Purple Light escrita por Isa


Capítulo 5
Capítulo 4




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—Harry! - Liam gritou assim que passou pela porta. - Chegamos.

—Não precisa gritar - ele apareceu do corredor - Sou cego, não surdo. - Com o mesmo bom humor de sempre. Liam sorriu observando-o. - Onde está Sophia?

—Bem aqui - Sophia passou por ele afagando seu braço delicadamente - Trouxe ravióli para o almoço. 

Harry sorriu de leve. Não se preocupava muito com os meninos, mas jamais distratou Els e Sophia, nem em seus piores dias. Talvez por ainda ter o mínimo de educação, mas Liam gostava de pensar que isso era o antigo Harry mostrando seus resquícios de vida.

—Vamos ver o jogo? - Liam se sentou no sofá esperando que Harry fizesse o mesmo, mas ele continuou no mesmo lugar pensativo. - O que foi?

—Quero ir ao parque. - ele disse rápido e sem nenhuma expressão. Sabia que aquilo não seria interpretado como uma coisa qualquer, ele nunca saia, e quando acontecia não era por sua vontade, então com certeza Liam tornaria aquilo uma grande coisa e isso quase o fez desistir, mas estava curioso demais.

O silêncio tomou conta de todo o apartamento por longos segundos, até que Sophia voltou à sala. 

—Eu ouvi direito? - ela perguntou meio incrédula 

—Não sei. - Liam respondeu ficando de pé e o olhando melhor  - Você ouviu o que eu ouvi? Porque se você ouviu...

—Ah, deixa pra lá - Harry disse e no mesmo segundo seu braço foi agarrado

—NEM PENSAR! - Liam gritou - Sophia, desliga o fogo. Anda, mulher, antes que ele tenha um ataque de lucidez  

 

 

 

 

—Tá legal... - Sophia olhou para Liam e depois para Harry, sentada no meio dos dois no mesmo banco em que eles estiveram a três dias atrás - Como é a garota que a gente tá procurando? 

—Garota? - Liam a olhou confuso 

—Você achou mesmo que Harry saiu de casa por livre e espontânea vontade sem ter uma mulher envolvida? - Liam pensou e Sophia revirou os olhos - Tão inocente. 

—Quer encontrar a garota dos cachorros? A que foi embora sem nem te dar o nome? - Liam gargalhou quando Harry não respondeu - Não acredito nisso. Isso é demais!

—Não leve tão a sério, Liam. - Harry disse sem nenhuma emoção. Não queria transparecer nada, sabia como Liam criava expectativas a toa.

Eles andaram por todo o parque, pelo menos três vezes. Mas ela não estava lá.

Harry sentado no banco enquanto Liam e Sophia buscavam água. Fechou os olhos sentindo vento bater. O parque ela estranho, cheiros e sons misturavam-se de um jeito que não estava acostumado.

Harry tentava disfarçar ao máximo sua decepção, mas aquilo era meio impossível. Não sabia o que tinha acontecido naquele encontrão, mas algo tinha mudado dentro dele. 

Não comia, não dormia, nem fazia nada sem lembrar daquela voz, daquele perfume. 

Queria ouvir sua risada de novo pelo menos mais uma vez. Mas como? Nem seu nome sabia. 

Abaixou o rosto pensando que o melhor era esquecer de vez. 

—Que horas eram? - Harry ouviu a voz de Sophia primeiro

—Umas dez e meia

—Ela deve vir nesse mesmo horário. Talvez não todos os dias. - os dois pensavam juntos

—Chega. Vamos para casa - Harry os interrompeu

—Mas, Harry, ela pode estar chegando, se esperássemos mais um pouco... - Liam não queria ir. Há tempos não o via daquele jeito, tão fora da escuridão na qual mergulhara, e se isso era por essa garota a encontraria nem se tivesse que ir até o inferno. 

Harry deu de ombros 

—Estou cansado. Acho que foi ar livre demais para um dia 

—E não comemos nada, melhor irmos mesmo - Sophia passou o braço pelo de Harry e observou o olhar suplicante de Liam, sabia que ele não queria soltar a pequena luz que se acendera em Harry e agora ameaçava se apagar - Podemos voltar amanhã 

Liam sorriu apaixonado pela sensibilidade da namorada, agradecendo com um olhar terno e doloroso.

—Não exagerem, nem é tão importante assim - Harry mentiu

—Claro que não - Sophia brincou sarcástica empurrando seu ombro com o dela. 

 

 

 

 


A garota beijava seu pescoço devagar tentando sem muito sucesso excitá-lo. 

Não estava funcionando e ambos sabiam, só não achavam força para admitir já que sempre foram bons naquilo. 

—Jo... - Harry se afastou um pouco dando-se por vencido, não estava no clima.

—Nós podemos...

—Nos ver outro dia - ele sorriu sem emoção fazendo-a entender que agora deveria sair.

Jo vestiu a blusa meio irritada. 

—Okay - ela bufou se levantando - Me liga quando der para fazer alguma coisa 

Ele se levantou também. Seguindo seus passos.

Os dois chegaram a sala e Harry ouviu o barulho da geladeira 

—Gem? 

—Não, sou eu - Niall respondeu com a boca cheia - Espero não ter interrompido... 

—Não interrompeu - Jo respondeu sem emoção - A gente se vê. 

Ela bateu à porta e Harry caminhou devagar com as mãos na frente do corpo

 até o sofá, mas antes de encontrá-lo esbarrou no móvel que ficava ao lado. 

Você bebeu? - Niall perguntou se jogando ao lado dele

—Sempre - Harry respondeu meio desgostoso.

Era verdade, ele sempre bebia, mas na última semana andava passando bem da conta tentando não pensar naquele garota infernal.

—O que você fez pra gostosinha sair toda irritadinha?

—Mais fácil falar do que eu não fiz - Harry balançou a cabeça confuso

—Sério? Tudo bem, agora conta pro tio Niall qual é o problema com o seu amiguinho ai de baixo...

—Não é com ele. É a minha cabeça. - Harry riu sincero, como nunca fazia - E elas. São muito fáceis, não tem mais graça. 

—Elas sempre foram fáceis - Niall revirou os olhos 

—É... - Harry teve que concordar 

—Será que isso não tem nada a ver com a menina do parque? - perguntou cauteloso 

—Quem? - Harry se fez bobo e Niall gargalhou

—Você é ridículo 

—Eu não... - sim, também se achava ridículo. - Estou tentando deixar pra lá.

—Por que? 

—Porque....

—Porque você é um babaca - Niall completou ainda rindo 

—Tá. Posso ser um babaca, mas qual é a probabilidade da gente se esbarrar de novo? 

Niall mordeu o canto da boca. Queria dizer que além de grandes, as chances eram certas, mas ficou quieto e Harry levantou-se

—Tá bom, vamos pro Joe's. Quem sabe eu não acho alguém que resolva meu problema por lá enquanto você me paga uma cerveja. 

—Já conhece todas as garotas do Joe’s, Harry - Niall fez questão de lembra-lo - E elas são todas como a que acabou de sair daqui.

 

 

 

 

O bar do Joe não era o mais luxuoso, o mais caro e nem mesmo o mais bonito bar de Londres, mas tinha se tornado algo como um lar no último ano.


Noites e mais noites de porre foram passadas ali. 

Os cinco estavam sentados na mesma mesa de sempre, a exatos 17 passos da entrada. E Joe tomava todo o cuidado para que as mesas ficassem sempre na mesma posição, assim Harry saberia se localizar sem perigo algum.


—Já conversamos sobre isso – Louis deu de ombros – Não acho que seja uma boa hora.

—Conversou com ela sobre casamento? – Harry debochou irônico como sempre

—Não é como se eu fosse pedir a Els em casamento sem ela saber – Lou disse como se fosse óbvio

—Claro, os pedidos de casamento nunca foram surpresa – Liam brincou e Louis estapeou sua cabeça rindo

—Vocês são chatos pra caralho – os outros protestaram gritando - Ah, calem a boca.

As brincadeiras continuaram, mas por alguns segundos Harry se desligou de todas as gargalhadas e da gritaria que estava ali. O sino da porta tocou indicando que alguém estava entrando e o vento de fora bateu.

Ergueu o rosto em direção ao corredor de passagem onde sentiu um perfume familiar, mas diferente de todos aqueles que já tinha sentido no bar do Joe.

—Liam, Liam... – ele bateu no ombro do amigo fazendo com que a mesa toda prestasse atenção – É ela? A garota do parque, não é?

Niall foi mais rápido e se inclinou um pouco para ver

—Yep! – ele riu olhando o relógio, Nina estava 20 minutos atrasada – É ela mesma.

—A doida do parque? – Louis olhou sobre seus ombros

—Espera. Doida do parque? – Zayn parecia revirar a memória - Liam me fez praticamente acampar no parque essa semana atrás dela

—Pois é... - Liam suspirou - Mulherzinha difícil de achar 

—Ficou atrás dela? - Harry pareceu surpreso 

—Claro! 

—Pra que? 

—Porque você gosta dela - Niall disse o óbvio 

—Eu não gosto dela – Harry mentiu com um sorriso torto

—WOW! VOCÊS VIRAM ISSO? – Liam chamou a atenção de todos com seu grito 

—O que?  – Harry perguntou curioso

—Isso foi quase um sorriso no seu rosto? – ele apertou a bochecha de Harry que logo empurrou sua mão enquanto os outros riam 

—Você tem que ir lá AGORA! - Niall disse praticamente empurrando Harry para fora da mesa

—Vocês são chatos pra caralho! 

—Ah, para de charme e vai logo atrás daquela doida antes que ela suma de novo. – Louis disse e Harry sorriu cafajeste se levantando

—Onde? - Perguntou e Niall e Louis trocaram olhares nervosos.

—Sentada no balcão – Zayn respondeu olhando a garota – Você quer ajuda? – Ele riu e saiu andando sozinho

 

—Essa merda de cantada já funcionou alguma vez? – Harry ouviu a voz dela ao se aproximar. O cara provavelmente ficou constrangido já que ele não pode ouvi-lo – Isso. Melhor você ir! – ela bufou irritada - Mais uma, Joe.


—Está de carro? – Joe perguntou antes de lhe encher o copo de mais tequila.

—Táxi – ela respondeu batendo o copo no balcão. Joe o encheu e ela virou em segundos deixando-o assustado – E não... Pense que eu vou ficar bêbada porque eu ainda tenho que trabalhar.

—Boa sorte com isso – Joe disse depois de encher outra vez o copo


—Eu não preciso de sorte – ela levantou a voz para que ele ouvisse do outro lado do bar – Talvez uma passagem só de ida pro Alasca e uma nova dignidade, mas SORTE NÃO! – ela virou o copo de novo

—Você sempre fala sozinha? – Harry disse encostando ao seu lado no balcão.


Ela levou um susto e quase cuspiu a tequila de volta, mas seria um desperdício então engoliu engasgando de leve.

Depois de se recuperar, ela respirou fundo.

—Eu não... – limpou a garganta – falo sozinha.



—Ah, não? – Ela o observou de cima a baixo desgostosa. Aquela superioridade de novo.


—Talvez. Mas a pergunta é o que você faz aqui, senhor Styles?

—Ah, então você sabe quem eu sou... – Harry fingiu estar surpreso – Parece que eu estou em desvantagem aqui.



—Parece que sim – ela riu, ele não fazia ideia de quanto.


—Está se divertindo com isso – ele percebeu.

Aquilo deveria incomodá-lo, mas ele sorriu satisfeito. E ali estava um sorriso de verdade, aquele que Nina queria tanto ver.

Nina era petulante, esperta demais e meio megera, mas por incrível que pareça ele gostava dela.

Ela ia responder, mas na mesma hora outro cara encostou ao seu lado.


—Hey, gata. Que tal um drinque?


Os ombros de Harry se enrijeceram. Ele geralmente não se importava quando outros caras cantavam as outras que estavam com ele, mas com ela a coisa foi diferente. 


—Eu já tenho, obrigada – Nina deu-lhe as costas voltando-se para Harry que sorriu 


—Ah, vamos lá, só um – o cara persistiu e antes que ela pudesse responder Harry tomou a frente


—Amigo, ela já disse não.


—Eu estava falando com ela, ceguinho. – o cara respondeu impaciente 


—E ela está comigo – Harry deu um passo na direção da voz  – Então, por que não sai fora?


—E se eu não sair, vai fazer o que? – o cara se aproximou de Harry peitando-o, mas antes que se encostassem a garota entrou no meio afastando-os


—Ta bom! Obrigada pelo show de testosterona, rapazes, mas já deu. – ela empurrou o peito de Harry com delicadeza – Harry. Senta ai. E você... – ela se virou para o outro – posso pagar pelos meus drinques, não vou beber com você. NÃO estou interessada, e não vou ficar! Deu pra entender ou eu tenho que ser mais clara?


O cara saiu fazendo cara feia e ela voltou para o banco bufando. Nunca suportou esse tipo de encrenqueiro.
Joe havia enchido seu copo de novo e ela já o esvaziara


—Idiota!


—Eu? – Harry não acreditou naquilo. – O cara que...

—Você viu o tamanho dele? – ela o interrompeu e ele deu um meio sorriso – Ai, desculpa... Você me entendeu. Ele ia te matar e você ia morrer sem me chamar pra sair, olha que trágico.


—Hmm. Quer que eu te chame pra sair. – Harry abriu seu sorriso sacana.


Ela era sem dúvida um mistério que muito o interessava. Inconstante e imprevisível, nada parecida com as outras garotas com quem saía.

—Eu nunca disse isso – ela riu divertida


—Mas... – ele ia dizer quando ela observou uma ruiva linda, de olhos verdes e um corpo escultural passar os braços pelos ombros de Harry


—Eu te procurei por toda parte. – a ruiva disse com uma voz sedutora


—Jane. – ele sorriu ainda mais cafajeste e sangue de Nina ferveu como não fervia a anos – Oi


—Jill. – ela o corrigiu


—Claro.


—O que acha de... – a ruiva sussurrou no ouvido dele para que ela não ouvisse


—Seria ótimo, mas eu estou meio ocupado aqui


—Não! – Nina disse em prontidão – Eu estou de saída mesmo. Ele é todo seu, Jill


—Perfeito!! – A ruiva bateu palmas como uma criança


—O que? NÃO... – ele não queria que ela fosse e muito menos queria ficar com Jill, mas ela não esperou nem que ele pedisse para que ficasse. – Hey!


—A gente se esbarra por ai, Harry.


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