Daqui a pouco ele não vai esquecer? – o homem já estava vestido, pronto para sair.

— Cala a boca! – berrou a mulher para o amante – Saia daqui ou ele vai te matar!

— Matar? Mas ele não é retardado?

Em um acesso de fúria Arthur ergueu um pequeno criado-mudo no ar e atirou contra o amante de sua mulher. O móvel de madeira se desmontou na cabeça do homem, que cambaleou e caiu para trás, se apoiando na cômoda, o sangue escorrendo da cabeça.

— Cacete! – exclamou de dor o homem.

— Corre! – berrou a mulher para o amante.

Arthur avançou como um selvagem para cima do estranho. Com uma agilidade notável ele desviou-se de ser pego por Arthur, que por sua vez aproveitou e apanhou na gaveta da cômoda sua arma. Ao vê-la o homem saiu correndo escada a baixo. Arthur disparou imediatamente, acertando apenas o batente da porta.

Arthur correu atrás dele até que ele atravessasse a porta da frente e saísse correndo pela rua. Em um súbito lampejo de frieza e cálculo, preferiu deixá-lo correr e ser visto pelos vizinhos alertados pelo primeiro tiro. Com passos frios e pesados subiu novamente a escada e foi até o quarto. Ainda na cama sua mulher soluçava em choro.

— Perdão Arthur! Eu me sentia muito sozinha... Você parecia sempre distante, e eu me envolvendo demais com o trabalho. Ele não tem nada demais, é só um estagiário do escritório... Por favor, me perdoe, vamos esquecer tudo...

Arthur, em absoluto silêncio, apontou a arma para a mulher.

— Ai meu Deus! Arthur! Não faça uma loucura! Pelo amor de Deus! Você sabe que nós podemos...

E Ana Paula foi bruscamente interrompida por um disparo. Acertou em cheio seu peito. Seu corpo caiu para trás, estirada na cama. E então mais dois tiros atingiram a mulher.

Arthur permaneceu alguns segundos em silêncio. Então olhou para a arma. E para o corpo de sua mulher. As memórias ainda estavam nítidas. Era a adrenalina em seu sangue. Tinha que tomar providências.

Rapidamente guardou sua arma na cômoda, como de costume. Apressou-se em sair do quarto, deixando tudo como estava. Foi até a garagem e tirou seu carro. Os vizinhos ainda não saíram na rua, como imaginara ele. Ainda estavam assustados com os tiros.

Arthur foi até a padaria ali perto. Comprou um maço de cigarros e uma latinha de suco de maracujá. A memória ainda estava viva em sua mente, sinal de que ainda não se acalmara. Daria um jeito nisso.

Sentou no carro e abriu as janelas. Sentia a brisa fresca da manhã. Acendeu um cigarro e deu longas tragadas. Ajeitou o bilhete sobre a consulta desmarcada no pára-brisa e tomou o suco. Ligou o rádio e passou a se concentrar nas músicas.

 

"Tenho medo da possibilidade de poder fazer coisas e esconder de mim mesmo. A cada momento sinto que sou uma pessoa diferente. Tenho medo do que sou capaz de fazer."

— Arthur Tannous, para seu psiquiatra.    

 

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vingança de Arthur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.