Purple Light escrita por Isa


Capítulo 37
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Olá, bebês!
Seguinte, quando comecei a escrever a fic eu já tinha uma ideia pré formada de como seria tudo.
Em Purple Light conheceremos os três amores da vida de Nina, então aqui está um pouquinho mais do primeiro.
Prometi que o último capítulo seria o último dramalhão, mas esse aqui ta bem pior. Então preparem os corações.
Nos vemos lá embaixo.



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POV Nina

 

Tomei um banho quente pra pensar. Não resolveu muita coisa.

Vesti minhas roupas e botas, por ultimo uma jaqueta jeans que eu mesma tinha customizado quando mais nova. Eu não a vestia a um tempo. A verdade é que eu evitava tudo e qualquer coisa que pudesse me levar a lembrar de Kyle, mas as coisas pareciam diferentes agora. Me olhei no espelho sem ter ideia do que estava fazendo.

Layla me fez jurar que não procuraria Rick ou a senhora Aiken, mas algo formigava dentro de mim.

Eu tinha passado por aquela data três anos e em cada ano minha única vontade era de poder esquecer aquilo, poder nunca ter sentido um amor tão forte, nunca nem mesmo ter me envolvido com Kyle. Eu só queria sumir. Mas naquele ano tudo parecia diferente. Eu sentia um turbilhão de coisas, coisas que nunca tinha sentido e que nunca soube nomear, mas talvez fosse o que eu precisasse.

Então quando Lay foi embora a vontade de visitar a senhora Aiken tomou conta de mim. Eu tentei ignorar, e consegui por quase um dia. Mas quando anoiteceu eu decidi que era o que eu precisava fazer.

Tranquei a porta em tempo de ver o elevador se fechando. Corri e apertei o botão com a esperança de que ele voltasse, e pro meu azar, realmente voltou.

Dentro dele haviam um Harry exatamente igual ao que eu tinha deixado aqui a dois meses atrás. O mesmo cabelo meio bagunçado, camisa preta com os botões abertos, bengala nas mão e óculos no rosto. Meu coração acelerou tanto que quase parou. Então notei a garota ao seu lado. Morena de cabelos ondulados e sorriso largo.

 

—Desculpa – ela pareceu sem grassa – Não tinha te visto.

 

—Sem problemas – não sorri de volta, o que eu menos precisava agora era encontrar Harry e sua nova namoradinha. Então apenas entrei no elevador tentando ignorar a atmosfera de tensão que existia.

 

—Linda sua jaqueta – ela comentou e eu sorri automaticamente um pouco surpresa. – Você que fez?

 

Olhei minha jaqueta satisfeita e concordei com ela.

 

—Gostei da sua bota – apontei para o lindo coturno verniz que ela estava. “Mas que porra você tá fazendo, Nina?”

 

—Demais né? Comprei por 15 libras em uma super promoção no centro da cidade

 

—15 libras? – arregalei os olhos sem acreditar

 

—Um achado da vida, não? – ela riu e eu a segui mais uma vez. Que merda, ela era realmente legal. – Sou Millie.

 

Estendi a mão para ela sentindo a estranha sensação de talvez gostar dela.

 

—Nina. – voltamos nossa atenção para a porta e eu estava lá me segurando ao máximo, até não aguentar mais – Vão para o Joe’s?

 

—Sim! – ela respondeu animada – Você também?

 

—Não – suspirei olhando para o chão – Mas é um bar muito bom.

 

—Harry disse, é a primeira vez que ele me leva. – seus olhos brilharam ao falar dele e aquilo me causou um enjoo rápido. – Vocês já se conhecem? – ela puxou seu braço de leve e eu resisti ao impulso de não avisar o quanto ele não gostava daquilo.

 

—Já. – Sorri sem graça

 

—Não tinha me dito que tinha uma vizinha – ela se voltou para ele que não parecia nada confortável.

 

—Esqueci de mencionar. – ele pigarreou tentando relaxar, mas seria bem difícil.

 

—Claro que esqueceu – disse baixinho, mas sabia que ele tinha me ouvido.

 

Aquilo era incomodo. Harry com outra garota que era legal o suficiente para não me dar vontade de enforca-la. Eu queria desesperadamente odiá-la, mas simplesmente não parecia certo. Ele tinha seguido em frente com uma garota bacana que merecia tudo o que ele tinha a oferecer, tudo o que eu não merecia. “Ótimo, era o que você queria, Nina”. Então me voltei a Millie.

 

—Sobre o Joe’s, é um ótimo bar, mas você provavelmente vai encontrar com uma ruiva invocada que vai te olhar torto a noite toda – desviei meu olhar para Harry por um instante e Millie mais que esperta entendeu a que eu me referia – Então, não deixe ela te assustar ok?

 

Ela me deu um sorriso levemente confuso, mas também cheio de gratidão.

 

—Ok.

 

A porta se abriu.

 

—A gente se vê Millie. – Sai andando pela noite fria, mas não pude deixar de parar na esquina e olhar Millie e Harry deixando o apartamento da mesma forma que eu um dia tinha feito. Aquilo não ajudou com os sentimentos esquisitos, então virei as costas e continuei andando.

 

Peguei um taxi um pouco a frente e prestei atenção em cada parte do caminho que tinha evitado por tanto tempo.

Desci na frente da casa dos Aiken e observei a rua.

Eu morava a algumas quadras dali antes de sumir no mundo a fora e nunca mais voltar. Tudo parecia igual. Então olhei para a casa. Todas as luzes estavam acessas, exceto um por uma janela. O quarto de Kyle.

 

Meus olhos se encheram de lágrimas em segundos.

 

Tudo começou porque o carinha com quem eu estava de rolo pegou outra bem na minha cara em uma festa e eu simplesmente resolvi beber como se não houvesse amanhã. Não lembro de muitas coisas daquela noite, mas acordei no quarto de Kyle. Ele tinha me tirado da festa e desde aquele dia colocou na cabeça que faria eu me apaixonar.

Uma noite ele apareceu na minha casa de madrugada gritando meu nome, me fez descer e conversar com ele. Kyle me propôs um encontro, depois daquilo se eu ainda quisesse que ele sumisse da minha vida ele o faria.

Eu não acreditei em uma palavra que saia de sua boca. Eu sabia que ele mentia, mas por algum motivo obscuro eu queria saber onde aquela babaquice toda de me conquistar ia acabar.

 

 

 

FLASHBACK ON

Ele chegou as sete em ponto naquele dia dentro de seu Mustang conversível como um verdadeiro cavalheiro, com flores e tudo. Não levei fé nenhuma naquilo, mas o desastre que eu esperava naquela noite não aconteceu.

Fomos ao parque de diversões e por mais resistente que eu tentasse ser, Kyle conseguia ser melhor e fazer com que eu me divertisse. Então foi quando a roda gigante parou no ponto mais auto que me peguei encantada com o céu.

 

—Lindo, não?

 

—Até que serve. – Kyle deu de ombros e eu o olhei incrédula – Se arrumou bastante pra quem não queria vir, pirralha.

 

—Esse é seu jeito brutamontes de dizer que estou bonita? – sorri de lado olhando-o esperta e ele não respondeu, apenas sorriu.

 

Era a única confirmação que eu precisava. E foi o exato momento que eu percebi que Kyle Aiken mexia comigo de um jeito que eu não achei que fosse possível.

 

Ele parou seu Mustang preto na frente de casa e me levou até a porta.

 

—Até que a noite não foi tão ruim. – Ele sorriu olhando o céu outra vez. Parecia satisfeito. Apertei o chaveiro de ursinho que tinha nas mãos e sorri – Obrigada pelo chaveiro.

 

Nossas risadas se misturaram no ar. Ele tinha tentado ganhar aquele ursão enorme, mas tudo o que conseguiu pra mim tinha sido o chaveiro.

Nossos olhares se encontravam um pouco embaraçados, nunca estivemos em um momento tão pacífico como aquela noite. O clima era ameno, e transmitia toda aquela vontade de final de encontro.

 

—Vai me dar um beijo agora?

 

Ri alto desdenhando-o

 

—Quem sabe nos seus sonhos.

 

—Nina? – minha mãe abriu a porta e eu revirei os olhos

 

—Já cheguei, mãe. – não me virei, apenas acenei com o braço.

 

—Boa noite, senhora Scott. – Kyle pigarreou

 

—Oh, Kyle... – minha mãe se debruçou na porta curiosa.

 

—Eu já vou entrar.

 

Ela ficou parada por um tempo nos olhando com seus imensos olhos julgadores e seu robe caríssimo como se pensasse nas vantagens que um relacionamento meu com Kyle lhe traria. Então torceu o nariz.

 

—Não demore.

 

—Tá – respondi tediosa

 

—Eu falo sério, Nina. – Ia responder, mas aquilo começaria mais uma discussão idiota das que tínhamos todo o tempo.

 

Então ela entrou e assim que eu me virei Kyle me segurou colando nossos lábios, foi uma coisa rápida, nada que tivesse extrema significância, mas ser beijada por um inimigo não era nem de perto algo agradável, sem contar a estranha carga elétrica que percorreu o meu corpo.

 

Empurrei seu peito com raiva e limpei a boca com nojo.

 

—Você é idiota? – perguntei furiosa

 

—Um pouco

 

—Nunca mais faça isso, Kyle. – apontei o dedo.

 

—Nina! – minha mãe apareceu na porta outra vez

 

—Mãe, 2 minutos. – ela fechou a porta sem dizer nada

 

—Quer ir pra outro lugar comigo?

 

—O que? – perguntei sem acreditar. Aquele cara só podia ser retardado, não era possível.

 

—Tem mais um lugar que eu quero te levar. – ele me puxou pelo braço, mas o fiz parar.

 

—Kyle, você não ouviu minha mãe?

 

—Desde quando faz o que ela quer? – ele deu de ombros esperto e eu sorri vencida. Desafiar mamãe era uma das coisas que mais me atiçava.

 

Ela estava abrindo a porta outra vez quando corri de volta para o carro e a vi gritando meu nome no meio da rua com seu robe caríssimo. Gargalhei com o vento no rosto enquanto Kyle aumentava a música.

Passamos em uma loja de conveniência e compramos cervejas e algumas porcarias, ele me divertia, não podia negar. Sem falar de seu ótimo gosto musical.

Chegamos a um prédio muito alto, parte dele ainda estava em construção.

 

—O que estamos fazendo aqui?

 

—Meu pai é responsável pelo projeto – ele explicou enquanto abria o portão, então passamos por um senhor simpático – E aí, Sr. Duncan?

 

—Kyle! De novo essa semana? – o senhor sorria largo

 

—Não é como se desse pra cansar – Kyle sorriu de volta e pegou as chaves que sr. Duncan entregava a ele. – Obrigado.

 

Seguimos para o elevador, subimos até o ultimo andar e quando ele abriu a porta do terraço eu pude ver Londres completamente iluminada. Era a vista mais bonita que eu já tinha visto.

 

—Isso sim é lindo, não? – ele sorriu travesso e eu quase me derreti, mas sabia exatamente com quem estava falando. Cruzei os braços.

 

—Até que serve. – fingi não estar completamente sem folego – Agora me diz, quantas meninas já trouxe aqui? – ele riu e levou uns instantes para responder.

 

—Algumas – seu sorriso diminuiu.

 

—Você é inacreditável.

 

—Você pode, por favor, sair da defensiva por cinco minutos pelo menos? – ele pediu enquanto abria a mochila cheia de porcarias e tirava uma manta.

 

—Ainda quer que eu desperdice mais cinco minutos com você? Inacreditável de novo.

 

—Quer saber? Você já tá me cansando, pirralha. – Ele estendeu a manta no chão despreocupado e sentou-se nela – Você tem duas opções: Pode ficar e ver o melhor nascer do sol da sua vida, ou pode voltar pra casa e escutar o que sua mãe tem pra dizer sobre seu tamanho desrespeito dessa noite.

 

Mordi o canto da bochecha indecisa por alguns segundos. A merda era que Kyle conhecia muito bem minha vida, e sabia perfeitamente como me fazer driblar certas coisas.

 

Então eu fiquei. Me sentei naquela maldita manta, abri uma cerveja e me permiti conversar com ele a madrugada inteira. A verdade era que mesmo tão diferentes tínhamos muitas coisas em comum, coisas até assustadoras de se pensar entre duas pessoas que se odiavam desde sempre.

Sem contar toda aquela química que dançava em volta de nós, fazendo questão de não se deixar ser ignorada. Caramba, ele era bonito, isso era obvio e eu não poderia negar, e meu corpo aparentemente não sabia a diferença entre caras bonitos normais e Kyle.

Acabei dormindo em seus braços em algum momento e acordei com ele me chamando.

 

—Vamos lá, pirralha, abra esses olhinhos. Não vai querer perder isso.

 

Então eu os abri, e fui inundada pela beleza dos primeiros raios de sol tocando os prédios vagarosamente. Um por um. Ele estava certo, era o melhor nascer do sol da minha vida, mas eu nunca cheguei a admitir isso a ele.

Eu olhava encantada para a vista, mas em um momento de pura sincronia Kyle e eu nos olhamos. Não tínhamos nada a dizer naquela hora, mas sentíamos absolutamente tudo o que era possível e imaginável, então antes que eu pudesse perceber estávamos nos beijando, mas dessa vez era pra valer. Línguas e mãos, toques que eu jamais tinha recebido de outro cara. Por mais que já tivesse dormido com outros, com ele parecia tudo novo, tudo mais intenso. Eu não pude negar, tudo o que as garotas diziam dele era verdade. Beijo incrível, pegada maravilhosa, mas tinha algo mais. Uma coisa que não se explicava, mas que me fazia sentir as malditas borboletas no estomago.

 

 

 

Eu acordei algumas horas depois confusa com o que tinha acontecido, sem entender como podia ter sido tão estupida.

 

—Ah, que merda! – me levantei pegando minha blusa e procurando minha calcinha.

 

—Hey, o que foi? – Kyle coçou os olhos ainda sonolento

 

—O que foi? – gritei sem acreditar que ele podia ser tão sínico – Não acredito que eu fui tão idiota. Eu me tornei uma das suas peguetes otárias, meu Deus! – vesti a calcinha o mais rápido que consegui, assim como minha calça.

 

—Nina...

 

—Eu não acredito que cai nessa, caralho, você é muito bom. – parei por um segundo segurando a cabeça meio desesperada quase ao ponto de chorar, eu me odiava muito naquele momento. A noite tinha sido maravilhosa, mas puta merda, ele continuava sendo a bosta do Kyle.  – Merda! Merda! Merda!

 

—Nina, para...

 

—Cala a sua boca! Não quero ouvir nada desse seu papinho nojento de galinha conquistador. Meu Deus!

 

Sai correndo feio uma louca pelas escadas do prédio e peguei o primeiro taxi que parou ainda com os sapatos nas mãos. Kyle estacionou na frente de casa alguns segundos depois do meu taxi.

 

—Porra, Nina. – veio atrás de mim e não me deixou entrar em casa

 

—Tá fazendo o que aqui?

 

—Tá de brincadeira comigo?

 

—Você já conseguiu o que queria, Kyle. Pode ir se gabar pros seus amiguinhos idiotas de como Nina Scott caiu fácil fácil na sua. Foda-se, eu não me importo.

 

—É isso que você acha que eu vou fazer? – ele se afastou – Me acha tão horrível assim?  

 

—É OBVIO! – gritei me segurando para não bater nele. – Você é o cara mais perverso que eu já conheci

 

—E você é louca, garota! – ele respondeu irritado

 

—Isso é outra coisa obvia, afinal eu transei com você!

 

—Bom, você pareceu gostar bastante. – soquei a cara dele depois disso. – Você é muito louca! Fica longe de mim – ele disse enquanto voltava pro carro

 

—Fique você bem longe de mim! – gritei de volta e bati a porta deixando-o resmungando do lado de fora.

 

Eu passei uma semana remoendo o fato de ter me entregado em uma bandeja para Kyle sem a menor resistência. Era uma ridícula. Uma fraca, trouxa como aquelas que eu me dava ao luxo de zoar antes. O pior de tudo era que me odiar fazia com que eu não parasse de pensar nele.

Na sexta-feira quando Lay me convenceu a ir na ladeira onde todo mundo daquela parte da cidade se encontrava, esperei paciente as piadinhas sobre o acontecido, mas elas nunca aconteceram.

Então, talvez ele me respeitasse minimamente, ou talvez eu simplesmente não tivesse significado nada.

 

Kyle ignorou por completo minha presença e isso me irritou.

 

—Tem alguma coisa pra me contar? – Lay perguntou se desenroscando de um garoto moreno

 

—Não – engoli em seco tomando um gole da minha cerveja.

 

—Então por que não para de olhar pro Kyle?

 

—Larga de ser doida, Lay.

 

—Ele parou de te encher? – bufei irritada

 

—Algo do tipo. – pigarreei – Preciso devolver uma coisa pra ele. – Eu andava com o maldito chaveiro de ursino na bolsa na esperança de descobrir algo suficientemente terrível para fazer com ele, mas como até aquele momento não tinha tido nenhuma ideia, resolvi fazer o mais sensato – Hey! – chamei e os amigos de Kyle se afastaram adivinhando que daria uma merda gigantesca. Menos Lory. A ruiva era a única que ficava integralmente no meio dos meninos, era um deles. Mais chata impossível.

 

—Não tô afim de brigar com você hoje, pirralha. – Kyle suspirou – Tô com dor de cabeça.

 

—Não vim brigar, só te devolver isso. – estendi o ursinho e Kyle balançou a cabeça negativamente.

 

—Isso é seu, eu ganhei pra você.

 

—Eu não quero – respondi nervosa, ele me tirava do sério.

 

—Então joga fora – ele deu de ombros

 

—Ótimo – bufei também imitando seu gesto e me virando

 

—Eu te pego a sete amanhã?

 

—O que? – me virei sem acreditar na ousadia dele de pensar por um segundo que eu sairia com ele outra vez.

 

—Puta merda – Lory revirou os olhos – Você só pode tá maluco – se afastou de nós e Kyle caminhou devagar até mim.

 

—Eu disse que te pego amanhã as sete – ele olhava dentro de meus olhos com uma intensidade que despertava coisas em meu corpo sem que eu pudesse ao menos protestar.

 

—Sua amiguinha tá certa. Você tá maluco.

 

—Então essa ceninha ridícula não foi pra chamar minha atenção? – ele me olhou desconfiado com as mãos atrás do corpo. Tinha sido pega na cara dura.

 

—Vai se ferrar, Kyle.

 

—Você não negou – ele mordeu o lábio com um sorriso brincalhão.

 

—Ai, me deixa em paz. – quando fui sair outra vez, ele foi mais rápido. Kyle agarrou meu pulso e me puxou bruscamente para ele, quando nossos peitos se choraram ele me abraçou com o outro braço e me beijou de novo. O beijo foi rápido, mas eu me deixei levar e quando ele percebeu que a resistência não existia mais, me soltou. E lá estavam elas de novo, malditas borboletas.

 

Paramos quando o fôlego acabou e nos olhamos ofegantes por alguns segundos. Então me soltei, mas não dei o escândalo que todos acharam que eu ia dar.

Me aproximei dele outra vez olhando-o no fundo dos olhos.

 

— Se fizer isso de novo, eu mato você – me virei e encontrei pessoas completamente boquiabertas. Talvez ninguém achasse que viveria o suficiente para ver um beijo de Nina e Kyle, talvez nem pensassem nisso, e os que penavam que existia essa possibilidade sabiam que provavelmente morreriam com a explosão que essa fusão insana poderia causar. Mas ali tudo pareceu natural demais, e isso era assustador a todos.

 

E o pior era que depois daquilo não nos desgrudamos mais. Eram beijos roubados e sexo “sem a menor intenção” e no final muitos arranca rabos. Nós sempre acabávamos brigando feio. A verdade é que estávamos viciados daquela violência de nos apaixonarmos um pelo outro.

FLASHBACK OFF

 

 

 

 

Eu toquei a campainha com o estomago quase na boca, mas fiquei estranhamente calma ao ver o rosto surpreso da minha sogra.

 

—Nina! – ela sorriu e seus olhos ficaram molhados como os meus

 

—Oi, Kath. - soltei todo o ar que tinha segurado sem perceber.

 

Nós sentamos na sala de estar e tomamos chá como costumávamos fazer anos atrás. Conversávamos muito na época. Kyle ficava muito mal depois das quimios e eu não conseguia ficar longe, então passava meus dias fazendo companhia a sua mãe e ajudando como podia. Eu me sentia tão em casa que ficava até desajeitada.

Rick se juntou a nós depois de um tempo e me entregou o convite de seu casamento.

 

—Eu não acredito – segurei o convite emocionada. – Kyle sempre disse que iam se casar.

 

—Sempre. – ele sorriu triste olhando o convite

 

Kyle, Nate e os meninos sempre desdenhavam de Rick por namorar com Jessica desde os 14 anos, mas a verdade é que todos sabiam que os dois tinham sidos feitos um para o outro.

 

—Jess foi para Princeton afinal?

 

—Foi – Rick respondeu orgulhoso. – O namoro a distância foi terrível, mas resistimos a mais essa.

 

—Vou terminar o jantar – Kath se levantou toda feliz e nos deixou.

 

Olhei feliz para o convite outra vez.

 

—Isso é realmente maravilhoso, Rick.

 

—Eu sei. – ele sorriu um pouco tenso – Queria ter te entregado o convite a um tempo, mas você evaporou.

 

Mordi o canto da bochecha, queria achar um meio de me desculpar por tantos anos de ausência. Afinal, da mesma forma que eu precisava de espaço, eles precisavam de amparo.

 

—Eu sinto muito. – desviei o olhar para as escadas outras vez. Me peguei fazendo isso algumas vezes durante o chá. Kath aparentemente não notou essa porcaria, mas Rick não deixou passar.

 

—Ainda está lá. – ele sorriu compreensivo, e eu o olhei querendo mais – Titia não conseguiu mexer nele, ainda esta lá. – me mexi inquieta e desconfortável no sofá sentindo um frenesi torturante. Rick se levantou e pegou as xícaras da mesinha de centro – Vou levar essas coisas para a cozinha e ver se titia precisa de ajuda. Poder ir lá em cima se quiser.

 

Agradeci fervorosamente por Rick ser tão sensível, mas estava completamente apavorada de subir aquelas escadas.

Um degrau de cada vez, devagar e sempre. Quando percebi já estava de frente a porta. De novo a sensação de sentir tanto e não conseguir compreender nada.

Coloquei a mão tremula na maçaneta e a girei devagar empurrando a porta. Entrei no quarto. Sim, ele ainda estava lá. Perfeito. Do jeitinho que eu me lembrava.

Andei até o centro e olhei ao meu redor, cada detalhe o mesmo. Era como se Kyle fosse entrar pela porta com a pizza a qualquer minuto, ou sair do banheiro dançando enquanto eu o observava da cama.

Eu o sentia por completo ali. Até mesmo seu cheiro era vivido, mesmo que eu soubesse que aquilo era apenas fruto da minha mente. Depois de quatro anos era impossível que o cheiro de Kyle continuasse ali.

Não me preocupei com as lágrimas, precisava limpar toda aquela dor que vivia escondida em mim por tantos anos.

 

 

 

FLASHBACK ON

Estávamos sentados na cama comendo pizza enquanto Kyle brincava com o violão. Os pais dele tinham saído para jantar e não voltariam tão cedo.

A minha presença tinha se tornado algo constante na casa dos Aiken.

 

—Meus pais acham que você é minha namorada. – gargalhamos juntos

 

—Loucos.

 

—Hey, o fato de você estar de calcinha e sutiâ na minha cama quase a semana toda não ajuda. – dei de ombros enquanto passava por cima dele para pegar mais um pedaço de pizza, enquanto Kyle me observava – Então não é minha namorada?

 

—Claro que não. – minha voz saiu aguda – A gente só transa e come pizza.

 

—Tem razão, não somos nem amigos.

 

—Não.

 

—Somos tipo inimigos coloridos – sorri largando a pizza com uma vontade louca de beija-lo outra vez

 

Tirei o violão de sua mão e o deitei na cama ficando por cima.

 

—Inimigos coloridos – mordi seu lábio devagar e ambos começamos a rir. Talvez não houvesse graça, acho que nem sabíamos do que estávamos rindo, mas me joguei ao lado dele e continuamos.

FLASHBACK OFF

 

 

 

Abri o armário e peguei um de seus moletons. O vesti automaticamente sem pensar no quanto aquilo poderia parecer doentio e caminhei até o centro do quarto outra vez. Me ajoelhei aos soluços liberando tudo o que precisava. A dor de estar ali era tanta que eu mal conseguia respirar. Era como se alguém estivesse tentando arrancar meu coração com as unhas.

 

 

 

FLASHBACK ON

Kyle abriu a porta para mim com seu lindo sorriso de menino travesso. Nem parecia que tinha acabado de fazer sua primeira quimioterapia.

Deixei um beijo rápido em seus lábios e entrei.

 

—Como está se sentindo?

 

—Até agora tudo bem. – ele continuou sorrindo enquanto subíamos para o quarto. – Como foi seu dia?

 

—Foi bom, mas peguei transito de novo e me atrasei pra aula daquele professor chato.

 

—Você devia ficar lá durante a semana – ele me olhou fingindo não se sentir incomodado. Sabia que eu não passava a semana em Cambridge por causa dele.

 

—Não. – sorri quase irritada e dei-lhe outro beijo rápido. – Cadê seus pais?

 

—Foram naquela viagem lá. – respondeu despreocupadamente

 

—Mas sua mãe disse que não iam mais por causa da quimio. – cruzei os braços com a sobrancelha arqueada – Kyle...

 

—Eles tinham planejado essa viagem a meses.

 

—Não contou a ela?

 

—Disse que ia começar na semana que vem.

 

—Não acredito que fez isso com a sua mãe. – ele se aproximou delicado

 

—Não fica brava, pirralha. Eu só... – suspirou – Ela tem deixado tudo de lado por mim, queria que se divertisse um pouco.

 

Suspirei. As coisas tinham mudado muito depois do diagnostico e a culpa era um sintoma que Kyle não se preocupava em esconder.

 

—Tá bom. Então vamos fazer alguma coisa pra comer.

 

—Já pensei em tudo – ele sorriu largo e animado – Vamos pedir pizza de novo.

 

Soltei uma risada seca. Os médicos tinham sido claros com o que poderíamos fazer para ajudar no tratamento, e a alimentação de Kyle tinha sido outra coisa que precisaria mudar.

 

—Esqueceu da dieta, meu amor? – ele torceu o nariz

 

—Caramba, eu tô morrendo, devia pelo menos escolher o que vou comer.

 

—Melhor esperar pra escolher no céu – brinquei descendo as escadas de novo.

 

Tivemos uma noite ótima, jantamos, rimos e fizemos amor como se nada em nossas vidas fosse tão horrível, mas a tempestade estava prestes a começar.

Umas seis horas da manhã acordei com a ausência de Kyle na cama.

Fui até o banheiro e ele estava dormindo sentado ao lado do vaso, o rosto branco e cansado.

 

—Amor – chamei baixinho para que não assustasse. Ele piscou algumas vezes desnorteado, mas sorriu fraco quando finalmente me percebeu ali.

 

—Oi, pirralha. – se mexeu devagar fazendo careta a cada movimento – Acordei você?

 

—Não – respondi apavorada

 

—Eu tô bem – tentou me acalmar, mas no mesmo instante precisou se debruçar sobre o vaso e vomitar. Eu fiz a única coisa que cabia a mim, afaguei suas costas pedindo que aquilo acabasse logo. Ele se afastou ainda sorrindo – Quase bem. – Sua respiração estava descompassada.

 

—Há quanto tempo tá assim?

 

—Desde as três – senti meus olhos arderem.

 

—E por que não me chamou?

 

—Eu não. – respirou fundo – Não queria que se preocupasse.

 

—Claro – coloquei a mão em sua testa e assustei com o quanto estava quente – Você tá queimando de febre – me levantei com as mãos na cintura

 

—Você não vai ligar pra minha mãe – ele disse sério, e eu me virei para que ele não tivesse certeza de que eu realmente estava pensando em fazer isso – Hey, Nix, olha pra mim. – ele pediu e eu respirei fundo antes de me virar – Eu vou ficar bem. – balancei a cabeça negativamente sabendo que aquilo era mentira – Hey – ele chamou minha atenção com firmeza – eu tô morrendo, não pode ligar pra eles se eu não quiser.

 

—Vai ficar usando essa merda assim? – me abaixei ao seu lado de novo e ele me deu um sorriso cansado

 

—De alguma coisa tem que me servir.

 

—Tudo bem – eu sorri da desgraça que tudo aquilo era – Vamos tomar um banho então.

 

—Por mais que eu esteja doido pra tomar banho com você. – ele riu respirando fundo – É melhor chamar o Rick. Ele... – Kyle precisou tomar folego – tá no quarto dele com a Jess.

 

— Por que o Rick? – ele sorriu para mim triste

 

—Porque eu não consigo levantar, e você não vai aguentar meu peso.

 

Sai do banheiro apavorada com o pequeno gostinho que estávamos tendo do que seria nossos próximos meses.

Sentei ao lado de Kyle e segurei sua mão tremula até que Rick se trocasse para nos ajudar. Ele sorria para mim, mas eu podia ver em seus olhos o quanto estava sofrendo.

 

—Tomaram todas e nem me chamaram? – Rick apareceu só de shorts.

 

—Queria que fosse – Kyle sorriu para ele

 

—Como tá se sentindo? – ele se ajoelhou a nossa frente

 

—Radiante.

 

—Tudo bem, como vamos fazer isso? – ele olhou para Kyle e depois pra mim.

 

—Eu não. Não consigo ficar em pé. – parecia que a quimio tinha levado todas as forças dele.

 

—Vai buscar uma das cadeiras lá de fora. – Mandei enquanto tirava a blusa de Kyle.

 

Rick voltou e colocou a cadeira dentro do box, o tirou do chão e o colocou sentado.

 

—Tudo bem, eu te chamo quando a gente acabar – ele sorriu como se tivesse alguma chance de fazermos alguma coisa naquela situação. – Otário – saiu rindo e eu olhei para Kyle da mesma forma, mas ele estava sério demais. – Tudo bem, amor?

 

—Não precisa fazer isso, Nix.

 

—Não começa a falar merda, Kyle. – tirei seu cabelo do rosto com carinho apesar de toda a agressividade das minhas palavras – Vamos tomar esse banho e depois descansar.

 

 Rick o tirou do chuveiro e trouxe um suco, mas Kyle não conseguiu nem chegar perto. Nós o ajudamos a se secar, a se vestir. O ajeitamos na cama e o cobrimos.

 

—Vou estar lá embaixo, se precisarem é só gritar.

 

Assim que Rick fechou a porta me deitei ao seu lado outra vez. Kyle tinha parado de sorrir e fazer piadinhas, talvez o baque do que sua vida estava se transformando tivesse o pegado.

 

— Ainda dá tempo de cair fora. – Ele virou o rosto pálido para mim e sorriu triste, eu esfreguei meu nariz em sua pele.

 

—Já disse que não vou a lugar nenhum.

FLASHBACK OFF

 

 

 

Eu não sei ao certo quanto tempo se passou, mas quando voltei a mim completamente desolada decidi que precisava sair dali.

Devolvi o casaco ao seu lugar e desci as escadas com a certeza de que não poderia disfarçar aquilo.

Enquanto jantávamos Kath começou a falar:

 

—Vocês sabem que Kyle foi cremado. – ela soltou o garfo, provavelmente ninguém conseguiria tocar no jantar – Eu nunca consegui... – sua voz falhou por um segundo – Meu filho não merece ficar preso em uma urna porque eu não consigo seguir em frente. Kyle me odiaria por isso.

 

—Quer que a gente jogue as cinzas, tia Kath? – Rick segurou minha mãe gelada, talvez eu não estivesse pronta para isso.

 

—Quero que o levem nos lugares que ele mais amava ir. – Kath não aguentou segurar as lágrimas – Quero que as pessoas que mais o amaram e que ele mais amou façam parte disso, mas eu não consigo, Rick.

 

—Eu sei – Rick se levantou e a abraçou. Ela me olhou dos braços dele, talvez percebendo o quanto eu queria sumir de novo.

 

—Vai fazer isso não é, querida? – estendeu a mão para mim – Vai fazer por ele.

 

Segurei firme em sua mão e concordei. Não tinha ideia de como faria, mas estava disposta a tentar.

Eu sai de lá dizendo que iria pra casa descansar e voltaria no dia seguinte para fazermos aquilo, mas não consegui ir pra casa e se tivesse ido com certeza não conseguiria dormir também. Então fiquei andando pela cidade pensando em como ignorei tudo por tanto tempo. Eu me sentia destroçada, mas aquilo era melhor do que os outros anos onde eu só queria morrer também.

 

 

 

FLASHBACK ON

Dei um gole no meu quarto café, estávamos no hospital a quase um mês. Kyle teve uma convulsão e então veio a infecção, as coisas estavam melhorando agora, mas tinham ficado bem feias, e ele como todo rebelde sem causa não aguentava ficar preso no hospital.

 

—Hey – Kath me chamou – Vou pra casa dormir um pouco, Rick deve estar chegando.

 

—Vou ficar também, não se preocupe.

 

—Volto lá pra hora do almoço então. Boa sorte com o senhor ranzinza.

 

 

Abri a porta do quarto e me joguei na poltrona ao lado da cama. Kyle mais dormia do que outra coisa.

 

—Você precisa de um banho – ouvi seu fraco sussurro debochando de mim

 

—Tá me chamando de fedida? – me fingi de ofendida enquanto me debruçava sobre a cama

 

—É sério, vai tomar um banho ou dormir. Não preciso de você aqui.

 

—Eu tô bem. – sorri deixando um beijo delicado em sua testa esperando que assim ele deixasse seu lado ranzinza pra lá.

 

—Vou proibir sua entrada nesse quarto.

 

—Você morreria em uma hora – sorri e ele fez o mesmo só que um pouco contido.

 

—Talvez – ele concordou na mesma hora que meu celular vibrou

 

—Que bom que está acordado – apertei o botão da enfermeira enquanto Kyle me olhava atento – tenho uma surpresinha pra você.

 

—O que?

 

A enfermeira entrou com a cadeira de rodas e sorriu animada para mim. Já tínhamos combinado aquilo a dias.

 

—Nina... – ele arregalou os olhos marejados entendendo que eu o tiraria dali

 

A enfermeira me ajudou a vesti-lo e agasalha-lo bem, pendurou os aparelhos direitinho na cadeira verificando se ele estava mesmo bem para aquela saidinha, mas o médico dele tinha liberado desde que voltássemos logo.

Empurrei a cadeira até a frente do hospital onde Jay, Rick, Lory e Nate nos esperavam animados, fazendo o maior escarcéu.

 

—Não acredito nisso – me olhou encantado enquanto os outros brincavam com ele.

 

—Onde quer ir? – Nate perguntou e Kyle só precisou olhar para mim e então eu soube.

 

Chegamos ao prédio a tempo de ver o sol nascer. Os outros se espalharam, mas eu fiquei ao lado dele o tempo todo e quando finalmente a escuridão começou a desaparecer Kyle me puxou para seu colo com os olhos cheios de gratidão e disse:

 

—Lembra a primeira vez que te trouxe aqui? - assenti tirando uma mecha de seu cabelo do rosto. Já tinha um tempo que não o via tão sereno - disse que tinha trazido outras garotas, mas era mentira.  Você foi a primeira. - Abri um sorriso largo, então ele completou aquela declaração - Eu amo você, sabia?— senti as malditas borboletas brincarem com meu estomago enquanto meu coração parecia que ia explodir. Abri a boca pra responder, mas ele não deixou – Shh! Shh! – colocou o dedo em meus lábios – Você não fala nada. Se não vou achar que é só porque tenho câncer e vou morrer.

 

Eu sorri um pouco mais triste do que queria.

 

—Você só tem câncer, mas não vai morrer. – eu agora tinha aprendido a dizer aquilo como se não fosse nada, esperando que assim aquilo se tornasse verdade.

 

 

Ele me olhou com certa admiração e eu nunca entendi o porquê. Suspirou fundo com os olhos cheios de lágrimas. Acho que ali ele já sabia que não teríamos tempo suficiente.

 

—Eu te amo pra caralho, Nina Scott. – Então eu o beijei em nosso cenário preferido.

FLASHBACK OFF

 

 

 

Vi o dia amanhecer as margens do tamisa, andei mais um pouco e sentei em um restaurante qualquer onde passei o dia bebendo, comendo e desligando as vinte mil ligações de Layla e Nate. Não me importava do quão patética eu parecia.

 

Cheguei meio bêbada na casa dos Aiken e para a minha surpresa Rick não parecia muito melhor. Estava sentado na escada da entrada com uma garrafa de vodka na metade e três potes de cinzas.

Assim que vi os potes nem tentei me conter, vomitei na grama e Rick começou a rir discretamente. Não podia negar o quão cômico aquilo era. Trágico, mas cômico.

Limpei a boca com as costas da mão e voltei a caminhar até ele. Rick se levantou.

 

—Você precisa de um banho. – e eu precisava mesmo.

 

Tomei banho, escovei meus dentes e enquanto Kath lavava minhas roupas consegui tirar o primeiro cochilo em três dias. Foram dez minutos, mas ajudou um pouco. Quando deu meia noite nós pegamos o Mustang da garagem. Eu me sentia extremamente agredida com todos aqueles atos, mas eu sabia que Kath estava certa. Kyle iria querer daquele jeito.

O point de nossas saídas geralmente começava no topo de uma ladeira do lado de casa. Encontrávamos todos lá bebíamos um pouco e depois decidíamos o que aconteceria. Descíamos a ladeira em alta velocidade com o som no último e a capota do mustang abaixada. A sensação era incrível.

Esse era mais um ponto sobre Kyle que eu achei que nunca mais encontraria na vida. Ele me vazia sentir coisas incríveis, diferente de tudo na vida.

Nada mais justo do que despejar suas cinzas naquela ladeira.

 

Lory e Jay nos esperavam lá. Era ridículo quanto todos nós estávamos diferentes. Lory usava os fios ruivos em um chanel super gracinha agora.

 

—Ai, meu Deus, pirralha! – ela me olhou de cima  a baixo – Você tá maravilhosa

 

—Larga de ser mentirosa, Lory, eu to um caco.

 

—O temperamento continua a merda de sempre – ela me olhou torto – Agradeça por ser um caco sexy então – eu ri de verdade pela primeira vez naquele dia.

 

—Vocês são muito falsas, nem parece que se odiavam – Jay comentou com Rick que riu

 

—Mas a gente se odiava – eu expliquei

 

—Eu não achava Nix suficiente para Kyle. - ela olhou para mim outra vez - Até que ela se tornou tudo. – seus olhos ficaram molhados por alguns segundos, então voltou a si – Mas como estão as coisas? Me conta! Como anda seu coraçãozinho?

 

Eu ri de novo lembrando da cena de Harry e Millie entrando no taxi de Bill, então meu coração pareceu se partir em milhões de pedacinhos.

 

—Ainda não me achando o suficiente – eu ri com o choro pronto para pular pra fora.

 

—Ah, puta merda, Nina! – Lory se irritou – Você é idiota?

 

—A situação é complicada, eu fiz muita merda – expliquei percebendo que falar em Harry ali não me causava estranhamento algum.

 

—Você matou alguém que ele amava? – Lory perguntou séria e os meninos caíram na gargalhada

 

—Ainda não – ri também

 

—Então nada é tão grave, meu bem. – ela segurou minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos – Você e Kyle perderam tempo pra caralho por ignorarem o que estavam sentindo, vai mesmo cometer esse erro de novo? – aquilo me atingiu como um soco e ela não parou por ai – As pessoas falam demais, mas a única voz que você deveria ouvir é a daqui – colocou a mão em meu coração e eu precisei respirar fundo para me recuperar daquele tapa na cara. - Tudo bem, vamos fazer isso logo.


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Notas finais do capítulo

E então, minhas amoras? Triste né? Mas esperamos que coisas boas saiam desses dias terríveis da Nina.
Me conte o que vocês acharam do Kyle?
E essa garota nova, a Millie? Será que Harry vai conseguir esquecer a Nix com ela?
Será que Nina finalmente vai se recuperar disso?

Estou nos finalmentes do próximo capítulo então vamos estipular que quinta-feira as 21h ele será postadinho lindo para vocês e sem faltas dessa vez. Eu prometo.

Me mandei uns comentários, amoras, isso ajuda muito.

Beijinhos, nos vemos no próximo s2



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