Uma Peça no Santuário escrita por NicaAngel


Capítulo 1
Capítulo 1: E a ideia se firma




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As cortinas se fecharam.

Os aplausos ecoaram.

A plateia se levantou.

E no meio da pequena multidão dentro do teatro, uma donzela de branco aplaudiu com igual entusiasmo.

Saori Kido, normalmente, não costumavade ir a esses eventos públicos. Como reencarnação da Deusa Athena na Terra e herdeira da Fundação Kido, pode-se imaginar que não tinha muito tempo livre. Só a Fundação já exigia quase o máximo de si, isso quando não estava sendo raptada por algum deus maléfico.

Mas hoje, a paz finalmente reinava. Poseidon havia sido derrotado, e Saori finalmente pôde desfrutar de um dia inteiro de liberdade. E o programa que Tatsumi escolheu não foi tão ruim assim. Ir ao teatro, assistir a uma peça. Nada perigoso, e decididamente se divertiu mais do que nos jantares finos aos quais estava acostumada. A deusa segurou o riso ao pensar nos odiados eventos. Depois de ter conhecido Julian em um jantar de alta sociedade, finalmente seu mordomo e guardião havia concordado com seu desprezo por aquilo. Apesar de ter motivos diferentes, nada a faria gostar de ficar sentada ali, com as costas retas e com mais talheres em sua frente do que uma pessoa normal veria em toda a sua vida, ouvindo todos aqueles milionários falarem abobrinhas.

A deusa suspirou ao sair do teatro, se deparando na hora com a limusine de Tatsume parada bem na sua frente e o gigantesco mordomo abrindo a porta para ela entrar no veículo.

Era exigir demais de sua liberdade.

Na concepção de Saori, sua vida entre batalhas era extremamente monótona. Não tinha nada interessante para fazer, e sair de sua rotina era extremamente difícil. Não raro, se flagrava fitando suas cortinas cor-de-rosa, sentindo um intenso desejo de colocar fogo em tudo.

— Se divertiu no teatro, senhorita?

— Mais do que achava ser possível, Tatsumi. Obrigada pela sugestão.

— Depois do... incidente da última vez, queria garantir uma programação segura. Bom saber que se divertiu. Seu avô não iria querer que virasse uma velha ranzinza, senhorita. Já temos a mim, e é o suficiente.

Saori riu de leve à piada inesperada. Tatsumi podia ser horrível com pessoas em geral, mas sempre havia cuidado dela.

— Gostaria de voltar outro dia...

— Só se sua agenda permitir, senhorita.

A deusa murchou os ombros, derrotada. Imediatamente retirou tudo o que pensou, conte com Tatsumi para quebrar seu bom-humor.

Sua vida realmente precisava de mais diversão.

Se pelo menos pudesse trazer algo interessante para sua vida atual...

Espere...

— Tatsume, dê meia-volta. Vamos para o Santuário.

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

— Truco.

— Aceito.

Milo sorriu de lado, baixando suas cartas. Shaka franziu o cenho, Aldebaran caiu para trás, Mu riu baixinho e Aiolia soltou um grito!

— Como você conseguiu isso??? Oito vezes seguidas??? Milo, você está roubando!!!

O Escorpião rapidamente pulou para trás, se colocando fora do alcance dos punhos do outro.

— A culpa não é minha se vocês não jogam bem nem para salvar suas vidas! Não seja um mau perdedor, gato vira-lata!

Os outros três reviraram os olhos diante da cena típica. Milo e Aiolia, mesmo depois da tramoia de Saga revelada, ainda discutiam por tudo e por nada.

Depois da Batalha das Doze Casas, os templos se tornaram tão sombrios e vazios que os cavaleiros de ouro sobreviventes precisaram fazer alguma coisa, ou enlouqueceriam em depressão.

Inicialmente, Aldebaran procurava Mu para passarem algum tempo juntos. Eram amigos desde sempre, e sentiram falta um do outro depois que o tibetano se mudou para Jamiel.

Logo, puxaram Shaka para suas conversas, constantemente indo até Virgem para meditar com o loiro. Como passavam por Leão, arrastavam Aiolia junto, sem importar as reclamações ou seu palavreado colorido. E não demorou muito, Milo já estava completando o grupo.

Hoje entendiam que Saga havia, cuidadosamente, separado os cavaleiros de ouro durante seu reinado como Mestre. Eram constantemente enviados em missões, uma atrás da outra. Raramente se viam, mesmo compartilhando a vizinhança. Isso fez com que amizades de longa data fossem deixadas de lado, laços fortes se enfraquecessem até esmigalhar, e com o tempo, eles deixaram de se conhecer.

Com alguns cavaleiros, no entanto, Saga dispensou tratamento especial: Aiolia, por exemplo, que por quase toda sua vida foi rotulado como “o irmão de um traidor”, foi completamente isolado, o que criou mudanças pesadas em sua personalidade. Apesar de o nome de Aiolos finalmente ter sido limpo, seu irmão inocentado e elevado ao status de herói, a raiva do cavaleiro de Leão ainda persistia em alguns de seus gestos e palavras. Nenhum dos outros o culpava, no entanto.

Não demorou para perceberem que o tempo perdido precisava ser urgentemente recuperado, de alguma forma. Eram os únicos restantes, e se recusariam a deixar que a lembrança de Saga lhes tirasse mais alguma coisa.

Aldebaran, então, montou uma rotina que acabou sendo copiada em seguida por todos os outros:

Primeiro, treinavam juntos. Tiveram essa ideia depois de Milo e Aiolia se juntarem em um dia de treino para tentar derrubar Aldebaran, em uma brincadeira, mas quando os dois não conseguiram, por mais que tentassem, rapidamente arrastaram Mu e Shaka para ajudar. Tudo terminou em risadas no final, mas logo, todos perceberam o benefício que a atividade fez ao grupo. A tensão que pairava sobre eles, por exemplo, havia desaparecido completamente.

Logo, fizeram normas: Nestes treinos, o uso do cosmo era completamente proibido, mas tirando isso, tudo era válido. Para evitar o impasse dos mil dias, ou que a batalha ficasse séria demais, Milo sugeriu que lutassem por apenas meia hora. Quem perdesse nesse curto meio-tempo, pagaria uma bebida ao vencedor depois do combate. Se ninguém vencesse, cada um pagaria a sua.

Não demorou para a história se espalhar e uma verdadeira multidão de cavaleiros de prata e bronze se amontoar no coliseu para ver os treinamentos. Cada dia era uma pérola diferente, e assistir a essas inocentes disputas entre os cavaleiros de ouro rapidamente se tornou um entretenimento para todo o Santuário. Mesmo Shaka, depois de semanas resistindo, acabou aceitando o desafio de Aiolia. O loiro estava decididamente nas nuvens quando o orgulhoso Leão pagou seu chá daquele dia.

Depois dos treinos, voltavam para suas casas, tomavam banho, e se preparavam para o almoço. Cada dia da semana, a refeição seria em uma casa diferente. Cada cavaleiro levaria uma contribuição, e comeriam juntos.

Por exemplo, hoje era terça-feira, dia de almoçar na Casa de Touro. Aldebaran era o melhor cozinheiro do time, e comida brasileira era decididamente apreciada pelo quinteto.

Após o almoço, ficavam meia hora, mais ou menos, apenas passando o tempo antes de voltarem às suas respectivas casas. Geralmente conversavam, contavam histórias, davam risada.

Às vezes, faziam coisas diferentes daquilo que estavam acostumados. Hoje, Milo levou um baralho, e estava tentando ensinar aos demais o famoso jogo Truco.

Detalhe para a palavra “tentando”.

Shaka era bom, e vez ou outra conseguia surpreender com uma jogada razoável. Aldebaran estava claramente tentando, mas sua habilidade para blefar era terrível. Mas no final, eram todos péssimos!

— Você está roubando, Milo! Como pode vencer oito vezes seguidas?

Antes que Milo pudesse retrucar, Aldebaran gargalhou e respondeu por ele:

— Ele costumava jogar com Camus, Aiolia! Depois de perder tantas vezes para o Pinguim, ninguém mais consegue blefar com ele.

O Escorpião parou a meio-caminho de sua resposta e virou-se, lentamente, para encarar o Touro, sua expressão uma cruza de incredulidade e traição absoluta.

— Eu nem perdia tanto, Chifrudo!

— Não é o que eu me lembro... – Shaka interviu, rindo de leve. Milo fechou a cara, mas as risadas foram generalizadas. Até o Escorpião acabou rindo no final, sem conseguir resistir.

Um som leve os alertou para uma presença tímida na entrada do templo. Na hora, reconheceram o cosmo de Athena. Milo rapidamente recolheu as cartas e as escondeu debaixo do sofá, e todos se curvaram ao mesmo tempo diante da deusa que se aproximava.

Saori apenas sorriu. As roupas ficariam bem neles.


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Notas finais do capítulo

Coitadinhos... Nem sabem o que os espera...

Mas aí está. E de bônus, o primeiro capítulo ganhou mil palavras a mais! Palmas para mim, galera?
*Barulho de vento e grilos*
...
Explicando essa "encorpada" do capítulo, depois de rever Saint Seiya, como adulta, pude reparar em diversos detalhes que não reparei quando criança. Essa relação entre os dourados sobreviventes, por exemplo. Por isso, quando reescrevi, pude adicionar esses detalhes a mais. E bom, eu sendo eu, a coisa ficou enorme.



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