Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 27
CAPÍTULO27




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CAPÍTULO27

    Eram três horas de uma linda tarde de sábado; São José saiu levando as quatro filhas dentro do
carro para o shopping. Aquela tarde com o pai havia sido muito planejada
pelas meninas, não apenas pelo fato de comprarem os presentes para a
mãe, mas pelo prazer de passar uma tarde toda com o pai.
    Com cuidado, São José estacionou o carro no shopping e desembarcou com
as quatro meninas no estacionamento; Blumenau vinha logo atrás, carregando uma pequena
bolsa e um sorriso forçado, atrás dela estava Palhoça que caminhava
meio desajeitada ao lado do pai, e em seguida Jaraguá e Joinville, que caminhavam
juntas, conversando, não faziam questão nenhuma de esconder o quanto
eram ligadas.
    Enquanto continuava andando sempre pra frente, Blumenau olhou pra
trás e reparou Palhoça por um instante; ela estava vestida com roupas
coloridas, tinha os cabelos longos e cacheados, nunca foi vaidosa mas
tinha sua beleza própria, uma beleza que era só sua e de mais ninguém. A
irmã mais velha já estava pronta pra dar uma bronca e ordenar que ela se
comportasse feito uma menina normal, mas enquanto reparava nela,
Blumenau não percebeu que já estava muito perto da porta de vidro do
shopping. Olhou pra frente por um momento e:
— Cuidado, Blumenau! - tentou Joinville, mas foi em vão; ela deu
com a testa no vidro da porta de entrada do shopping.
    Olhou para o pai e para as irmãs com a melhor cara de raiva que
conseguiu:
— Calma, mana! - falou Palhoça:
— Culpa sua; você se comporta feito um moleque e quem passa vergonha sou
eu!
— Blumenau - interveio o pai -, acalme-se, por favor; essas coisas
acontecem, foi um acidente! Vê se não fica de cara feia o resto da tarde
por causa disso.
    - A gente vai primeiro aonde? - quis saber Palhoça, lançando um olhar
divertido em direção a o pai; foi Joinville quem respondeu:
— Aqui no primeiro andar tem uma loja que eu sempre passo por ela; tem
um pouco de tudo e é bem em conta!
— Acho que eu sei qual é, mana - respondeu Jaraguá -, a gente entrou
naquela loja quando viemos no shopping com Chapecó aquele dia! Você
comprou um lenço muito lindo e um brinco!
— É aquela mesmo!
— Eu também lembro! - complementou Palhoça:
— Então vocês me levam até lá - falou o pai com um sorriso leve -,
porque eu não sei que loja é essa!
— A gente te leva, pai - concluiu Palhoça -, está com a gente, está com
Deus!
    E ali mesmo no primeiro andar, as quatro meninas entraram na loja;
era um ambiente agradável, com várias opções de presentes como bolsas,
acessórios, semi joias.
— Boa tarde, posso ajudar? - cumprimentou uma vendedora, com simpatia:
— Boa tarde - respondeu Joinville -, nós viemos escolher os presentes
para a nossa mãe!
— A gente decidiu que cada uma de nós vai escolher alguma coisa e depois
montamos uma sexta super linda! - complementou Blumenau. A vendedora
olhou à sua volta por um instante, depois, seu olhar parou em São José:
— São todas suas filhas? - ela perguntou sem jeito:
— As quatro! - ele respondeu com o sorriso de quem se orgulha, de quem
se sente feliz:
— Vocês tem alguma ideia, querem ver alguma coisa?
Foi Blumenau quem deu a resposta:
— A gente vai dar uma andada pela loja, ver as opções, qualquer coisa a
gente pede ajuda! Pode ser, meninas?
E as outras três concordaram:
— E o senhor, quer ver alguma coisa? - perguntou a vendedora:
— Não - respondeu o pai -, eu só vim mesmo acompanhar as minhas filhas!
— Acompanhar e pagar, né, pai! - reagiu Palhoça caindo na risada.
    E aquela loja se tornou pequena para tanta alegria; haviam poucas
pessoas ali, apenas alguns clientes e os funcionários. Mas as quatro
meninas alegraram aquele ambiente, cativaram os vendedores, não era todo
dia que um pai com quatro filhas passava por ali.
A vendedora que os recebeu aproximou-se do pai, que com um sorriso no
rosto observava as meninas encostado em um balcão:
— Quais são as idades delas? - perguntou a mulher:
— Vinte e um, dezoito, dezesseis e quinze!
— Nossa! Não é todo dia que um pai com quatro filhas passa por aqui!
— E daqui a sete meses serão cinco!
— Sua esposa está grávida?
— Está! A mãe delas é uma guerreira; engravidou agora depois dos
quarenta anos, está lutando com bravura pelo nosso quinto filho!
A vendedora apenas sorriu, não sabia o que dizer.
    Depois de quase uma hora dentro da loja, as meninas finalmente
escolheram os presentes; cada uma escolheu um íten, e depois de passarem
pelo caixa, todos saíram da loja. Palhoça fez questão de fotografar
todos os presentes para que Chapecó e a fiel escudeira Márcia, que não
estavam ali naquela hora, também pudessem ver tudo:
— Faltam os bombons, gente! - lembrou Blumenau:
— Tem uma loja lá no segundo andar que vende uns bombons, uns chocolates
maravilhosos! - sugeriu Joinville:
Palhoça entrou na conversa:
— Maninha, você podia trabalhar aqui no shopping; você conhece isso aqui
de cabo a rabo! Se alguém se perdesse por aqui você resolveria o
problema rapidinho!
— Vamos subir então? - sugeriu o pai; as meninas concordaram.
    O shopping estava bastante cheio naquela tarde, e havia muita gente
na escada rolante. São José estava subindo com as quatro filhas até o
segundo piso, e tudo parecia estar bem até que:
— Paieeeeeeee! - ele conhecia tão bem aquele grito; olhou rapidamente e
viu Palhoça desajeitada, tentando se recompor depois de quase ter levado
o maior tombo de sua vida na tal escada rolante. E todo mundo olhou para ele; estava
claro que o "paieeeeeeee" que a garota chamou, era ele:
— Ela quase caiu, pai! - constatou Jaraguá, já no segundo piso:
— E tudo isso porque anda sempre no mundo da lua! - completou Blumenau:
— Filha - aconselhou o pai colocando os olhos em Palhoça -, vê se presta
atenção por onde anda, tá! Levei o maior susto, escada rolante é um
perigo se a gente não estiver atento! Vocês vão comprar os bombons
primeiro?
— Eu estou com fome! - anunciou Palhoça:
— Maninha, quando é que você não está com fome? - perguntou Joinville
tentando não rir:
— Quando eu estou comendo! - respondeu a irmã:
— Ou dormindo! - complementou Jaraguá.
    Depois de terem comprado os bombons que também iriam para a sexta de
dia das mães, o pai se sentou com as quatro meninas na praça de
alimentação do shopping.
Fizeram os pedidos, e tudo parecia estar perfeito até que Jaraguá viu
uma amiga da escola sentada na mesa ao lado:
— Pai, tem uma amiga minha ali naquela mesa; vou lá falar com ela!
A garota levantou rápido da cadeira e se preparou pra sair dali; acabou
tropeçando no pé da cadeira que estava sentada. A cadeira caiu no chão,
fazendo um enorme barulho e chamando atenção de todo mundo:
— Não precisa levar a cadeira, maninha! - divertiu-se Palhoça, deixando
a irmã vermelha de vergonha. São José, sem saber ao certo o que fazer,
levantou-se sem jeito, levantou a cadeira que caiu no chão, olhou para
sua caçula e sorriu como se quisesse dizer a ela que tudo estava bem:
— E você, vê se manera, menina; eu não estu brincando! - concluiu o pai, agora dirigindo um olhar sério
para Palhoça.
    E tudo acabou dando certo; no fim da tarde, São José já estava em
casa com as quatro filhas.
    Havia chegado a hora; Jaraguá precisava se arrumar para seu próximo
compromisso; era um dia especial para a garota, São Miguel era seu
primeiro namorado, era a primeira vez que ela estaria na casa dele.
Preferiu que Palhoça e Blumenau esperassem por ela do lado de fora de
seu quarto; Blumenau sempre muito realista, prática demais; Palhoça
sempre levada, falando pelos cotovelos e aprontando todas, Jaraguá achou que não seria uma
boa combinação naquele momento de tanta ansiedade. A única de suas irmãs
a ter acesso à aquele quarto foi Joinville, que com amor e compreensão,
fez questão de ajudar a irmã a se arrumar.
    - Você está linda! - observou Joinville, ainda no
quarto, com a irmã caçula parada à sua frente; Jaraguá usava um vestido
longo azul, os cabelos soltos deslisavam até sua cintura, uma maquiagem
leve, estava divina:
— Obrigada, minha irmã! Eu escolhi um vestido longo, deixei o cabelo
solto, fiz uma maquiagem bem leve porque eu sou assim!
— E é esse o segredo, mana! Seja você mesma; é claro que é importante o
apoio da família em um relacionamento, mas o principal é o amor dele por
você; e eu sei que ele te ama!
— Palhoça disse que a mãe dele...
— Palhoça fala pelos cotovelos, e pior, fala o que não deve! Você vai
tirar isso de letra, maninha, eu tenho certeza que vai! Esquece isso,
pensa só em você, em você e nessa experiência nova que vem por aí!
Uma leve batida na porta interrompeu a conversa das duas; Florianópolis
entrou no quarto trazendo uma expressão tranquila, reconfortante:
— Filha, com licença; ele chegou, está na sala te esperando!


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