Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 22
6.




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No dia seguinte começaram a cuidar da horta outra vez. Os primeiros tomates já estavam nascendo no vaso, além das hortaliças que já estavam todas verdes outra vez, porém as verduras precisavam ser plantadas novamente. Sara e Mike ficaram encarregados da horta, enquanto Iara e Tom cuidavam de outros afazeres.

Sara se recuperou do tombo do telhado sem grandes problemas. Teve uma boa noite de sono e tomou os remédios indicados por Mike.

— Antes disso tudo acontecer, você era médico? – Sara perguntou ao homem ao seu lado, enquanto plantavam as sementes embaixo do sol quente.

— Não – Mike olhou para ela, sorrindo levemente – Eu era dentista, acredita? Mas na Ressurreição eles deram treinamento àqueles que trabalhavam em áreas mais biológicas, e não foi difícil a aprender a cuidar das outras pessoas. Não sei tudo, claro, mas o principal, sim.

— Você não tem cara de dentista. – Sara murmurou.

— Por que não?! – Mike indagou depressa, curioso.

— Hmm... – Sara pensou. Pegou rapidamente uma das mãos dele e analisou a palma. Percorreu os dedos suavemente ali antes de continuar – Você tem a pele bronzeada, queimada de sol, e não tem mãos delicadas de dentista.

Mike riu, divertido.

— Quando mais novo morei na fazenda, meus pais não eram da cidade. Então, trabalhei muito com gado e terra antes de ser dentista.

Sara piscou, sem saber o que responder. Não conseguiu pronunciar nada diante daqueles olhos quentes cor de mel de Mike que a encaravam, olhando dentro dos olhos dela quase como se vissem sua alma.

Quando sentiu sua pele se esquentar e seu coração acelerar, a mulher riu nervosamente e mudou de assunto, falando de amenidades, das plantas e tudo mais. Conversou sobre qualquer assunto brando para aquietar aquela estranha palpitação que subitamente tinha tomado conta de seu peito.

**

Os dias foram passando e Iara começou a ensinar a língua de sinais para Sara. Quando começou a chover e não tinham nada a fazer a não ser ficar dentro de casa, elas treinavam por horas a fio, pois Sara queria aprender o mais depressa possível aquela forma de linguagem – até porque nunca se sabe quando precisariam dela novamente, afinal.

Também, os peixes e frutas estavam acabando, e eles sabiam que precisavam ir novamente ao Epagri, o belo lago da cidade, a fim de buscar mais desses alimentos. Iara e Tom, portanto, decidiram que era hora de ir.

Como a distância até o lago era muita e eles ansiavam por buscar o máximo de mantimentos que conseguissem, checaram o nível de combustível do carro, para ver se tinham gasolina o suficiente para chegarem até lá. O tanque estava pela metade.

— É mais que suficiente – Tom disse – E gastaremos menos de ¼ do combustível. Quando nos aproximarmos do lago, podemos deixar o carro mais afastado e seguir 1 ou 2 quilômetros a pé. Não será problema.

— Acho que em 24 horas conseguimos caçar e pescar alguns animais, além de apanhar as frutas que estiverem pelo caminho.

— Quando vocês pretendem ir? – Sara perguntou.

— Com o nível atual de comida... – Iara murmurou – Melhor irmos amanhã, não acha, Tom?

— Concordo totalmente. Vamos eu e você, Iara, enquanto Sara e Mike ficam aqui cuidando das coisas. O que acham?

— Concordo totalmente. – Mike disse.

Sara e Iara confirmaram com um aceno positivo de cabeça. Estava tudo enfim combinado.

Então, começaram a se preparar.

Passaram o restante daquela tarde treinando. Todos fizeram flexões e abdominais antes de duelarem em dupla. Ensinaram alguns poucos golpes para Sara, mas naquele dia ela foi mais observadora que participante. Afinal, quem iria sair em campo e precisavam treinar mais arduamente eram Tom e Iara.

Enquanto assistia, Sara se surpreendeu ao perceber o tamanho da sincronia do casal – era como se eles lutassem lendo a mente um do outro.

Iara tentava socar o estômago de Tom, mas ele se defendia dela e ao mesmo tempo em que já desferia um golpe nas pernas dela. Iara, então, barrava o golpe com um dos pés e dava uma chave de braço em Tom. Assim, os dois continuaram o duelo, até um deles estar no chão ou os dois se cansarem o suficiente.

Foi um aprendizado surreal para Sara. Ela nunca na vida imaginara a amiga, outrora tão calma e pacífica, lutando corpo a corpo de uma forma tão esplêndida assim, sabendo onde e quando socar, como e de que modo de defender. Sara se sentiu maravilhada.

— Vocês vão me ensinar a lutar assim, não quero nem saber. – ela disse aos amigos, os olhos brilhantes e completamente encantados diante de tudo aquilo.

O ponto fraco de Sara era justamente esse: lutar corpo a corpo. Sozinha anteriormente, ela não teve a chance de aprender nada daquilo.

— Com certeza, amiga – Iara disse, dando um tapinha no ombro de Sara – Tenho certeza de que você vai aprender rapidinho e se sair ainda melhor que nós. Afinal, “o aprendiz sempre supera seus mestres”, não é mesmo?

Sara sorriu, acenando em silêncio com a cabeça.

Se ela se saísse igual seus amigos, já se sentiria completamente realizada.

**

Na manhã seguinte, Iara e Tom partiram exatamente às 6 horas da manhã. Até as 6 do dia seguinte era o prazo para eles estarem de volta.

— E se algo acontecer e vocês não voltarem? – Sara perguntou preocupada.

— Não vão atrás da gente – Tom respondeu certeiro – Fiquem neste lugar e protejam com todas as suas forças. Nós sabemos nos cuidar.

Sara estava prestes a contrariar aquilo, no entanto acabou não falando mais nada. Ela sabia que, se os melhores lutadores estavam em perigo, ela de nada poderia ajudar caso saísse de casa a fim de resgatá-los. Proteger aquele precioso lugar era a missão atual dela e de Mike – nisso eles não poderiam mesmo falhar.

Os amigos se despediram e Iara e Tom seguiam até a casa ao lado. Sara viu de dentro da casinha da árvore eles saírem rua afora, rumando em direção ao lago Epagri. Quando perdeu os dois de vista, a mulher desceu da casinha da árvore e seguiu até onde Mike estava.

Passaram o restante do dia cuidando da plantação, checando os níveis da água que estocaram da chuva nos dias anteriores e tratando de outros afazeres. Quando anoiteceu, a noite mais uma vez estava fria e Mike acendeu uma fogueira, a fim de assar o último peixe que eles tinham estocado.

— Eu gosto de fogueiras. – Sara disse de repente, enquanto observava as chamas abraçarem lentamente aquele pedaço de carne que estava acima delas.

— Por quê? – Mike perguntou, sentado quieto ao lado dela.

— Hm... – Sara murmurou e bebericou seu copo. Eles estavam tomando naquela noite o restante da garrafa de vinho que estivera guardada na despensa. – Elas são tão acolhedoras... Tão quentes e chamativas. Aquecem o coração.

Mike riu levemente, bebendo um grande gole de vinho.

Eles estavam sentados um ao lado do outro, até que Mike foi virar o peixe e os corpos deles se tocaram de repente.

— Opa, me desculpa. – ele disse, subitamente sem graça.

— Sem problemas...

Sara notou que o homem ao seu lado estava inquieto, não mais com aquela calma e confiança que ele mostrara nos dias anteriores.

— Sabe o que eu acho, Sara? – Mike falou depois de um tempo, finalmente quebrando o silêncio que havia se instalado entre eles – Essa chama é como você, Sara... Extremamente poderosa, chamativa e aquece o coração de qualquer um.

Sara prendeu a respiração, seu coração disparou no mesmo instante.

Os dois se olharam dentro dos olhos e viram algo brilhar dentro deles, algo intenso, quente e feroz. Viraram-se um para o outro no mesmo instante. Mike abraçou com força a cintura e as costas de Sara, puxando-a para si, ao mesmo tempo em que ela colocava firmemente as mãos no cabelo dele. Pela primeira vez, trocaram um beijo ávido, sôfrego e simplesmente insaciável.


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Notas finais do capítulo

Eita...!!!!
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