Nossos Pequenos Segredos escrita por deadlikeme


Capítulo 4
Capítulo 4




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— ACORDA Suzana!

Uma voz ao fundo gritou enquanto jogavam uma bolinha de papel.

— Vai se...

Mary segurou em meu braço olhando para mim e indicando que o professor estava olhando.

— Não vai terminar o xingamento, santa?

Respirei fundo fechando os olhos e apertando as mãos.

— CHEGA!

O professor gritou na frente da sala enquanto todos começavam a rir. Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, o sinal tocou e rapidamente os alunos se levantaram fugindo da sala. Um dos amigos de Luke, Michael, passou por mim me empurrando enquanto arrumava as coisas em minha mesa.

— Eu odeio esses caras.

Mary sussurrou com seus olhos claros e seu cabelo ruivo. Levantei as sobrancelhas dando de ombros.

— Não é a única.

Joguei minha mochila nas costas e quando pensei em passar pela porta ouço a voz do professor.

— Suzana?

Me virei enquando Mary fazia uma careta sussurrando um "boa sorte" e saindo.

— Sim?

Aproximei-me da mesa e o professor tirou os óculos segurando suas próprias mãos enquanto brincava com os polegares.

— Eu quero te dizer que se Luke Hemmings voltar a fazer qualquer coisa que te menospreze ou te deixe mal, me avise e tomarei providências.

Concordei enquanto ele se virava para me olhar. Ato estranho, duvidoso que nunca havia acontecido antes, e por que agora?

— Sim, senhor. Obrigada.

O professor sorriu pressionando os lábios e voltando a colocar os óculos enquanto me afastava em direção a porta e via Mary do outro lado do corredor me esperando. 

— O que era? O que ele disse?

— Não sei, achei estranho. Ele falou que se o Luke voltar a fazer qualquer coisa comigo, eu devo lhe falar e ele vai tomar providências.

Mary arregalou os olhos.

— Uau, Suzie. Isso é muito bom.

Dei de ombros chegando ao meu armário para guardar a mochila de qualquer jeito.

— Mas é estranho.

Caminhamos em direção ao refeitório.

— Não é estranho, é ótimo! Agora me fale o que está acontecendo para você estar tão tristinha assim?

Olhei para ela com as sobrancelhas franzidas e voltei a olhar para a frente negando com a cabeça.

— Eu estou falando sério, Suzana! Me conte.

Ela parou em minha frente e chacoalhou meus ombros. Dei risada.

— Que exagero, Maria, não tem nada pra contar estou bem.

O restaurante estava cheio e fomos para a fila do lanche. Não procurei por Tyler, não chegava na escola com ele, não falava na escola com ele, não cruzava olhares na escola com ele, não ia embora da escola com ele, e se ninguém perguntasse nossos sobrenomes, nunca saberiam que somos irmãos, nunca fizemos questão de mostrar que éramos, e não sei porque, talvez seja por desde sempre sermos separados tanto na personalidade que não se batia, quanto na individualidade e orgulho de cada um. Mas as coisas estavam diferentes agora.

— Suzana!

Mary chamou me fazendo parar de pensar e olhá-la.

— Que é?

— Michael está te chamando.

Fiquei olhando para ela até entender para onde ela apontava e me virei na direção. Franzi as sobrancelhas vendo Michael gritar:

— Suzana, vem aqui!

Ignorei como se não fosse comigo e arrastei a bandeja pelo balcão pegando o sanduíche que serviam e o suco.

— SUZANA!

Ele gritou enquanto eu retirava minha bandeja do balcão e caminhava para uma mesa onde Jeff já estava, para sentar ao seu lado.

— Michael está te chamando.

Ele sussurrou, o garoto de cabelos bagunçados e olhos escuros falou com a boca cheia.

— Quem é Michael, Jeff?

Ele negou com a cabeça rindo e voltando a morder meu sanduíche.

— Eu odeio esse cara.

Jeff resmungou enquanto Michael continuava insistentemente.

— Eu não sei qual o problema desses caras comigo.

Resmunguei engolindo um pedaço do meu lanche.

— Tesão.

Franzi as sobrancelhas olhando para Jeff enquanto tossia engasgada com meu pedaço de lanche.

— Que?

Jeff iria me explicar, ou tentar ao menos, mas foi interrompido quando Michael decidiu se levantar e vir em nossa direção por trás de Mary sentada em minha frente. 

— Oh merda.

Falei baixo fazendo apenas Jeff parar de falar. Mary se virou no banco mordendo sua maçã e Jeff arregalou os olhos levantando a cabeça e parando de mastigar para olhar para o garoto alto e forte de cabelos claros caminhando em minha direção. Olhei para a mesa de onde Michael vinha, vendo Luke rir junto com os outros.

— Suzana, eu quero saber porque não foi a mesa quando te chamei.

Ele chegou falando em seu tom de voz alto e nervoso.

— E por que deveria ir?

Falei calmamente engolindo o pedaço de meu sanduíche.

— Porque eu mandei!

Ele bateu a mão na mesa enquanto assistíamos. Minhas pernas tremiam de baixo da mesa, mas ninguém via.

— Não sabia que era o chefe e não o capacho do Luke.

Vi seus olhos ferverem, e por mais que meu coração se acelerasse, tentava passar calma como se não importasse com o que fosse me acontecer. Mary olhou para Michael, com os punhos fechados, e depois olhou para mim. Ela arregalou os olhos e sussurrou.

— O que você está fazendo?

Jeff começava a rir ao meu lado pelo nariz, um imprestável. Michael se aproximou, me puxou pelo braço o apertando e me fazendo levantar rapidamente. Eu cambaleei sem conseguir firmar direito as pernas enquanto ele me puxava rápido para chocar minhas costas contra a parede com brutalidade. Vi Jeff se levantar da mesa bruscamente.

— Fale assim comigo mais uma vez nerd e você...

Antes que ele terminasse a frase o chutei no meio das bolas o fazendo resmungar. As pessoas paravam de comer para nos observar, mas alguém, antes de qualquer outro e até mesmo Jeff que estava mais próximo, correu em nossa direção.

— Desgraçada, agora você vai ver.

Mas antes que ele pudesse terminar o que ele queria fazer a mim com aquela mão levantada, alguém o puxou empurrando-o na parede e colocando seu braço sobre o pescoço de Michael. Olhei boquiaberta para a cena e vi Tyler segurando o garoto. Todos das mesas se viravam para olhar, e Luke já havia se levantado com as mãos sobre a mesa para observar um de seus soldados ser abatido.

— Encosta nela mais uma vez, e eu te mato!

A voz de Tyler saiu mais rouca que o normal, e Michael apertou o maxilar como se fosse o enfrentar mesmo com dor, depois olhou em volta e concordou com a cabeça.

— O que? - Tyler perguntou. - Não ouvi, queridinho. O que eu te mandei fazer?

— Não tocar na garota.

Ele sussurrou falando contra sua vontade. Olhei para a mesa dos jogadores de onde Tyler havia saído, alguns meninos deram alguns passos em nossa direção com sua jaqueta clássica do futebol americano. Eu sentia meus olhos arderem, talvez eu quisesse chorar. Eu respirava ofegante.

— Como É? Qual o nome dela? Vamos lá, meu amor, você sabe.

Tyler pressionou mais a garganta dele enquanto algumas risadinhas começavam a surgir pelo o que Tyler estava fazendo o valentão do segundo ano passar. O grupinho do Hemmings poderia ser os valentões do segundo ano, mas meu irmão e seu time de futebol, eram os atletas do terceiro ano.

— Não tocar na Suzana!

Ele pressionou os lábios nervoso.

— E você vai cumprir?

Michael concordou.

— FALA!

Tyler gritou empurrando o pescoço de Michael mais ainda. O garoto já estava vermelho.

— Para, Tyler.

Eu pedi com a voz falha ao seu lado. Ele me ignorou, gritando novamente para o garoto que ele encarava.

— VOU!

Michael gritou por fim.

— Ótimo.

Tyler sorriu e tirou o braço de cima do pescoço de Michael bruscamente, o fazendo voltar a respirar ofegante. Michael estava sem graça e eu não sabia se aquele vermelho em seu rosto era por ter ficado sem ar de tanto que Tyler havia o enforcado, ou se era por conta de toda a vergonha que havia passado na frente de todos os alunos de todos os anos naquele refeitório. O garoto loiro e gordo voltou à sua mesa rapidamente enquanto outros riam do acontecido. Luke continuava nos olhando. Tyler olhou para a mesa deles, encarou o garoto loiro de piercing na boca que apertou os punhos, mas voltou a se sentar tirando o olhar de nós e começando a conversar com Michael que agora abaixava a cabeça. Talvez Luke tivesse sido vencido e agora sentia o peso da derrota, ou então ele planejava uma vingança no silêncio. A segunda opção para mim era a mais provável, já que Luke não era o tipo de cara que deixa pra lá. Tyler colocou a mão em meu ombro. Levantei o olhar para ele, como ele era bem mais alto do que eu, e Tyler sorriu de lado.

— A partir de agora, você vai ir e voltar da escola comigo.


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