Hopeless escrita por vivian darkbloom


Capítulo 5
Capítulo IV - Sussurros.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu queria agradecer a todos os comentários maravilhosos! Muito obrigada, de verdade. Eu já, já irei responder cada um deles, mas devo dizer que li todos e eu fico imensamente feliz com todos.

Eu postei o primeiro conto no tumblr, espero que gostem: https://hopeless-fanfic.tumblr.com/post/165953350539/lucius-malfoy-paternidade-nascimento-lucius
(e obrigada a todos que comentaram lá, eu até me emocionei).

Espero que gostem desse capítulo, foi bem divertido escrever ele. Boa leitura a todos!



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Tessa S. Hendrix.

A aula de poções era uma contradição, de fato. A escola se dividia entre aqueles que adoravam e os que odiavam, sem meio termo. Os primeiros, em sua grande maioria, eram alunos da Sonserina ou os mais aplicados da Corvinal, que desfrutavam seja do favoritismo de Severo Snape ou de seu dom para a disciplina.

Portanto, eles comumente estavam sentados nas primeiras carteiras, debruçados sobre seus caldeirões, buscando agradar um professor não tão fácil assim de ser agradado. Tessa Hendrix procurava descascar com cuidado uma laranja, para utilizar sua casca na preparação da Poção do Sono, cujo qual as instruções estavam na lousa há alguns minutos.

Ela preparava tudo em silêncio, seguindo corretamente todas os passos. Ao seu lado, Franklin tentava seguir o mesmo ritmo que ela, sendo que a poção de ambos estava no aspecto desejado pelo professor. O garoto parecia concentrado também, embora ela não pudesse afirmar. Haviam conversado pouco desde sua briga com Draco Malfoy, visto que seu humor só piorou depois do acontecimento.

Tessa adicionou as cascas ao caldeirão, observando, enquanto a mistura fervia. Por sorte, as masmorras eram gélidas o suficiente para que o calor das chamas a mantivesse aquecida de uma forma aconchegante. Ela buscou a lousa, relendo as anotações mais uma vez. Sentado em sua mesa, Snape deixou que seus olhos caíssem sobre a jovem. Era uma das melhores alunas e buscava-se sentir tranquila em meio a pressão de não errar aquela simples poção.

Acrescentou raízes de valeriana, mexendo conforme instruído. O tempo passava rápido e, com satisfação, ela notou a coloração assumindo um tom azul céu, exatamente como deveria.

— Tempo esgotado. — Snape disse, pouco depois da mesma terminar de preparar. — Guardem suas coisas e coloquem uma amostra da poção em minha mesa, com seus nomes escritos.

A movimentação dentro da sala não foi muita, visto que somente a turma da Corvinal se encontrava presente. Tessa guardou seu kit de poções em sua bolsa, enchendo um pequeno frasco com o liquido azul e escrevendo seu nome na etiqueta. Tinha um sorriso de satisfação no rosto, quando voltou para a mesa e limpou o caldeirão.

— Para a próxima aula, quero 30 centímetros de pergaminho sobre as vantagens da Poção do Sono e no que se difere da Poção do Morto-Vivo. Estão dispensados. — Ordenou a sala, sem levantar os olhos de suas anotações.

A jovem garota pegou suas coisas e, junto com Franklin, deixaram a pequena sala, andando pelos corredores frios das masmorras. Aquela era a penúltima aula do dia, que havia passado rápido.

Os dois percorreram o caminho em silêncio, até Sophie aparecer ao seu lado, com seu bom-humor quase que contagiante. Franklin não expressou, mas Tessa sabia de seu desconforto de andar ao lado da mesma, visto que não se davam muito bem.

— Gostou do livro que eu te emprestei? — Perguntou, após cumprimentar ambos.

— Claro! É realmente genial, não sabia que tantas famílias sangue-puro ainda seguiam os antigos costumes wiccanos. — Tessa respondeu, realmente surpresa. Havia lido “Wicca – A religião tradicional dos bruxos” mais rápido do que a maioria dos livros que geralmente pegava na biblioteca.

— Nem eu. Mas pelo que andei perguntando para algumas colegas, é realmente verdade. Pelo menos os Malfoy e os Greengrass continuam. Já imaginou? As datas comemorativas devem ser realmente lindas! — Sophie parecia animada ao falar disso, a jovem sabia que ela era uma grande estudiosa dos costumes antigos bruxos.

— Devem ser incríveis mesmo.... Você tem mais algum livro sobre o assunto? — Perguntou, também interessada. Não era devota de nenhuma religião, mas gostava de estudar sobre elas, principalmente as que envolviam o mundo mágico.

— Tenho sim, no salão comunal te entrego. — Respondeu. Infelizmente, a conversa teve que se encerrar, pois haviam chegado na sala de feitiços, já parcialmente preenchida pela turma da Sonserina.

Ouviu Franklin bufar irritado, enquanto entravam. Sophie já tinha se afastado para sentar com Aron Zhyra, enquanto ambos foram para uma ponta mais distante da sala, esperando que Flitwick começasse a aula.

— Olá alunos, hoje vamos aprender sobre o feitiço Asclépio, alguém pode me dizer para que funciona? — Perguntou o professor, indo para o centro da sala, em cima de uma banqueta, para que todos pudessem vê-lo.

Várias mãos se ergueram no ar, inclusive a de Tessa. Infelizmente, Áquila havia sido mais rápida.

— Senhorita Malfoy, por favor.

— Asclépio é um feitiço de cura, utilizado para cicatrizar cortes. — Ela respondeu, parecendo satisfeita consigo mesma.

Tessa achava interessante a forma como a mesma sempre parecia confiante demais ou sempre sendo delicada em seus atos. Para si, que sempre havia sido curiosamente observadora com todos ao seu redor, os atos da jovem eram no mínimo curiosos, porém mais interessante ainda seria ver o dia em que seu autocontrole encerraria.

— Exatamente, 5 pontos para a Sonserina. — Flitwick disse, satisfeito. — Bem, separem-se em duplas. Peço que cada um dos pares, por vez, faça um pequeno corte no braço, sendo que o outro deverá cura-lo. Caso não consigam, me chamem que eu realizo o feitiço. E tenham cuidado, por favor!

Tessa e Franklin praticaram juntos, tendo ele cortado o braço rapidamente primeiro. Ela, na terceira tentativa, conseguiu cura-lo, deixando apenas uma fina cicatriz no local.

— Muito bem. — Elogiou o professor, ao constatar que ela havia sido a primeira na sala a realizar o feitiço com precisão. — 5 pontos para Corvinal por tamanha habilidade.

Ela ergueu o rosto, um pouco convencida. Sempre sentia-se animada quando era elogiada e foi satisfeita que cortou o braço delicadamente, com um feitiço, deixando-o disponível para que Frank pudesse praticar.

— Asclépio. — Ele disse, pela quarta vez, finalmente conseguindo fazer o ferimento desaparecer e, junto com ele, o sentimento de leve incomodo no local.

— Parabéns. — Ela o elogiou.

— Obrigada. — Respondeu, de seu jeito sempre gélido, que nunca havia incomodado-a.

— Pessoal! — Flitwick os chamou, fazendo com todos virassem para prestar atenção. — Quase todos foram bem, o que é ótimo. Não passarei dever para a próxima aula, mas peço que treinem mais esse feitiço, pois passaremos para outros mais difíceis. Leiam o capítulo 4 do livro, sobre encantamentos de cura, estão dispensados.

Ela pegou sua varinha, guardando-a nas vestes e se colocou entre os alunos que saiam animados da sala. A aula de feitiços sempre era ótima e, por ser a última, os estudantes sempre ficavam mais agitados.

A maioria se dispersou pelos jardins ou corredores, alguns já indo para o salão principal. Tessa, contudo, não se sentia com muita fome e, com um aceno, se despediu de Frank, decidida a recusar o jantar por aquela noite e subir até a torre de sua casa.

Para sua felicidade, a mesma estava vazia. O salão era largo e circular, sendo totalmente decoado em cores azuis e bronze e o teto pintado de maneira que remetesse a estrelas. Havia um lindo tapete que abrangia quase toda a sala, que possuía pequenas mesas, confortáveis sofás e poltronas, além de estantes recheadas de livros. Por fim, haviam grandes janelas, que ofereciam uma bela vista de quase toda Hogwarts. O encanto final era a bela estátua de Rowena Ravenclaw, que separava os dormitórios femininos e masculinos.

Tessa foi em direção a uma das enormes prateleiras no canto da sala, pegando um livro qualquer. A capa era levemente familiar, falava sobre poções e suas propriedades. Tessa sentou-se em uma confortável poltrona, folhando-o delicadamente.

Quando algumas pessoas começaram a chegar, ela se enterrou no livro, procurando evita-las. Precisava de um espaço para pensar. Já acostumada a fingir concentração na leitura, seus pensamentos vagaram livremente.

Desde o último ano, estava habituada a andar algumas noites pelo castelo, se escondendo dos monitores, tentando lidar com sua insônia. A mesma nunca havia possuído muitos segredos, mas em uma dessas caminhadas havia descoberto alguns alheios, principalmente sobre Áquila Malfoy e Phillipa Lane.

Desde então, ela se mantinha mais observadora com ambas, sempre buscando como estavam afetadas pelas coisas que sabia, embora as mesmas jamais desconfiassem de nada.

Tessa sempre achou realmente curioso como as pessoas fraquejavam fácil, com o peso de um segredo sobre seus ombros. Não havia nada mais interessante que observar essa queda.

Naomi L. Acker.

A biblioteca da escola era usada por diversos alunos, com diferentes propósitos. Alguns procuravam terminar suas lições o mais rápido possível, outros queriam apenas tentar entrar na sessão proibida e havia ainda, aqueles que buscavam por um lugar silencioso para seus propósitos não muito estudantis.

Por fim, poucos aproveitavam as estantes abafadas e o clima confortável para trocar sussurros com seus colegas. Entre eles, estavam Naomi Acker e Natalie Granger. Ambas sentadas no chão, entre a última prateleira e a parede, com dois livros quaisquer abertos em seus colos e as cabeças inclinadas, buscando não serem ouvidas por ninguém.

— Você perguntou sobre isso para Dumbledore? — Natalie questionou, se afastando um pouco para abrir a bolsa e retirar um pequeno pacote de doces, que rapidamente começou a comer, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho que atraísse a atenção da bibliotecária.

— Não, não perguntei. Nem sei se deveria. — A jovem respondeu, colocando uma pequena bala na boca e a mastigando nervosamente.

— Deveria sim, é seu passado Nom, você tem o direito de saber. — Ela suspirou diante das palavras da amiga, sabendo ser verdade, porém temendo o que sua curiosidade poderia lhe trazer.

Naomi nunca teve realmente curiosidade sobre suas origens. Havia sido, inusitadamente, adotada por Hagrid quando era jovem demais para lembrar de uma vida antes dele, assim o considerando como seu pai, cresceu no castelo e nunca conheceu muito da vida além dele. Ela gostava disso, estava acostumada com tal situação. Porém, nos últimos dias, enquanto procurava uma blusa velha sua, havia encontrado uma carta antiga nas coisas de seu pai, endereçada a Dumbledore.

Ele parecia calorosamente discutir com o mesmo se deveriam contar a jovem ou não sobre algum acontecimento que ela não soube distinguir, no pergaminho já velho e muito manchado, mas suspeitava, com uma certeza quase absoluta, que tinha haver com seus pais biológicos.

— E se eu não quiser saber, Nat? E se eles não foram pessoas boas? — Respondeu, encostando delicadamente a cabeça nos livros e tentando esquecer que havia lido todas aquelas linhas, embora isso lhe parecesse impossível.

— E se foram pessoas maravilhosas? — Ela rebateu, dando de ombros.

— Se fossem, não acho que meu pai teria me escondido.... — Sussurrou ainda mais baixo, como se quisesse se esconder dessa verdade que a muito tempo havia notado, enquanto refletia sobre quem era sua verdadeira família.

— Bem, você nunca vai saber se não perguntar. — Para Natalie, as coisas sempre eram muito fáceis de serem resolvidas, isso era algo que ela admirava. — Além disso, mesmo que sejam as piores pessoas do mundo, isso não muda quem você é.

— É, eu acho que você tem razão. — Ela disse, se rendendo. Porém, antes que pudessem continuar, a Madame Pince surgiu entre as prateleiras, lhes encarando com irritação.

— Nada de conversas ou comida na biblioteca! — Reclamou, enquanto Natalie e Naomi se levantavam, surpresas. — Já para fora daqui!

As duas juntaram suas mochilas e guardaram os livros de forma rápida, tentando evitar alguma advertência e praticamente correram para fora da biblioteca, levando mais xingos ainda.

Fora do alcance de Madame Pince, ambas não puderam evitar cair na risada, era incrível a péssima sorte que tinham.

— Acho melhor a gente terminar a conversa nos jardins... — Natalie disse, a puxando pelo corredor. A parte do castelo onde se encontrava a biblioteca era rodeada por salas sem uso, abandonadas por alguns professores.

Por tanto, Naomi não ficou muito surpresa quando, enquanto procuravam algum lugar para poderem conversar em paz, acabaram dando de cara com Áquila Malfoy e Charles Fimmel saindo de uma dessas salas. Ambos estavam rindo, abraçados, contudo as suas expressões instantaneamente se fecharam ao ver a Granger, visto que as discutições com ela eram frequentes.

Tão frequentes que se havia um belo exemplo da rixa entre Grifinória e Sonserina, era Áquila e Natalie.

— Nossa Naomi — começou a amiga, com um sorriso sarcástico no rosto enquanto encarava a loira — me empresta uma lupa para eu tentar enxergar a vergonha na cara de certos casais.

A garota segurou o riso, enquanto a loira parecia lhe fulminar com o olhar. Por menor que fossem as provocações, elas nunca conseguiam simplesmente deixar para lá.

— Isso tudo é inveja porque você não consegue arrumar ninguém nessa escola ou o quê, Granger? — Respondeu, encarando-a irritada e dando um passo para frente, diminuindo a distância entre ambas.

— Na verdade, eu tenho muitas pessoas Malfoy, a diferença é que eu não quero nenhuma. — Natalie imitou o gesto dela, fazendo com que as duas ficassem poucos centímetros longe uma da outra. — Ao contrário de você, eu sei escolher minhas companhias.

Áquila levantou uma sobrancelha, enquanto sorria de forma irônica. Mais um passo para frente e agora elas estavam cara-a-cara, seus rostos apenas um palmo de distância. Naomi precisava assumir que a cena chegava a ser cômica.

— Claro, dá pra ver que sabe... — Charles disse sarcasticamente baixo, perto dela, fazendo-a se segurar para não virar e iniciar uma discussão com o garoto, que a irritava e provocava desde o primeiro ano.

Entretanto, antes que o mesmo pudesse continuar, Áquila olhou irritada para trás, evitando que ele falasse qualquer coisa, embora se mantivesse sorrindo.

Até Naomi entendeu o olhar dela, ao lembrar de última briga de ambas, cujo qual Charles havia entrado no meio para defender a namorada. Bem.... as coisas acabaram dando bastante errado, quando Natalie soltou que “já não bastava o seu pai resolver tudo para você, agora arrumou um namorado para fazer isso também?” e ganhou uma azaração da Malfoy.

 — Realmente deve precisar de muito para se encaixar nos critérios de... alguém como você. — Ela respondeu a morena, de forma irônica. Até onde sabia, a jovem nunca havia sido preconceituosa como o irmão era, mas algo em Natalie sempre acendia os piores lados dela.

— Você se surpreenderia se soubesse. — A Granger rebateu, com o mesmo sorriso.

— Na verdade, eu não poderia me importar menos com o que acontece na sua vida patética. Diferente de você, que simplesmente não consegue resistir a nada que me envolva. — Áquila disse, virando as costas e praticamente jogando o cabelo loiro na cara de Natalie. Mais uma vez, a Acker se controlou para não começar a rir, visto a expressão de indignação da amiga, enquanto a outra abraçava o namorado e saia pelo corredor.

— Mas que vadia! — Ela resmungou, acompanhando a jovem para as escadas.

—  Sabe, quando a Áquila começou a chegar muito perto eu jurava que vocês duas iam acabar se beijando. — Naomi disse, rindo em seguida da expressão de indignação da Granger. — O que foi? Acho que até o Fimmel pensou isso.

— Eu não sei de onde as pessoas tiram essas coisas absurdas! — Natalie reclamou, revirando os olhos. — Primeiro, eu jamais beijaria uma Malfoy, pelo amor de Merlin, eles devem ser amaldiçoados ou algo do gênero. Segundo, até onde eu sei, ela gosta de homens.

A jovem não pode evitar rir mais ainda, principalmente pela expressão de confusão que transpassou Natalie. Elas desceram mais um lance de escadas, parando no corredor que levava para fora do castelo.

— Bem, está sabendo errado. — Disse, dando de ombros e notando que a amiga parecia, agora, visivelmente mais interessada.

— Como assim? — Perguntou, encarando-a.

— Bem, um dia eu estava andando pelo jardim e ouvi ela conversando com a Lyanna sobre alguma coisa do passado e parece que a mesma tem interesse por garotas também. — Explicou, vendo a cara de abismada que a Granger fazia. — Por que? Interessada?

— O que?! — Exclamou, rapidamente ficando vermelha. — É claro que não, Nom, só achei curioso mesmo. Só isso.

— Sei... — Brincou, vendo-a ficar ainda mais sem graça. — Bem, vou deixar você refletindo sobre essas novas informações e vou visitar meu pai, te vejo no jantar.

Antes que a mesma pudesse protestar, Naomi lhe virou as costas, deixando-a sozinha e absurdamente envergonhada. Em algum momento, Natalie simplesmente teria que assumir a queda que possuía na sonserina. Porém, seu sorriso foi morrendo conforme atravessava os jardins, ao lembrar-se do porque havia evitado Hagrid por tantos dias.

Ela odiava segredos. Contudo, odiava ainda mais a iminência de que havia muito além do que imaginava por trás de tão simples carta. 

Sophie C. Lewis.

O lago negro não era muito apreciado pela maioria dos alunos. Era uma região do jardim que evitavam, procurando ficar mais seguros perto das árvores ou espalhados pela grama.

 Isso é, porque, inúmeras criaturas o habitavam, quase tantas quanto na floresta proibida. Parte delas eram extremamente perigosas caso ofendidas e se mantinham reclusas, longe do contato humano. Assim, os poucos que não se vinham incomodados com tal local, eram os alunos da Sonserina, já habituados devido ao salão comunal ser praticamente submerso, e alguns corajosos da Grifinória ou estudiosos da Corvinal.

Sophie Lewis era, como se esperava de todo corvino, muito inteligente e interessada por todos os assuntos que poderiam permear aquelas águas escuras. Mas não era por esse motivo que, naquele final de tarde, ela se debruçava sobre a grama, o rosto mais perto do lago do que seria recomendado.  

Na verdade, a jovem escondia ali o seu mais profundo segredo. Durante anos, ela namorou Jason Black, escondido de sua família, visto que o sonserino possuía ideais preconceituosos que seus pais rapidamente repudiariam.

 Contudo, ele lhe permitiu inúmeras vezes visitar o salão comunal da Sonserina, o que a aproximou de alguns de seus amigos. Lá, durante uma noite, ela acabou por se conhecer de um sereiano, chamando Resael, que nadava tranquilamente perto das janelas. A jovem sempre havia sido fluente em diversas línguas e, para sua própria sorte, havia escolhido sereiaco como língua mágica para aprender.

Os dois conversaram por alguns minutos naquela noite e ele sempre voltava quando sabia que Sophie estaria lá. Ela nunca havia sido muito sociável, mas a pequena criatura era simplesmente encantadora.

É claro que tais encontros eram escondidos, porque a relação entre os humanos e sereianos nunca havia sido muito boa e ela temia as represálias que ele poderia sofrer de seu povo, caso soubessem que andava conversando com a garota, portanto sempre tomavam muito cuidado para não serem vistos por ninguém.

Entretanto, infelizmente, tal comunicação ficou mais difícil, após seu término ríspido com Jason e o fim de suas visitas ao salão da Sonserina. Agora, eles se encontravam a beira do lago, quando não havia mais ninguém no jardim.

Assim, Sophie esperava pacientemente algum sinal de que Resael estava presente, olhando ansiosa para os lados. Finalmente, a água se moveu em pequenas ondas que, para quem não estivesse atento, nada significaria. Sorrindo, ela tirou a varinha de dentro das vestes, apontando para onde veio o movimento.

Sonantia aquae. — Ela murmurou o feitiço, que possibilitava a comunicação entre ambos e que pudessem se ver através da água.

— Oi, Sophie. — Ele lhe cumprimentou animado, fazia muito tempo desde que não se viam.

— Oi, Resael! — A garota tomou cuidado de manter a voz baixa, para que ninguém prestasse atenção. — Como estão as coisas no lago?

— Um pouco agitadas, mas elas andam assim desde que os humanos entraram aqui. — Respondeu, se referindo aos acontecimentos do Torneio Tribruxo e a segunda prova. — E aí? Algumas criaturas comentaram que andam sentindo seu povo mais ansioso ultimamente.

— É verdade. — Concordou, também notando isso em seus colegas e, infelizmente, nela própria. — Se lembra do que eu te disse sobre o fim do Torneio? — Ele assentiu, fazendo a água tremular novamente. — Bem, nem todo mundo está feliz com aquele bruxo que voltou.

Sophie tentou lhe explicar da forma mais simples que podia, visto que os assuntos humanos não eram tão comentados no lago.

— Ele é ruim, certo? — Perguntou, lembrando-se de algumas conversas que havia ouvido de seus superiores e também no salão da Sonserina, cujo qual costumava nadar ao redor.

— Ele é, bastante. — A jovem suspirou, pensando em todos os comentários que sempre ouvia de seu ex e alguns amigos dele. Seus pais haviam sido grandes combatentes da Ordem e ela possuía muito orgulho disso, sendo esse um dos motivos que levou ao seu término.

— Tome cuidado, Sophie. — Pediu. — E não se envolva muito nisso.

— Pode deixar. — Ela disse, apenas para tranquiliza-lo. Embora resguardado, seu espirito combatente jamais a deixaria.

— Eu preciso ir, podemos conversar mais amanhã? No mesmo horário? — Ela notou que ele olhava nervoso para os lados, provavelmente sentindo a presença de algum outro sereiano se aproximando.

— Claro, até amanhã, Resael. — Se despediu, com um sorriso.

— Até amanhã, Sophie. — Ele desapareceu nas águas, cortando o efeito do feitiço.

Com um suspiro, a menina se apoiou na grama, levantando-se e limpando as vestes que haviam sujado um pouco. Já estava escuro e se não entrasse logo, poderia acabar arrumando problemas com algum professor. Portanto, ela logo se encaminhou para a entrada do castelo, tentando ser o mais silenciosa possível em seu caminho.

Infelizmente, enquanto cruzava o primeiro corredor, acabou dando de frente com uma turma de sonserinos, liderada por Jason.

— Lewis, sabia que é perigoso ficar andando por aqui tão tarde? Nunca se sabe o que pode acontecer... — Ele disse, passando ao seu lado e esbarrando de propósito em seu ombro. Às vezes, ela se perguntava como havia conseguido ficar ao lado dele por tanto tempo.

— Eu posso me cuidar sozinha, muito obrigada. — Respondeu, continuando a andar e ignorando a risada que alguns de seus “seguidores” lançavam em sua direção.

— Claro que pode, mas não queremos que nada de ruim te aconteça. — Exclamou, antes que ela virasse o corredor, lhe deixando para trás. Sophie não pode evitar o arrepio que passou pelo seu corpo, com o tom de ameaça na voz de Jason.

Balançou a cabeça, procurando deixar isso para trás. O garoto era um imbecil e ela não se deixaria ficar abalada por palavras ridículas como aquelas.

Alguns minutos depois, se sentiu mais confortável e segura ao entrar no salão principal, já lotado pelos alunos de todas as casas, com velas iluminando todo o local e lhe dando uma sensação de calor, muito bem aproveitada após o frio perto do lago.

A jovem ia em direção a mesa da Corvinal, quando ouviu alguém chamando seu nome. Ao se virar, notou Hermione (que era bastante diferente da irmã, com vestes mais arrumadas e nenhum vestígio da maquiagem escura que normalmente circulava os olhos de Natalie) vindo em sua direção, apressada. Ela era uma das poucas amigas que havia cultivado na escola.

— Mione, tudo bem? — Perguntou, quando a mesma parou na sua frente.

— Tudo sim. Eu só queria te convidar para uma reunião. — Disse, olhando ao redor, garantindo que ninguém prestava atenção em ambas. Notou que seu olhar se demorou na mesa dos professores, mais especificamente em Umbridge.

— Reunião? —Questionou, confusa.

— Sim, no próximo final de semana, em Hogsmead. Alguns alunos vão, quero começar um clube com Harry, para aprendemos mais sobre Defesa Contra Arte Das Trevas.... Sabe, aprender de verdade. — Explicou, resumidamente. Sophie instantaneamente abriu um sorriso, feliz de ter sido convidada e animada com a ideia.

— Claro que eu vou. — Respondeu, tranquilizando a amiga.

— Obrigada! Se conhecer alguém que se interesse e seja de confiança, pode convidar também. — Ela disse, antes de apertar levemente sua mão e voltar para a mesa com os amigos.

Sophie andou tranquila até seu próprio lugar, sentindo-se mais confiante. O que quer que fosse acontecer, a partir de agora, eles estariam prontos para lidar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, amanhã respondo os comentários de vocês.
Aliás, se alguém tem alguma (s) música (s) que queira ver na playlist só me falar que eu coloco.
Beijos.