O Clã Uzumaki escrita por lovelywriter


Capítulo 5
A dor de seu passado




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Havia uma cordilheira de montanhas perto de sua casa. Um dia, sua mãe lhe trouxera uma pequena flor, cujas pétalas avermelhadas, lembravam os cabelos de Ayumi. Aquela imagem era muito nítida em sua cabeça, a mãe a olhava com carinho e, inclinando-se em sua direção, revelou a flor que até então estava escondida:

            - Achei uma flor que se parece com você, Ayu-chan.

            - Que linda, mamãe. – Ayumi falou, recebendo a flor.

            - É linda e muito forte, como você. Mesmo em tempos de chuva, essas pequenas florzinhas ainda resistem aos pés das montanhas.

            Naquele dia, o vento soprava suavemente, e Ayumi lembrava-se claramente do sorriso da mãe e de seu caloroso abraço. Costumava dizer que essa era a sua lembrança mais feliz. Também era a última vez que havia visto sua mãe. Depois de receber aquela flor, decidiu ir colhê-las pessoalmente num dia que seus pais tinham de ir a cidade. Não tivera dificuldade alguma em encontrar o lugar, e era realmente de uma beleza tocante. A grama verde contrastava com o cinza escuro das montanhas e as flores vermelhas coloriam toda planície que ficava no encosto da cordilheira. Ficara tão impressionada com o local, que permaneceu ali, esperando o momento em que o sol se poria e tudo se seria pintado pelo espetáculo de cores que permeia o fim do dia. E a natureza não falhou. Fora tudo realmente como ela esperava. Voltou para casa feliz e com uma cesta cheia de flores. Ao se aproximar de sua casa, começou a sentir uma estranha sensação. À princípio, era algo parecido com medo, mas a medida que chegava mais perto, foi sendo tomada por um sentimento de horror. A impressão que tinha era que algo horrível ou alguém estava por ali. Ela sentia vontade de fugir, mas a ideia de que seus pais poderiam estar em perigo, tornaram essa ideia impraticável.

            Ao chegar em casa, teve medo de subir os degraus que davam para o pátio, mas a ansiedade de encontrar-se com sua família era maior. Deslizou a porta e ao colocar os pés sobre o tatame, foi atingida por algo que não sabia determinar de onde viera. Desmaiou e quando acordou, estava dentro de uma caixa de metal, uma espécie de prisão, mas que se movia. Podia sentir os solavancos dados pelo metal e começou a escutar vozes de homens que gritavam uns com os outros.

            - Não acredito que tenha sido tão fácil. Pensei que o pai dela fosse mais forte. – Um escarnecia.

            - E a mãe dela implorando por misericórdia? – Falava outro cuja voz soava como se rasgasse a garganta a cada palavra. Todos riam.

            Ayumi começou a se desesperar ao ouvir os comentários desses homens. O ódio crescia dentro de si e sentia vontade de esmurrar as paredes e gritar. Ao tentar reagir de alguma forma, percebeu que estava completamente amarrada. As mãos e os pés estavam atados a suas costas e uma mordaça a impedia de gritar.

            Sentiu as lágrimas brotarem nos olhos e a garganta queimar. Queria chorar, mas nem isso conseguia fazer devido ao estado em que se encontrava. Começou a se debater, como forma de tentar romper as cordas. Os homens perceberam sua movimentação:

            - Fique quieta!! – Gritava o homem da voz rasgada.

            - Ela acordou então, hein?? – Ralhava outro. – Dormiu muito, princesa.

            Eles a provocavam, dizendo-lhe ofensas. Ayumi sentia o ódio crescer em seu peito tão intensamente, que não conseguindo conter-se, lançava-se com mais força contra as paredes metálicas. A dor que sentia a cada impacto servia apenas para alimentar aquele sentimento que tomava conta dela diante de cada ofensa pronunciada.

            - Pare com isso!! – Um dos homens abriu a tampa da caixa de metal, acertando-a com o que parecia ser um bastão de madeira.

            Ela recebeu o golpe, mas levantou-se com a mesma velocidade e tentou alcança-lo.

            - Fechem a tampa! – Ele gritou ao ver a reação dela e a pesada tampa de ferro foi fechada, acertando Ayumi na cabeça.

            - Isso vai ensinar a você uma pequena lição. – O homem gritava e batia na caixa de metal, querendo assustá-la.

            - Oi!! Pare com isso. Nós precisamos dela viva, seu idiota. Se ela morrer, não tem uso algum para nós. E se você matá-la, eu pessoalmente arranco sua cabeça.

            Apesar de ter sentido um certo alívio por seu ofensor ter sido repreendido, a voz desse terceiro homem era carregada de maldade e ao ouvi-la, aquela sensação de horror invadiu-lhe o coração novamente. Ayumi aquietou-se na caixa de metal, mas o terror tomava conta dela. Tentava se desvencilhar das cordas e mordia a mordaça que estava em sua boca, usando toda a sua força. Depois de muito esforço, foi capaz de rasgar o tecido e sua boca estava finalmente livre. Percebeu que estava rouca, pois estivera gritando em todo este tempo, embora sua voz tivesse sido abafada pela mordaça e pelos insultos dos homens.

            - ME DEIXEM SAIR!!! – Ela gritava com toda a força.

            - Não acredito que ela conseguiu se livrar daquela mordaça. – Ria um dos homens. – Não adianta gritar. Você é nossa agora.

            - Onde estão meus pais? – Ela gritava, mas sua voz chorosa denunciava seus sentimentos.

            - Foram passear na cidade. – Debochava o homem da voz rasgada.

            - Foram convocados para lutar na guerra ninja. – Eles riam e batiam novamente na caixa.

            - Calem a boca, seus idiotas. – O homem da voz maldosa deu uma ordem, a qual todos os demais acataram. Ele continou – A partir de hoje você viverá conosco, Uzumaki.

            - EU QUERO OS MEUS PAIS. – Agora Ayumi cuspia as palavras com todo o furor que aquela situação lhe provocava. – ME DEIXEM SAIR AGORA. – Ela sentia seu coração queimar, numa sensação diferente das anteriores. A ideia de ficar longe de sua amada família provocava algo diferente dentro dela. O coração ardia cada vez mais intensamente, e a fraqueza e debilidade que sentia anteriormente, iam desaparecendo. De repente, aquele poder que concentrava-se somente em seu peito, começava a tomar todo o seu corpo, de tal forma que as cordas não eram mais capazes de segurá-la. Ao perceber que estava livre, saltou-se na caixa e usando toda a sua força, empurrou a tampa.

            Os homens se surpreenderam ao vê-la saltar de dentro da prisão e preparavam-se para ataca-la. Era noite e eles estavam numa estrada cercada de árvores. Ayumi não quis olhar para os homens que a haviam prendido e parecia que conseguiria escapar, correndo pela estrada. Entretanto, de súbito, um dos homens apareceu a sua frente. Ele era alto e sua pele branca reluzia o brilho da lua. O homem tinha em seu pescoço uma bandana com símbolos que pareciam-se com ondas do mar, mas que tinha um corte, provavelmente feito por uma arma ninja.

            - VocÊ não tem para onde fugir. – Ayumi reconheceu imediatamente a voz que lhe provocara horror. Embora tivesse caído no chão, assustada com o aparecimento repentino do homem, ela levantou-se e o olhava firmemente, ainda sentindo seu corpo invadido por aquele poder.

            - Olha isso!! Ela está brilhando! – Falou um dos homens que estava atrás dela.

            - Esse, meus caros, é o chackra dos Uzumaki, em sua forma mais pura. – O homem mal apontava para ela, como se exibisse uma porcelana rara.

            - ME DEIXE IR!! – Ayumi gritou.

            - Embora seja realmente assustador que uma criança de 7 anos tenha todo esse chackra guardado, você ainda é muito fraca. – Ele tirou do bolso uma kunai, e girando-a nos dedos, posicionou-a na mão, pronto para usá-la contra Ayumi. O terror crescia dentro dela e não sabendo o que fazer, sentiu-se encurralada e desejou, encarecidamente, não estar envolvida naquilo. O homem começou a movimentar-se, como se fosse ataca-la e, embora tivesse tentado se defender, o movimento dele e dos outros foi rápido demais e, em alguns segundos, eles já seguravam Ayumi.

            Ela se debatia fortemente, sendo capaz de desvencilhar-se do homem que a segurava pelas costas e tomar dele uma das kunais, que estavam em seu bolso. Com ela, atingiu o nariz do homem da bandana. Ele gritava de dor, ordenando os outros que a segurassem:

            - Não a deixem fugir. Ela vai me pagar por isso. – Os outros dois homens seguravam Ayumi e o homem a quem ela ferira deu-lhe um murro no estômago. Ayumi sentiu o gosto salgado do sangue e ao tentar respirar, sufocou no sangue que lhe enchia a boca.

            - Nunca mais tente fugir. – A voz do homem era carregada de maldade e Ayumi soube naquele momento que ele não hesitaria em mata-la da próxima vez. Apesar de todo o medo que sentira, a dor era tão forte que ela acabou desmaiando novamente.


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