Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 88
CAPÍTULO88




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CAPÍTULO88

    Içara e São Lourençço do Oeste se tornaram a alegria da família,
principalmente para Palhoça e Jaraguá, facinadas com a ideia de ter dois
sobrinhos pequenos.
    O nascimento dos netos mudou totalmente a rotina de Florianópolis;
ela também tinha um filho pequeno, cuidava dele com zelo e muito carinho
mas também se dedicava a os bebês. Passava todos os dias pelo
apartamento de Chapecó e Joinville, foi ela quem deu o primeiro banho no
pequeno depois que ele saiu do hospital.
    Naquele fim de tarde, São José saiu da empresa e passou pelo
apartamento da ex-mulher; vinha fazendo isso todos os dias desde que
Içara e Blumenal receberam alta da maternidade.
O avô de família entrou no quarto silencioso e se aproximou do bercinho
da neta; não soube dizer por quanto tempo ficou ali, admirando aquele
pequeno ser que dormia profundamente.
Florianópolis, que havia acabado de chegar da rua, foi até o quarto;
encontrou o ex-marido lá, junto a o berço de Içara. São José demorou a
perceber a presença dela:
— Faz tempo que você está aí? - ele perguntou sorrindo discretamente:
— Não; acabei de chegar, fiquei olhando vocês dois, ela dormindo, você
babando, literalmente! Eu as vezes entro aqui, fico olhando pra ela e perco a noção
do tempo também!
— Eu achei que você não estava em casa, Márcia disse que eu podia
entrar...
— São José, essa casa sempre vai ser sua; seus filhos moram aqui, a
nossa neta, você pode entrar aqui na hora que bem entender!
— E as meninas? São Joaquim, como estão?
— Está tudo bem; eles estão lá no meu quarto fazendo a maior farra!
— Eu as vezes sinto falta disso tudo; da bagunça, da agitação que era a
nossa casa, as meninas de um lado pro outro, brigando umas com as
outras, Blumenau sempre querendo ditar as regras, Palhoça aprontando uma
atrás da outra, a nossa vida era perfeita, Fllorianópolis...
— São José, a nossa vida é perfeita, do jeitinho que ela é! Nós nos
separamos, cada um seguiu seu rumo, você está namorando mas a nossa
família, a nossa vida ainda é linda e vai ser assim pra sempre!
— Falando nisso, eu queria conversar com você!
— Vamos conversar lá na sala!
    Blumenau entrou no quarto nesse momento e encontrou os pais em torno
do berço de Içara:
— Paizinho - os olhos dela brilharam -, você está aqui? Que bom!
— Eu saí da empresa agora, passei pela frente do edifício e não resisti!
Blumenau se aproximou do berço da filha, se inclinou e tocou o rostinho
dela:
— Ela está bem?
— Está, filha - respondeu Florianópolis -, dorme feito um anjo! Eu vou
conversar com o seu pai lá na sala!
— Tudo bem, mãe; eu vou ficar aqui agora, daqui a pouco ela acorda pra
mamar!
    Florianópolis e São José saíram do quarto da filha e seguiram pra
sala; sentaram-se lado a lado no sofá, ele não sabia por onde começar
aquela conversa:
— Florianópolis, eu... eu estou sem jeito de te falar, mas eu preciso
que a gente regularize a nossa situação na justiça, entende?
— Divórcio, São José?
— É; eu não queria ter que usar essa palavra tão pesada!
— Você não precisa ficar tão constrangido, São José! A gente foi feliz,
vivemos juntos durante vinte e um anos mas as coisas mudam! Você tem o
direito de querer refazer a sua vida, com a Camila ou com qualquer outra
mulher...
— Não tem sido nada fácil, Florianópolis! Eu me culpo muito por ter
saído dessa casa, quando eu me lembro do sofrimento de Jaraguá quando a
gente se separou, eu sinto raiva de mim! Só que mesmo eu tendo sido o
mal caráter que eu fui, a vida me deu uma segunda chance; eu conheci uma
mulher que me ama de verdade, que gosta e respeita os meus filhos, e é
do lado dela que eu quero envelhecer, entende?
— Entendo, meu querido, entendo sim! Você nunca soube, mas quando você
pediu Camila em namoro ela esteve aqui em casa; tomou café comigo, disse
que precisava conversar comigo antes de te dizer o sim! Ela me disse
aqui nessa sala, que os meus filhos sempre teriam um lugar especial na
vida, e quem sabe um dia, na casa de vocês! Vamos dar entrada na
papelada; você vai ser muito feliz com ela, disso eu tenho certeza!
    Naquele fim de tarde, São José tirou um peso de seu coração; quando
se separou de Criciúma, jurou que não se apaixonaria de novo, mas Camila
o fez ter vontade de reconstruir sua vida, dividir uma casa, dividir uma
história.
    Depois de algum tempo, Chapecó finalmente pôde dar o primeiro passeio depois de receber
alta da maternidade; o lugar escolhido foi o apartamento de
Florianópolis, queria ver Içara de perto, só a conhecia por foto.
E em uma tarde de sábado, com o filho no colo e Joinville ao seu lado,
Chapecó entrou pela porta do apartamento de sua sogra. Foi imediatamente
recebida com carinho por Jaraguá e Palhoça, maravilhadas por estarem
recebendo o sobrinho em casa pela primeira vez:
— Oi, meu amor - sussurrou Florianópolis enquanto pegava com cuidado o
neto no colo -, seja bem vindo, essa é a casa da vovó!
Joinville se sentou no sofá ao lado da companheira e ficou observando a
mãe, que caminhava pela sala com São Lourenço no colo:
— Cadê Blumenau, gente? - perguntou Chapecó:
— Está no quarto com Içara - respondeu Jaraguá:
— Vou levar meu filhote lá pra conhecer a tia e a prima dele!
    Chapecó voltou a pegar o filho e saiu da sala; entrou no
quarto da cunhada e lá estava ela, também com a filha no colo. Eram duas
mães, que deram a luz no mesmo dia, movidas pelo mesmo amor.
Blumenau olhou fixamente para a cunhada, e em questão de segundos
lembrou de tudo o que já havia acontecido; da forma preconceituosa como
encarou o namoro de sua irmã com outra mulher, das barbaridades que
chegou a dizer, e só conseguiu chorar. Colocou Içara cuidadosamente
deitada na cama e olhou para a cunhada em uma tentativa desesperada de
sorrir e vencer as lágrimas:
— Deita ele aqui, Chapecó; eles ainda não se conhecem, coloca ele aqui
na cama!
E uma parte de tudo o que as duas haviam sonhado durante os nove meses
de gravidez se tornava realidade ali; São Lourenço foi colocado na cama
por sua mãe, ao lado da prima.
Chapecó e Blumenau se agacharam junto à cama e se entreolharam por um
instante; depois, voltaram-se para os bebês:
— Ele é lindo - sussurrou Blumenau -, um príncipe!
— Ela também é linda, uma princesinha! Você pode até me achar com cara
de maluca, mas as vezes eu olho pro meu bebê e fico tentando encontrar
nele um traço, qualquer coisa que lembre Joinville! Eu sei que não
existe nenhum laço de sangue entre eles, mas...
— Existe o laço afetivo, cunhada! Joinville ama o filho de vocês mais do
que tudo, isso é mais forte do que qualquer laço de sangue! Ele vai ter
muito dela no caráter, vai ser um homem justo, um homem de bem!
— Você está legal?
— Estou; eu tive que fazer uma cesariana, Içara estava em sofrimento mas
acabou tudo bem! Ela teve uma alteração no ritmo cardíaco, a doutora Ana
achou melhor fazer a cesariana!
— Eu sabia que alguma coisa estava acontecendo com você mas não tinha
certeza de nada! Eu também estava praticamente entrando na sala de
parto, perdi um pouco a noção das coisas!
— Eles ainda vão aprontar muito juntos, você vai ver!
— E a gente feito duas malucas correndo atrás deles!
    Blumenau se inclinou e afagou com cuidado o rostinho da filha:
— Oi, meu anjo - dizia ela -, esse é seu priminho, sua tia, você é só
algumas horinhas mais velha do que ele!
Joinville entrou no quarto nesse momento, e seus olhos brilharam ao ver
os dois bebês deitados na cama. Se aproximou da irmã e da companheira:
— O que será que as duas estão tricotando aqui?
— Estava-mos aqui, conversando, olhando pra eles!
Jaraguá e Palhoça também foram até o quarto logo em seguida; tiraram
fotos, aproveitaram aquele momento especial, que ficaria pra sempre na
história de sua família.


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