Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 71
CAPÍTULO71




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CAPÍTULO71

Criciúma demitiu-se da empresa e nunca mais deu notícias; por causa
disso, um novo funcionário teria de ser contratado para ocupar o cargo
de gerente do setor de recursos humanos.
O setor responsável fez a seleção dos candidatos a o cargo e finalmente
o novo funcionário foi contratado. São José, o sócio majoritário da
empresa, fazia questão de conhecer e conversar com os funcionários que
eram contratados.
Naquela manhã, ele foi a uma reunião, e quando voltou, Juliana avisou
que o novo funcionário estava à sua espera. São José já havia feito isso
tantas vezes, mas jamais poderia supor que uma simples conversa com
alguém que havia acabado de ser contratado fosse mexer tanto com ele.
São José girou a maçaneta da porta e estava dentro de sua sala; deu
uma olhada pelo ambiente e seus olhos encontraram o novo funcionário.
Seu coração estremeceu no peito, sua voz não saía, o chão parecia ter
saído de baixo de seus pés:
— São José! - falou o homem:
Mas a voz dele parecia ter sumido de vez; aquele homem, sim, aquele
homem já fez parte de seu círculo de amizade a anos atrás, quando ele e
Florianópolis ainda eram jovens; ele era o pai biológico de Blumenau:
— Está me reconhecendo? - insistiu o homem -, eu sei que você não
esperava me encontrar aqui, sentado na sua sala!
— Rio do Sul! - o pai de família finalmente conseguiu dizer alguma
coisa:
— Eu sou o novo gerente do setor de recursos humanos da empresa!
Rio do Sul havia mudado muito desde que São José o viu pela última
vez, a quase vinte e dois anos atrás; naquela época, ele era um rapaz
inconsequente, que não queria nada da vida além de baladas e mulheres.
Florianópolis, mesmo namorando, envolveu-se com ele, saíram juntos por
algumas vezes, e desse relacionamento Blumenau foi gerada.
São José finalmente tomou coragem para se sentar, mas ainda estava sem
palavras. Por onde começar? O que dizer? Foi Rio do Sul quem quebrou o
silêncio que se instalou naquele escritório:
— Eu passei muito tempo procurando por vocês; eu soube que você e
Florianópolis tinham se casado ainda naquela época, eu sei que eu tenho
uma filha com ela...
— Você fez uma filha com ela, foi esse o seu único papel nessa história;
mas quem teve essa filha, quem criou Blumenau fui eu; é a mim que ela
chama de pai!
— Ela sabe que... em fim, que você não é o pai dela de verdade?
— Sabe! Florianópolis e eu havia-mos jurado que Blumenau nunca saberia,
mas ela acabou encontrando um exame de DNA que nós fizemos quando ela
nasceu e acabou descobrindo sem que a gente conseguisse evitar isso! Eu
não tenho raiva de você, não tenho e eu sei que Florianópolis
também não tem; eu só tenho a te agradecer! Florianópolis me deu cinco
filhos, cinco tesouros, e o primeiro deles foi você quem colocou lá, no
ventre dela!
Eram dois homens dentro de um escritório, os dois pais de Blumenau,
seu pai biológico e o pai que a criou, que lhe deu tudo e daria a vida
por ela se fosse preciso. São José chorou diante de Rio do Sul, mas
não queria que ele percebesse; ele era seu funcionário agora, e dentro
da empresa, ninguém podia imaginar que aqueles dois homens tinham aquela
ligação:
— A gente vai ser avô! - revelou o pai de família tentando esconder as
lágrimas:
— Você está querendo dizer que...
— Que Blumenau está grávida de três meses; meu primeiro neto!
— Você foi um bom pai pra ela, disso eu tenho certeza; vai ser um bom
avô também! Você acha que ela... que ela aceitaria conversar comigo?
— Não sei; Blumenau é uma caixinha de surpresas assim como as minhas
outras três meninas! Eu só te peço que não faça nada por enquanto; eu
quero conversar com ela antes, com calma, no estado dela não seria nada
bom que ela tivesse qualquer choque emocional!
— Pode confiar, eu não vou fazer nada! Eu sei que vocês devem me achar
um monstro por eu ter feito o que fiz, abandonei uma jovem grávida de um
filho meu, mas eu não quero que nada aconteça com Blumenau!
Aconteceu o que São José jamais imaginava; o pai biológico de
Blumenau, Rio do Sul, tornou-se um dos funcionários de sua empresa,
gerente do departamento de recursos humanos. Ele havia mudado muito, o
jovem inconsequente de vinte e dois anos atrás tornou-se um homem
inteligente, responsável, estudou e hoje estava em um cargo de gerência.
A aparição daquele homem mexeu com São José poderosamente; o pai de
família não sabia explicar, mas se sentia ameaçado. Deixou a empresa
minutos depois de ter conversado com ele, precisava ver a filha mais
velha, precisava falar de seu amor por ela.
Blumenau passava os dias em casa, e a noite ia pra faculdade; os
sintomas da gravidez haviam dado uma trégua, ela sentia que aos poucos
o amor pelo filho que ia nascer ia ganhando força dentro dela, assim
como o bebê crescia um pouquinho a cada dia. Agora Blumenau entendia o
amor materno, um amor diferente de tudo o que ela já havia sentido
antes; era capaz de dar a vida por seu pequeno se fosse preciso.
— Pode deixar, dona Margarida! - gritou a jovem mãe de família ao
ouvir a campainha tocar; o porteiro não anunciou ninguém lá em baixo e
os olhos dela brilharam ao olhar pelo olho mágico e ver seu pai. Abriu a
porta:
— Oi, paizinho! - ela sorria feito uma criança:
— Oi, filhota, tudo bem?
— Tudo certo! Você não tinha que estar trabalhando não?
— Eu estava; resolvi vir te ver, não posso?
— Deve! Entra, pai!
Blumenau fechou a porta com calma:
— Pra você! - disse São José ao passar um enorme buquê de rosas
brancas para a filha:
— São lindas, pai; obrigada!
— Tire a que mais te agradar e coloque lá no quarto do meu neto!
— Pode deixar; eu vou colocar essas flores em um vaso, escolho uma e
coloco lá no quarto dele! Toma um café?
— Pode ser!
Blumenau chamou por dona Margarida, que estava sempre pronta para
qualquer tarefa; a bondosa senhora veio até a sala, pegou as flores para
colocá-las em um vaso e depois voltou com o café.
— Como é que você está, meu amor? - perguntou São José, sozinho com
a filha:
— Estou legal, pai; ontem eu tinha consulta com a doutora Ana, estamos
super bem! E você? Você que não me parece muito bem; aconteceu alguma
coisa?
— Não, quer dizer, problemas na empresa, uma coisa aqui, outra ali mas
está tudo bem! Eu só vim aqui pra... eu queria te dizer que eu te amo
muito, Blumenau, eu te amo mais do que a minha própria vida, eu seria
capaz de trocar a minha vida pela sua se fosse preciso!
— O que é que foi, paizinho? - Blumenau perguntou suavemente enquanto
uma de suas mãos deslizou carinhosamente pelo rosto do pai -, você me
deixa preocupada assim! Fala pra mim, o que aconteceu?
São José tomou a mão da filha que estava em seu rosto e a segurou entre
as suas; teria que falar:
— Ele apareceu, Blumenau; o... o homem que gerou você, em fim, o seu pai
biológico apareceu, minha filha!
Blumenau viu a xícara de café que estava segurando transformar-se em
cacos de vidro no chão da sala; lembrou-se imediatamente do pesadelo que
teve dias depois de descobrir que não era filha verdadeira de São José:
— Como assim, pai? - perguntou a jovem muito nervosa -, me explica isso
direito!
— Ele é o novo gerente do departamento de recursos humanos da empresa,
filha; eu sabia que um novo funcionário estava sendo contratado pra
substituir Criciúma mas nunca poderia imaginar que fosse ele! Eu estou
tão chocado quanto você, meu amor!
— E o que é que esse homem quer, pai?
— Ele quer te conhecer, filha; ele disse nos meus olhos, dentro da minha
sala que quer te conhecer!
Blumenau estava diante de uma difícil decisão, se não a mais difícil
de sua vida; precisaria pensar, não sabia se queria conhecer seu pai
biológico, e ao mesmo tempo, sentiu uma pontinha de curiosidade com
relação a ele.
São José deixou o apartamento da filha logo depois; ela estava nervosa,
a aparição de seu pai biológico mexeu com ela poderosamente.
Naquele dia, por causa do choque emocional causado pelo
reaparecimento de seu pai, Blumenau foi levada por São Bento do Sul a o
hospital, sentindo fortes dores e com sangramento. A médica responsável
pelo caso dela, Ana Luísa, foi chamada imediatamente e conseguiu
reverter a situação a tempo.
No quarto do hospital, Blumenau disse a São José que aceitava conversar
com seu pai de sangue, desde que ele estivesse ao lado dela.


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