Entre feitiços, uma negra e um gordinho excitado escrita por Lucas Stumpf


Capítulo 3
Saudades




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742505/chapter/3

Pedro ainda tentava, em uma esperança vazia, avistar a ex professora Inês à mesa dos professores. 

— Ela não vai mais lecionar. - explicou Lucas pela quinta vez.

— Eu sei, mas... - disse Pedro, em um muxoxo que só um gordinho deprimido poderia produzir. - Sinto saudades...

Gabriel então colocou os braços sobre os ombros de porco do amigo, e disse:

— Vai ver a nova professora seja ainda mais... - e parou de falar, como se tentasse engolir o próprio vômito. -... atraente. 

E Pedro então soltou um sorriso tímido enquanto as lembranças de sua noite voraz com Inês, no ano passado, rolavam pela sua mente. Aqueles relinchos, os gritos de pantera que estilhaçaram os vitrais do salão comunal da Sonserina, a sensação de ensanduichar seu micro-pênis entre aqueles peitos...

Será que jamais voltaria a ter uma mulher daquelas em sua cama? Será que seu cuzinho rosa e porcino jamais voltaria a sentir a língua áspera de um travesti? Mesmo o pensamento de estar novamente em Hogwarts, não era o suficiente para atenuar a agonia que era não pousar os olhos nos peitos rígidos e suculentos que se debruçavam sobre a mesa de carvalho dos professores, constrangendo a professora Minerva; e mesmo o ciúme que sentia sempre que via o tapado, imbecil e inútil do meio gigante Hagrid, babando os frutos da professora Inês, agora parecia um preço pequeno a se pegar. 

— Pedro! - a voz de Lucas acordou o gordo de seus devaneios.

— O que foi, porra? - perguntou ele, irritado por ter sua mente varrida para longe das ancas marrons e masculinas de professora Inês.

— Hora de descermos. - disse Lucas, com a testa franzida, enquanto encarava Pedro vacilante. 

O leitão então sacudiu a cabeça, ajeitou os óculos e se levantou.

— Esperem. - pediu Ysa. - Vamos com o Igor até o dormitório. - e deu uma olhadela pervertida para o garoto espinhento e cabelos cor de palha que a abraçava por trás. 

— Ai, por que não vai sozinha? - perguntou Pedro com seu timbre estridente que mais lembrava um suíno guinchando. 

— Vamos. - disse Gabriel, levantando-se de mãos dadas com Alexia. - Quanto menos tempo ficarmos juntos de Gabi, será melhor.

As palavras de Gabriel fizeram Pedro estremecer. Se perdera tanto nas fantasias com Inês, que até esquecera de Gabi. 

— Não vou ter a Inês, o Lucas ainda não foi preso, tenho que aguentar o Gabi... POR QUE NÃO ME DÃO LOGO O BEIJO DO DEMENTADOR?!

— Mas você beijou a Inês. Deve ser a exata mesma sensação. - disse Lucas.

Foi como se um pavio se acendesse no interior reflexo de sódio e gorduras saturadas de Pedro. Ele puxou sua varinha e apontou-a para Lucas, arrancando uma expressão perplexa do amigo criminoso. 

— Expelliarmus! - bradou ele, púrpura.

Uma rajada de luz vermelha acertou Lucas bem no peito enquanto o som de um chicote estalando ecoou por todo o Grande Salão, calando todos os demais.

Lucas aterrissou a uns sete metros de distância de seu grupo de amigos, entre os pés de uma patota de alunos da Lufa-Lufa. Todos, incluindo os professores, olharam para Pedro perplexos, obviamente desacreditando que aquele aluno que não conseguira sequer fazer uma pena levitar, conseguira executar um feitiço tão potente. 

— E só não usei a Maldição da Tortura - começou Pedro, guardando a varinha no manto da Sonserina. - porque não quero ser preso e ir pro mesmo lugar que você.

Lucas levantou-se com uma cara emburrada, claramente emputecido por ter sido abatido pelo amigo menos experiente em magia. 

— Acredito que no fundo ele merecia. - a voz de Dumbledore iniciou uma série de consentimentos, e as palavras "é verdade", "ele merecia mesmo", puderam ser discernidas no meio da nuvem de burburinhos. 

— Me lembre de nunca insultar a Inês perto do Pedro. - Igor pediu a Ysa. 

O grupo de amigos subiu as escadas até o dormitório na Grifinória, onde, no lugar da habitual mulher gorda, encontrava-se uma mulher oval, com cabelos mal tingidos de um vermelho vulgar, os peitos caídos repletos de estrias, um olhar profundo e congelado, emoldurado por uma maquiagem infantilmente aplicada e um batom escarlate que fazia sua boca parecer três vezes maior do que deveria ser. A nova mulher gorda olhava fixamente para os alunos, como se fosse uma cena retirada de um filme de horror muito bem dirigido. 

— Meu nome é Diana Cristina de Medeiros. - disse lentamente, como se estivesse ameaçando os bruxos. - Eu sou lésbica. Eu só gosto de namorar só com mulheres. 

Um arrepio percorreu o corpo de Pedro, logicamente demorou dez minutos para percorrer todo o trajeto. Era como se estivesse vendo mulheres atraentes em todo o lugar. No primeiro momento, pensou que eram seus desejos lhe pregando uma peça. Infelizmente, aquela mulher era lésbica, então não deixaria que Pedro conectasse sua extensão carnuda em seu "V" cabeludo.

— Xereca. - disse o monitor da Grifinória que acompanhava os alunos do primeiro ano.

Diana Cristina de Medeiros abriu-se em um sorriso aterrorizante que fez alguns primeiro-anistas chorarem, e então inclinou-se para frente, revelando o buraco para que entrassem. 

Antes que Igor pudesse se desvencilhar do grupo e adentrar o buraco, um garoto insuportável que já conheciam muito bem, João Borela, foi de encontro a eles com um monte de papéis na mão.

— E aí pessoal. - disse ele.

— Como todas as coisas podem acontecer a uma só pessoa? - perguntou Pedro olhando para o teto encantado do castelo.

— Eu escrevi um livro nas férias. - disse Borela. - Gostariam de ler?

Os garotos trocaram olhares atemorizados, e Gabriel perguntou:

— Por que quer que sejamos nós a ler isso?

— Porque são as pessoas mais legais que conheço. - respondeu ele.

— Você enrabou meu primo. - lembrou Lucas, com um tom incolor, como se fosse um juiz jogando as evidências sobre um réu.

— E foi a melhor coisa que já me aconteceu. - disse Borela, sonhador.

Pedro sentiu uma ardência no pescoço, oriunda do refluxo gástrico que lhe ocorreu.

— Tudo bem - disse Lucas -, eu leio.

E o criminoso então escorou-se ao lado do retrato da Grifinória, e começou a folear a obra de Borela com uma expressão indiferente. Depois de uns cinco minutos, devolveu-a a Borela com um sorriso e disse:

— Está muito muito bom. Devia continuar e investir nisso. Ficará mais rico que Paulo Coelho.

Borela então ficou escarlate, apertou o livro contra o corpo, agradeceu, e entrou no buraco do retrato saltitante.

— O livro era realmente bom? - perguntou um surpreso Gabriel.

— Você verá. - disse Lucas, olhando maliciosamente para o ponto em que Borela desaparecera.

Os demais do grupo se entreolharam sem entender nada, mas Pedro sabia que boa coisa não poderia ser.

— Até mais tarde, ursinho. - disse Ysa, abraçando Igor, despontando um pouco de ciúmes em Pedro, uma vez que ainda restavam as cinzas do que um dia já fora uma paixão reprimida.

O grupo se despediu no salão de entrada, onde Ysa, Alexia e Gabriel seguiram para o dormitório da Corvinal, com Gabriel amaldiçoando o vento por estar seguindo na direção de Gabi. 

— Da próxima vez, não vai me acertar. - disse Lucas.

— Desculpe por aquilo. - pediu Pedro. - Eu só estava...

— ... defendendo a mulher que ama. - completou Lucas. - Eu entendo. Sente muita falta dela?

— Demais... - Pedro respondeu tão baixo que mais parecia estar falando consigo mesmo do que com Lucas. - Só queria vê-la mais uma vez. Ou, pelo menos, uma outra mulher daquele naipe.

Os dois amigos adentraram os dormitórios, Pedro atirou-se deprimido na cama cortinada, e abraçou o travesseiro, imaginando que eram os pés cascudos e fungentos de Inês Brasil.

— Sabe - disse Lucas, próximo do ouvido de Pedro, para que só o hipopótamo ouvisse. -, ouvi sobre uma lenta aqui da escola.

— E daí? - disse Pedro, a voz abafada pelo travesseiro... Era capaz até mesmo de sentir o cheiro avinagrado que a frieira dos pés do travesti exalavam. 

— A lenda diz que existe um monstro morando dentro de uma câmara aqui do castelo. E ouvi dizer que é uma mulher... Negra... com rosto de cavalo... e que os dentes são tão podres e tortos, que o próprio Diabo gritaria. 

A atenção de Pedro foi definitivamente fisgada. Ele pôs-se sentado e encarou o amigo, preso numa encruzilhada entre ouvir Lucas ou não. Apesar de Lucas ser extremamente mau-caráter, não era de mentir para os amigos.

— E está sugerindo que investiguemos? - perguntou Pedro.

Lucas fez que sim.

— Você espera que eu faça algo com você, depois de tudo que aconteceu ano passado com a merda do seu primo, literalmente?

— Bom, eu acho que seria bom para nós dois. - respondeu Lucas, sensato. - Eu poderia provar a existência de uma coisa que foi tida como mito por anos, e você teria um novo buraco para o seu pinto. Do jeitinho que gosta.

As palavras de Lucas eram demasiado tentadoras, mas Pedro não era tão imprudente a ponto de arriscar-se em uma nova aventura idealizada por ele. 

— Eu vou pensar. - disse, virando-se de costas e cobrindo-se com o cobertor verde esmeralda. 

— Beleza. - comemorou Lucas, e Pedro ouviu-o deitar-se na cama ao lado, pouco antes do som de uma varinha afogar a luz do quarto em um buraco negro de escuridão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre feitiços, uma negra e um gordinho excitado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.