Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 30
CAPÍTULO30




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CAPÍTULO30

    - Mana! - foi tudo o que a menina conseguiu dizer antes de ser vencida
pelas lágrimas e abraçada pela irmã. Joinville compreendeu que não
precisava dizer nada, pelo menos não naquele momento. A única coisa que
ela deveria fazer era acolher a irmã, acolher o que ela tinha a dizer e
levá-la pra casa:
— Me leva embora daqui, Joinville, por favor!
— Foi pra isso que eu vim, minha irmã; o que aconteceu, meu Deus?
— Foi horrível, mana; eu me senti muito mal, a mãe dele não me quer lá,
não me quer na vida dele!
Chapecó deu dois passos à frente, abraçou a namorada e a jovem cunhada:
— Jaraguá, minha querida - disse ela -, a gente vai pra casa, você
descansa, você vai superar esse momento porque você é forte, você é
guerreira, vai dar tudo certo!
As três decidiram seguir pra casa; Jaraguá realmente não estava legal, e
o que mais doía em Joinville era saber que sua irmã nunca iria esquecer
aquele dia, a primeira vez em que esteve na casa do namorado.
    Chapecó dirigia com atenção até o prédio; Joinville,
sentada no banco de trás ao lado da irmã, mantinha o braço direito em
volta de sua cintura, os rostos bem próximos, Jaraguá não dizia uma
palavra:
— A gente vai direto pra casa? - perguntou Chapecó calmamente, parada no
cinal vermelho:
— Acho que é melhor! - respondeu Joinville; o sinal abriu, ela
voltou a dirigir:
— Mana! - murmurou Jaraguá, agora finalmente se sentindo preparada
pra dizer alguma coisa:
— Fala! - respondeu a futura arquiteta voltando seu olhar para a
menina:
— Eu nunca pensei que eu seria expulsa da casa dele!
— Será que a mãe dele realmente queria te expulsar de lá, minha querida?
— Pra um bom entendedor, meia palavra basta; eu ouvi a discução com a
tia dele, eu vi o jeito como a minha sogra olhou pra mim, falou comigo
— Eu não sei nem o que te falar, mana! Você saiu de casa tão animada,
com um brilho nos olhos!
— Você falou alguma coisa lá em casa?
— Só Palhoça está sabendo que aconteceu alguma coisa, ela viu quando a
gente saiu pra te buscar, estava comendo como sempre!
A garota conseguiu dar um sorriso:
— Sorriu! - brincou Joinville como se comemorasse o sorriso que acabara
de conseguir da irmã:
— Melhor assim! E Blumenau?
— Está em casa também, acho que estava estudando quando eu saí!
    Naquela noite, Jaraguá viveu uma das piores experiências de sua
vida; e ao chegar em casa, recebeu todo o carinho das irmãs, que fizeram
o possível para que a garota se sentisse melhor.
    Já passava de meia noite quando Blumenau, que ainda não havia
conversado com Jaraguá depois do que aconteceu, entrou no quarto dela;
viu a irmã deitada, de olhos fechados e se agachou junto à cama; Jaraguá
sentiu a presença dela ao seu lado e abriu os olhos:
— Eu vim ver como você está - começou a irmã mais velha -, a gente nem pôde
conversar depois que você chegou em casa, acho que na verdade eu não
sabia o que te dizer!
Jaraguá continuou deitada; agora estava segurando a mão de Blumenau:
— Eu nunca pensei que eu seria expulsa da casa dele, Blumenau!
— Mas será que era isso mesmo que ela queria fazer?
— Joinville me fez a mesma pergunta, mana; Brusque deixou bem claro que a minha presença só vai
atrapalhar a vida dele! E se tem uma coisa que eu não quero é prejudicar
São Miguel!
Blumenau não sabia o que fazer naquele momento; decidiu dizer o que seu
coração mandava:
— Eu te conheço tão pouco, minha irmã - confessou Blumenau -, as vezes
eu acho que conheço mais as minhas colegas de faculdade doque você, que
é minha irmã! Eu queria que você me perdoasse, me perdoasse pelo que eu
não fui até hoje, pelo que eu não fiz!
— Eu não tenho nada pra te perdoar, Blumenau! - Jaraguá sentiu uma
lágrima rolar de seus olhos mas não se preocupou em enxugá-la:
— Tem, mana! Durante todos esses anos eu fui impaciente, ríspida, eu
estava tão preocupada em ter o respeito de vocês e esqueci do principal,
esqueci de me comportar como uma irmã mais velha, de verdade; eu esqueci
que o amor e o respeito tem que andar juntos, caso contrário, uma
relação, seja qual for, não vai pra frente!
— A gente não precisa ficar lembrando disso, Blumenau - Jaraguá agora
chorava diante de sua irmã -, já tem alguns dias que eu sinto você mais
mansa, mais calma, o que importa é o que vai acontecer daqui pra frente!
— Diz que me perdoa, por favor, diz!
— É claro que eu te perdoo, mana!
Blumenau conseguiu fazer algo que pensou que nunca conseguiria, pedir
perdão; naquela noite, pela primeira vez, ela ficou sentada à beira da
cama da irmã e a viu pegar no sono.
    Era domingo de manhã, e conforme o combinado, as meninas levantaram
cedo para preparar o café da manhã; era dia das mães, e o plano era
levar uma linda bandeja para o quarto dos pais.
    Chapecó e Joinville foram as primeiras a saírem da cama, seguidas
por Jaraguá, Blumenau e por último Palhoça, que entrou na cozinha com a
maior cara de sono, de pijama amarelo e os cabelos cacheados
totalmente desarrumados.
Chapecó tratou de fazer o café, estava ali para ajudar as meninas
conforme o combinado; Jaraguá e Joinville trataram de colocar cada coisa
no seu lugar na bandeja, Blumenau estava em pé junto à mesa da cozinha
segurando a sexta que elas haviam preparado, e Palhoça fazia uma
das coisas que mais gostava de fazer, fotografava tudo com o celular.
    - Gente, acho que está tudo pronto! - anunciou Jaraguá:
— Está - confirmou Joinville olhando para a irmã mais nova -, mana, você
me ajuda a levar a bandeja de café da manhã lá no quarto, Blumenau, você
leva a sexta com os presentes, e Palhoça, você permanece no seu posto de
fotógrafa!
— Oba! - comemorou a garota -, mas seria legal se uma de nós fizesse um
vídeo além das fotos que eu vou tirar!
— Acho que sobrou pra você, meu amor! - Joinville encarou Chapecó:
— Também acho - respondeu a engenheira -, mas tudo bem, com muito
praser!
— Então vamos, gente - concluiu Jaraguá -, com cuidado, cuidado pra
ninguém tropeçar em nada, se estabacar no chão e acordar a mamãe antes
da hora!
E estava tudo pronto; Blumenau carregava os presentes, Jaraguá e
Joinville com a bandeja de café da manhã, Palhoça super empenhada na sua
função de fotógrafa, e Chapecó logo atrás das quatro meninas, filmando
tudo.
    As quatro entraram no quarto e encontraram a mãe, dormindo tranquila
com a cabeça encostada ao peito de seu marido. São José, que sempre teve
o sono leve, acordou no momento em que a comitiva entrou em seu quarto;
olhou para as meninas e sorriu, como se confirmasse o que estava
acontecendo ali:
— Mãe! - Joinville foi a primeira a falar; estava ao lado da cama, com
Jaraguá e a bandeja de café da manhã. Florianópolis abriu os olhos, e no
começo não entendeu muito bem o que estava acontecendo; só depois de
alguns segundos, lembrou-se de que era dia das mães e que era por isso
que suas filhas estavam ali:
— Meu Deus - admirou-se a mãe, sentando-se na cama ainda sonolenta -,
que coisa linda, gente!
— Mãe - agora Blumenau se aproximava -, em meu nome e em nome das
minhas irmãs, eu queria te dizer que a gente te ama muito, e tudo isso
aqui a gente preparou pra você!
Com a ajuda da irmã, Jaraguá colocou a bandeja no colo da mãe; o pai,
sentado na cama ao lado dela, observava a cena. Aquele quarto ficou
pequeno para tanta alegria; e depois do café, era hora dos presentes.
    Foi a vez de Blumenau sentar-se à beira da cama dos pais e mostrar
para a mãe cada item que estava na sexta. Ela havia escolhido um lenço
da cor bege, que sua mãe certamente usaria bastante nos próximos meses
já que o inverno estava por vir; Joinville, que sempre foi muito ligada
à sua mãe, escolheu um perfume, sabia exatamente o gosto dela; Palhoça,
que sabia o quanto a mãe gostava de doce assim como ela, escolheu com
cuidado os bombons que foram colocados na sexta, e Jaraguá, que sempre
achou sua mãe a mais bela das mulheres, escolheu um lindo conjunto de
colar e brincos.
    Mas na sexta ainda restava um ítem; Chapecó passou a câmera para a
mão de Joinville e foi sentar-se ao lado da sogra:
— Florianópolis - disse ela tomando o embrulho nas mãos -, a minha mãe
de sangue não está mais aqui, mas agora eu posso dizer que eu tenho uma
mãe, eu ganhei uma mãe de presente! Joinville sempre me conta que você
ensinou ela e as irmãs a rezar; por isso, essa semana eu parei em uma
livraria e encontrei esse livrinho de orações; pra você continuar com
essa fé que você sempre teve, e quem sabe um dia, ensinar um filho meu a
rezar também!
    Emocionada, Florianópolis abriu o embrulho e olhou atentamente o
pequeno livro de orações que estava em suas mãos. Abriu-o em uma página
qualquer e leu, em voz alta, a oração que estava naquela página:
— oração da serenidade! Concedei-me, senhor, serenidade para aceitar as
coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu puder,
e sabedoria para distinguir umas das outras!
Aquele foi um momento de muita emoção, e a festa não parava por aí. São
José havia feito uma reserva em um restaurante para a família toda, todo
mundo sairia pra almoçar naquele domingo.


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