Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 42
CAPÍTULO42




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CAPÍTULO42

    Florianópolis chegou a o sétimo mês de sua gravidez; o quarto do
bebê já estava pronto, tudo preparado para a chegada do filho homem.
    - Joinville! - Blumenau entrou calmamente no quarto da irmã; ela
estava sentada na cama, com um livro aberto nas mãos:
— Oi, mana; entra!
Blumenau fechou a porta atrás de si e foi sentar-se na cama ao lado da
irmã:
— Eu queria conversar com você; nós somos as irmãs mais velhas aqui em
casa, eu estou meio confusa!
— Por quê, mana? O que foi que aconteceu?
Blumenau parecia nervosa:
— Joinville! Ontem eu saí pra ir pra faculdade, passei pela frente do
prédio onde mora aquela executiva que trabalha na empresa...
— Criciúma?
— Sim; eu sei que ela mora lá porque um dia eu estava passando e vi ela
chegando com o carro; mana, o carro do nosso pai estava lá, estacionado na frente
do edifício! Eu não sei te explicar, mas eu não senti uma coisa boa aqui
por dentro quando eu vi, entende? Eu nunca fui emotiva e você sabe
disso; mas ontem eu...
— Blumenau, calma! Eu estava esperando uma chance pra te contar; essa
mulher é amante do nosso pai!
— Isso é verdade, Joinville? - perguntou a irmã mais velha, visivelmente
nervosa:
— Mana, lembra quando Jaraguá teve aquela febre de quase quarenta graus
a noite toda? Foi uma febre emocional; ela tinha descoberto que o papai
tinha outra mulher!
— E como foi que ela descobriu, meu Deus?
— Ela entrou no quarto, o papai estava no banho e acabou esquecendo uma
conversa aberta no celular! Ela leu, Blumenal; Jaraguá sabe que existe
outra mulher na vida dele, ela sabe que é Criciúma!
    Blumenau não conseguia esconder sua decepção; estava diante da irmã
e não sabia o que dizer:
— E a nossa mãe, Joinville? Como é que vai ser quando ela...?
— Eu não sei! Eu estou me sentindo uma traidora, Blumenau; eu estou
sabendo disso a mais ou menos uma semana e... a nossa mãe está grávida,
eu tenho medo que aconteça alguma coisa com ela ou com o nosso irmão que
vai nascer!
— É, você tem razão! Apesar de tudo, eu acho melhor a gente deixar isso
como está por enquanto; depois a gente vê o que faz! E Palhoça, sabe?
— Não, ainda não! Eu acho melhor que ela não saiba por enquanto!
    Joinville sorriu, sentia que aos poucos, começava a ter intimidade
com a irmã mais velha!
— E São Bento? - perguntou a moça, mudando de assunto:
— Está na universidade agora a tarde; ele gosta de estudar na
biblioteca, disse que lá tem tudo o que ele precisa e eu concordo! Ele
quer que eu vá morar com ele!
— Mas vocês estão namorando a dois meses, Blumenau...
— Eu falei isso pra ele, eu acho muito cedo pra gente pensar nisso!
— Eu estou namorando a oito meses e nós já estamos fazendo planos de ter
a nossa casa! Só que... pode parecer besteira minha, Blumenal, mas eu
estudo e não trabalho, eu não acho justo que Chapecó sustente sozinha a
nossa casa!
— Você já conversou com o papai?
— Sobre eu ir viver com ela?
— Joinville, o nosso pai tem uma empresa; talvez você pudesse ajudá-lo
em alguma coisa lá e... ele ia ficar feliz!
— Uma estudante de arquitetura trabalhando numa empresa de cristais?
— Não precisa ser necessariamente na sua área, entende? Você sempre foi
inteligente, Joinville, eu tenho certeza que trabalho lá não ia te
faltar! E você ia ficar perto dele, ele ia se sentir seguro, feliz com
você por perto! Você sempre teve facilidade de lidar com as pessoas, sempre foi boa com números, eu acho que ia ser uma boa!
— Está aí uma ideia!
— Eu quero que tudo dê certo pra vocês, mana! Eu sei que é difícil pra
você acreditar em mim depois de tudo o que eu fiz, depois de tudo o que
eu falei, mas...
— Eu te amo, Blumenau! - a declaração de Joinville veio acompanhada de
um sorriso lindo; aquelas palavras saíram de sua boca sem que ela se
desse conta:
— Eu também, minha irmã - respondeu Blumenau -, eu também te amo; eu
posso não ter sido a irmã mais velha que vocês queriam ter esses anos
todos mas...
— Já chega, mana; já chega de se culpar, de jogar isso contra você mesma
o tempo todo, de se cobrar! O que importa é o que a gente tem aqui, agora; você mudou,
encontrou um cara que te ama, é isso que vale! Vida nova, minha irmã, e
não se fala mais nisso! Não se fala mais em culpa, em sofrimento, de
agora em diante vamos riscar essas palavras do nosso vocabulário!
    Blumenau jamais podia imaginar que, apesar de tudo, Joinville a
amasse tanto; fazia muito tempo que elas não tinham uma conversa como
aquela, e a futura advogada decidiu jogar pra fora todas as suas culpas
e aproveitar a vida nova que estava a sua disposição.
    São José teria que viajar, desta vez, a trabalho. Ficaria dois dias
na filial de sua empresa em São Paulo. Decidiu que levaria Criciúma com
ele; não seria uma oportunidade perfeita para que pudessem andar de mãos
dadas como um casal normal, mas Criciúma passaria três noites ao lado
dele como se fosse a única mulher em sua vida.
    São José foi de taxe até o aeroporto, Criciúma já estava lá a sua
espera quando ele chegou. Os dois embarcaram pra São Paulo, e quando
chegaram no aeroporto de Congonhas, caminharam de mãos dadas, pegaram as
malas e tomaram um taxe até o hotel onde ficariam hospedados:
— Eu estou muito feliz - murmurou Criciúma, no banco de trás do taxe, ao
lado de seu amante -, feliz por estar aqui com você, sem precisar me
esconder das pessoas!
— Eu só te peço que seja discreta, querida; não se esqueça que nós
estamos aqui a trabalho...
— Fique sossegado; eu jamais faria qualquer coisa pra te prejudicar e
você sabe disso!
    Durante dois dias, São José e Criciúma trabalharam juntos na filial, e
depois do espediente, curtiram a noite paulistana como um casal normal.
E na sexta feira, era dia de retornar à rotina e à vida normal
    Florianópolis entrou na sala sorridente, tranquila; estava sozinha
em casa, Blumenau estava com o namorado naquela manhã, Joinville havia
ido acompanhar Chapecó em uma consulta médica, e as duas mais novas
estavam na escola. A mãe de família sentou-se em uma
das poltronas, e com o celular na mão, discou para o hotel onde seu
marido estava hospedado em São Paulo. São José tomaria o avião a tarde
de volta pra casa, e Florianópolis precisava saber a que horas o voo
chegaria para ir buscá-lo no aeroporto. Ela não estava conseguindo falar com o marido pelo celular e decidiu ligar para o hotel.
A recepcionista atendeu, e Florianópolis perguntou se ele estava no
hotel; não se apresentou, nem mesmo disse que era sua mulher. A resposta
da moça do outro lado da linha caiu como uma bomba, ameaçando todos os
sonhos e a vida feliz daquela mãe de família:
— Não senhora, ele acabou de sair do hotel; mas a esposa dele está no
apartamento! Quer que eu transfira?


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