After the Rain escrita por Stormy McKnight


Capítulo 6
Sopro de vida


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo de After the Rain. Ainda tem muita "plot twist" pela frente.

Boa leitura!



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Chinatown, Yokohama

Então Sarah me levou para a Chinatown de Yokohama. Nós passamos o grande portal vermelho da entrada feito de madeira e fomos passando pela rua aparentemente quase deserta e sem movimento. De um lado e do outro algumas lojas.

Sarah e eu fomos para a calçada da direita e paramos para conversar um pouco.

“Cara, essa é a primeira vez que eu venho a esse lugar…”, Sarah comentou.

“Sério?”, inquiri.

“Sabe, a mulher que cuida do hostel onde eu fico me indicou esse lugar, por ser turístico, e eu planejava ir sozinha...mas ai eu te conheci, digo, eu conheci vocês, você e Noriko…”, Sarah explanou “E aqui estamos, eu e você…”

“Eu ainda não sei se aquilo foi mesmo um sonho ou um pesadelo, ou o quê…”, balbuciei.

“Você ainda está pensando nisso?”, Sarah rebateu.

“Desculpe, ainda não consigo me desapegar disso. Eu estou muito abalada…”

Sarah então se aproximou de mim, olhou fixamente para mim, e…

“Posso te beijar? Nunca beijei uma garota antes, e estou curiosa para experimentar.”, a mesma disse com a intenção de me beijar.

“Pode…”, consenti.

Ela foi aproximando o rosto dela do meu, bem devagar e então selou os lábios dela com os meus e nós começamos a nos beijar ali.

Coloquei minhas mãos nos ombros da mesma enquanto nós continuávamos o nosso beijo por mais algum tempo.

[...]

Então eu decidi interromper o beijo.  Me afastei um pouco de Sarah.

Sarah colocou os lábios para dentro e depois os soltou.

“É...o beijo foi bom, mas...eu acho que eu vou acabar viciando, então...acho melhor pararmos por aqui.”, ela falou com receio.

“É. Eu também acho que posso acabar me viciando nisso, então...além disso nós somos de culturas diferentes…”, retruquei.

“Você...acha que a Noriko nos viu?”, Sarah quis saber.

“Eu...eu não…”, balbuciei.

Falando no diabo…

Então Noriko apareceu diante de nós. Ela estava pelada como no meu “Sonho” e o cabelo solto com algumas mechas cobrindo os seios. Eu...não tinha imaginado ela desse jeito...será que eu imaginei?

Sarah e eu olhamos na direção de Noriko.

“Noriko!” , exclamamos juntas.

Lágrimas escorriam do rosto dela.

Então a mesma começou a murmurar.

“Noriko! Porque você está brava comigo? Eu não tenho nada com a Sarah. Foi só...coisa do momento…”, explanei para ela”

As pessoas na rua deviam estar achando que eu e Sarah éramos duas loucas falando para o nada.

Mas, eu acho que elas não conseguiriam entender o que realmente estava acontecendo.

“Noriko...eu realmente amo muito você, não sabes o quanto me dói ficar sem você, mas...eu acho que o que houve entre nós...não foi de fato amor de verdade...e a vida se segue.”, comentei. “Mas, eu agradeço pelo que você me fez, por ter cuidado de mim…”

Então Noriko começou a se culpar.

Noriko ficou ofegando por um tempo, refletindo sobre o que eu havia dito. Até ela se tocar do que estava acontecendo.

“Eles? Quem são eles, Noriko? E que missão é essa?”, fiquei pasma.

Noriko começou a chorar de repente.

E aos prantos ela disse:

“É minha culpa! É tudo minha culpa! Se eu tivesse mais presente na sua vida...você era minha missão. Eu estava tentando te impedir de se suicidar...como eu fiz. E eu acabei me apaixonando por você.”

“O quê? Como assim?”, exclamei.

Então...como o vento, Noriko simplesmente desapareceu ao vento.

Eu já ia começar a chorar, mas tentei me conter. Levei as mãos até a minha cabeça puxando o meu cabelo para trás e fiquei a refletir. Os meus olhos começaram a estremecer.

Realmente eu fiquei muito abalada com aquilo.

Sarah veio até mim. Ela estava bastante preocupada comigo.

“Ahn...eu não sei o que houve agora de pouco, mas...você está bem?”

“Não sei, Sarah…”

“Nós podemos...nós podemos voltar aqui outro dia, se preferir”, Sarah sugeriu.

Continuei tentando me segurar para não desabar em choro como anteriormente.

“Não, está tudo bem. Digo, eu acho que eu quero comer alguma coisa antes de irmos embora daqui.”, comentei.

“Tudo bem, Shizuka. Eu te pago o almoço.”, Sarah retrucou.

“Obrigada, Sarah”

[...]

Então Sarah e eu andamos mais algum tempo em Chinatown, até chegarmos nessa parte da rua, onde haviam chineses fazendo propaganda dos restaurantes na porta dos mesmos mostrando o cardápio para os passantes.

Fomos conversar com uma mulher chinesa já com uma certa idade que nos mostrou o cardápio em Chinês e uma cópia em inglês para Sarah. Ela deu uma breve explicação sobre os pratos do cardápio e deixou nós nos decidirmos.

Eu e Sarah conversamos sobre o cardápio. Eu não tinha achado o cardápio ruim, mas...eu acho que eu não estava me sentindo bem o suficiente para comer lá.

“Olha, muito obrigado, mas...a minha amiga não está se sentindo muito bem hoje, então...eu acho que vamos procurar outro lugar.”, Sarah falou em inglês com a mulher e a mesma entendeu.

Nos despedimos e fomos tentar outro restaurante.

Esse segundo pareceu melhor, então nós entramos nele.

Havia essas pessoas comendo nas poucas mesas que haviam no local e algumas no balcão do bar.

Fomos para o balcão, um chef mostrou para nós o cardápio do restaurante, e nós fomos escolhendo os itens do cardápio.

Sarah pediu uma cerveja e eu pedi um pouco de vinho de arroz frio.

O chef foi pegar as bebidas para nós enquanto ficamos escolhendo a comida.

“Sarah...eu queria saber mais sobre o que a Noriko disse. Você consegue pesquisar na internet no seu celular?”, falei para Sarah enquanto olhava o cardápio.

“Sim, eu acho...mas…”, Sarah interrompeu.

“Eu acho que eu deixei o meu celular no apartamento da Noriko.”

“Não, você não deixou. Eu recuperei ele. Está na minha mochila em um dos compartimentos.”, Sarah comentou.

“Sério? Você pegou meu celular? Obrigada!”, exclamei.

Sarah colocou o cardápio dela no balcão, tirou a mochila das costas, abriu um dos zípers e tirou o meu celular de dentro.

Então ela me entregou o meu celular e fechou o zíper.

“Aqui está!”

“Obrigada!”, peguei o celular da mão dela.

Então eu liguei o meu celular e acessei a internet pelo navegador do mesmo.

Procurei no buscador pelo nome da Noriko e esperei a pesquisa completar.

Num piscar de olhos surgiram várias links de páginas com o nome da Noriko.

Olhei no primeiro link e abriu essa página, um blog contando o caso de Noriko. Comecei a ler.

“O que diz ai?”, Sarah ficou curiosa.

“Ahn....parece que Noriko Yui era uma dessas ninfomaníacas que gostava de ficar com garotas novinhas...ela de fato trabalhava em uma creche de crianças, e ahn…”, Interrompi.

“Rin Kuroda”, o nome me soou familiar.

“Então...Noriko teve um caso com Rin Kuroda, mas...a garota a evitava...deve ser por isso que Rin se zangou com Noriko quando eu visitei a creche onde ela trabalhava…”

Sarah então olhou para mim e estranhou eu falando sozinha.

“Você está falando sozinha?”, a mesma inquiriu.

Me voltei para Sarah.

“Desculpa. Eu estava pensando alto”, explanei.

Sarah pareceu não entender do que eu estava falando.

Mas, o que houve então com as crianças da creche onde Noriko trabalhava?

Continuei a ler a matéria.

“A dona da creche, junto com Rin e mais um grupo de crianças que atravessava a rua foram atropelados por um caminhão que estava correndo. O motorista estava distraído no volante e acabou atropelando o pessoal da creche.”

“Noriko Yui, depois de saber da morte de sua namorada, resolveu se suicidar indo para a floresta aos pés do Monte Fuji, chamada Aokigahara, popularmente conhecida como “Floresta do suicídio”. Mas, a polícia que investigou o caso na época, descobriu que Noriko não tinha ido trabalhar no dia do acidente. Quando interrogada, a mesma revelou que estava em uma balada…”

Terminei de ler e minha mão que segurava o celular estremeceu.

Sarah olhou para mim e estranhou.

“Você está bem, Shizuka?”

“Eu...eu não sei…”, eu tinha ficado muito chocada com o que li.

A bebida veio e o chef veio perguntar se nós estávamos prontas para fazer o pedido.

“Sarah, pode pedir por mim?”

“Claro, Shizuka. Dois Chow Mein”, Sarah disse ao chef.

O chef agradeceu e nós devolvemos os cardápios para ele que os colocou em um canto do balcão onde estavam os outros cardápios.

Depois, o chef gritou o pedido em chinês para a cozinha.

O mesmo nos avisou de que iria levar algum tempo para preparar os nossos pratos, mas como não tínhamos pressa, nós dissemos que estava tudo bem.

Sarah e eu ficamos à sós conversando no balcão enquanto bebíamos nossas bebidas.

“Então, Sarah, o que realmente você faz aqui, porque veio para o Japão?”, a questionei.

“Bem, eu sou do Havaí e...depois de completar o ensino médio, eu...deveria estar pensando em uma faculdade, mas...resolvi que queria fazer um intercâmbio para o Japão. Então eu falei para os meus pais sobre isso, e eles não concordaram, então eu falei para o meu namorado sobre o mesmo, e disse que eu queria que ele viesse junto comigo pro Japão, mas ele não quis, e ai acabamos brigando e eu resolvi terminar com ele. Então, eu comecei a planejar por conta própria o meu intercâmbio para o Japão. Eu peguei o dinheiro que era para ser da faculdade, e ai fui ver com uma agência de intercâmbio para vir para cá.”, Sarah me contou.

“Entendo. Eu gostaria de ir para o Havaí…”, comentei.

“Você iria amar. Mas...eu tenho medo de voltar para lá. Os meus pais provavelmente me matariam. A não ser que nós duas nos casássemos.”, Sarah retrucou.

“Você quer dizer um casamento lésbico?”, exclamei.

Sarah então me censurou.

“Fale baixo, Shizuka.”

“Desculpa”

“É, é disso que eu estou falando.”, Sarah atestou.

“Mas...eu ainda amo a Noriko.”, contestei.

“Garota! Eu entendo que vocês duas tem “história”, mas...você viu aí na internet. A Noriko está morta. Então...eu sugiro que nós oremos pela alma dela. Assim ela poderá descansar em paz.”.

“Sim. Talvez devêssemos fazer isso…”, avaliei.

“Você vai se sentir melhor, Shizuka…”, Sarah sorriu para mim.

[...]

Após algum tempo de espera, o chef veio trazendo o nosso pedido e colocou os pratos que estavam em uma bandeja com os pauzinhos no balcão.

Lembrei de fazer o cumprimento antes de comer a refeição e fiz. Sarah acabou me seguindo.

Depois disso, nós começamos a comer a nossa comida.

Em um certo momento, Sarah interrompeu a refeição.

“Sabe de uma coisa, Shizuka? Eu estou pensando em te levar para conhecer o hostel onde eu fico. A dona do lugar é muito simpática. Ela é japonesa, então eu às vezes troco umas ideias com ela. Ela praticamente me ensinou um bocado de Japonês...o nome dela é Reiko Mitsui…”, Sarah comentou.

“Reiko Mitsui?” , refleti sobre aquele nome.

“Você a conhece?”

“Não. É só que...bem, Noriko...Reiko..”

“Ah! “Eu entendi a referência!”, Capitão América em Os Vingadores da Marvel, já viu esse filme?”

“Não.”

“É um filme de super herói. Eu gosto de super - heróis.”

Continuamos a comer até esvaziar nossas tigelas. Quando terminamos, deixamos as tigelas no balcão e fomos para o caixa pagar as contas. Saímos de lá restauradas.

Depois, fomos andando mais um pouco na rua até que chegamos no templo Masobyo.

Lá, havia esse incensário onde se tinha que pagar uns 300 dólares para um senhor chinês para acender um incenso. Nós pagamos e ele acendeu uns incensos para nós.

Juntamos nossas mãos em sinal de prece como o mesmo nos instruiu e rezamos pela alma de Noriko.

Eu desejei que ela encontrasse o caminho dela e ficasse em paz.

Sarah também deve ter pedido o mesmo que eu.

[...]

Saímos do templo e fomos até uma máquina de refrigerantes, dentre as muitas espalhadas pela entrada do templo e compramos uma água para nós.

E esse foi basicamente o nosso dia na Chinatown de Yokohama.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado^^

É, a Noriko não é real mesmo. Mas logo vocês saberão a verdade por trás disso tudo.

Até o próximo!



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