Purple Light escrita por Isa


Capítulo 42
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Um milhão de anos depois....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742371/chapter/42

—Hey... - senti os lábios de Harry tocando meu ouvido em um doce sussurro e apenas gemi exausta. - Agora é sério. - ele riu um pouco culpado 

—Eu quero dormir - reclamei com a voz arrastada

—Eu sei, e juro que tô me odiando por isso, mas eu realmente preciso fazer xixi.

Abri meus olhos sonolentos para ver seu sorriso, e acabei me perdendo em seus traços perfeitos. Os olhos serrados, sempre fixos e do meu tom de verde preferido, seus lábios rosados e macios curvados em um sorriso discreto, suas covinhas perfeitas e maxilar sempre bem marcado. Seu cabelo bagunçado e alguns cachinhos caídos em seu rosto. 

Me sentei completamente agradecida e o surpreendi com um beijo na bochecha.

—Você tem sorte por eu te amar - Harry sorriu largo sem saber que a sortuda era eu.  - Vem - levantei me espreguiçando - Vamos subir e tomar um banho. 

—Você tá vendo a Berta por aí? - Harry perguntou colocando as duas mãos em minha cintura. 

Me desvencilhei dele revirando nossa pilha de roupas perto da porta. 

—Aqui - voltei para perto e abri a bengala, colocando-a em sua mão. Virei de lado esperando que segurasse em meu braço. - Não se preocupe, não tem degraus até a escada. - ele assentiu com um leve sorriso. 

Chutei nossa bagunça para o lado sempre que ela ameaçava atrapalhar nossa passagem. Subimos devagar no tempo de Harry e enquanto ele fazia xixi eu resolvi encher a banheira. Estava exausta, mas não o suficiente ainda. Entramos na banheira quente juntos, eu de um lado e ele de outro brincando com meus pés.

—Então - comecei curiosa - como chegou aqui? 

Harry deu de ombros com seu sorriso misterioso 

—De avião.

—Há! Que engraçadinho! - serrei os olhos - Eu quero saber de tudo

Ele sorriu por um instante e então beijou um de meus pés.

FLASHBACK ON (POV OFF)

O despertador de Harry dava um escândalo pela décima quinta vez. 

Ele tinha começado a tocar desde as 10h da manhã quando Harry abriu seus olhos e em meio a toda escuridão habitual a primeira coisa que veio em sua mente foi Nina. 

Ele não tinha para onde fugir, sabia que onde fosse o assunto seria ela. E mesmo quando não havia assunto, mesmo quando ele tinha que lidar apenas com sua própria existência, ela continuava lá. Por isso resolveu ficaria ali existindo em função de suas más escolhas. Pensando em tudo o que tinha feito, e no que não tinha feito. Se martirizando por querer sumir mais uma vez por culpa dela.

A vida era tão simples quando Nina não existia para ele.

Pouco depois das duas horas o número de Haley começou a tocar em seu celular, ele pensou várias vezes antes de atender, mas sentiu que devia.

Ela gentilmente o lembrou da cerimônia de Jamie dos escoteiros, aquela que havia acontecido há 2 dias atrás e ele tinha esquecido por completo. Maldita Nina!

Desligou o telefone exausto e sentindo o sangue fervendo por dentro, se forçou a tomar um banho. Precisava resolver aquilo.

Harry vestiu uma calça jeans preta, seu tênis old school, um moletom cinza e um casaco preto para não passar frio. Ligou para Bill e deslizou os dedos pela parede do corredor até chegar à porta da sala, tateou as chaves em cima da mesa de jantar e elas não estavam lá. Sua cabeça estava uma merda e isso deixava sua vida uma bagunça, o que tornava tudo mais complicado já que, porra, ele não enxergava!

Harry puxou os cabelos para trás tentando ao máximo engolir sua irritação. Respirou fundo e pensou que poderiam estar na mesa de centro. Com toda confiança que tinha dentro de casa e por estar um pouco perturbado, Harry esqueceu da mesinha de canto onde sempre tropeçava. Seu joelho colidiu com a mesinha com toda sua ansiedade de achar logo as chaves e isso resultou em uma dor lancinante. Ele prendeu a respiração tentando ao máximo se controlar, mas invés disso achou que chutar a mesa seria mais conveniente. 

Ele a chutou descontroladamente várias e várias vezes descontando toda sua raiva reprimida, até sentir pequenas mãos segurando seus ombros.

—Por favor, Harry... – A voz assustada de Gemma o fez voltar a si percebendo sua total falta de controle. – O que está acontecendo com você? – Harry sorriu triste entre sua respiração ofegante e sentiu as lagrimas inundando seus olhos. Gemma o puxou para o sofá e o envolveu em seus braços enquanto ele desmoronava. Harry não estava acostumado com aquilo, não se permitia soltar os sentimentos desse jeito, mas estava tão saturado e confuso. – Tudo bem. Vai ficar tudo bem.

 Harry tentou se recompor. Secou as lágrimas e respirou fundo apoiando os braços nos joelhos.

—Eu tô bem. - disse com toda a convicção que existia nele.

—Não. – Gemma foi firme – Você não está.

Ele balançou a cabeça e deixou-a descansar nas mãos.

—Como ela consegue bagunçar toda a minha vida, Gem? – Gemma suspirou acariciando a costas do irmão

—Não acho que essa seja a intenção. – Harry esfregou o rosto abalado, e ela precisou perguntar.  – Você não a ama? 

Se ele a amava? Talvez o fato dele sentir falta do perfume dela a cada segundo que não o sente significasse isso. Talvez a sensação ridícula de uma corrente elétrica percorrendo seu corpo cada vez que se beijavam, ou ele se sentir completamente imerso na escuridão quando ela não está por perto e sentir como se ela fosse sua luz no fim do túnel pudessem ser grandes confirmações de que ele a amava.

Mas talvez não.

—Não. – Afirmou categórico e engoliu em seco

—Perfeito então – Gemma tirou as mãos do irmão e se levantou – Podemos então apenas seguir nossas vidas. – Suspirou como se estivesse aliviada – Michal tem uma conferencia na semana que vem em Nova York. Vai com aquele amigo do trabalho, Graham, lembra dele? – Se apoiou no encosto do sofá despretensiosamente – Ele tá um gato! Talvez possamos fazer um rolo, apresentá-lo pra Nina. Talvez ela não esqueça você, mas seria uma ótima distração.

Harry sentiu o sangue ferver outra vez e serrou os punhos

—Vai se foder, Gemma! 

—Você é um idiota! - ela se inclinou para falar bem em seu ouvido - Ninguém sai destruindo uma mesa no chute à toa. Vamos atrás dela! 

Harry se levantou impaciente pegando Berta que estava encostada perto da porta.

—Essa é a última coisa que eu quero ouvir 

—Nunca achei que seria tão burro. - ela cruzou os braços irritada com a teimosia de Harry 

—Você sempre me superestima - ele abriu a porta e se pôs para fora - Deixe aberta quando sair, estou sem chave

 

*** 

 

Harry nem percebeu o tempo que levaram para chegar até a casa de Nate e Haley, e sentiu um estranho frio na barriga ao tocar a campainha. 

Sabia que Jamie estava muito chateado e que ele realmente tinha pisado na bola. 

Haley o recebeu incrivelmente fofa como sempre, sem nem tentar mencionar o que havia acontecido. 

Isso era uma das coisas que ele adorava sobre ela, Hales era extremamente discreta. Se não lhe cabia algum assunto, ela simplesmente não se importava, mesmo que o circo todo estive em chamas. 

—Jamie, o tio Harry está aqui - Haley parou na porta do quarto de Jamie um pouco receosa em como conduziria aquilo - ele veio conversar com você.

Jamie estava muito chateado por Nina e Harry terem perdido a cerimônia de entrega da medalha dos escoteiros. 

O garoto não respondeu a mãe, apenas continuou montando os legos que estavam a sua frente. Hales então, pegou a mão de Harry que estava em seu braço e o puxou delicadamente para que passasse a sua frente e tentasse conversar com Jamie.

—Hey, Jay Luke! - ele tentou ser o mais animado que podia - fiquei sabendo que...

—Você está morto pra mim, Harry - Jamie soltou sem o menor pudor repetindo a frase dramática que provavelmente viu em algum filme.

—Jamie!! - Haley o repreendeu surpresa com as palavras do filho

—Ele é um mentiroso e covarde! - Jamie se levantou e apontou para Harry 

—James Lucas... 

—Ele me disse que estava tudo bem ter medo, que o importante era ter coragem pra enfrentar o medo - Jamie explicou antes que a mãe pudesse o repreender de novo com os olhinhos cheios de lágrima e Haley se agachou a sua frente 

—Mas isso é verdade, filho.

—Mas ele não fez isso! - Jamie acusou - Eu ouvi o que o papai disse  - Fungou e olhou para Harry - Tia Nina disse que te amava e você não fez nada - Jamie se voltou para a mãe com as lágrimas escorrendo - Como ele pode? 

Haley abraçou Jamie desolado 

—Jamie, as coisas dos adultos são mais complicadas - Nate apareceu atrás de Harry enquanto Hales afagava suas pequenas costas - Você não pode ficar chateado assim por isso. 

—Ele não teve coragem de dizer que também a amava. - limpou as lágrimas - agora ela foi embora, perdeu a entrega da medalha e não vai voltar. 

Nate percebendo o real motivo por Jamie estar tão chateado e o quanto aquilo estava afetando Harry, apertou o ombro do amigo.

—Tudo bem, vamos deixar a mamãe acalmá-lo um pouquinho.

Harry o seguiu perplexo com os danos colaterais que sua relação conturbada com Nina tinham causado.

Ele sentou no sofá segurando a cabeça. Sua vida girava em torno dessa merda a quatro dias, e ele não tinha conseguido passar um segundo sem pensar que deveria fazer alguma coisa. Mas Jamie estava certo, ele era um covarde. Estava apavorado com a situação.

—Tudo bem? - percebeu a presença de Nate ao seu lado.

Ele sorriu com um pouco de raiva 

—Seu filho de seis anos esfregou na minha cara o que eu to tentando ignorar a quatro dias - seu sorriso doloroso era inegável 

—Cara... - Nate suspirou fundo - Achei que você a amasse. Desde a primeira vez, eu achei...

Houve um breve e pesado silêncio. De novo, mais uma vez pessoas querendo entender um sentimento que só cabia a ele. 

—Eu... - Harry parou e fechou os olhos com força cansado de tudo  - Eu a amo, Nate. 

—ENTÃO! - Nate se levantou enérgico - Vai fazer o que quanto a isso, rapaz? 

—É complicado...

Nathan deixou os ombros caírem um pouco decepcionado, pensou por alguns instantes e então disse:

—Eu cresci com aquela garota, Harry. - ele sorriu com as lembranças - Numa família cheia de regras rígidas e metas a serem alcançadas, tinha essa... como posso dizer? - Nate pensou por um instante - Ser da natureza. - logo sorriu de novo - Ela não tava nem aí pras metas, era completamente diferente do resto de nós. Tinha olhos encantados, camisetas roxas, os pés sempre descalços e a cabeça mais complexa que eu já conheci. - Nathan olhou para Harry outra vez - Ela é complicada, Harry, e provavelmente sempre vai ser, mas também sempre foi e ainda é pra mim, a coisa mais maravilhosa do mundo. 

Harry sabia exatamente sobre o que Nate estava falando. Sabia desde o dia em que se esbarraram no parque, desde a primeira vez que sentiu perfume dela mexendo com sua cabeça. Soube quando sua risada se tornou o som mais agradável de todos os seus ambientes e quando apenas seu toque acalmou a angústia de seu coração. 

Harry sempre soube.

Ele segurou firme o assento do sofá, sentiu o pelinhos do tecido confortável secando o suor de suas mãos nervosas. Soltou o ar derrotado.   

— Preciso de uma passagem. - ele quase sussurrou, mas Nate estava bem atento para ouvi-lo

—ISSO! -  gritou alegre - Pra quando? -  perguntou super animado tirando o celular do bolso 

—Pra hoje, Nate! - suspirou sentindo uma ansiedade inquietante tomando conta de si, que abafou o som dos passos de Haley se aproximando.

—O que vocês estão aprontando? 

—Vou atrás da Nina, Hales - ele sorriu sentindo um frenesi estranho. Toda a angústia do restante do dia estava sumindo. 

—Nathan Scott! - Haley o olhou feio

—EU? - a voz de Nate saiu aguda - Foi o seu filho que fez isso. 

—A passagem, Nate! - Harry chamou a atenção nervoso

—Hoje à noite. 

—Perfeito! 

—Pra hoje à noite o que? - Haley puxou o braço de Nate olhando o celular.

—Se voltarmos até sábado....

—Não, Nate, eu vou sozinho.

O sorriso de Nate se alargou enquanto Haley arregalou os olhos

—Harry, querido. - Hales abraçou os próprios braços aflita - Isso é muito bom, mas você já viajou sozinho antes? 

Harry soltou uma gargalhada quase descontrolada

—A quatro meses eu não ia nem a padaria sozinho. 

—Meu Deus. - Hales sentou na poltrona de frente para ele pousando a mão na testa - Isso é uma péssima ideia 

—Relaxa, Hales - Nate respondeu completamente tranquilo - Ele da conta, tranquilo. 

FLASHBACK OFF 

 

POV Nina

 

—Então ele pegou no meu braço e me tirou do piso tátil - eu não conseguia parar de rir com o jeito que Harry contava sobre o senhorzinho que tinha tentado ajudá-lo no aeroporto - Acho que estava mais perdido que eu, nós giramos tantas vezes que eu fiquei completamente tonto, mas nossa comunicação foi quase perfeita, eu perguntava se já estávamos próximos da saída e ele explicava que comida só no andar de cima. 

—Ah não, Harry  - eu continuava rindo 

—Foi em um desses giros que apareceu uma porrada de gente, não sei de onde, alguns esbarraram em mim, eu tropecei e perdi o óculos. - ele sorriu como se aquilo não fosse nada - Ainda tive que ouvir que era muito desastrado. - ele riu comigo arrumando o cabelo 

—Não sei como você chegou vivo aqui depois desse senhor - Ri mais um pouco - E como o porteiro te deixou subir direto? 

—Ah, aí eu precisei da ajuda da Lay - sorriu esperto - Ela disse pro Max que uma entrega urgente ia chegar pra você, e que o nome do entregador era HENRY - ele frisou o nome

—Vocês são terríveis! - balancei a cabeça com um sorriso tranquilo. Ele estava mesmo ali, nada podia ser mais perfeito. 

—Ah, eu sou mesmo - ele sorriu sacana segurando em minha panturrilha e puxando minha perna para que meu bumbum escorregasse no fundo da banheira. Encaixei minhas pernas por cima das dele, colando nossos corpos mais uma vez. Harry mordeu meu lábio inferior delicadamente, fazendo meu corpo confortável com a água quente se arrepiar por inteiro. O beijei devagar, deixando que sua língua acariciasse a minha com calma e leveza. 

Então nos soltamos e encostei nossas testas acariciando seu rosto e suspirei mais uma vez agradecida.

— O que? - Ele acariciou meu rosto com o seu 

—Achei que tivesse perdido você.

Harry sorriu sem abrir os olhos 

—Talvez por um instante, mas nunca pra sempre.

Sorri com ele. Nunca acharia uma frase que se encaixasse melhor em nós dois. O abracei fechando os olhos e pedindo a Deus que fizesse com que aquilo durasse.

Estávamos bem, mas ainda existia tanta coisa em jogo.

—Promete que vai ser sempre assim? - pedi admirando seu sorriso de canto

—Você promete? - ele me devolveu a pergunta e eu fechei os olhos com força engolindo em seco. Meus segundos de silêncio de repente pesavam uma tonelada. Harry me afastou um pouco - Você não... - ele parou com os olhos inquietos e uma confusão apavorante em seu rosto - Nina, eu perguntei se era pra valer

—Não é isso - ele estava entendendo tudo errado pra variar - Falei sério quando disse que era pra valer, eu tenho certeza absoluta do que eu sinto por você.

—Então...

—Eu só... - o interrompi sentindo um nó na garganta. Como explicar uma coisa que ele nunca poderia entender. Se Harry soubesse de minhas razões por temer nosso futuro, o futuro simplesmente não existiria. - Eu fiz coisas... - meus olhos se inundaram - Coisas ruins. - o contrato parecia tão distante agora, e era tão difícil lembrar - Coisas das quais eu não me orgulho. - Harry me ouvia atentamente - Eu nunca me senti o suficiente pra você, e grande parte de ter lutado tanto pra não te amar foi isso.

—Nix... - Harry pousou a mão em meu rosto, mas eu precisava terminar

—Ficar com você... - minha voz tremeu e lágrimas silenciosas escorreram por meu rosto até a mão de Harry - foi a coisa mais egoísta que eu já fiz por mim. - aproveitei seu toque depositando um beijo rápido em sua mão que me afagava - Tenho medo de que um dia você acorde e veja que eu realmente não sou boa o bastante.

Ele levou alguns segundos talvez pra processar direito o que eu tinha dito. Então seus lábios se levantaram em um sorriso torto meio debochado, como se não pudesse acreditar em minhas palavras. 

Harry me puxou para perto outra vez, colando nossos corpos, queimando nossas peles.

Chegou bem perto de meu rosto também, quase encostando nossas bocas. 

—Você é a melhor coisa que me aconteceu - Sua voz foi grave, firme, talvez até um pouco autoritária.  - Nada que você tenha feito vai mudar isso. 

 

Então ele me beijou firme, mas com uma delicadeza indecifrável. Ele mexia com todos os hormônios do meu corpo. Harry desestabilizava minha alma. Então nós fizemos de novo o que fazíamos de melhor. 

Nós fizemos amor. 

Na banheira, no chão, na cama. Eu o queria, mais e mais como se assim aquele momento pudesse se eternizar. Como se sentir Harry dentro de mim pudesse realmente fazer com que ele me pertencesse pra sempre.

 

***

 

Acordei com suas mãos passeando por meu corpo. Minha pele estremecia com o toque de seus dedos.

Ele desceu por entre minhas pernas e usou sua língua para brincar com minha intimidade, a essa altura eu gemia um tanto quanto contida, me deliciando por completo ao sentir o sangue percorrer todo meu corpo. 

Harry levantou uma de minhas pernas e a apoiou sobre seu ombro, depois esticou a mão até meus mamilos enrijecidos, eu gemia sentindo o orgasmo chegar tranquilamente quando comecei a ouvir um som distante. O celular de Harry começou a tocar na sala.

 

"Anne! Anne! Anne!"

 

Eu queria com todas as minhas forças ignorar, mas o maldito celular não parava de gritar. 

Levantei a cabeça e soltei seus cabelos prestes a dizer que poderíamos terminar depois e como se lesse minha mente Harry parou por um instante e disse firme:

 

—Não! 

Me puxou um pouco mais pra baixo e enterrou o rosto no meio de minhas pernas. Ele chupou meu clítoris duro como se nunca tivesse me feito gozar antes. Todo e qualquer som desapareceu para mim e eu só conseguia sentir aquela língua deliciosa brincando comigo cheia de voracidade. Agarrei a cabeceira da cama me contorcendo, gemi quase gritando e gozei. 

—Puta merda! - soltei em meio a sussurros enquanto tentava recuperar meu fôlego. 

Harry subiu até mim com um sorrisinho sacana nos lábios. Seus olhos estavam num verde especial aquela manhã. Os cabelos caídos no rosto o faziam parecer um menino feliz.

Ele beijou meus ombros e meu pescoço, enquanto eu mal podia me mexer nos lençóis revirados.

—Bom dia! - ele deitou a cabeça ao meu lado e continuou sorrindo. Acariciei seu lindo rosto e  dei-lhe um selinho rápido

—Se continuar me chupando desse jeito logo cedo vou ficar mal acostumada 

Ele sorriu largo e levantou se posicionando por cima de mim segurando seu peso com os braços e me dando um beijo que quase tirou o resto de fôlego que me restava. 

Então mordeu meu lábio inferior 

—Você é gostosa demais - passou a língua lentamente por meus lábios, me fazendo estremecer outra vez - não consigo tirar a boca de você. 

Eu ia beija-lo de novo sedenta de desejo, quando meu celular começou a tocar na cabeceira. 

O empurrei para o lado e peguei o celular. Eu nem precisava ler o nome na tela para saber quem era e muito menos Harry. 

 

Ele bufou fechando os olhos já cansado com o que enfrentaria.

 

Apenas esticou a mão para mim, deslizei a tela para atender e lhe entrei.

 

—Oi, mãe. - Ouvi Anne gritar do outro lado e me sentei na beirada da cama rindo - Eu sei. Calma. Eu sei, mãe.

 

***

 

Colocamos as roupas de Harry pra lavar enquanto tomávamos um café um tanto quanto escasso. 

Eu não tinha feito compras, então tivemos que nos virar com duas laranjas, 1/4 de abacate e um saco de pão quase no fim. Deu pra forrar o estômago, mas não o suficiente considerando que almoço de ontem que Max pediu, nós nem vimos a cor, e não lembrava a última vez que tinha comido.  Conhecendo Harry sabia que sua situação não era muito melhor que a minha. 

Assim, saímos para comer e comprar roupas para ele que tinha vindo sem mala.

 

—Quer comer o que? - perguntei enquanto estávamos parados em frente ao meu prédio 

—Com a fome que eu tô, qualquer lugar que você queira. - ele passou o braço pela minha cintura enquanto eu procurava um restaurante bacana na internet. 

—Vou ver, não conheço nada por aqui.

—Você mora aqui há 3 meses e não conhece os restaurantes? - Harry achou graça. 

—Hey, eu trabalho! 

—Como todas as outras pessoas que vivem em Nova York - ele debochou - Por acaso você faz fotossíntese? 

Bufei incomodada 

—Eu peço comida, compro bowls de salada no supermercado e ás vezes dou uns perdidos no Max pra comer porcaria de rua. 

—Porcaria de rua? - ele faz uma careta - Vai me dizer também que nunca foi em Little Italy? 

Mordi o lábio inferior não querendo responder 

—É claro que eu já fui, só não recentemente. Ainda não tive tempo. 

Harry jogou a cabeça pra traz rindo de mim 

—Meu Deus, mulher! O que seria de você sem mim? - Coloquei as mãos na cintura pendendo a cabeça pra olhá-lo todo confiante - Arruma um táxi, vou te levar pra comer comida de verdade.

Comemos a melhor berinjela à parmegiana  e macarrão com molho apimentado da vida com um bom vinho, enquanto Harry me passava uma lista de ótimos restaurantes que eu precisaria frequentar quando voltasse depois das festas de fim de ano, e então fomos as compras. 

Compramos coisas básicas como duas calças, várias camisetas e muitas cuecas, totalmente desnecessária já que iríamos embora em 4 dias, mas eu não me contive. Era extremamente reconfortante pensar que Harry deixaria cuecas em casa, em uma gaveta só dele e que voltaria para usá-las. 

Estávamos prontos para ir ao supermercado quando passamos na frente de uma loja de ternos maravilhosos, parei bruscamente para olhar.

—Wow! - Harry assustou com a parada repentina - O que aconteceu?

—Vamos entrar só mais nessa - sorri arquitetando todo um plano em minha mente.

—Nix, já temos tudo - Harry não se animou nem um pouco

—Você não tem um terno - acariciei seu rosto fazendo biquinho e ele riu

—Tenho vários em casa.

—Mas vai precisar de um para a confraternização de Natal da N.S. - expliquei já puxando-o pra dentro, mas dessa vez quem segurou foi ele

—Já conversamos sobre isso - Eu tinha mencionado a festa mais cedo quando pedi pra Harry ficar e ir embora comigo, mas ele não gostou da ideia.

Festas, mesmo que intimista, não deixavam Harry confortável. 

Ele já não gostava de eventos sociais, muito menos com fotógrafos e repórteres. Harry nunca deu uma entrevista depois do acidente, estava longe dessa vida tinha um tempo. Ás vezes era vítima de alguns paparazzis, mas nada muito invasivo.

A festa de Natal seria pequena, ainda estávamos construindo a marca, e o nosso namoro seria um grande furo. Teríamos que responder perguntas e isso abriria a brecha para perguntas sobre ele que ninguém nunca tinha conseguido fazer.

Eu disse que poderia cuidar disso, mas ele não parecia seguro.

Eu o queria lá, era importante pra mim e queria que ele não se sentisse tão acuado em situações do tipo. Tinha esperança de que um dia pudesse retomar a banda, seu trabalho, talvez as turnês. Queria pra ele uma vida normal. Então resolvi que faríamos isso. 

—Eu sei, e sabia que diria sim! - Me fiz de louca tentando tirá-lo do lugar outra vez sem sucesso. 

—Na verdade, eu não disse sim. Disse que iria pensar. 

Me voltei pra ele determinada 

—Sim, mas depois disse sim. - ele franziu a testa - Você acabou de dizer “eu não disse sim”, e isso foi um “sim” - Harry acompanhou meu raciocínio atento e sorriu no final fechando os olhos sabendo que eu não aceitaria um “não”. - O que você acabou de dizer, amor? - Ele riu de novo um pouco nervoso

—Eu disse. que não. disse “sim” - disse pausadamente

—SIM! - o abracei animada - Eu sabia que diria “sim”! - ele riu e me deixou puxá-lo para dentro.

 

***

 

—Champanhe? - Sarah a assistente do alfaiate me ofereceu enquanto ele terminava de marcar a barra da calça perfeitamente cortada que Harry vestia.

—Por que não? - perguntei pegando a taça enquanto observava aquele homem lindo a minha frente 

—Qual a cor da camisa? - Cisco perguntou ao se levantar olhando Harry por inteiro 

—A moça ali que dá as ordens - Harry sorriu fazendo sinal com a cabeça para onde eu estava 

Eu ri tomando um gole do meu champanhe 

—Pensei em preta - Pisquei para Sarah - Ele fica lindo de preto  

—Qual a cor do seu vestido? - Cisco perguntou

—Roxo - eu e Harry respondemos em coro 

Ele voltou-se pra mim como se eu fosse a pessoa mais previsível do mundo. Apenas soltei um riso nasalado.

Logo Cisco tinha colocado em Harry a camisa preta e o paletó, deixando-o impecável. Ele o virou para mim com toda a delicadeza que tinha e quando eu achei que fosse soltar um suspiro alguém atrás de mim o fez, seguido por um rápido:

—Meu Deus! - a moça que nos tinha recepcionado admirava Harry um pouco atrás de nós. Cobriu a boca quando todos a olhamos, percebendo que tinha dito em voz alta.

—Perdão, senhora! - olhou pra mim e depois para Cisco que tinha um olhar reprovador

—Não se preocupe! - abri meu melhor sorriso tentando fazer com que não se sentisse mal - Eu também perco o fôlego ás vezes - rimos todos

—Ainda estou aqui, senhoras - Harry abaixou a cabeça completamente envergonhado 

—GRAÇAS A DEUS POR ISSO! - me levantei com o maior nível de drama que podia. Subi no pedestal. O puxei pelo terno e o beijei ali mesmo fazendo um grande estalo. - Seria um pecado não ter um homem desses pra admirar! - pisquei para as meninas em volta 

Harry me correspondia, mas muito sem graça. 

Eu não me importava com grandes demonstrações públicas de afeto, enquanto  Harry era totalmente discreto. 

Combinei com Cisco que Max pegaria o terno na segunda de manhã. 

Quando saímos da loja notei um grupinho de 3 meninas que antes nos olhavam pela vitrine agora disfarçando.

—Que tal um café? - perguntei ainda animada 

—Aceito - ele sorriu tranquilo e eu entendia. 

Era ótimo termos tempo suficiente pra fazermos qualquer coisa que queríamos. 

Nos sentamos em uma cafeteria  perto dali e enquanto conversávamos percebi outra vez as 3 garotas do lado de fora. 

—Não olha agora, mas acho que estamos sendo seguidos por um grupinho de tietes. 

Harry quase cuspiu o gole que estava dando em seu café. Depois começou a rir.

—Pensou mesmo que minha reação ia ser virar pra olhar? - ele continuou rindo 

Revirei os olhos me lembrando. Dei um tapinha na testa 

—Eu esqueço - espremi minha voz tentando me justificar, mas sabia que ele não se importava. 

—Acha que elas vão estar lá quando sairmos? - ele perguntou 

—Acho que sim. 

—Então me dá mais um pedaço dessa torta, e quando formos embora falamos com elas - ele abriu a boca esperando a torna e quando eu coloquei uma garfada em sua boca sorriu se deliciando, enquanto eu o olhava desconfiada. 

Aquilo era diferente. Eu esperava que teríamos que sair pelos fundos, mas falar com elas...

Resolvi esperar e ver no que ia dar. 

Curtimos minha torta de maçã até o final, simplesmente desfrutando da companhia um do outro.

Então resolvemos que era hora de ir, e as meninas continuavam lá.  Deviam ter 16/17 anos, duas tinham cabelos castanhos e a outra era loira com as pontas dos cabelos rosa. Uma das garotas de cabelo escuro tinha os olhos verdes, ela foi a menos discreta, parecia estar tomando coragem. 

Me imaginei no lugar delas, provavelmente me esconderia atrás das outras. Elas até tentaram disfarçar mais uma vez, mas não eram muito boas.

Respirei fundo, guardando as mãos no bolso para mantê-las aquecidas e abri meu melhor sorriso.

—Olá, meninas! 

—Oi - as três responderam sem graça - eu ia continuar sem ao menos saber o que fazer, mas antes que pudesse Harry perguntou:

—Como vocês estão? - com aquele seu sorriso encantador que quase derreteu as pernas de nós quatro 

—Estamos muito bem! - a garota dos olhos verdes respondeu mais animada enquanto as outras ainda espreitavam envergonhadas por trás dela. 

—Estão passando muito frio esses dias? - ele continuou tentando deixá-las mais à vontade.

—Ah sim! 

—Bastante!

—Londres está gelada também, mas acho que aqui está ventando mais. - ele sorria genuinamente como se estivesse conversando com pessoas que conhecesse a vida toda - São daqui de Nova York? 

—Eu e Molly sim - olhos verdes responde outra vez - A Lucy é de Los Angeles, veio passar as festas com a gente. 

—Ah, então você está passando frio de verdade, Lucy! - ele brinca

—Ah com certeza! - Lucy, a menina das pontas rosa, respondeu muito feliz por ele se referir a ela

—Então, Lucy, Molly e...? - ele apontou para a direção de onde vinha a voz da falante 

—Celeste - seus olhos brilharam 

—Vocês querem uma foto? 

—POR FAVOR! - as três disseram juntas e eu ri disfarçadamente 

—Eu posso tirar pra vocês - me ofereci enquanto uma delas abria a câmera. Posicionei Harry e elas se juntaram em volta dele. - Prontos? - tirei várias fotos e depois elas ainda tiraram selfs. 

Logo, mais duas meninas apareceram atrás de mim. 

—Com licença, podemos tirar uma foto também? - perguntaram pra mim e não achei que seria um problema.

Elas se apresentaram e perguntaram se ele se importaria de tirar foto com elas também. Harry abriu um sorriso largo e as abraçou sem pensar. Conversaram por um tempinho depois da foto e mais um grupinho apareceu, depois uma família e então mais quatro meninas se juntaram a nós.

Entre essas quatro tinha uma menininha da idade de Lydia, Harry se abaixou para falar com ela que o convidou para tomar chá em sua casa, ele então fez menção a mim

—Eu adoraria, Susi! Sabe, minha namorada Nina tem uma sobrinha da sua idade, ela também faz um chá delicioso. - ele sorriu um pouco forçado - não sei se Nix continua por aqui... - ele se levantou e eu vi que algo não estava bem.

—Estou aqui - disse tocando seu braço. Ele me puxou abraçando minha cintura.

 

Pude sentir os olhos fulminantes em mim. Eu não sabia se Harry tinha sido muito discreto ao me dar um beijo da bochecha, ou se tinha sido pelo ódio mortal de mim que as meninas não escutaram quando ele sussurrou em meu ouvido que precisávamos ir.

—Vocês vão tirar foto? - perguntei um pouco incomodada- Estamos atrasados, querido - sorri para ele tentando ignorar os olhares

—Vamos então? - ele perguntou animado

—Querem que eu tire? - perguntei como tinha feito com os outros grupos, mas a menina com a câmera me olhou com desdém, como se fosse apenas um lixo qualquer.

—Está tudo bem - respondeu rispidamente e sussurrou alto o bastante para que eu ouvisse: - Não precisamos de você

 

Engoli em seco e me afastei

Assim que terminaram, fui até Harry e quando íamos saindo percebi que várias outras pessoas esperavam a sua vez. Me assustei com o tamanho que aquilo tinha tomado. Por sorte o porteiro do prédio a frente fez sinal pra mim enquanto chamava um táxi.

Passamos por aquela aglomeração com certa dificuldade. Muitas imploravam para que ele ficasse, outras só tentavam dizer “oi” e tinham algumas que soltavam alguns xingamentos direcionados a mim. 

Harry atravessou a pequena multidão com toda sua educação e paciência, sorrindo e pedindo desculpa por não poder ficar. Algumas atravessaram a rua junto conosco, e quando entramos no taxi ainda bateram no vidro.

—Meu Deus! - Eu soltei todo o ar que estava em meus pulmões impactada. E pra minha surpresa... Harry riu.

—57th com a 7th, por favor - disse ao taxista quando eu esqueci que tinha que dar a rua

—Como...? - não consegui terminar. Comecei a imaginar todas as milhares de coisas que podiam ter dado errado naquela situação. Tínhamos tido MUITA sorte.

Harry estendeu a mão para mim e afagou a minha assim que a dei para ele.

—Eu quis avisar, mas você ficou longe demais - ele riu de novo

—Meu Deus, me desculpe. - ele me puxou me fazendo escorregar pelo banco, me abraçando outra vez - Eu quis dar espaço...

Harry subiu os dedos até meu queixo e tocou meus lábios com os seus.

—Você foi maravilhosa. - ele sorriu orgulhoso, como se eu tivesse sido o máximo, quando na verdade ele tinha feito tudo.

—Eu? - ri, me recuperando um pouco - Harry, tem ideia do quão incrível você foi?

Ele balançou a cabeça

—Eu só conversei com elas - deu de ombros

—Sim! - Eu me exaltei quase emocionada - Você conversou com elas e foi tão natural!

Harry franziu a testa confuso

—E não deveria ser?

—Sim, mas... - queria achar um jeito de explicar - Harry, você não gosta de pessoas.

Ele riu outra vez ainda sem me entender 

—Como assim eu não gosto de pessoas? 

Dei um tapa em minha própria perna agitada demais pra me conter

—Amor! Você odeia estar entre pessoas desconhecidas, mal sai de casa. Quando falei das meninas achei que ia me fazer fugir pela janela do banheiro.

Ele gargalhou achando graça de mim

—É. Não sou a pessoa mais sociável do mundo 

—Não mesmo! - respondi entusiasmada - Mas ali parecia que estava exatamente onde deveria. Harry, você foi tão seguro, e sabia exatamente o que fazer. Foi perfeito! Acho que nunca te vi tão à vontade na vida. 

Ele me ouviu, atento, como se tomasse conta de que o que eu dizia realmente era verdade. Ele se sentia em seu lugar.

—Era minha vida, Nix. - abaixou a cabeça de leve e sorriu mais contido - Eu era bom nisso. - soltou um suspiro longo e não me deu tempo de continuar - Vou falar com Lou e Liam, ver se eles conseguem uns dois seguranças...

—Seguranças? - soltei um riso nasalado achando absurdo 

— Bem-vinda ao mundo dos famosos, amor.

—Você sempre foi famoso, Harry. Nunca precisou de segurança e nunca aconteceu esse tipo de coisa em casa. - pensei comigo lembrando de todos os nossos passeios. Andávamos muito expostos e eu nunca tinha parado pra pensar nisso

—Acho que talvez os americanos sejam menos discretos, e... - ele pareceu pensar também - Acho que nunca parei pra conversar com ninguém assim depois do que aconteceu. 

—Acha que é mesmo necessário? 

—Tivemos sorte hoje, Nix. - ele explicou sério - Pela quantidade de pessoas, mais um pouco não íamos conseguir sair. Além disso, vão haver muitas fotos, as pessoas vão saber que estou em Nova York. Vão ficar curiosas, principalmente sobre nós. 

—Principalmente depois de ter me chamado de “namorada” na frente de TODO MUNDO - disse exagerada e ele voltou a sorrir 

—Eu tenho que me gabar deste feito - deu de ombros me fazendo gargalhar 

—Tudo bem, mas da próxima vez vamos fazer isso num lugar onde as mulheres a sua volta não queiram me matar com o fato. Se aquelas meninas tivessem laser nos olhos, eu não estaria mais aqui. - continuei rindo mas Harry ficou tenso de repente. 

—Sobre isso... - seu maxilar ficou rígido - Elas podem ser bastante... intensas - ele apertou minha mão, parecia um pouco apreensivo e eu lembrei dos xingamentos de algumas das meninas. 

—É... - engoli em seco - Eu percebi.

—Pode ser bem cruel ás vezes - Harry continuava cauteloso, já tinha passado por isso outras vezes e com certeza não gostava da situação. 

Era engraçado nos ver num momento como aquele. Era totalmente diferente de tudo o que havíamos experimentado juntos, partes que não conhecíamos um do outro e que não sabíamos quais reações teríamos 

Ele parecia querer me alertar, como se aquilo pudesse me afastar dele. 

—Eu acho que não me importo - comecei devagar pensando sobre como me sentia com aquilo - Eu não gostei, mas meio que entendo. 

—Entende? 

Dei de ombros. 

—Eu também não gostava muito das namoradas do Adam Levine.

—Ah não gostava? - Harry perguntou brincalhão provavelmente me imaginando no mesmo papel daquelas meninas 

—Não mesmo, eu odiava! - arregalei os olhos parecendo o mais desequilibrada possível e caímos na risada. 

Então percebi uma coisa bizarra. 

—É muito esquisito - comentei e Harry fez sinal para que eu continuasse - Eu odiava as namoradas dele, e hoje troco mensagens com a esposa. 

Harry sorriu de canto

—Eu lembro de não acreditar quando conheci O Jay-Z - ele arregalou os olhos - Era tão bizarro alguém como eu conhecer pessoas famosas, frequentar o mesmo lugar que elas. - riu enquanto eu o observava - Até que um dia você se vê num salão com todas essas pessoas que você via na tv e na internet e se sente... normal. - ele deu de ombros e brincou com meu nariz como se eu fosse uma criança.

—Talvez pra você, mas eu não faço parte desse grupo super requisitado, meu patamar é bem mais confortável.

—Ah isso é verdade, seu público é mais velho e menos intenso - rimos juntos da careta na última palavra - Você vai poder passear por aí e tomar seu chá em um café qualquer tranquilamente. 

Eu sorri feliz por fazer parte desse grupo de famosos, percebendo que a vida de Harry não era muito diferente da que eu teria, mas era completamente da que ele costumava ter. 

—Era muito ruim? 

—Às vezes sim. Tinha dias que aquilo - ele apontou pra trás - acontecia em dimensões muito maiores, a ponto de pessoas se machucarem. - ele suspirou - Mas tinha os dias que eu conseguia fazer compras e andar pelas ruas sem ninguém me notar - ele riu rápido e então pareceu pensativo de novo - E toda vez que eu me sentia completamente exposto, ou não podia tomar um chá em um café qualquer tranquilamente, eu colocava tudo na balança. 

—E tudo valia a pena - completei entendendo seu sentimento. 

Harry apenas sorriu de canto, parecia um pouco cansado. Voltou-se para a janela como se observasse os prédios passando e eu entendi que devia parar por ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se ainda existe alguém por aqui, não desista de nós!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Purple Light" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.