O Clã Uzumaki escrita por lovelywriter


Capítulo 8
A caminho do Posto Sul




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742443/chapter/8

No dia seguinte, Ayumi foi a primeira a chegar ao ponto de encontro. Usava o colete de Konoha por cima de sua roupa e a bandana na testa. O cabelo estava preso num rabo de cavalo alto e trazia em sua mochila o que julgava importante para uma viagem de uma semana. Lembrou-se de verificar se havia trazido seu quite médico e enquanto olhava sua mochila, Itachi e Shisui chegaram.

— Bom dia, Ayumi-san!! – Shisui foi o primeiro a cumprimenta-la.

— Bom dia. Você chegou cedo. – O segundo Uchiha falou mais seriamente.

— Bom dia, Shisui e Itachi.  Eu imaginei que você chegaria antes da hora hoje também e tentei te superar.

— Você conseguiu então. – A seriedade na voz dele já começava a desaparecer. Era inevitável. Estar perto dela fazia isso com ele.

Itachi usava uma blusa de mangas curtas preta e uma calça preta, com ataduras na canela. Dessa vez, não trajava o uniforme típico de um ANBU mas sua espada continuava presa às suas costas. Shisui vestia-se de forma semelhante ao outro Uchiha. Em suas costas, podia-se ver o símbolo de seu clã.

— Agora só falta o Kakashi-san, né?

— Yo, mina! Desculpe a demora. – Kakashi apareceu diante deles, trajando o uniforme típico de um shinobi de Konoha. A bandana cobria seu olho esquerdo.

— Você não está atrasado, não precisa pedir desculpas. Todos nós chegamos um pouco antes do combinado. Vamos?

— São dois dias de viagem daqui até lá, Shisui-san? – Ayumi indagou.

— Sim. Vamos parar ao longo do caminho para descansar. Nossa missão é urgente, mas não conseguiremos continuar sem algum descanso. Você já esteve naquela região, Ayumi-san?

— Ah, - ela pigarreou – S-sim.

Shisui percebeu o desconforto na voz de Ayumi e acabou mudando de assunto. Os ninjas conversaram durante algum tempo, mas assim que começaram a aumentar o ritmo de viagem, o silêncio tomou conta deles. Depois de já terem percorrido boa parte do caminho, resolveram parar numa clareira na floresta para se alimentar. Shisui tirou da bolsa alguns suprimentos e Itachi começou a preparar o fogo. Kakashi procurava em sua mochila ervas para serem usadas como tempero e Ayumi os olhava um pouco constrangida.

— Eu não trouxe nada que serve para comer. Desculpe, pessoal.

— Não se preocupe. Já que não trouxe suprimentos, você quer preparar a refeição? – Shisui perguntou estendendo-lhe a sacola que continha os ingredientes.

— Então, - ela pausou, olhando para o chão. – Eu não sei cozinhar.

Os três a olharam intrigados.

— Você não sabe fazer nada? – Itachi foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— Bom, nada que precise ser preparado.

Os rapazes riram diante da resposta de Ayumi.

— Não riam!! – Ela parecia brava. – E-eu nunca fui muito boa com essas coisas.

— Você deveria aprender, Ayumi-san. A maioria das...

— A maioria das mulheres sabe? É isso o que você ia dizer? – Ela estava agora em pé, diante dele, com um olhar profundamente irritado.

— N-não. – Ele engoliu em seco. – A maioria das pessoas que mora sozinha sabe. Não é saudável viver de comida pronta.

Ela começou a rir, coçando a cabeça.

— Desculpa. – Ela falava suavemente agora. – Obrigada pela sugestão. Eu sei que deveria aprender.

— Então você só come comida pronta? – Kakashi perguntou, interessado.

— Sim. – Depois de um longo suspiro, ela continuou. -  Acho que vocês já devem saber um pouco da minha história. Creio que o Hokage já os tenha contado.

Os três permaneceram em silêncio, comprovando o que ela havia falado.

— Não cheguei a aprender a cozinhar com minha mãe. E não tenho muita vontade de aprender agora. Fui muitas vezes obrigada a cozinhar e, sei lá, hoje eu sinto que devo a mim mesma o direito de não fazer. Talvez eu só esteja sendo egoísta.

Shisui levantou-se e indo em direção a Ayumi, colocou a mão em seu ombro:

— Não se preocupe. É justamente por isso que somos uma equipe. Vamos complementar uns aos outros.

            Ayumi olhou para o jounin e sentiu vontade de abraça-lo, mas contendo-se, apenas sorriu.

            - Sim, senhor!

            - Não me chame de senhor! – Ele tinha o mesmo sorriso amável de antes. – Vamos comer logo e partir, tudo bem?

            - Hai!!

Os três comeram e limparam qualquer rastro de que haviam estado ali. Andaram durante todo o restante do dia, e mais algumas horas depois que o sol se pôs. Quando o cansaço já os dominava, Shisui fez sinal para que parassem.

            - Desculpe termos andado um pouco mais que o combinado. Mas acredito que aqui será um bom local para descansarmos.

            Eles se encontravam na extremidade da floresta, entre o rio e a cordilheira que ficava antes da costa.

            - Bom, vamos dividir as vigílias.

            - Se quiserem, posso ficar acordada durante toda a noite. Estou acostumada com longas vigílias.

            - Não seria justo que você fosse a única a não descansar, Ayumi-san. – Itachi opôs-se a ela imediatamente.

            - Bom, vamos deixar que cada um fique encarregado por uma hora de vigília. Podemos começar por você, Ayumi-san, seguida de Itachi, Kakashi e eu serei o último.

Sairemos cedo amanhã.

            - Tudo bem. – Ela concordou.

Enquanto os três shinobis se deitaram, Ayumi colocou-se na árvore mais alta que cercava o local onde eles acampavam. Ela tinha uma vista clara da noite, a lua cheia brilhava intensamente e a grama que cobria o descampado que ficava aos pés da cordilheira, bem como o rio, refletiam a luz da lua. O vento soprava suavemente no rosto de Ayumi e ela podia ouvir a água correndo calmamente. Usando o Kage Bunshin no Jutsu, produziu três clones de si mesma, os quais posicionou em árvores distintas a fim de garantir maior visibilidade da região. Não que aquilo fosse estritamente necessário. Qualquer chackra que se aproximasse seria pressentido por ela a quilômetros de distância, mas ela sentia uma necessidade enorme de proteger aquelas pessoas. Ela os olhava dormir calmamente e, pela primeira vez na vida, sentia-se completamente movida a usar toda sua energia para proteger alguém. Aquilo ali era muito diferente de quando os nukenins de Kirigakure faziam-na ficar de vigia. Ela torcia para que alguém se aproximasse deles silenciosamente o suficiente para dar a ela um motivo para escapar. Mas não agora, ela queria que seus companheiros que confiavam suas vidas a ela, ficassem a salvo.

            Olhou novamente para o rio e percebeu uma pequena movimentação em sua cabeceira. Resolveu se aproximar e verificar o que era. Percebeu que um peixe havia se prendido em algumas das madeiras que ali estavam e tentava se libertar. Ela o ajudou, embora pensando que ele poderia servir de jantar para os colegas.

            - Você está livre amiguinho.

            Ele nadou para a parte mais funda, desaparecendo na água prata. Ayumi olhou em direção ao acampamento e percebeu que estava longe o suficiente dele para poder banhar-se no rio sem ser vista. Não resistindo a água que corria e a temperatura agradável da noite, começou a se despir. Retirou todo seu uniforme e armamento e entrou no rio.

            Apesar do cansaço, Itachi não conseguia dormir. Ficou atento a movimentação da kunoichi, percebendo seus clones que observavam a região. Resolveu acompanhar Ayumi na vigília e foi em direção ao leito do rio, pois vira a original ir naquele sentido. Quando estava próximo aos arbustos, pôde perceber a figura da kunoichi, despida, entrando na água. Tomado de vergonha, virou-se imediatamente e foi para a sua cama, certificando-se de que nenhum dos clones o havia visto. Fechou os olhos, tentando se esquecer do corpo de Ayumi, mas via a imagem mais nítida que antes. Ela tinha belas curvas, que ficavam escondidas pelo uniforme. Seu corpo não se parecia com o de uma menina, mas de uma mulher. Não pôde deixar de notar, entretanto, que as costas dela eram cobertas de cicatrizes. Como se alguém tivesse repetidamente acertado-a com uma espada muito afiada. Sentiu seu punho se fechar instantaneamente diante dessa imagem. Involuntariamente, seu chackra começou a concentrar-se em seus olhos, e aquela sensação de calor em suas pupilas, tornou a ele. Fechou os olhos com mais força e tentou acalmar-se mas não conseguia controlar o ódio que sentia ao imaginar a dor que ela havia enfrentado.

            Ayumi percebeu o instinto assassino que emanava do acampamento e rapidamente, saindo da água, usando seu chakra, retirou a água que molhava seu corpo e vestiu-se. Correu em direção aos seus companheiros e ao chegar lá, deparou-se com Itachi sentado em sua cama. Ele tinha a mão nos olhos e assustou-se ao vê-la.

            - Tá tudo bem? Você tá usando o Sharingan. Eu pensei que alguém estivesse aqui.

            - T-tá. Eu, ahm, tive um pesadelo. – Ele ainda não olhava para ela, constrangido.

            - Por que não bebe um pouco de água? – Ela procurou sua garrafa que ficava em um de suas bolsas, mas lembrou-se que havia tirado tudo antes de se banhar. – Eu vou pegar. Só um minuto.

            - Está tudo bem, Ayumi-san. Não se preocupe. – Itachi a encarou e o olhar de preocupação da ruiva o constrangeu ainda mais, mas ele manteve-se olhando para ela. Não percebeu que o sharingan ainda estava ativado.

            - Esse seu olhar é bem assustador. – Ela sussurrou.

            - Desculpe. – Ele se concentrou e seus olhos tornaram a cor preta. Olhando-a novamente, ele disse: - Eu não quis te assustar.

            Ela sorria agora. Seus cabelos ainda estavam molhados e ela não havia colocado sua bandana. Eles caíam sobre seu rosto e Itachi entendeu porque ela os amarrava. Certamente seria complicado lutar com os olhos cobertos.

            - Bom, já tá quase na hora da sua vigília. Se quiser me fazer companhia.

            Ele concordou e levantando-se, a seguiu em direção ao rio. Ela se assentou na grama e os dois começaram a olhar a lua.

            - Não é cansativo usar os Kage Bunshin por tanto tempo?

            - Não. Eu me acostumei a treinamentos de resistência. Quando aprendi a técnica, eles duravam uns cinco minutos e eram mizu bunshin. Mas percebi que era mais fácil fazer Kage bunshin. Requeriam menos esforço e menos chackra, sem contar que não deixam tudo ensopado quando desaparecem. Hoje, eu sempre uso eles pra me ajudar em alguma coisa. Tipo, limpar a casa.

            - Sério? – Itachi ria. – Realmente, é uma ajuda. Mas seu apartamento não é tão grande assim, precisa mesmo usá-los?

            - Quando eu tô a fim de dormir, preciso sim.

            - Você consegue dormir e usar kage bunshin?

            - Sim. Mas elas geralmente não gostam que eu faço isso. Se sentem usadas. Aí tenho que argumentar que somos a mesma pessoa e etc. No fim das contas, dá tudo certo.

            Itachi não conseguia conter o riso. Olhou para a água reluzente e lembrou-se de Ayumi entrando no rio. Seu rosto ficou vermelho e sério.

            - Tá tudo bem? – Ela o olhava intrigada.

            

— Tá sim. Seu cabelo tá molhado. – Ele constrangeu-se ao perceber que dissera aquilo em voz alta.

            Ela riu, envergonhada, colocando as mãos no cabelo.

            - Eu tava tomando banho no rio. Tá uma noite muito agradável e eu não resisti. Espero que você não pense que estava sendo desleixada na minha vigília.

            - Se fosse outro ninja qualquer, talvez eu o julgasse por isso. Mas pelo que vi de você até hoje, acho que seus kage bunshin são melhores vigias que eu.

            - Claro que não! Mas eu estou ansiosa para vê-lo lutando. No dia do meu exame chunin, eu queria mesmo era ter enfrentado você, Itachi. – Ela o olhava obstinada, como ela tinha feito naquele dia.

            - Eu percebi. Também quero enfrenta-la um dia.

            - Se você não se importar, vou recolher meus kage bunshin.

            - Claro que não. Já está na minha hora da vigília. Você pode ir descansar, Ayumi.

            - Posso te fazer companhia, se quiser.

            Ela o olhava de lado, com um meio sorriso que fez Itachi evita-la, sentindo-se subitamente envergonhado.

          - Quero que você descanse. – “Queria que você ficasse acordada”. Seu pensamento lhe pareceu tão alto que se ela não tivesse se levantado e recolhido suas ferramentas que ainda estavam na beira do rio, ele teria certeza de ter falado aquilo alto.

            - Vou dormir então. Gambate!

            - Sim!

            Ela se retirou e ele levantando-se, foi para o posto de vigia, pensando em tudo o que sentira naquela noite.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Clã Uzumaki" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.